sábado, 30 de junho de 2007

(mais) Fundos-de-catálogo da EMI

A série THE OPERA SERIES, da EMI, conta com mais 10 números!

Em tempos - aqui -, já fizera referência a esta mesma colecção.

Em boa verdade, apenas um artigo é merecedor de redobrada atenção, e vénia!
Ei-lo:



Curiosamente, trata-se da segunda interpretação de La Gioconda, por Maria Callas (aqui falei da primeira)

La Gioconda, segundo Callas (1/2)

Eis as verdadeiras caras da primeira interpretação de A Callas, de La Gioconda (1952), 18º fascículo da louvável colecção OS CLÁSSICOS DA ÓPERA - 400 ANOS.

Entre outros atractivos, esta leitura conta com a igualmente grandiosa (e imperfeita...) Fedora Barbieri, Giulio Neri e Gianni Poggi.

Anos mais tarde, vocalmente menos seguro (mas insuperável, dramaticamente), Maria Callas reinterpretou esta mesma criação lírica de Ponchielli, via EMI.


Festival d'Aix - II: A Valquíria



Simon Rattle e a Filarmónica de Berlim abrem as festividades, com A Valquíria, depois de um notável O Ouro do Reno, apresentado por ocasião do Festival d’Aix-en-Provence, edição de 2006.

59º Festival d’Aix-en-Provence



Amanhã, tem início a 59ª edição do famoso Festival d’Aix-en-Provence.
Bernard Foccroulle substitui o actual director do alla Scala, Ms. Lissner.

Via Le Figaro, eis o espírito da actual direcção:

«Bien sûr, tout changement est porteur de risque. Mais Bernard Foccroulle veut prouver que l'on peut grandir et rester fidèle à la tradition, proposer de nouvelles oeuvres et continuer à défendre l'esprit d'une manifestation qui fêtera ses 60 ans l'année prochaine. « Je ne suis pas en train d'imaginer un festival qui tourne le dos à Mozart et qui voudrait se spécialiser dans Wagner et Janacek », assure-t-il. »

Sir Alfonso



Sir Thomas Allen é o barítono vivo com a carreira mozartiana mais deslumbrante que conheço, sobretudo pelo estilo e linhagem (não tanto pela voz...): o melhor Don Giovanni (EMI, Haitink; OPUS ARTE, Muti – em dvd ), o mais sarcástico Conde (DECCA, Solti), um Guglielmo apaixonado até ao âmago, a par de um notabilíssimo Papageno.

Em assumido final de carreira, por razões óbvias, Allen encarna o astuto, sábio e mordaz Don Alfonso, em Londres, depois da feliz experiência de Salzburgo.

quinta-feira, 28 de junho de 2007

São Carlos: Temporada Lírica 2007 / 2008

Eis a síntese da dita temporada, via site oficial do Teatro Nacional de São Carlos:

- RIGOLETTO, de Giuseppe Verdi

- DAS MÄRCHEN, de Emmanuel Nunes

- LA CLEMENZA DI TITO, de Wolfgang Amadeus Mozart

Noite Serguei Rakhmaninov
- ALEKO

- FRANCESCA DA RIMINI

- LES CONTES D'HOFFMANN, de Jacques Offenbach

- TOSCA, de Giacomo Puccini

Uma rápida leitura desta programação lírica leva-me a algumas constatações:

- a nova direcção eliminou o salutar projecto wagneriano iniciado com Pinamonti (que supostamente deveria prolongar-se por mais duas temporadas: Siegfried, em 2008, e O Crepúsculo dos Deuses, em 2009);
- Emanuel Fura - Tímpanos Nunes, finalmente, apresenta a sua criação, que fora encomendada há anos;
- Chelsey Schill sera a prima donna do TNSC, dado que participa em 5 das 8 produções (não sei quem é a Senhora…);
- Elisabete Matos interpreta Tosca;
- Recitais? Népia!

- Concertos? Do piorio!
- Estrelas? Claro! José Cura (
Theodossiou já era, e mais não digo).

Moral da história: a nova direcção do TNSC promete, em matéria de desrespeito pelo público – vide Trilogia wagneriana, que redundou em Prólogo + 1-, bem como no capítulo do mau gosto – José Cura é de uma mediocridade confrangedora!

Nem no tempo de Ferreira de Castro a coisa foi tão manhosa...

Os Revezes da Omnipotência



A personalidade narcísica combina de modo particular triunfalismo, arrogância e desprezo. Esta é, porventura, a mais clássica das tríades da psicopatologia.

Joe Berardo é uma caricatural ilustração clínica deste tipo de personalidade.
Self-made-man, exibe um orgulho infinito, apenas ofuscado pela omnipotência: mandou em Sintra, manda no governo, arrota postas-de-pescada no millenniumbcp, nomeia, demite, compra, manda calar, tudo a seu bel-prazer.

