sábado, 31 de outubro de 2009

Vitalidade é...



... um espaço consagrado à lírica suscitar sistematicamente comentários, por ocasião de cada post colocado ;-D)

A FIL GUD...

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Pontualmente Interessante


(DECCA 478 1533)

Renée Fleming retorna ao Verismo italiano, depois de um tour - que dura há cerca de 20 anos - por inúmeros outros territórios da lírica: barroco, classicismo, romantismo, bel canto, etc. Com maior ou menor sucesso, a intérprete americana pode gabar-se de ter visitado e experimentado um repertório amplo, mesmo que apenas discograficamente.


Fleming possui a mais bela voz de soprano lírico desde o ocaso de Te Kanawa e Studer. Que não haja dúvida. O timbre é de ouro, fino, magro e elegante, de uma graciosidade sem paralelo. A coloratura não lhe é totalmente estranha, razão pela qual triunfa nas ricas e ornamentadas passagens do bel canto (italiano, sobretudo). Mas não há bela sem senão: Fleming é uma actriz razoável, sendo uma intérprete banal, no tocante aos registos audio, note-se!


O presente registo obedece à lógica que a DECCA e Fleming traçaram, desde há tempos idos: alargar o repertório lírico, estendendo-o a todos os territórios, nunca repetindo interpretações (da própria).

A produção é cuidadosa, como sempre, exibindo uma cinquentona esbelta e elegante, muito retocada pelo dedo milagroso do PhotoShop.

Dado que Renée foi esgotando o mainstream da ópera, pouco lhe vai restando registar. Seria interessante que nos presenteasse com o Wagner lírico-dramático ou com o Verdi tardio (para além de Otello), mas enfim...
Dos meus desejos falo eu!

A verdade é que, no presente artigo, o soprano americano nos brinda com um Verismo mal amanhado, por vezes de segunda água, apesar de alguns pilares puccinianos - La Bohème, Manon Lescaut e Turandot. Há premières e rarely recorded arias; há sim senhor... E não é por acaso que só agora se perpetuam discograficamente: sem ponta de graça e desinteressantes, o tempo encarregou-se de as apagar - Iris e Landoletta (Mascagni), a par de La Bohème (Leoncavallo), Gloria (Cilea), etc.

Em regra, Fleming pouco vai além da banalidade interpretativa. Refugia-se numa voz belíssima, sobreinvestindo os formalismos, onde permanece espantosamente fresca e segura.

Contudo, destaco três momentos de inegável beleza: Zazá, pela espessura e eloquência dramáticas, Conchita, que transpira segurança pirotécnica, e Fedora, cuja interpretação e arrojo dilaceram os mais incrédulos...

Pelos momentos citados e timbre de ouro, sobretudo.

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(3,5/5)

Disse-me um passarinho...



... que está para muito breve a chegada desta pérola wagneriana!

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Renée & Cecilia


(Renée Fleming)

Fleming e Bartoli são duas das mais extraordinárias cantoras líricas da actualidade.

Salvo erro, actuaram juntas em As Bodas de Fígaro, no Met, em finais dos anos 1990. Terfel foi o Fígaro dessa produção. Segundo rezam as crónicas, o trio proporcionou um espectáculo mítico. Consta que o teatro ia indo a baixo, depois de Bartoli interpretar Deh vieni non tardar...

Fleming deve ser a melhor Condessa desde Te Kanawa e Terfel o Fígaro absoluto...

A notícia que abaixo cito destaca os últimos registos discográficos das duas divas.

«(...) Long evident in their discographies, these attributes shine again in their latest recordings, both for Decca. Ms. Fleming’s “Verismo” and Ms. Bartoli’s “Sacrificium” are like graduate seminars dressed up as recitals.

