No panorama lírico – particularmente no tocante ao tenor lato senso (ligeiro, lírico e lirico-spinto), a América Latina tem sido uma referência incontornável. Para além dos extraordinários Alva e Lima, Flórez, Villazón, Vargas e Álvarez têm vindo a conquistar terreno, neutralizando toda a concorrência. De entre os mencionados, Álvarez sobressai como o maior tenor spinto da actualidade: Verdi assenta-lhe que nem uma luva!
Há uns bons dez anos, na Bastilha, Marcelo Álvarez deslumbrou-me com o seu Duque (Rigoletto). Adivinhei-lhe um futuro verdiano, mais na linha do spinto – Radames, Otello, Manrico, Rodolfo, etc.
O presente artigo constitui uma colectânea de árias verdianas, cujo denominador comum assenta, justamente, no spinto. Dir-se-ia que a dita colectânea foi construída à imagem dos dotes do tenor argentino…
Álvarez possui um timbre encorpado e heróico, pujante e amplo, contudo as fragilidades técnicas são indisfarçáveis: tendência para o fortissimo e pianissimi inseguros. As suas interpretações não ultrapassam a fasquia do banal, enfermando de falta de subtileza e lirismo, elegância e linhagem. A brutalidade e dilaceração, demandadas pelo epílogo de Otello, tendem a estender-se às demais incarnações, tornando-as algo desinteressantes e excessivamente afins, sem matizes de natureza alguma.
No panorama verdiano discográfico, onde Del Monaco, Bergonzi, Vickers e Domingo se destacam, Álvarez dilui-se, sendo incapaz de sair do anonimato.
É bem verdade que este tenor não encontra rival à sua altura, neste repertório – Licitra parece ter perecido, liricamente falando… Contudo, quando comparado com os seus antecessores, Álvarez constitui uma mera curiosidade.
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(3/5)
Tenho um cd do Alvarez de inicio de carreira onde canta muito bem o reportório lirico italiano e francês. O timbre é belissimo e tirando um francês um pouco vacilante não há grandes reparos a fazer. Mais tarde vi-o na Manon com a Fleming onde também está muito bem. Infelizmente no reportório mais spinto como o Trovador, Baile de Mascaras e Tosca não me convence. A voz não se expande, falta-lhe volume, os agudos são vacilantes e o timbre torna-se bastante monocromático. Não me parece que seja esse o seu futuro.
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