O episódio Mega Ferreira vs Berardo - que se consubstanciou na recusa do primeiro em obedecer à hegemonia do segundo, que pretendia ver hasteadas as suas bandeiras – tem o mérito de revelar a falha narcísica de Joe Berardo: o gesto MEGA de António Ferreira atentou contra a prepotência do magnata.

Ora, as bandeiras de Berardo, que Joe pretendia exibir, nada mais simbolizavam que a extensão da sua glória narcísica, quais galões de general caduco, qual monumental pénis.
A recusa de Mega em aceder à exigência tirânica de Berardo, que Joe viveu como catastrófica, confrontou o milionário com a sua condição humana, posto que dissolveu a sua megalomania.

Paradoxalmente, o exercício do poder por personalidades deste calibre – habitualmente discricionário e absoluto – mais não é do que a expressão de uma fragilidade imensa: apenas um narcisismo muito doente e frágil aspira à verdade monolítica, única, unanimemente aceite.

Consequentemente, a diferença de opinião, a desobediência e a contrariedade, que obviamente questionam a visão egocêntrica do mundo, redundam em perseguições, podendo estas assumir diferentes formas, como todos sabemos.

Desta feita, porém, Mega antecipou-se, revelando mais astúcia do que o empresário.

Cá entre nós, em abono da verdade, convenhamos que o apelido MEGA assenta que nem uma luva a António Ferreira, também ele cultor de um fascínio especular, bastante afim com o funcionamento narcísico. Contudo, narcísico, por narcísico, antes um educado e com modos, do que um incomensurável boçal, francamente desprezível.

quarta-feira, 27 de junho de 2007

(infidelidades)

I’m having a love affaire with this lady…



Tonight I’m yours, Salome ;-)

terça-feira, 26 de junho de 2007

Mullova, Viktoriosa (também) amava Kleiber...

Muito nos une, bela Mullova, como se lê:



«Is there anything about your career you regret?

Never working with conductor Carlos Kleiber. He performed very rarely, but he was an absolute genius.»

Viktoria Mullova dixit. O resto do (mais do que convencional e previsível) questionário está aqui, algures no Guardian.

Pelléas et Mélisande estreia-se na Rússia

Pelléas et Mélisande, obra-prima de Debussy, que muita tinta tem feito correr neste blog (clicar aqui, aqui e aqui), nos tempos mais recentes, estreou-se na Rússia.

Eis uma das razões de peso deste atraso:

«(...)"Debussy, comme Ravel et tant d'autres, étaient répertoriés dans la Grande Encyclopédie soviétique comme modernistes, formalistes et décadents. De 1930 aux années 1960 et même jusqu'à la perestroïka, monter Pelléas était tout simplement impensable"(…).»

Sem comentários.

Pela parte que me toca, devo confessar que o detalhe mais fascinante da notícia assenta no nome do encenador, Olivier PY, de sua graça.

Desconhece o trabalho do Senhor PY, caro leitor?
Permita-me, então, uma sugestão wagneriana, que em tempos comentei por estas bandas.
Magistral!

domingo, 24 de junho de 2007

Disse-me um passarinho...

...que a ONDINE registou mais um momento de glória de Mattila, consagrado a Rachmaninov, Dvorák, Duparc & Saariaho.

sábado, 23 de junho de 2007

Lucia Di Lammermoor by DN

Esta semana, o volume nº 17 da Colecção OS CLÁSSICOS DA ÓPERA - 400 ANOS, é consagrado à obra mais emblemática de G. Donizetti: Lucia Di Lammermoor.

O elenco é superlativo, sendo encabeçado por Scotto, Pavarotti e Cappuccilli.

Em minha opinião, Scotto pertence à crème de la crème das intérpretes do papel titular desta mesma ópera, lado a lado com Caballé, Anderson e Dessay.

Em abono da verdade, há que colocar a Callas e Sutherland uns pontitos acima...

Quanto a Gencer, Sills, Moffo, Peters and so on, com o devido respeito, não ficarão na história.

Eis a(s) verdadeira(s) identidade(s) desta interpretação de Lucia, que data de 1967:


sexta-feira, 22 de junho de 2007

Ayre

Esta notícia do Le Monde enaltece Ayre, de Osvaldo Golijov.
Desconhecendo em absoluto, tanto a criatura, como o criador, confesso que fiquei tentado...

Consta que a DG gravou uma interpretação da peça...



Ver-se-á!

quinta-feira, 21 de junho de 2007

De la mise-en-scène

A propósito da nova produção de La Traviata, em cena no Palais Garnier, nesta peça jornalística, propõe-se duas concepções de mise-en-scène, que me permito citar:

«La première est la "méthode entonnoir" ou, pour les cas extrêmes, la "méthode hachoir" : elle consiste, pour un metteur en scène, à faire passer coûte que coûte le sens d'un ouvrage par le tuyau plus ou moins broyeur de sa vision personnelle.

