O nome da cantora é o que se encontra por baixo de Juan Diego, Nino Machaidze, de sua graça! Trata-se de um soprano originário da Geórgia, que interpretou, entre outros papéis, Julieta (Romeo e Julieta, de Gunoud), em Salzburgo, há cerca de dois anos.
Eis o marketing que eu abomino! A intérprete de Elvira deverá vir em primeiro lugar e a ópera tem quatro papéis pricipais, por ordem: soprano, tenor, barítono e baixo. Falta o barítono para pôr o Ildebrando d'Arcangelo. Muitas vezes até se pões a personagem de Enricheta. O cumulo desta técnica desprezível é a melhor Elekta que conheço (Mitropolous)e que possuo, onde na capa figura o nome da cantora que canta o papel titular (Inga Borgk), a da Crisothemis (Lisa della Casa) e de uma das criadas (Marilyn Horne), ignorando a Clitmnestra, o Orestes e o Egisto, respectivamente Jean Madeira, Kurt Bohme e max Lorenz.
estou inteiramente consigo. Um flagrante exemplo de um mau serviço prestado cujo principal contributo, na minha óptica, concorre para o progressivo desprestígio a que os responsáveis da indústria discográfica actual se encontram votados.
Raul, essa história da criada da Elektra lembra-me, embora seja um caso muito diferente, que alguém comprou a Tetralogia do Solti inteirinha porque "era com a Sutherland".
Paulo, mas não vai muito longe. Na caixa dos LPs que comprei quando fiz uma viagem a Inglaterra (aquelas de carro pela Europa) em 1980 na contra-capa vinham os diversos artistas de toda a Tetralogia. O relevo dos nomes era maior para cinco deles: A Nilsson, Flagstad, que merece dadas as circunstâncias, o Hotter, o Frick e a Ludwig (Fricka e Waltraute apenas); a seguir vinha entre outros a Sutherland a par do Windgassen. Estúpidos.
O papel do tenor, talvez o mais importante em Bellini, é que dificuldade e dimensão equivalente ou até superior mas o papel do soprano é mais complexo emocionalmente. Será uma justificação plausivel?
Caro Portas, Porque é o papel principal. Entra em todos os actos e tem duas árias. Uma delas é umas das grandes árias bellinianas a par da Casta Diva da Norma e da Ah! Non credea mirarti da Sonâmbula. Trata-se de uma grande ária com recitativo, ária pp dita e cabaletta. O grande concertante final do primeiro acto é todo conduzido pelo soprano. O tenor, cuja parte é dificílima, mais do que a do soprano -- Beverly Sills no dvd da Netbreko no Met dixit --, embora esteja presente em todo o terceiro acto, o mais curto e menos interessante, não entra no segundo acto e no primeiro tem uma grande cena, mas só ocupa talvez um terço do acto. Para terminar sobre esta jóia operática. Embora a gravação Muti/ Caballé/Kraus seja um tesouro, a Callas faz a Elvira mais extraordinária que os meus ouvidos sentiram. O concertante final, onde arrisca todas as notas, coisa que a grande Caballé não faz, o efeito, quando ouvi pela primeira vez, foi inglesando "devastador" para mim. Se não tem I Puritani da Emi pela dupla Callas/Di Stefano, ainda jovens, no cume das suas carreiras, corra a comprá-los. A versão referida do Muti é, como referi, um tesouro, pois para além das interpretações, o Muti é um excepcional intérprete de ópera italiana, e não só, e o som é melhor. Eu pelo sim pelo não tenho as duas versões.
Para mim existe uma possível ordem nos intérpretes e sinto-a como tal. esta minha ideia é comungada por muita gente inclusive neste blogue. Dou-lhe o exemplo do Don Carlo: Carlo, Elisabetta, Filipe, Rodrigo, Eboli, Grande Inquisidor Em Wagner pode ser muito claro (Tristão e Isolda, Valquíria) e mais "problemático" (O Ouro do Reno, Siegfried)
Caro João Ildefonso, Deve ser uma brincadeira. O tenor o mais importante em Bellini!!! O soprano (Norma, Amina, Elvira) é, sem sombra de dúvidas o mais importante em Bellini. Isto para não falar na Il Pirata, La Straniera, I Capuleti e i Montecchi e Beatrice di Tenda, onde o soprano é a figura central. Isto para não falar que Norma é figura operática mais difícil de interpretar no universo lírico feminino. Quem o dizia era a Lily Lehmann e a Callas confirmava-o. Olha é tão difícil que só há uma digna desse nome por geração e desde a Caballé deixou de a cantar ninguém lhe tomou soberanamente o lugar.
