mas que elenco de ouro! bem, admito que Strauss são aguas muito pouco navegadas por estas bandas mas no outro dia na fnac vi na tv passagens desta mesma ópera e pensei "ah afinal até me agrada mais do que estava à espera. um dia! um dia!".
Com o desejo de comercialização destaca-se sempre a presença de quem canta o tenor italiano, neste caso Jonas Kaufmann, que não terá mais que três minutos de música, embora lindos na sátira straussina aos melismas das músicas para os tenores de ópera italiana. Mas existem outras papéis, como o Faninal, pai de Sophie, que são mais relevantes, para não falar do par intriguista, também italiano, que acompanha o Barão Ochs nas valsas do final do Segundo Acto. Quanto ao elenco, encabeçado pela grande Renee Fleming, para o momento, só se pergunta por que tardava, Mas, atenção, a compra desta gravação para um apreciador de O Cavaleiro da Rosa, só poderá ser uma segunda escolha, pois a primeira será sempre a eterna versão de Karajan com a Marechala Schwarzkopf, uma das maiores maravilhas da discografia. Amigo Blogger, antes de pensar em comprara qualquer Cavaleiro da Rosa, procure a versão EMI do Karajan com o trio Schwarzkopf, Ludwig, Stich-Rendall, onde o barão é o modelar Otto Edelmann e o tenor italiano nada menos que Nicolai Gedda.
Claro que Karajan é obrigatório! Não sei se tão distante deste ou de Kleiber (DG, também em dvd)! Haitink (EMI) é, de igual modo, um must, bem como Bohm (DG, live!!!) ... Solti (DECCA)...
Gosto muito das canções do Strauss. Relativamente às óperas conheço muito mal excepto a Salomé e a Mulher sem Sombra, gostei bastante de ambas, mas o Cavaleiro da Rosa não me atrai pelo menos de momento. A música é lindíssima mas parece-me tudo tão artificial e manipulado que sinceramente me deixou bastante frio.
O dueto da entrega da rosa, entre Stich-Randall e Christa Ludwig, é inesquecível mas mesmo assim prefiro Kleiber. Karajan tende a tornar tudo um pouco larger than life e esta é uma ópera cheia de ironia: o berro do barão que interrompe o arrebatamento do tenor italiano, a entrada final do criado da Marechala à procura do lenço de mão, os ciúmes inconsequentes de Octavian quando pede à Marechala que lhe diga o que aconteceu "einmal"... E dados os meus preconceitos face à voz de Schwarzkopf, prefiro a fragilidade iminente de Régine Crespin. A resolução súbita com que ela canta "Ich werd' jetzt in die Kirchen gehen" é de uma inteligência admirável.
Regine Crespin, uma das cantoras que mais gosto, como tantas vezes o disse neste blogue é uma excepcional Marechala e, por isso mesmo, tenho a sua versão com o Solti. Mas há momentos no primeiro Acto em que a aristocrática, e logicamente artificial, Schwarzkopf é a meu ver inultrapassável. Não tenho aqui comigo os cds, mas há um momento onde ela diz "Conde Octaviano..." que resume toda uma arte da emissão do som que só uma genial artista, no que o termo tem no seu pleno significado, pode transmitir.
Regine Crespin, uma das cantoras que mais gosto, como tantas vezes o disse neste blogue é uma excepcional Marechala e, por isso mesmo, tenho a sua versão com o Solti. Mas há momentos no primeiro Acto em que a aristocrática, e logicamente artificial, Schwarzkopf é a meu ver inultrapassável. Não tenho aqui comigo os cds, mas há um momento onde ela diz "Conde Octaviano..." que resume toda uma arte da emissão do som que só uma genial artista, no que o termo tem no seu pleno significado, pode transmitir.
Caro Raul, qualquer pretexto é bom para voltar a ouvir o Cavaleiro. Vou voltar a esse 1º acto e dar outra oportunidade à "genial artista". Mas confesso que a quase unanimidade de opiniões em torno da Schwarzie baby sempre me surpreendeu. Gundula Janowitz, por exemplo, não lhe era em quase tudo superior (as Quatro Últimas Canções, Ariadne, Capriccio...)?
Caro Vítor, Sem dúvida, a Gundula Janowitz era uma artista genial e uma straussiana ímpar. Eu também a tenho nas Quatro Últimas e em outras canções, nomeadamente no melhor Befreit que conheço, o meu "lied" preferido de R.S. Quanto a compará-la com a Schwarzkopf (Schwarzie baby?!),nomeadamente na Ariadne e no Capriccio, é esquecer a voz camaleónica da artista com o seu poder de coloração único sempre ao serviço de interpretações geniais, compreendendo em profundo o momento psicológico da personagem. A fabulosa Gundula, com a sua voz virginal, é nesse ponto mais limitada.
