quarta-feira, 22 de novembro de 2006

As good as corn ;-)

Netrebko triunfa, em Viena, num papel belcantista.

Pela parte que me toca, mantenho as minhas reservas: a primeira incursão de Anna Netrebko no domínio da lírica belcantista - La Traviata -, tecnicamente, revelou demasiadas fragilidades...

Em Fevereiro, vê-la-ei, na pele de Elvira (I Puritani), outro papel paradigmático da tremendamente difícil tradição belcantista.

Depois vos direi!


(Netrebko, na pela de Amina - La Sonnambula, de Bellini -, em Viena)

23 comentários:

  1. Salve! Pois eu... do fundo do meu pântano, ainda estou em êxtase com a Anna Netrebko cantando "Song to the Moon". Verdade que há outras, tão boas ou mais ainda, como a Gabriela Benackova, a Lucia Popp ... mas, além de cantar tão bem, ela é bem bonita, e sem dúvida que sua linda figura irá ajudar a divulgar a ópera pelo mundo. O que não divide, soma!!! Mas... o que eu estou dizendo?? entrei aqui para te deixar um abraço d'além-mar, aproveitando estas maravilhas da tecnologia moderna... UM ABRAÇÃO!

    Dal.
    (amiga/aluna do jacques)

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  2. Eu acho este blogue muito anti-Netbrebko. Eu não "alinho" nisso.
    Raul

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  3. Não sei se o Blog é anti-Netbreko, nem sei muito bem o que pensar da senhora em questão. Sei que a sua Traviata não me entusiasmou nada. Muita voz e muita audácia "à Russa" mas pouca sensibilidade.... Sinceramente preferi o companheiro.... o novo disco de arias já me pareçe mais interessante.

    J. Ildefonso.

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  4. Cara Dalva,

    Só tenho que agradecer a simpática visita e retribuir o abraço!
    Quanto à Netrebko, estamos de acordo, embora mantenha as minhas reticências! Depois de a ver, pronunciar-me-ei, ok?

    Um abraço
    Don Giovanni

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  5. Raul,

    What??? Anti-Netrebko?! A criatura excita-me tanto e diz que sou anti...

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  6. Até, por isso,...
    A voz, meu amigo, a voz,...
    Já viu ni www.youtube.com o dueto de Palhaços com o Dmitri H. ?
    Raul

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  7. João,
    Desculpe mas acho um exagero. Lógico que os Palhaços não é uma obra-prima, mas também não o acho assim tão desprezível. O Prólogo, as frases iniciais do tenor, o "Vesti la Giubba" e o modo como a peça é representada dentro do melodrama são partes que acho de mestre. Os Palhaços é uma verdadeira ópera italiana e eu gosto de ópera e de ópera italiana e os a Palhaços tem dois coisas que eu considero (respeitando todas as opiniões, embora não concordando) essenciais para eu gostar de uma ópera: melodia e "pathos". É claro que se trata de melodia imediata. mas é melodia; não a tem inteligentemente apresentada, nem o fosso orquestral tem a ciência dos grandes mestres, mas é ópera no seu sentido mais primário.
    Raul

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  8. Raul.

    Não há dúvida que este tipo de afirmações (minhas) suscita aceso debate... Ainda bem que assim é!
    Em contrapartida, para ver que não menosprezo o verismo italiano, desde já confesso apreciar - e muito! - a Cavaleria Rusticana!

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  9. Também gosto muito da Cavellaria Rusticana. Mas sendo o João um grande apreciador desta ópera, como se explica que a outra, Palhaços, com um libreto mais elaborado e com uma melodia, embora inferior, seguindo as mesmas ideias, seja tão desprezada?
    Raul

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  10. Realmente talvez os Palhaços seja uma opera mais elaborada conforme o Raul diz.. no entanto percebo o João porque é dificil resistir às melodias da Cavalaria. A despropósito gostei bastante da Elisabete matos no papel de Santuza.

    J. Ildefonso.

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  11. João Ildefonso,
    Eu gosto muito mais da Cavellaria Rusticana precisamente por causa disso, mas Os Palhaços têm também o seu lugar com algumas melodias bonitas e muito melodrama. A Cavellaria Rusticana é um "milagre" e há muito boas gravações, mas para mim é a de referência e provavelmente o João tem-na:
    Karajan:Cossoto, Bergonzi, Guelfi (DG)
    Raul

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  12. Raul

    Acho que são coisas da subjectividade...
    Aquilo tudo é muito faca-na-liga, sangria-desatada... Demasiado déjà vu...