Raul,agora que fala,fui ali á minha prateleira e vi lá um cd da Emi esquecido,onde tem arias de Bellini cantadas pela Caballé e ao qual eu confesso nunca liguei muito.Tem 3 árias de Il Puritani,são quase 17 minutos de puro prazer,um crime eu nunca ter ligado a isto. Obrigado pela explicação tão detalhada.
Raul Quando falava dos Puritanos e disse que o papel de tenor é o mais inportante em Bellini referia-me a que o papel do Artur é o mais inportante papel de tenor escrito por Bellini! Mais do que o tebaldo, Pollione, etc.
Bem,já agora....no cd da DG, "il barbiere di siviglia",1972-Claudio Abbado,aparece na capa em primeiro lugar o nome de Hermann Prey,que corresponde ao papel de Figaro,mas....já na contracapa,o primeiro a surgir é Luigi Alva,como Conde de Almaviva.A meu ver é estranho,devo concluir pela capa que o principal papel é o de Hermann Prey?
Não, caro Portas, a coisa não é tão linear. Muitas vezes a sequência de nomes está de acordo com a ordem da estreia absoluta, que na maior parte das vezes não corresponde à importância da personagem. O problema de uma ordem nos nomes só facilita, pois ficamos de imediato a saber quem interprete o quê sem recorrer à distribuição. Um abraço Raul
Será que é culpa do computador, mas parece que se esqueceram de pôr o nome da cantora na capa!!!
ResponderEliminaró Raul, eu fiquei exactamente a pensar o mesmo!
ResponderEliminarCaros,
ResponderEliminarO nome da cantora é o que se encontra por baixo de Juan Diego, Nino Machaidze, de sua graça! Trata-se de um soprano originário da Geórgia, que interpretou, entre outros papéis, Julieta (Romeo e Julieta, de Gunoud), em Salzburgo, há cerca de dois anos.
Hahaha tá boa!
ResponderEliminarEis o marketing que eu abomino!
ResponderEliminarA intérprete de Elvira deverá vir em primeiro lugar e a ópera tem quatro papéis pricipais, por ordem: soprano, tenor, barítono e baixo. Falta o barítono para pôr o Ildebrando d'Arcangelo. Muitas vezes até se pões a personagem de Enricheta.
O cumulo desta técnica desprezível é a melhor Elekta que conheço (Mitropolous)e que possuo, onde na capa figura o nome da cantora que canta o papel titular (Inga Borgk), a da Crisothemis (Lisa della Casa) e de uma das criadas (Marilyn Horne), ignorando a Clitmnestra, o Orestes e o Egisto, respectivamente Jean Madeira, Kurt Bohme e max Lorenz.
Caro Raul,
ResponderEliminarestou inteiramente consigo. Um flagrante exemplo de um mau serviço prestado cujo principal contributo, na minha óptica, concorre para o progressivo desprestígio a que os responsáveis da indústria discográfica actual se encontram votados.
Raul, essa história da criada da Elektra lembra-me, embora seja um caso muito diferente, que alguém comprou a Tetralogia do Solti inteirinha porque "era com a Sutherland".
ResponderEliminarPaulo, mas não vai muito longe. Na caixa dos LPs que comprei quando fiz uma viagem a Inglaterra (aquelas de carro pela Europa) em 1980 na contra-capa vinham os diversos artistas de toda a Tetralogia. O relevo dos nomes era maior para cinco deles: A Nilsson, Flagstad, que merece dadas as circunstâncias, o Hotter, o Frick e a Ludwig (Fricka e Waltraute apenas); a seguir vinha entre outros a Sutherland a par do Windgassen. Estúpidos.
ResponderEliminarOra ca esta um dvd que eu pretendo adquirir apesar de nao apreciar muito o meio.
ResponderEliminarEstimado Raul,porque é que o intérprete de Elvira tem de vir no primeiro lugar?
ResponderEliminarBoa pergunta?
ResponderEliminarO papel do tenor, talvez o mais importante em Bellini, é que dificuldade e dimensão equivalente ou até superior mas o papel do soprano é mais complexo emocionalmente.