Será talvez esse carácter camaleónico que eu não consigo detectar nela. Schwarzkopf soa-me sempre a Schwarzkopf, cheia de maneirismos e truques expressivos (embora muito bem planeados, admito), com que é muito difícil criar empatia. E depois há uma questão muito pessoal que tem a ver com o timbre da sua voz, que não aprecio. Exemplo: logo na 1ª estrofe de Frühling, na gravação com Szell. quando ela sobe do registo grave do início para o agudo, o timbre modifica-se e não é homogéneo. Ou aquele "senken" embaraçoso com que termina a 2ª estrofe de Beim Schlafengehen. E duvido que alguém ache piada ao seu Lob des hohen Verstandes, de Mahler, na gravação também com Szell. Uma vez, vi na televisão umas masterclasses por ela, creio que em Zurique. A certa altura, ela dizia a uma aluna búlgara que esta nunca seria capaz de entender completamente uma dada canção de Wolf porque não era alemã. Lembrei-me de Terêncio ("nada do que é humano me é estranho") e de Derrida ("a verdadeira cultura é sempre desigual a si própria") e mudei de canal. Curiosamente, onde ainda consigo apreciar a Schwarzie baby (!!) é quando ela canta fora do seu Lebensraum. A sua Alice Ford, na gravação com Karajan, por exemplo. (Tem razão: "Befreit" é lindíssima, creio que da mesma época de Enoch Arden.)
Também nunca consegui gostar da Schwarzkopf. Ao contrário da Callas por exemplo parece que o processo de estudo e análise do texto nunca chega depois a dar lugar a uma interpretação "comunicativa" e "espontânea". É como se nunca não fosse "integrado" pela cantora. Não me consigo explicar melhor. Espero que entendam.
Esse "também" não o aceito a seguir ao meu comentário, na medida em que pode levar a pensar que eu não gosto da Schwarzkopf. Como o disse e reafirmei em muitos outros comentários, nomeadamente por alturas da morte da cantora, a Schwarzkopf foi uma cantora genial e que eu aprecio muitíssimo. O facto de não gostar dela no Requiem é uma questão menor. Independentemente do "também", cada um é livre de pensar o quer que seja de um artista por mais confusa que seja a sua opinião, meu caro João Ildefonso :) RAUL
Se me é permitida a colherada, julgo que, por vezes, o estilo interpretativo de Schwarzkopf resulta demasiado analítico, não obstante tratar-se de uma enorme cantora.
Caro Hugo, Plenamente de acordo consigo. Mas essa artificialidade, produto de uma análise extensa, não a vejo como um problema, mas sim como um produto de Arte e, por isso a Artista é enorme, como muito bem diz. A espontaneidade em ópera o que será? É algo implicitamente positivo? RAUL
tocou num ponto extremamente interessante. Até que ponto, num dado cantor, a espontaneidade não se confundirá com indisciplina ou exagero? Inversamente, será que a espontaneidade reconhecida de um grande intérprete não advém igualmente de muito estudo, análise e concentração no acto performativo?
Caro Raul, Tem razão: é um pouco estranho pensar na espontaneidade como uma virtude operática porque se há arte que vive do artifício e do engenho é a ópera. Mas também há óperas e intérpretes que nos fazem esquecer que alguma vez existiu essa distinção entre o natural e o artifício. Ariadne auf Naxos é, provavelmente, a epítome disto mesmo. Mas não na versão com Schwarzkopf... ;-)
Caro Vítor, A versão da Ariadne do Karajan, com a Schwarzkopf, de que o Vitor, não aprecie, é a única a levar roseta da crítica da edição Gramophone, e tem um dos dois melhores Compositores que houve: Irmgard Seefried, o preferido de Strauss, e uma Zerbinetta de luxo, Rita Streich. Quanto ao primeiro acto, estou a lembrar-me daquela escala meio arrogante da cantora da Schwarzkopf tão artificial e todo aquele falso ambiente no segundo acto daquela grande sátira ao mundo dos velhos mitos da Grécia. Que artista pode melhor traduzir esse mundo envolto numa nuvem de teatralidade onde se mistura a Comedia dell'arte e a velha mitologia, a dos mitos velhos, da Antiga Grécia? Schock, embora cantando no limite é um perfeito Teseu, que eu vejo gozar com a situação. RAUL
Caro Hugo, A espontaneidade na Ópera é uma virtude na voz da divina Flagstad que se apresenta debitando naturalmente a sua enorme voz sem qualquer esforço levando-nos imediatamente para as brumas frias do Norte. O mesmo se aplica ao metal da Nilsson. A artificialidade é uma virtude na voz da Callas que a cada figura dá uma cor diferente, para não falarmos já do seu maravilhoso e único timbre tão pouco "natural". Isto é para contunuar, mas agora não há tempo. RAUL
Caro Hugo, A espontaneidade na voz é qualidade quando nos parece sair sem esforço, como cantasse andando pela casa. Estou a lembrar-me das espanholas Conchita Supervia e Victoria de Los Angeles. E o timbre da Galli-Curci será espontaneidade ou algo muito artificial? E a Tebaldi é mais espontânea do que a Callas? É um bocado difícil colocar como atributo artístico a espontaneidade. Mas gostaria de ouvir mais comentários, até porque só tenho falado de sopranos. RAUL
O meu "também" referia-se à minha concordância com o comentário do Vitor. Não me devo ter explicado nada bem:-))) Acho que o meu problema com a Schwarzkopf tem a ver exactamente com essa qualidade analitica das suas interpretações ser tão aparente. Não me venham dizer que a Callas, los Angeles , só para citar alguns dos exemplos dados, são menos analiticas do que a cantora em questão. Ou que as suas interpretações são fruto de menos estudo ou introspecção. No entanto esse estudo e introspecção não é notório na versão final da gravação ou récita e tudo resulta absolutamente "espontâneo" e "imediato" em oposição aos adjectivos de calculista e artificial que usaria para caracterizar as interpretações da Schwarzkopf. É como se no caso desta cantora depois do processo de análise e assimilação da partitura não houvesse um processo de "integração" e identificação. Espero ter sido mais claro. A Schwarzkopf é seguramente uma cantora notável e seria sempre um marco na história da ópera, independentemente de ter sido casada com quem foi, mas simplesmente não aprecio interpretações tão "sofisticadas".