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  13. Como pode ser demasiado déjà vu ?!
    Aquilo é o modelo do verismo, aquilo é o princípio; as outras coisas é que podem ser déjà vu.
    Raul

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  14. Sim realmente tenho a gravação que o Raúl refere. Caro João desta feita tenho que concordar com o Raúl.... o que vem a seguir é que poderá ser considerado "déjà vu"... porque este foi realmente o inicio da voga do Verismo.

    J. Ildefonso.

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  15. Caros Raul e João,

    Para mim, Verismo é La Bohème, Tosca, Cavaleria, (Madama Butterfly...), etc: puro Realismo.
    Os Palhaços são um excesso ao quadrado! Serão realistas e veristas (sendo que o verismo é o realismo na música!)!

    Por favor, deixem-me embirra com Os Palhaços!!!

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  16. Embirre à vontade, meu amigo, mas no meio da sua "embirração" peço-lhe que dê uma vista de olhas na cronologia.
    E a propósito de excessos do Verismo. Durante anos eu nunca assistia ao 4º acto de La Bohéme, porque não suportava a agonia lenta da Mimi e os gritos finais do Rudolfo. Esses ainda hoje embirro. Saía pura e simplesmente no fim do terceiro acto. Acontecia que, quando era muito jovenzinho, embirrava com mortes lentas na ópera. Achava caricato e também a causa de muitas pessoas gozarem com a ópera, o que me deixava sem argumentos.Mas durou pouco e agora, felizmente, não tenho nenhum preconceito.
    Raul

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  17. Carissimo.

    Não concordo nada que a Butterfly seja considerado Verismo. Talvez a Tosca e o Tabarro o resto seguramente que não. Antes de mais hà que destinguir um movimento artistico com uma tradição executiva... Também o Verdi na altura foi "verisado" interpretativamente basta escutar alguns registros históricos.
    Puccini respeitou sempre os mais elevados valores musicais inclusive no segundo acto da Tosca onde o "davanti a lui tremava tutta Roma" tradicionalmente declamado ou "berrado" se encontra cuidadosamente escrito na partitura sem nenhuma concesão a vulgaridades interpretativas. Ao contrário do Andre Chenier do verista Giordano onde essas concessões dramáticas são frequentes e sancionadas pelo autor. Vejo mais a Butterfly como uma fantasia erótica/onírica decante de fim de seculo com uma base sociologica de etnocentrismo e assimilação de culturas.
    E o Raúl o que é que acha?

    J. Ildefonso.

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  18. Joâo Ildefonso,
    O Oriente estava na moda naquela época, embora bastante distorcido. Era uma visão ocidental. Interessante as visões da Butterfly, onde o estrangeiro que enganou a oriental é censurado no seu comportamente, e da Turandot, onde no meio da China bárbara, cheia de torturas apenas escapa o estrangeiro, o não chinês.
    A Butterfly tem passos veristas (todo o começo com os whiskies, os diálogos muito realistas do primeiro e segundo acto), mas a música é talvez "erótica" (confesso que não a vejo tanto assim: vejo mais a Turandot), mas sobretudo "onírica", levando-nos a um Oriente sonhado. Poderei continuar, mas para ser um bocado "verista", agora vou jogar bridge, é terça-feira e é mais forte que uma promessa.
    Um abraço
    Raul

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  19. João,

    Não discuto o erotismo presente na Butterfly... Quanto ao verismo, insisto: Puccini é verista e a Butterfly, também! Nela estão presentes elementos que o verismo destaca: exotismo, problemáticas sociais (não esquecer que a protagonista é geixa, para não dizer mais...), por exemplo

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  20. Sim, o exotismo está muito presente no Verismo. Lembro a Iris de Mascagni, de que existe uma versão com o Placido Domingo. Eu tenho outra com a Magda Olivero, considerada a maior cantora verista do seu tempo.
    Raul

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  21. Ouvi a Traviatta dela até ao Di Provenza, ária de que não gosto muito. Achei a interpretação muitíssimo boa e não sei quem hoje em dia possa cantar melhor a Violetta. O "Amammi Alfredo" é arrebatador. Pode haver umas pequenas passagens discutíveis, mas não chegam para pôr em causa esta grande Traviatta. Em toda a interpretação havia muita voz.
    Raul

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  22. Gosto da voz de Anna, mas a impressão que tenho é que ela devia se concentrar em outro tipo de repertório - de soprano lírico, evitar papéis com muito virtuosismo.
    Ela faria muito bem Musetta, Manon Lescaut . . . virtuose mostra mais as falhas do que qualquer outra coisa.

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