Ms. Fleming, 50, recalls the advice given her by Herbert Breslin, who masterminded Luciano Pavarotti’s career. “ ‘You won’t make it if you don’t sing bread-and-butter Italian opera,’ he told me,” Ms. Fleming said in a recent telephone interview. “I was constantly being pushed toward a European ideal of what it means to be a classical or opera singer, let’s say in the Renata Tebaldi mode. I reject that. I’m American. I’m eclectic. I’m going to follow my musical passions. And if people don’t like it, and it hurts my legacy, I’m not going to worry about that.”

The late 19th century and the first quarter of the 20th have proved particularly congenial to Ms. Fleming’s gifts. In 2006 she surveyed that period on “Homage: The Age of the Diva,” recorded in St. Petersburg, Russia, with Valery Gergiev leading the Orchestra of the Maryinsky Theater. Inspired by historic recordings of stars like Mary Garden, Maria Jeritza, Rosa Ponselle, Emmy Destinn and Lotte Lehmann, the program included a sprinkling of favorites among a spate of rediscoveries.

(...)

In “Verismo,” featuring the Orchestra Sinfonica di Milano Giuseppe Verdi conducted by Marco Armiliato, she concentrates on the “young school” of Italians who followed in the wake of Verdi. Balancing 7 tracks by the grand master Puccini (including a few obvious choices) are 10 thoroughly unfamiliar selections from composers remembered as one-trick ponies. Pietro Mascagni is represented not by “Cavalleria Rusticana” but by “Iris” and “Lodeletta”; Alfredo Catalani, by an aria from “La Wally” but not the familiar one. A risqué showstopper from Riccardo Zandonai’s “Conchita” wins out over his swooning “Francesca da Rimini.” Ruggero Leoncavallo, of “Pagliacci” fame, is heard from in excerpts from his “La Bohème” and from “Zazà.”

(...)

Like much else in Ms. Fleming’s program, this is classic four-hankie material. Fallen women loom large in verismo, and in the minds of many opera fans their music cries out for sobbing, heart-on-sleeve emotionalism. Instead Ms. Fleming ennobles it with her cool classicism, following models both starry and unsung: among them, Gloria Davy, Claudia Muzio, Renata Scotto and Lynne Strow Piccolo.

(...)

Ms. Bartoli conducts her research with a little team of scholars. For “Sacrificium” libraries were combed from Naples to Stockholm, Oxford to Berlin.

“I made my name singing Rossini,” Ms. Bartoli, 43, said recently from Vienna, “and I still sing Rossini. He was a great composer, and his music is great for maintaining the flexibility of the voice. But Rossini came from somewhere. Going backward from Rossini I discovered Mozart and Haydn. From Mozart and Haydn, I came to Gluck and Vivaldi and Salieri. One thing leads to another.”

(...)




Simon Domingo


(Domingo e Harteros, em Simon Boccanegra)





O tenor Domingo - outrora barítono - regressa ao seu registo original, como prometera. Aos 70 anos, glorioso, interpreta o protagonista baritonal Simon Boccanegra, da ópera homónima de Verdi.

A vida não cessa de (re)começar, no caso de Domingo...

ps assisti, há uns bons dez anos, a um magistral Parsifal interpretado pelo grande, grande Plácido. Há experiências duplamente místicas...

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Louise e as liberdades da encenação...




Em Estrasburgo, estreia a Louise (Charpentier) d'après V. Boussard:

«Le metteur en scène Vincent Boussard remporte son pari en modernisant ce «roman musical» de Charpentier.

Créé à l'Opéra-Comique le 2 février 1900, Louise, de Gustave Charpentier, incarne la quintessence d'un certain naturalisme musical. Ouvriers, maraîchers, rempailleurs et autres chiffonniers sont les protagonistes de ce «roman musical» qui, sous prétexte d'une idylle entre la couturière Louise et le poète Julien, entendait décrire le Paris populaire à l'aube du XXe siècle. C'est pourquoi - à l'instar des chansons de Damia, des premiers romans de Morand ou du Duvivier de La Belle Équipe - Louise est étroitement lié à son temps, et n'a de valeur réelle qu'en ce qu'il est daté.