Caro Raul, Basta pegarmos no álbum de homenagem a Gerald Moore para termos uma bela comparação entre dois paradigmas interpretativos, o de Schwarzkopf e o de de los Angeles. Tirando uma interpretação de uma das Wesendonck Lieder (ok, concedo que é quase inexplicável de tão acertada...), no 2º disco, tendo a avançar as faixas com a Schwarzkopf. Pode ser que eu seja hostil a demasiada "perfeição" e prefira coisas mais rugged. Conheço bem essa versão de Ariadne e gostava de gostar mais dela, mas... Já que fala do Prólogo, Von Otter e Dessay, na versão com Sinopoli, são muito inteligentes e Dessay, sobretudo, canta com uma desenvoltura incrível e dá-nos uma Zerbinetta endiabrada. Mas a minha gravação preferida continua a ser a de Kempe. Teríamos agora muito trabalho a comparar Schwarzkopf e Janowitz como Ariadne. Talvez seja melhor rendermo-nos ao facto da opção entre uma ou outra ser uma questão de gosto pessoal.
Interessante o Vítor nomear os Wesendonck Lieder, obra que eu adoro e que sobreponho às Quatro Últimas, embora os contextos sejam diferente. Este blogue não tem feito justiça a obra. Mas se me falarem destas canções só um nome me vem à cabeça e de maneira avassaladora, incomparável e distância de anos-luz de outras intérpretes: Kirsten Flagstad. Na voz da divina cantora tenho cerca de dez gravações diferentes. Modernamente fiquei muito entusiamado com a interpretação da Julia Varady, cantora fabulosa nem sempre colocada no patamar que merece,o da melhor cantora das duas últimas décadas do século xx, isto talvez por opção própria. Um abraço Raul
Quando falava em espontaniedade referia-me unicamente ao campo emocional e não vocal. É claro que existem vozes naturalmente com caracteristicas operáticas mas a voz operática é sempre "construida" o que não implica que, tal como no campo emocional, que umas nos parecam mais "naturais" e outras mais "construidas" por muito correcta que seja a emissão e suporte dessa voz.
Schwarzkopf canta Träume nesse disco de homenagem a Moore e é como se descesse suspensa do tecto, com a preciosa ajuda de Moore. Da Flagstad, só conheço a versão de 1956, com Kna e os Wiener. A interpretação pareceu-me muito rápida e demasiado stacatta. A voz já devia estar cansada e há respirações estranhas, a meio das frases. A versão que continuo a ouvir mais vezes é a de Jessye Norman, com Colin Davis. Tal como nas Últimas Canções, as Wesendonck vivem dos tempos prolongados e funcionam como estudos sobre a duração, como dizia Glenn Gould a propósito do Idílio de Siegfried. E isto não é para qualquer cantora. Como a Norman tem fôlego para dar e vender, suspende o som sem qualquer dificuldade e tudo soa com uma serenidade notável. E depois, lá está, o timbre é lindíssimo (como ela canta aquele "unsre Heimat ist nicht hier"!). Varady, com uma voz ainda mais lírica e "ágil" deve ser fantástica. E depois, continuamos a contar com Régine Crespin, com uma mistura de fragilidade e de carácter que tornam as suas Wesendonck (como quase tudo dela) hors concours.
Infelizmente, basta ouvirmos as Wesendonck de Nina Stemme ou de Waltraud Meier para percebermos que alguma coisa se quebrou. Em termos estritamente sonoros (Meier é uma bela actriz), estamos hoje muito longe do melhor que já se ouviu.