(...)

La seconde méthode, hélas peu pratiquée ! consiste à regarder ce que l'oeuvre dit et à mettre son propre univers en résonance naturelle avec le propos et la musique

Prosaicamente, diria que a primeira assenta na subjugação da obra, enquanto a segunda serve a mesma obra. Se quisermos, a coisa quase se resume a um exercício de poder autocrático - no primeiro caso - e a um compromisso - no segundo.

Os psis da linha dinâmica, a este respeito, tenderão a aludir à Posição Narcísica versus Posição Objectal.

Porém, quando se trata de meter a mão na massa, as fronteiras tendem a esbater-se...

Enfim, coisas de teóricos !

sábado, 16 de junho de 2007

Doctor Atomic, de John ADAMS

«Il est indéniable que la partition, telle que créée alors, ne manquait pas de noblesse et contenait parmi les toutes meilleures pages de ce compositeur, auteur par ailleurs de véritables chefs-d'oeuvre, notamment dans le genre lyrique. Mais il n'était pas moins reconnu par beaucoup que cette tragédie de l'attente de l'essai d'une bombe au cours d'une longue nuit, péchait par sa longueur et son absence paradoxale de dénouement, la bombe n'explosant pas en "acmé".»

Eis, grosso modo, como o Le Monde resume a obra de Adams.
Dado que a desconheço, não me pronuncio!

Don Erwin Schrotti

O barítono Erwin Schrott parece ter tudo para ser O Don Giovanni do momento!

Há quem o identifique ao Stanley Kowalski de Marlon Brando (em Um Eléctrico Chamado Desejo)...



Não percebo a analogia, devo confessar...

Alguém me esclarece?

Ainda o Pelléas et Mélisande (cénico) de Haitink

A avaliar por esta notícia do Le Monde, que dá conta da primeira versão cénica de Pelléas et Mélisande (aqui noticiada), sob a direcção de Haitink, foi a mise-en-scène que maculou a obra:

«Jean-Louis Martinoty manque de ce don de haute désinvolture. Coincé entre force de vie et désir de mort, il réalise une mise en scène lourdingue, remplie de symboles maçonniques, de miasmes chtoniens, et de quelques ridicules qui ne tuent pas (Pelléas "maître du monde" criant son amour à la face de Mélisande, les bras en croix à la proue du Titanic : "Je t'ai trouvée !").

Eclairages glauques, décors bunker et projections de frondaisons d'arbres vus du fond de l'eau, Martinoty se meut dans un monde de signes, dont la Femme Mélisande, entre Lolita et Carmen, est à la fois l'allumeuse maléfique des origines et le ventre procréateur. Mélisande inondera de sa chevelure-source le coeur d'amour de Pelléas. Mélisande dressera sa chevelure-serpent sous le couteau sacrificateur d'un Golaud ivre de jalousie. Quant au meurtre final, il se fera rituel de gémellité.»

terça-feira, 12 de junho de 2007

Pelléas et Mélisande, segundo Haitink, (finalmente) em cena!

Em 2000, em Paris, tive a felicidade de assistir à première desta produção, justamente pela mão de Haitink.

Felizmente, há um registo (indispensável) deste momento - que aqui comentei.



Pois bem, dado que "o bom filho à casa torna", eis que o superlativo B. Haitink regressa ao mesmo Théâtre des Champs-Élysées, desta feita para interpretar a citada ópera, em versão cénica, comme il faut.

Bem-aventurados os que testemunharem este (seguramente) inolvidável momento, cuja estreia terá lugar a 14 de Junho.

Monocromatismo Maníaco

Bom, bom é ter dinheiro de sobra! Desta feita, nem Milão deu cabo do cartão de crédito ;-)

Sobraram, pois, cobres mil, para dar uma passadinha pelo EMPORIO ARMANI, que sempre tem preços mais em conta...

A verdade é que, a bem dizer, por estas bandas, «Dinheiro não é problema! Nunca foi!».
Eis a minha máxima!

Maníaco, eu?! Não! Nem por sombras! É impressão Vossa!

Aqui fica o meu best of Emporio Armani – Fall / Winter 2007 – 2008:





segunda-feira, 11 de junho de 2007

Manon, no Liceu: Nat Dessay em entrevista ao EL PAIS

Nesta entrevista, a propósito de Manon (que em breve estreia no Liceu), Nat DESSAY mantém a sua obsessão pela perfeição.

Nada de novo, portanto...

domingo, 10 de junho de 2007

Demais Interesses: Giorgio Armani - Fall / Winter 2007

Embora o traço do mestre tenha tido dias mais felizes, continuo devoto da sua griffe.