Sortir l'œuvre de son contexte et la moderniser sans pour autant l'ancrer dans le temps était un pari délicat. Il est globalement remporté par le metteur en scène Vincent Boussard, lequel s'est concentré sur les personnages en gommant toute référence au pittoresque parisien. Certes, cela resserre l'intrigue sur des rôles à la psychologie assez sommaire (le livret de Charpentier est globalement tarte), et les scènes «de genre» sont étrangement décalées. Pigalle a remplacé Montmartre et le petit peuple de Paris a fait place à des escouades de junkies, clochards, poivrots et paumés de tout poil.

Dès l'instant qu'on admet le parti pris, on y adhère sans gêne. Après un premier tableau plutôt bancal, on se laisse prendre par cette Louise inattendue, dont les qualités scéniques vont croissant jusqu'à la fin du spectacle.

On le voit : l'œuvre est donc prise «au sérieux». C'est bien ainsi que l'entend le chef Patrick Fournillier, visiblement épris de cette partition et soucieux d'en exhiber les qualités symphoniques et les nombreuses richesses orchestrales, quitte à verser dans le grandiloquent.

Un travail qui ne va d'ailleurs pas sans une tendance à oublier les chanteurs, lesquels doivent parfois crier pour se faire entendre. La Louise de Nataliya Kovalova et le Julien de Calin Bratescu semblent ainsi souvent obligés de forcer la voix. S'ils sont scéniquement crédibles, ils en perdent toute nuance et leur français devient incompréhensible. On n'en dira pas de même de Marie-Ange Todorovitch, parfaite en mère de Louise. Quant au père, incarné par Philippe Rouillon, il est le vainqueur de la partie : diction, musicalité, puissance, noblesse, tout est là. Avec lui, ce rôle transcende les âges pour atteindre la véritable humanité.»

nota: o bold - a essência do artigo, que versa sobre a liberdade da encenação - é a da minha autoria.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Nat Dessay - (outro) Best Of?



Embora não haja pormenores sobre este artigo, creio ser (mais) um best of Dessay, chez Virgin.

Se assim for, dado que possuo a totalidade dos seus registos da dita etiqueta, não o adquirirei.

Contudo, não hesito um só segundo em recomendar esta preciosidade! Afinal de contas, trata-se da maior lírico-coloratura desde há décadas!

domingo, 18 de outubro de 2009

Der Rosenkavalier & o TEMPO - II

Em antevisão - aqui -, referimo-nos à reprise (muito aguardada) de Der Rosenkavalier, no Met.
É agora o momento de fazer o balanço (sobretudo) das prestações das veteranas Fleming e Graham...

«When opera singers perform touchstone roles from the staples, they compete, however unfairly, not just with legendary artists of the past but also with themselves. The soprano Renée Fleming first sang the role of the Marschallin in Strauss’s “Rosenkavalier” at the Metropolitan Opera in early 2000, to wide acclaim. The Octavian during that run was the mezzo-soprano Susan Graham, who had triumphed in the role since her first Met performances in 1995.

On Tuesday night Ms. Fleming, who had not sung the role in nearly a decade, and Ms. Graham were reunited in “Der Rosenkavalier,” a revival of Nathaniel Merrill’s lavishly traditional production first introduced 40 years ago, which is holding up nicely. As the Marschallin (the Princess von Werdenberg in mid-18th-century Vienna, the wife of the empire’s field marshal), Ms. Fleming may have lost a little of the sumptuous vocal beauty and some of the soaring pianissimo phrases of before. And though the arduous role of Octavian, the hormonal 17-year-old count who is having an impetuous affair with the Marschallin, remains one of Ms. Graham’s signature achievements, she may not have had the effortless power she used to.

Yet Ms. Fleming and Ms. Graham sang splendidly over all. In ways that matter their performances were richer and more affecting. They and the rest of the cast, which included the lovely Swedish soprano Miah Persson as Sophie in her Met debut, had to cope with a change of conductors.

(...)