Caro Vítor, Tudo o que canta Flagstad em Wagner é uma lição, não fosse ela maior voz do século XX, a maior Isolda e consequentemente a melhor intérprete dos Wesendonck e comparar a grande Jessye Norman à Flagstad em Wagner ronda a heresia; é igual alguém a comparar-se à Callas em Bellini. Respirações estranhas? Voz cansada? O que é que isso interessa na Flagstad? Tudo nela é perfeito e é bem natural que aos sessenta anos não tenha a frescura de vinte anos atrás. Aconselho-o a ouvir mais Flagstad, nomeadamente a versão ao piano, que eu prefiro, acompanhada por Gerald Moore. O abandono com que lança o seu canto, o volume orquestral da sua voz e a beleza extraordinária do seu timbre deixa-me extasiado. Acho que só nos entendemos no que se refere a única Regine Crespin, salvo se a quiser comparar em Wagner com a Flagstad. RAUL
Caro Raul, Eu não comparei a Norman à Flagstad. Só disse que não aprecio essa interpretação das Wesendonck, nem me parece que haja razões objectivas para a preferir. Não tenho intérpretes favoritos, tenho interpretações de que gosto mais. O primeiro Liebestod que ouvi foi o da Flagstad, ainda miúdo, nuns LP's velhotes do meu pai, com uma selecção de árias de ópera. Pode-se dizer que fiquei "agarrado" e não sei dizer se foi pela descoberta daquela música se por aquela voz fantástica. Não descansei enquanto não me ofereceram a ópera completa (e logo na versão de Böhm+Nilsson+Windgassen). Não contesto a classificação de "maior voz do século", whatever that means ;-) A sua Isolde é notável, os duetos com Melchior são inultrapassáveis, a Erda que dela ainda escutamos no Rheingold de Solti é uma revelação. Mas eu sou um herético e hoje, se quiser ouvir Isolde, prefiro a de Margaret Price. Que dizer? Acho que tenho um fraco pela pequena escala. E não estou com isto sequer a insinuar que Price é melhor cantora que Flagstad...
Flagstad, Nilsson, Varnay, Modl, eventualmente Price - como refere o Vitor, apenas em estudio - são soberbas, embora pretéritas... E POR QUE NÃO A FABULOSA STEMME, que está viva, é bela, tem um porte imperial? Experimentem a sublime intérprete, neste registo - http://operaedemaisinteresses.blogspot.com/2008/08/richard-und-nina.html -, e depois digam-me :)))
Caro Vítor, Enfim, esqueçamos a heresias e os meus exageros. A Flagstad canta no Das Rheingold a Fricka, em todos os aspectos mais apropriado à sua voz e personalidade, e não a Erda, aliás magnificamente cantada por Jean Madeira, uma bela americana, dotada de grande voz e que morreu com apenas 52 anos. Vem num dos cds do centenário que, aquando dos ensaios, no momento em que a Flagstad abriu a boca para cantar a sua frase inicil no dueto com o Wotam de George London, toda a Orquesta Filarmónica de Viena se voltou para trás para ver como era possível que aquela senhora de 63 anos fosse possuídora de tão grande voz. Isto é contado pelo famoso produtor da Decca John Culshow, o produtor do Ring do Solti. RAUL
Caríssimo Dissoluto, Ao falarmos do passado não estamos a esquecer o presente. Aliás com a edição constante de cds de interpretações passadas e cada vez em melhores condições técnicas, passado e presente confundem-se numa amálgama de tempo e o seu melhor exemplo é a Callas que continua, 32 anos após a sua morte e mais de 50 após o auge das suas gravações, sendo a artista mais vendida com lucros superiores a qualquer artista moderno. Hoje ouvimos gravações que os contemporâneos dessas gravações nunca ouviram. E a que propósito teremos de falar da grande Nina Stemme, só por que ela está viva, pois que bela a Jeam Madeira era mais bela?:)Para mim os grandes cantores do passado próximo não morreram. Morrerão comigo. Grande frase !!! Outra coisa. Tenho uma grande notícia para si: Karita Matilla vem a Portugal, viva e em carne e osso. Mas só será em 2012. RAUL
Tem razão, claro, é Fricka e não Erda. Porque confundi as duas será matéria para psicanálise ;-) Já ouvi várias coisas de Nina Stemme mas nunca me trouxe nada de novo. Não tenho esse Tristão de Glyndebourne. Acho importante termos intérpretes contemporâneos que integrem as peças na actualidade porque os paradigmas interpretativos também mudam e devemos ser absolutamente modernos, como dizia o outro. Eu também ando à procura da "nossa" Isolde ou da "nossa" Kundry. Mas no ano passado, a minha maior descoberta foi a Brünhilde de Astrid Varnay, na gravação de Keilberth, embora com consciência de que ela não canta "para mim".
É curioso porque a Nina Stemme a mim também não me interessa nada. Questão de gostos. A Matilla sim. Acho uma cantora interessante, se bem que já nada fresca, especialmente no Janaeck e Tchaikosvky. Não em Puccini seguramente.
Embora considere as Quatro Últimas Canções superiores aos Wesendonck-Lieder, sem qualquer tipo de desmerecimento, é praticamente impossível abordar esta obra sem invocar o nome da sua mais incontornável intérprete: Kirsten Flagstad. O soprano norueguês habita de tal forma o universo sonoro criado por Wagner que se torna quase obrigatória a audição de uma das diversas versões existentes.