Enfim, uma curta passagem por Milão proporciona uma indumentária deste calibre.

Há (e não À, sublinho!) falta de melhor, fica-nos a net, que sempre vai dando para auscultar o trabalho de GA.



Não sei bem por que razão, estas tiradas mais fúteis relembram-me versos de Brel, nomeadamente:

«Les bourgeois c'est comme les cochons
Plus ça devient vieux plus ça devient bête
Les bourgeois c'est comme les cochons
Plus ça devient vieux plus ça devient...
»

En tout cas, moi j'adore les bourgeois ;-)

sábado, 9 de junho de 2007

Godunov Christoff

No Diário de Notícias, a propósito desta louvável iniciativa – que não cesso de enaltecer! -, levanta-se a ponta do véu do número da semana que vem...

Curiosamente, enquanto lia as palavras do texto que anuncia Boris Godunov (versão revista e orquestrada por Rimsky-Korsakov), também a mim me ocorreu o paralelismo desta ópera com o Macbeth, ainda em cena no TNSC (que aqui comentei)!

Não será coisa original...

O Boris da semana que se segue é o único em que Christoff – o melhor Godunov de que há memória (nem Chaliapin, nem Ghiaurov – ambos divinos! – lhe chegavam aos calcanhares, no respeitante a este tremendo papel) interpreta, além do papel titular, Pimen e Varlaam!



Dir-me-ão que tal façanha reenvia à omnipotência... Inteiramente de acordo!

Sugiro, apenas, que se entreguem a este magistral artigo, onde – entre outras façanhas louváveis – Boris (o intérprete!), num exercício inusitado, dá corpo às citadas personagens, sem que as mesmas se toquem, sequer!

Magistral!

Nota: o incauto leitor tomará a interpretação de Cluytens (igualmente do selo EMI) pela de Dobrowen – a que aqui menciono. Não as confunda, para seu bem!


(as duas faces do mesmo artigo: à esquerda, a original, e à direita a pós-copyright-end, mais económica e acessível, da casa NAXOS)

Como aperitivo, sugiro a audição deste indispensável registo de Boris Christoff, integralmente consagrado à canção e ópera russa.

Aqui, poderá o leitor deleitar-se com as três personagens acima mencionadas. Quando chegar à faixa 5 (morte de Boris), aconselho a toma indiscriminada de CORDERON, caso contrário, movido pela emoção, o leitore arrisca um destino similar ao da personagem central da ópera!



Quem avisa...

sexta-feira, 8 de junho de 2007

De La Maison des Morts (la suite)

Depois do triunfo da dupla Boulez / Chéreau, em Viena, seguiu-se a apoteose em Amesterdão.
Consta que Aix vai assistir a este fenómeno lírico!

Ele há pessoas com sorte...

Ansiedade de Castração II

Saltamos de Madrid para Paris, onde Un Bal Masque devient Un Bal Rate...
São múltiplas as expressões da mais neurótica de todas as ansiedades, sobretudo nos meios da lírica...



Bom, bom, há quem lhe chame superstição...
Efim... é só retirar um mês à coisa, e tudo se explica pel'a força oculta!
'Got it?!

quinta-feira, 7 de junho de 2007

A (re) fuga de Alagna

Ele é hipoglicémia, "tabique nasal", e mais não sei o quê.

O povo (cuidadoso e mais para o contido...) diria, destas sucessivas ausências, tratar-se de "falta de potência".



Como sou um homem contido e supostamente letrado - além de ávido conhecedor da letra freudiana -, resumiria a coisa à ansiedade de castração: é de medo da falha que se trata, caro Roberto!



Reitero, pois, a minha oferta: 3 sessões semanais de ánalise, a €50 cada (com recibo, pois além de educado e letrado, sou muito sério!) e verás que a pujança psíquica (re) brotará (quanto à outra, as meninas que dela se ocupem!!!).

Em exibição...

...numa casa dissoluta, evidentemente aristocrática!





Terfel: (a kind of) Best Of

Pessoalmente, dispenso o conceito best of aplicado à lírica, que apenas compila faixas e mais faixas, com um único critério (sempre não artístico, está bem de ver!): o lucro fácil.

Imaginará o leitor atento, por certo, que na minha humilde cdteca abundam os registos de Terfel... É incontornável!

Não tenho pudor algum em considerá-lo o mais completo e grandioso artista lírico da actualidade.

Dito isto, e com mais mil e uma reservas, aconselho este artigo a quem desconheça este furacão artístico.



Para os demais – criteriosos e exigentes -, o melhor é adquirir (a maioria, não todos!) os originais.

Correndo alguns riscos, eis os dispensáveis, que não possuo por snobeira – são cedências inadmissíveis (artisticamente falando) à pressão das majors.



Quanto aos restantes artigos, é não hesitar: credit card, sem travões!