sábado, 25 de outubro de 2008

Antologia da lírica mozartiana


(VIRGIN CLASSICS 50999 212023 2 2)

Diana Damrau, neste extraordinário registo, aposta o mais que pode, levando a melhor.

Abordar, no mesmíssimo trabalho discográfico, Mozart-lírico – Condessa, Pamina, Susanna, Elvira – e Mozart-ágil – Konstanze, Aspasia -, cruzando-os com a agilidade dramática de Donna Anna e Servilia será, a meu ver, o extremo da ousadia.

Damrau possui uma técnica superlativa, que a torna apta para a coloratura mais assassina, evidenciando, em paralelo, uma aptidão e versatilidade teatral tremendas: Condessa dilacerada e melancólica, Susanna sagaz, Pamina apaixonada e rendida, Konstanze orgulhosa, Elvira humilhada, Anna dorida, Servillia dividida mas calculista...

O timbre, não sendo um prodígio, encanta e seduz; a disciplina vocal revela uma solidez impressionante – nada tendo que ver com a estridência aqui revelada -, sem ponta de esforço! A voz - redonda, harmoniosa e invulgarmente extensa (agudos brilhantes e luminosos, graves encorpados e arrepiantes) - serve o teatro, surpreendendo a cada incarnação...

Fui muito céptico relativamente a um dos primeiros registos desta intérprete – contrariamente a tudo e todos. Agora, rendo-me em absoluto, dando a mão à palmatória!

Damrau, no seu elemento natural, promete ser a mais carismática, versátil, disciplinada e sólida intérprete da lírica mozartiana dos próximos decénios. Desde este incontornável monumento que não escutava um Mozart desta dimensão.

Seguramente um dos mais emblemáticos trabalhos jamais realizados no domínio da ópera.

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* * * * *

(5/5)

6 comentários:

  1. Não conhecia o blog.
    Mas como praticamente só ouço a chamada música clássica...

    Bem haja

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  2. Desde que a "descobri" sempre gostei muito da Damrau.
    Ainda não ouvi este cd, mas pelo que diz, confirma todas as minhas expectativas.

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  3. Caro João,

    não me vou armar em "Velho do Restelo", mas desde que comecei a postar aqui e que a Damrau vinha à baila, que a defendo.

    ;)

    A Konstanze dela é imbatível!

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  4. Ricaro,

    Da vero! Agora, somos dois ;-)))

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  5. Diz bem, caro João, técnica superlativa. E, neste aspecto, estou como a Gruberova que costumava dizer que a técnica liberta. Digo eu, propicia a criação.

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