Bom, a Schwartzkopf é demasiado cerebral e calculada para ser arrebatadora, diria eu. O timbre, então, é de fugir: os registos grave e médio-grave parecem os duma cantadeira roufenha de metro. Blargh. O mesmo diria de uma senhora (respeitável, de resto) que é tida por grande wagneriana: a Waltraud Meier. Tem dotes "de teatro", mas a voz é feia como um bode. A Kundry da Dunja Vejzović mete-as a todas num chinelo: mesmo no agudo gritado há qualquer coisa de realmente dolorido que me toca.
mas que elenco de ouro!
ResponderEliminarbem, admito que Strauss são aguas muito pouco navegadas por estas bandas mas no outro dia na fnac vi na tv passagens desta mesma ópera e pensei "ah afinal até me agrada mais do que estava à espera. um dia! um dia!".
Com o desejo de comercialização destaca-se sempre a presença de quem canta o tenor italiano, neste caso Jonas Kaufmann, que não terá mais que três minutos de música, embora lindos na sátira straussina aos melismas das músicas para os tenores de ópera italiana. Mas existem outras papéis, como o Faninal, pai de Sophie, que são mais relevantes, para não falar do par intriguista, também italiano, que acompanha o Barão Ochs nas valsas do final do Segundo Acto.
ResponderEliminarQuanto ao elenco, encabeçado pela grande Renee Fleming, para o momento, só se pergunta por que tardava, Mas, atenção, a compra desta gravação para um apreciador de O Cavaleiro da Rosa, só poderá ser uma segunda escolha, pois a primeira será sempre a eterna versão de Karajan com a Marechala Schwarzkopf, uma das maiores maravilhas da discografia.
Amigo Blogger, antes de pensar em comprara qualquer Cavaleiro da Rosa, procure a versão EMI do Karajan com o trio Schwarzkopf, Ludwig, Stich-Rendall, onde o barão é o modelar Otto Edelmann e o tenor italiano nada menos que Nicolai Gedda.
Claro que Karajan é obrigatório! Não sei se tão distante deste ou de Kleiber (DG, também em dvd)! Haitink (EMI) é, de igual modo, um must, bem como Bohm (DG, live!!!) ... Solti (DECCA)...
ResponderEliminarGosto muito das canções do Strauss. Relativamente às óperas conheço muito mal excepto a Salomé e a Mulher sem Sombra, gostei bastante de ambas, mas o Cavaleiro da Rosa não me atrai pelo menos de momento. A música é lindíssima mas parece-me tudo tão artificial e manipulado que sinceramente me deixou bastante frio.
ResponderEliminarO dueto da entrega da rosa, entre Stich-Randall e Christa Ludwig, é inesquecível mas mesmo assim prefiro Kleiber. Karajan tende a tornar tudo um pouco larger than life e esta é uma ópera cheia de ironia: o berro do barão que interrompe o arrebatamento do tenor italiano, a entrada final do criado da Marechala à procura do lenço de mão, os ciúmes inconsequentes de Octavian quando pede à Marechala que lhe diga o que aconteceu "einmal"... E dados os meus preconceitos face à voz de Schwarzkopf, prefiro a fragilidade iminente de Régine Crespin. A resolução súbita com que ela canta "Ich werd' jetzt in die Kirchen gehen" é de uma inteligência admirável.
ResponderEliminarRegine Crespin, uma das cantoras que mais gosto, como tantas vezes o disse neste blogue é uma excepcional Marechala e, por isso mesmo, tenho a sua versão com o Solti. Mas há momentos no primeiro Acto em que a aristocrática, e logicamente artificial, Schwarzkopf é a meu ver inultrapassável. Não tenho aqui comigo os cds, mas há um momento onde ela diz "Conde Octaviano..." que resume toda uma arte da emissão do som que só uma genial artista, no que o termo tem no seu pleno significado, pode transmitir.
ResponderEliminarRegine Crespin, uma das cantoras que mais gosto, como tantas vezes o disse neste blogue é uma excepcional Marechala e, por isso mesmo, tenho a sua versão com o Solti. Mas há momentos no primeiro Acto em que a aristocrática, e logicamente artificial, Schwarzkopf é a meu ver inultrapassável. Não tenho aqui comigo os cds, mas há um momento onde ela diz "Conde Octaviano..." que resume toda uma arte da emissão do som que só uma genial artista, no que o termo tem no seu pleno significado, pode transmitir.
ResponderEliminarCaro Raul, qualquer pretexto é bom para voltar a ouvir o Cavaleiro. Vou voltar a esse 1º acto e dar outra oportunidade à "genial artista". Mas confesso que a quase unanimidade de opiniões em torno da Schwarzie baby sempre me surpreendeu. Gundula Janowitz, por exemplo, não lhe era em quase tudo superior (as Quatro Últimas Canções, Ariadne, Capriccio...)?