Será uma justificação plausivel?
Caro Portas,
ResponderEliminarPorque é o papel principal. Entra em todos os actos e tem duas árias. Uma delas é umas das grandes árias bellinianas a par da Casta Diva da Norma e da Ah! Non credea mirarti da Sonâmbula. Trata-se de uma grande ária com recitativo, ária pp dita e cabaletta. O grande concertante final do primeiro acto é todo conduzido pelo soprano. O tenor, cuja parte é dificílima, mais do que a do soprano -- Beverly Sills no dvd da Netbreko no Met dixit --, embora esteja presente em todo o terceiro acto, o mais curto e menos interessante, não entra no segundo acto e no primeiro tem uma grande cena, mas só ocupa talvez um terço do acto.
Para terminar sobre esta jóia operática. Embora a gravação Muti/ Caballé/Kraus seja um tesouro, a Callas faz a Elvira mais extraordinária que os meus ouvidos sentiram. O concertante final, onde arrisca todas as notas, coisa que a grande Caballé não faz, o efeito, quando ouvi pela primeira vez, foi inglesando "devastador" para mim. Se não tem I Puritani da Emi pela dupla Callas/Di Stefano, ainda jovens, no cume das suas carreiras, corra a comprá-los. A versão referida do Muti é, como referi, um tesouro, pois para além das interpretações, o Muti é um excepcional intérprete de ópera italiana, e não só, e o som é melhor. Eu pelo sim pelo não tenho as duas versões.
Para mim existe uma possível ordem nos intérpretes e sinto-a como tal. esta minha ideia é comungada por muita gente inclusive neste blogue. Dou-lhe o exemplo do Don Carlo:
Carlo, Elisabetta, Filipe, Rodrigo, Eboli, Grande Inquisidor
Em Wagner pode ser muito claro (Tristão e Isolda, Valquíria) e mais "problemático" (O Ouro do Reno, Siegfried)
Caro João Ildefonso,
ResponderEliminarDeve ser uma brincadeira. O tenor o mais importante em Bellini!!! O soprano (Norma, Amina, Elvira) é, sem sombra de dúvidas o mais importante em Bellini. Isto para não falar na Il Pirata, La Straniera, I Capuleti e i Montecchi e Beatrice di Tenda, onde o soprano é a figura central.
Isto para não falar que Norma é figura operática mais difícil de interpretar no universo lírico feminino. Quem o dizia era a Lily Lehmann e a Callas confirmava-o. Olha é tão difícil que só há uma digna desse nome por geração e desde a Caballé deixou de a cantar ninguém lhe tomou soberanamente o lugar.
Raul,agora que fala,fui ali á minha prateleira e vi lá um cd da Emi esquecido,onde tem arias de Bellini cantadas pela Caballé e ao qual eu confesso nunca liguei muito.Tem 3 árias de Il Puritani,são quase 17 minutos de puro prazer,um crime eu nunca ter ligado a isto.
ResponderEliminarObrigado pela explicação tão detalhada.
Caro Portas,
ResponderEliminarNão tem nada que agradecer. Foi um prazer e sempre ao seu dispor.
Raul
ResponderEliminarQuando falava dos Puritanos e disse que o papel de tenor é o mais inportante em Bellini referia-me a que o papel do Artur é o mais inportante papel de tenor escrito por Bellini! Mais do que o tebaldo, Pollione, etc.
João Ildefonso,
ResponderEliminarSim, lendo melhor, a interpretação é a que tu dás. O tenor n'Os Puritanos é o papel mais exigente vocalmente.
Bem,já agora....no cd da DG, "il barbiere di siviglia",1972-Claudio Abbado,aparece na capa em primeiro lugar o nome de Hermann Prey,que corresponde ao papel de Figaro,mas....já na contracapa,o primeiro a surgir é Luigi Alva,como Conde de Almaviva.A meu ver é estranho,devo concluir pela capa que o principal papel é o de Hermann Prey?
ResponderEliminarNão, caro Portas, a coisa não é tão linear. Muitas vezes a sequência de nomes está de acordo com a ordem da estreia absoluta, que na maior parte das vezes não corresponde à importância da personagem. O problema de uma ordem nos nomes só facilita, pois ficamos de imediato a saber quem interprete o quê sem recorrer à distribuição.
ResponderEliminarUm abraço
Raul