(ensaio geral de Os Troianos, Valência - Palau de les Arts, Novembro de 2009)
O "dedinho" dos catalães La Fura dels Baus nunca me levou à certa. Será a vertente iconoclasta dos senhores a que mais me repugna. Às vezes, acho-os pouco mais que crus ou primitivos.
Em matéria de encenação operática, os La Fura têm feito história, reconheço: La Damnation de Faust (Salzburgo) e Der Ring (Valência).
No Palau de les Arts de Valência, Berlioz foi levado à cena pelos catalães e dirigido por Gergiev. Eis a crítica deste Os Troianos:
La traslación de la Eneida berliozana al mundo de la astronáutica no crea mayores problemas: finalmente las epopeyas antiguas y las de la ciencia-ficción se tocan en la común distancia del presente. Pero siendo el espacio, de 2001 a Alien, el principal referente estético, no es el único: hay también mucha alusión a la pantalla de ordenador, al cómic y hasta a los muñequitos de Playmobil. La obra permite esta operación, pues está concebida como una sucesión de números cerrados, muy al gusto de la grand opéra de mediados del XIX. Arias, dúos, tríos, quintetos, octetos, enormes escenas corales, interludios orquestales, cuadros coreográficos: no hay combinación que se le resista al gran orquestador Berlioz, superior a Wagner en esto, aunque ciertamente inferior como compositor dramático. El tercer acto de Los troyanos pega un bajonazo obvio y el montaje se resiente de la deficiencia estructural: hay cuadros de una enorme intensidad y belleza, como el de la matanza de las mujeres troyanas o el del palacio de Dido, que recuerda a un acelerador de partículas, junto con otros más discutibles, como el campamento de tiendas Decathlon de los troyanos o unos números coreográficos francamente pobres. Pedrissa provocó alguna contestación al final. Poca cosa, pues a esa hora, pasada la una de la madrugada, se habían registrado notables deserciones en la sala.
"Estupenda Cassandra de Elisabete Matos...". Ainda bem.
ResponderEliminarMais uma fantochadizinha, pelos vistos. Talvez estes encenadores se sintam perturbados pela matéria épica que refere os Troianos: a Eneida de Vergílio, obra que nos seus dois mil anos existência nunca deixou de ser apreciada, para não dizer amada, e de uma forma ininterrupta, mesmo incluindo na "adormecida" Idade Médiao que é caso único a este nível, sendo posteriormente a fonte maior d'Os Lusíadas.
ResponderEliminarFico, por outro lado, contente pela prestação da Elisabete Matos e lembro-me da estupidez do nosso São Carlos.
Raul
Também fico muito contente pelo sucesso de Elisabete Matos. Parabéns a ela.
ResponderEliminarCassandre was interpreted by the Portuguese soprano Elisabete Matos, who seems to have found her natural ground in this dramatic and expressive repertoire. She was very convincing both dramatically and vocally and she offered the best performance of the evening. The role of Cassandre is very demanding and she solved the difficulties brilliantly. I have often thought that this excellent singer is undervalued, and this performance proved me right yet again.
ResponderEliminarA primeira vez que ouvi a Elisabete Matos foi no papel de Micaela numa "Carmen" aqui há uns anos em São Carlos. Na altura achei que a voz e a figura já eram demasiado grandes para uma Micaela, que se quer mais jovial. Gostei muito da sua prestação bastante informal no dvd com Barenboim e a Orquestra Sinfónica de Chicago no "El Sombrero".
ResponderEliminarQuanto à La Furia dels Baus, já os vi em Lisboa. Para o que era, gostei, mas não acho que se preste à ópera, sobretudo a uma ópera não-contemporânea... A encenação deles deve ter, em tudo, contrastado com a da Madame Butterfly de que cheguei há pouco, levada à cena aqui em Bristol pela Companhia de Ópera do País de Gales. Mesmo assim, a dita encenação não foi tão depauperada como algumas que já vi em Portugal.
Ouvi, no papel de Pinkerton, um tenor que não conhecia e que surpreendeu bastante: Russel Thomas. Achei curioso um Pinkerton negro.