ResponderEliminarCaro Vítor,
ResponderEliminarSem dúvida, a Gundula Janowitz era uma artista genial e uma straussiana ímpar. Eu também a tenho nas Quatro Últimas e em outras canções, nomeadamente no melhor Befreit que conheço, o meu "lied" preferido de R.S. Quanto a compará-la com a Schwarzkopf (Schwarzie baby?!),nomeadamente na Ariadne e no Capriccio, é esquecer a voz camaleónica da artista com o seu poder de coloração único sempre ao serviço de interpretações geniais, compreendendo em profundo o momento psicológico da personagem. A fabulosa Gundula, com a sua voz virginal, é nesse ponto mais limitada.
Será talvez esse carácter camaleónico que eu não consigo detectar nela. Schwarzkopf soa-me sempre a Schwarzkopf, cheia de maneirismos e truques expressivos (embora muito bem planeados, admito), com que é muito difícil criar empatia. E depois há uma questão muito pessoal que tem a ver com o timbre da sua voz, que não aprecio. Exemplo: logo na 1ª estrofe de Frühling, na gravação com Szell. quando ela sobe do registo grave do início para o agudo, o timbre modifica-se e não é homogéneo. Ou aquele "senken" embaraçoso com que termina a 2ª estrofe de Beim Schlafengehen. E duvido que alguém ache piada ao seu Lob des hohen Verstandes, de Mahler, na gravação também com Szell. Uma vez, vi na televisão umas masterclasses por ela, creio que em Zurique. A certa altura, ela dizia a uma aluna búlgara que esta nunca seria capaz de entender completamente uma dada canção de Wolf porque não era alemã. Lembrei-me de Terêncio ("nada do que é humano me é estranho") e de Derrida ("a verdadeira cultura é sempre desigual a si própria") e mudei de canal. Curiosamente, onde ainda consigo apreciar a Schwarzie baby (!!) é quando ela canta fora do seu Lebensraum. A sua Alice Ford, na gravação com Karajan, por exemplo.
ResponderEliminar(Tem razão: "Befreit" é lindíssima, creio que da mesma época de Enoch Arden.)
Existe uma interpretação da Schwarzkopf de que eu nunca gostei: a parte de soprano do Requiem de Verdi. Igualmente não a vejo em Mahler.
ResponderEliminarRAUL
Também nunca consegui gostar da Schwarzkopf. Ao contrário da Callas por exemplo parece que o processo de estudo e análise do texto nunca chega depois a dar lugar a uma interpretação "comunicativa" e "espontânea". É como se nunca não fosse "integrado" pela cantora.
ResponderEliminarNão me consigo explicar melhor. Espero que entendam.
O último comentário é meu.
ResponderEliminarJ. Ildefonso.
Esse "também" não o aceito a seguir ao meu comentário, na medida em que pode levar a pensar que eu não gosto da Schwarzkopf. Como o disse e reafirmei em muitos outros comentários, nomeadamente por alturas da morte da cantora, a Schwarzkopf foi uma cantora genial e que eu aprecio muitíssimo. O facto de não gostar dela no Requiem é uma questão menor. Independentemente do "também", cada um é livre de pensar o quer que seja de um artista por mais confusa que seja a sua opinião, meu caro João Ildefonso :)
ResponderEliminarRAUL
Caro J. Ildefonso: Eu percebi que o seu "também" se referia aos meus comentários. Entendo e concordo perfeitamente com o que diz.
ResponderEliminarSe me é permitida a colherada, julgo que, por vezes, o estilo interpretativo de Schwarzkopf resulta demasiado analítico, não obstante tratar-se de uma enorme cantora.
ResponderEliminarCaro Hugo,
ResponderEliminarPlenamente de acordo consigo. Mas essa artificialidade, produto de uma análise extensa, não a vejo como um problema, mas sim como um produto de Arte e, por isso a Artista é enorme, como muito bem diz. A espontaneidade em ópera o que será? É algo implicitamente positivo?
RAUL
Caro Raul,
ResponderEliminartocou num ponto extremamente interessante. Até que ponto, num dado cantor, a espontaneidade não se confundirá com indisciplina ou exagero? Inversamente, será que a espontaneidade reconhecida de um grande intérprete não advém igualmente de muito estudo, análise e concentração no acto performativo?
Caro Raul,
ResponderEliminarTem razão: é um pouco estranho pensar na espontaneidade como uma virtude operática porque se há arte que vive do artifício e do engenho é a ópera. Mas também há óperas e intérpretes que nos fazem esquecer que alguma vez existiu essa distinção entre o natural e o artifício. Ariadne auf Naxos é, provavelmente, a epítome disto mesmo. Mas não na versão com Schwarzkopf... ;-)
Caro Vítor,
ResponderEliminarA versão da Ariadne do Karajan, com a Schwarzkopf, de que o Vitor, não aprecie, é a única a levar roseta da crítica da edição Gramophone, e tem um dos dois melhores Compositores que houve: Irmgard Seefried, o preferido de Strauss, e uma Zerbinetta de luxo, Rita Streich. Quanto ao primeiro acto, estou a lembrar-me daquela escala meio arrogante da cantora da Schwarzkopf tão artificial e todo aquele falso ambiente no segundo acto daquela grande sátira ao mundo dos velhos mitos da Grécia. Que artista pode melhor traduzir esse mundo envolto numa nuvem de teatralidade onde se mistura a Comedia dell'arte e a velha mitologia, a dos mitos velhos, da Antiga Grécia? Schock, embora cantando no limite é um perfeito Teseu, que eu vejo gozar com a situação.
