(DECCA 478 0647)
Captada ao vivo, esta interpretação revela uma Fleming amadurecida e vivida.
A voz mantém-se impregnada de luminosidade e brilho, com um timbre ímpar. Aqui e ali, há vibrato em demasia... mas que importa! Trata-se de um live, sem rede nem artificialismo algum!
A interpretação?
Sob uma melancolia contida, com uma elegância suprema, Fleming aflora e ilustra graciosamente as múltiplas metáforas da finitude.
Renée Fleming não evidencia tristeza, antes estando consciente de um fim que já se vislumbra – ainda que longínquo – no seu horizonte.
O peso da idade – cinquenta primaveras -, que a voz dissimula, revela-se na leitura: aos cinquenta é que começa a vida?!
Thielemann dirige a Filarmónica de Munique de forma majestosa, com uma morosidade que casa, na perfeição, com o ritmo proposto por Fleming.
Que parelha maravilhosa!
Poder-se-á querer mais e melhor?
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(5/5)
A minha versão de referência da obra continua a ser a primeira gravação que Lucia Popp fez com direcção Klaus Tennstedt e a Filarmónica de Londres.
ResponderEliminarNa altura em que a gravação foi feita, a voz de Popp estava madura e ainda não tinha ficado doente como veio a acontecer na 2ª gravação que realizou, embora esta última versão se encontre impregnada dessa consciência da finitude próxima.
O que mais me impressiona na voz de Popp é a forma como ela, limitando-se simplesmente a cantar, consegue que a voz ilustre o texto.
Já ouviram a Jessye Norman nestas "canções"?
ResponderEliminarAtribuí a este blogue o prémio "Brilhante Weblog", como poderá constatar no último post do "Com blogs de ver"
ResponderEliminarA fantástica qualidade que exibem, não merece menos que este de chamado de Brilhante
Peço-lhe que indique agora 7 blogues que julgue merecedores do prémio.
Um abraço
Já sim! Tenho 14 interpretações destes lieder, entre as quais figura a da Norman, das melhores!!!
ResponderEliminar"Finitude próxima"....Mas é uma espada que pende sobre todos nós, a idade não é garantia da sua proximidade ou "lonjura"...Serenidade, sim...ela parece com a "proximidade" do fim...
ResponderEliminarRicardo, já somos dois. É uma Lucia Popp em estado de graça e em fantástica simbiose com o texto e a música.
ResponderEliminarLuís,
ResponderEliminarObrigado, pela parte que me toca ;-)
Quanto aos blogs, depois lá irei, ok?
Que encontro! O melhor maestro do mundo com o melhor soprano da actualidade!
ResponderEliminarAgora vão-me cair em cima. Eu gosto muito das Quatro Últimas, mas gosto ainda mais dos Wesendonk Lieder de Wagner. Contextos diferentes, eu sei, mas "há qualquer coisa no ar que os aproxima". Eu ouço uma das peças e lembro-me da outra.
Raul,
ResponderEliminarNão é o único! Grande parte dos intérpretes, no mesmo registo, abordam os dois ciclos!
À sua semelhança, oiço um atrás do outro ;-)
João,
ResponderEliminarEu adoro o mais que posso os Wesendonk Lieder de Wagner e este blogue tem de lhe dedicar um poster.:)
Eu tenho a maior intérprete de sempre e impossível de igualar: Kirsten Flagstad. A versão acompanhada ao piano pelo Gerald Moore, em que a voz tem a sonoridade de uma orquestra, ainda supera as versões orquestrais. Recentemente adquiri um video mais os menos biográfico da Julia Varady. Uma jóia. A grande cantora termina com estas canções e depois da Flagstad nunca ouvi melhor.