Amanhã é dia de Wozzeck e Sexta vem à cena La Traviata. Uma semana de papinho cheio!
Já ouvi os dois primeiros actos de uma ópera desconhecida, Bruder Lustig, mas que tem a assinatura de Siegfried Wagner, razão pela qual a comprei. Até agora a impressão é a mais positiva possível, lembrando Humperdinck, de quem ele foi aluno. Siegfried Wagner era um homem cheio de talento, criticado pelos adoradores do seu pai porque não lhe chegava aos calcanhares e pelos os antiwagnaristas porque continuava a corrente iniciada pelo pai. Enfim, preso por ter cão e preso por não ter. S.W. era, como eu já disse aqui, um homem de muito bom carácter, mas sempre "controlado" pela "doce" Cosima, a guardiã dos valores da Wahalia. As notas introdutórias aos 3CDs falam de que, quando Siegfried esteve à frente do Festival de Beyreuth, os cantores a contratar eram sempre testados com Verdi, o que não a agradava à mãezinha e seus acólitos.
ResponderEliminarImaginar que a Fédora é uma ópera periodicamente levada à cena e este Bruder Lustig, um milhão de vezes melhor, nunca é representado. Que injustiça!
Raul
Eu ouvi e vi a Elizabete Matos,num recital na Povoa de Varzim,bem pertinho dela na fila da frente.Ao meu lado estava um jovem de uns 60/70 anos que ressonou durante todo o espectaculo :)) ,não sei como foi possivel,com aquele vozeirão e aqueles olhos demolidores1.
ResponderEliminarCaro Portas abertascadeirasao soco,
ResponderEliminarEu por acaso ouvi na rádio um bocado desse recital, precisamente uma ária de Shubert que adorei, e depois não consegui identificá-la. Seria possível dizer-me que Schubert a Elisabete Matos cantou na Póvoa. Agradecia-lhe muito.
Raul
Caro Raul,
ResponderEliminarpermita que me adiante pois tenho o programa comigo.
Auditório Municipal, 30 de Julho de 2004.
Elisabete Matos (soprano), António Saiote (clarinete), Juan António Alvarez Parejo (piano).
Schubert: "Der Hirt auf dem Felsen" para soprano, clarinete e piano.
Ainda bem que já responderam,porque na verdade não saberia dar-lhe a resposta,ainda pesquisei mas só encontro o bilhete de entrada,tratou-se do 26º festival,em 2004.Até pensei que me iam perguntar quem era o dorminhoco :))) Também não saberia :)
ResponderEliminarMuito obrigado a portasabertas..., pela intenção, e ao caro Hugo Santos, pela informação. Agora há que a procurar e perceber por que razão gostei tanto. Ainda para o Hugo, ouça o Bruder Lustig. Tem tanta substância. Se gosta do Hansel e Gratel do Humperdinck e do Tiefland do Eugen D'Albert, obras de que gosto muito, gosta desta ópera.
ResponderEliminarRaul
Raul,
ResponderEliminardesde que a Marco Polo e, posteriormente, a CPO começaram a comercializar óperas de Siegfried Wagner que a crítica a que tive acesso nunca se entusiasmou com a obra do filho de Wagner. Existem, pelo menos, doze óperas disponíveis no mercado.
Seja como for, vou seguir o seu conselho pois constato que está verdadeiramente entusiasmado.
Hugo,
ResponderEliminarSe não estou em erro, foi a partir de uma crítica favorável na Gramophone que eu coloquei a gravação numa lista de CDs a comprar. Esta lista tem qualquer coisa como umas trinta gravações e este ano só consegui uma na FNAC do chiado, nenhuma no Corte Inglês e uma em Amesterdão. A ópera d S. Wagner obtive-a por encomenda numa loja numa esquina em frente do Tribunal da Boa-Hora.
Roma
Que estupidez! Onde é que eu fui buscar Roma!!! Terá a ver com os Troianos e com as suas últimas palavras. Eu sei que são duas e meia da manhã e que fui a um bar, mas só bebi um Irish Coffee. :) O comentário é meu.
ResponderEliminarRaul