RAUL
Caro Hugo,
ResponderEliminarA espontaneidade na Ópera é uma virtude na voz da divina Flagstad que se apresenta debitando naturalmente a sua enorme voz sem qualquer esforço levando-nos imediatamente para as brumas frias do Norte. O mesmo se aplica ao metal da Nilsson.
A artificialidade é uma virtude na voz da Callas que a cada figura dá uma cor diferente, para não falarmos já do seu maravilhoso e único timbre tão pouco "natural".
Isto é para contunuar, mas agora não há tempo.
RAUL
Caro Hugo,
ResponderEliminarA espontaneidade na voz é qualidade quando nos parece sair sem esforço, como cantasse andando pela casa. Estou a lembrar-me das espanholas Conchita Supervia e Victoria de Los Angeles. E o timbre da Galli-Curci será espontaneidade ou algo muito artificial? E a Tebaldi é mais espontânea do que a Callas? É um bocado difícil colocar como atributo artístico a espontaneidade. Mas gostaria de ouvir mais comentários, até porque só tenho falado de sopranos.
RAUL
Olá Raul.
ResponderEliminarO meu "também" referia-se à minha concordância com o comentário do Vitor. Não me devo ter explicado nada bem:-)))
Acho que o meu problema com a Schwarzkopf tem a ver exactamente com essa qualidade analitica das suas interpretações ser tão aparente. Não me venham dizer que a Callas, los Angeles , só para citar alguns dos exemplos dados, são menos analiticas do que a cantora em questão. Ou que as suas interpretações são fruto de menos estudo ou introspecção. No entanto esse estudo e introspecção não é notório na versão final da gravação ou récita e tudo resulta absolutamente "espontâneo" e "imediato" em oposição aos adjectivos de calculista e artificial que usaria para caracterizar as interpretações da Schwarzkopf. É como se no caso desta cantora depois do processo de análise e assimilação da partitura não houvesse um processo de "integração" e identificação.
Espero ter sido mais claro.
A Schwarzkopf é seguramente uma cantora notável e seria sempre um marco na história da ópera, independentemente de ter sido casada com quem foi, mas simplesmente não aprecio interpretações tão "sofisticadas".
Caro Raul,
ResponderEliminarBasta pegarmos no álbum de homenagem a Gerald Moore para termos uma bela comparação entre dois paradigmas interpretativos, o de Schwarzkopf e o de de los Angeles. Tirando uma interpretação de uma das Wesendonck Lieder (ok, concedo que é quase inexplicável de tão acertada...), no 2º disco, tendo a avançar as faixas com a Schwarzkopf. Pode ser que eu seja hostil a demasiada "perfeição" e prefira coisas mais rugged. Conheço bem essa versão de Ariadne e gostava de gostar mais dela, mas... Já que fala do Prólogo, Von Otter e Dessay, na versão com Sinopoli, são muito inteligentes e Dessay, sobretudo, canta com uma desenvoltura incrível e dá-nos uma Zerbinetta endiabrada. Mas a minha gravação preferida continua a ser a de Kempe. Teríamos agora muito trabalho a comparar Schwarzkopf e Janowitz como Ariadne. Talvez seja melhor rendermo-nos ao facto da opção entre uma ou outra ser uma questão de gosto pessoal.
Interessante o Vítor nomear os Wesendonck Lieder, obra que eu adoro e que sobreponho às Quatro Últimas, embora os contextos sejam diferente. Este blogue não tem feito justiça a obra. Mas se me falarem destas canções só um nome me vem à cabeça e de maneira avassaladora, incomparável e distância de anos-luz de outras intérpretes: Kirsten Flagstad. Na voz da divina cantora tenho cerca de dez gravações diferentes. Modernamente fiquei muito entusiamado com a interpretação da Julia Varady, cantora fabulosa nem sempre colocada no patamar que merece,o da melhor cantora das duas últimas décadas do século xx, isto talvez por opção própria.
ResponderEliminarUm abraço
Raul
Quando falava em espontaniedade referia-me unicamente ao campo emocional e não vocal. É claro que existem vozes naturalmente com caracteristicas operáticas mas a voz operática é sempre "construida" o que não implica que, tal como no campo emocional, que umas nos parecam mais "naturais" e outras mais "construidas" por muito correcta que seja a emissão e suporte dessa voz.