The warm texture and robust resonance of Ms. Graham’s voice as Octavian naturally convey a young person’s ardor and intensity. This Octavian is ecstatically in love with the middle-aged Marschallin, as is boldly clear during the opening scene, where we find the lovers in bed after a night together, still frisky, giddy and careless.

In Ms. Graham’s involving portrayal Octavian’s shortcoming is also his most appealing quality: he lives entirely in the present, full of love for the moment but hardly able to think past the afternoon. Octavian actually says some perceptive things, and Ms. Graham made the most of each. For example, as the Marschallin told Octavian that sooner of later, naturally, he would leave her for a younger woman, Ms. Graham, summoned shimmering sound and annoyed intensity as she answered, “You are pushing me away with words because you cannot do it with your hands.”

Ms. Fleming’s vocally captivating performance was daringly subtle. You are pulled in by the expressive nuances of her singing and the multiple meanings she uncovers in the character’s sadly wise words. You will probably not find a better-acted Marschallin, and not just during the foolproof dramatic moments, like the Marschallin’s monologue on the inexorable passage of time. Even during the scene in which the princess is entertained by the Italian Tenor, here Ramón Vargas in good voice, it was touching to see this astute Marschallin so taken out of herself for a moment, enthralled by the music.

Ms. Persson’s singing had less rosy bloom than that of some lyric sopranos as the virginal Sophie, but it had great character and warmth. The Icelandic bass Kristinn Sigmundsson was a suitably boorish and vocally booming Baron Ochs. The stage director Robin Guarino deserves credit for eliciting such believable portrayals from the cast, especially Ms. Fleming and Ms. Graham. It is good to have these fine artists back together in this Strauss favorite.»


(Der Rosenkavalier, Met Opera Housa - Outubro de 2009 - Renée Fleming, à esquerda, e Susan Graham, à direita)

domingo, 11 de outubro de 2009

Der Rosenkavalier & o TEMPO

A passagem do tempo - com todas as implicações psicológicas que se lhe associam - constitui um dos eixos que animam a personagem Marschallin, de O Cavaleiro da Rosa, de Richard Staruss.

(Renée Fleming como Marschallin)

Fleming é a protagonista ideal da ópera, ombreando com uma das maiores da história, E. Schwarzkopf.

Aos 50 anos, a extraordinária Renée reinterpreta esta subtíl, rica e complexa personagem da lírica. O Octávio desta produção será o melhor de há muito, também - S. Graham. Juntas, Fleming e Graham maravilharam o mundo nesta mesma ópera.

Dez anos passaram desde a última vez que as intérpretes americanas vestiram a pele das personagens de Der Rosenkavalier. O TEMPO passou e terá deixado marcas indeléveis...

Veremos, muito em breve...




sábado, 10 de outubro de 2009

Met opening night V : Tosca (September 2009) - Bondy e a sua Tosca

Tenho apreciado muitíssimo a profusão de comentários desencadeados pela questão espinhosa da mise-en-scène. E tudo começou pelo debate que opõe - a meu ver... - o conservadorismo / Zeffirelli à ousadia / Bondy.

Inevitavelmente, há gostos para os extremos, bem como para os pontos intermédios.

Pessoalmente, aprecio a ousadia, embora não tolere a patetice. Gosto de uma boa montagem realista, ma non troppo! Zeffirelli é um dos meus ódios de estimação. Esta é uma questão incontornável. Como Bondy, considero que Franco Zeffirelli é a prima-do-mestre-de-obras - sendo que Visconti é a obra-prima.

Depois do que por estas bandas tem sido dito a respeito da première de Tosca (
d'après Bondy), ora em cena no Met, eis uma singela explicação do encenador:

«Personne n'est choqué que Scarpia soit un tortionnaire sanguinaire, mais, en revanche, qu'il s'adonne à la débauche, comme il est dit dans la pièce originelle de Victorien Sardou, cela ne passe pas. On prend Tosca pour un mythe alors que c'est un thriller à forte charge sadique et érotique.»

Et voilà, rien que ça!

A questão é que o Scarpia de Bondy funde o sadismo com a sexualidade, explicitando-a. E muito bem, pois o verdadeiro sadismo tem as suas raízes na sexualidade, psiquicamente falando.

Bondy acendeu o rastilho dos fantasma sado-masoquistas do público e - claro está - a coisa deu para o torto! Se Scarpia fosse apenas um grande malvado, outro galo cantaria...

€15 000

«Les chanteurs d'opéra ont un grand sens moral, explique Thérèse Cedelle, impresario de Natalie Dessay. Sur scène, ils ne peuvent pas improviser. L'exigence absolue sur leurs épaules leur apporte un sens de la vraie vie qu'on retrouve dans les contrats.»

A passagem que acima cito consta deste artigo, que versa sobre o cachet dos grandes - top, top - artistas líricos da actualidade. Para voyeurs ou apenas curiosos...

O preço do não-pop paga-se caro, bem vistas as coisas.

Irresistível!

Met opening night III : Tosca (September 2009)


(Luc Bondy)

Como temos vindo a constata
r, a grande controvérsia suscitada pela Tosca de Bondy radica, justamente, na encenação. Eis mais uma reacção à dita cuja:

«Bondy has taken the opposite approach. He has pared down his sets to the bare minimum. The church is sparse and austere with bare brick walls; Scarpia's office in the Palazzo Farnese in act two is like a waiting room in an institution, painted in brutal browns and oranges; and the third and last act – the most successful in terms of stage design – is a simple brick tower set against the dim blue-grey light of dawn.

There was some egregious silliness to the Bondy version, which no doubt goes some way to explain the cat calls. Cavaradossi's painting of Mary Magdalene upon which he is working at the start of the opera looks like a Mills & Boon cover portrait – all soft edges and flowing hair, and, horror of horrors, her left breast is showing. In act two Scarpia is being pleasured by a courtesan kneeling between his legs, a wholly gratuitous addition to Puccini's portrayal of an evil torturer who exudes suppressed sexuality in any case.

Those incongruities aside, the puzzling thing about the audience reaction last night was that in most other regards the Bondy production is striking by how safe it is, how little risk-taking and how traditional. The Swiss theatre and opera director is known for his humorous touches, though there weren't many on view last night. The acting is traditional too, sometimes slipping into melodrama which is always an occupational hazard with Tosca.»


(Mattila e Álvarez, respectivamente como Floria Tosca e Mario Cavaradossi)

Por regra, acompanho as reacções do público do Met (a minha casa lírica), no tocante às prestações vocais e interpretativas. Contudo, em relação às respostas do público diante das encenações, a coisa pia de outro modo! Assim, uma reacção adversa a uma nova encenação - quase garantidamente - é sinónimo de uma explosão emotiva de júbilo, da parte deste escriba!

A verdade é que, onde Bondy é ousado, Zeffirelli é de um convencionalismo caduco! Nem a insuportável megalomania do italiano o descola do realismo convencional que caracteriza as suas abordagens...

Veremos, veremos...

sábado, 3 de outubro de 2009

O Imperador



Kaufmann, ossia O Magnífico, aborda, neste registo, compositores situados entre o clacissismo e o romantismo tardio: de Mozart a Schubert, de Beethoven a Wagner. Em estado de graça, o tenor revisita trechos de ópera, exclusivamente compostos na sua língua natural, o alemão.

De timbre cheio, robusto - mas delicado - e baritonal, Jonas Kaufmann evidencia as suas infindáveis qualidades dramáticas e heróicas - perfeitamente adequadas a Wagner (Lohengrin e Parsifal) e Beethoven (Florestan, de Fidelio). Contudo, as ditas qualidades tendem a invadir - tornando algo "pesado" - o lirismo mozartiano (Tamino, de Die Zuberflöte) e de Schubert.

Depois de um primeiro registo consagrado ao tenor lírico, Kaufmann evidencia neste artigo as suas qualidades de heldentenor. Será, sem sombra de dúvida, o mais proeminente e destacado desde Ben Heppner.

Impressionante!

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(4,5/5)