ResponderEliminarSchwarzkopf canta Träume nesse disco de homenagem a Moore e é como se descesse suspensa do tecto, com a preciosa ajuda de Moore. Da Flagstad, só conheço a versão de 1956, com Kna e os Wiener. A interpretação pareceu-me muito rápida e demasiado stacatta. A voz já devia estar cansada e há respirações estranhas, a meio das frases. A versão que continuo a ouvir mais vezes é a de Jessye Norman, com Colin Davis. Tal como nas Últimas Canções, as Wesendonck vivem dos tempos prolongados e funcionam como estudos sobre a duração, como dizia Glenn Gould a propósito do Idílio de Siegfried. E isto não é para qualquer cantora. Como a Norman tem fôlego para dar e vender, suspende o som sem qualquer dificuldade e tudo soa com uma serenidade notável. E depois, lá está, o timbre é lindíssimo (como ela canta aquele "unsre Heimat ist nicht hier"!). Varady, com uma voz ainda mais lírica e "ágil" deve ser fantástica. E depois, continuamos a contar com Régine Crespin, com uma mistura de fragilidade e de carácter que tornam as suas Wesendonck (como quase tudo dela) hors concours.
ResponderEliminarInfelizmente, basta ouvirmos as Wesendonck de Nina Stemme ou de Waltraud Meier para percebermos que alguma coisa se quebrou. Em termos estritamente sonoros (Meier é uma bela actriz), estamos hoje muito longe do melhor que já se ouviu.
ResponderEliminarCaro Vítor,
ResponderEliminarTudo o que canta Flagstad em Wagner é uma lição, não fosse ela maior voz do século XX, a maior Isolda e consequentemente a melhor intérprete dos Wesendonck e comparar a grande Jessye Norman à Flagstad em Wagner ronda a heresia; é igual alguém a comparar-se à Callas em Bellini.
Respirações estranhas? Voz cansada? O que é que isso interessa na Flagstad? Tudo nela é perfeito e é bem natural que aos sessenta anos não tenha a frescura de vinte anos atrás. Aconselho-o a ouvir mais Flagstad, nomeadamente a versão ao piano, que eu prefiro, acompanhada por Gerald Moore. O abandono com que lança o seu canto, o volume orquestral da sua voz e a beleza extraordinária do seu timbre deixa-me extasiado.
Acho que só nos entendemos no que se refere a única Regine Crespin, salvo se a quiser comparar em Wagner com a Flagstad.
RAUL
Caro Raul,
ResponderEliminarEu não comparei a Norman à Flagstad. Só disse que não aprecio essa interpretação das Wesendonck, nem me parece que haja razões objectivas para a preferir. Não tenho intérpretes favoritos, tenho interpretações de que gosto mais. O primeiro Liebestod que ouvi foi o da Flagstad, ainda miúdo, nuns LP's velhotes do meu pai, com uma selecção de árias de ópera. Pode-se dizer que fiquei "agarrado" e não sei dizer se foi pela descoberta daquela música se por aquela voz fantástica. Não descansei enquanto não me ofereceram a ópera completa (e logo na versão de Böhm+Nilsson+Windgassen). Não contesto a classificação de "maior voz do século", whatever that means ;-) A sua Isolde é notável, os duetos com Melchior são inultrapassáveis, a Erda que dela ainda escutamos no Rheingold de Solti é uma revelação. Mas eu sou um herético e hoje, se quiser ouvir Isolde, prefiro a de Margaret Price. Que dizer? Acho que tenho um fraco pela pequena escala. E não estou com isto sequer a insinuar que Price é melhor cantora que Flagstad...
Meus caros,
ResponderEliminarFlagstad, Nilsson, Varnay, Modl, eventualmente Price - como refere o Vitor, apenas em estudio - são soberbas, embora pretéritas... E POR QUE NÃO A FABULOSA STEMME, que está viva, é bela, tem um porte imperial? Experimentem a sublime intérprete, neste registo - http://operaedemaisinteresses.blogspot.com/2008/08/richard-und-nina.html -, e depois digam-me :)))
Caro Vítor,
ResponderEliminarEnfim, esqueçamos a heresias e os meus exageros. A Flagstad canta no Das Rheingold a Fricka, em todos os aspectos mais apropriado à sua voz e personalidade, e não a Erda, aliás magnificamente cantada por Jean Madeira, uma bela americana, dotada de grande voz e que morreu com apenas 52 anos.
Vem num dos cds do centenário que, aquando dos ensaios, no momento em que a Flagstad abriu a boca para cantar a sua frase inicil no dueto com o Wotam de George London, toda a Orquesta Filarmónica de Viena se voltou para trás para ver como era possível que aquela senhora de 63 anos fosse possuídora de tão grande voz. Isto é contado pelo famoso produtor da Decca John Culshow, o produtor do Ring do Solti.
RAUL
Caríssimo Dissoluto,
ResponderEliminarAo falarmos do passado não estamos a esquecer o presente. Aliás com a edição constante de cds de interpretações passadas e cada vez em melhores condições técnicas, passado e presente confundem-se numa amálgama de tempo e o seu melhor exemplo é a Callas que continua, 32 anos após a sua morte e mais de 50 após o auge das suas gravações, sendo a artista mais vendida com lucros superiores a qualquer artista moderno. Hoje ouvimos gravações que os contemporâneos dessas gravações nunca ouviram.
E a que propósito teremos de falar da grande Nina Stemme, só por que ela está viva, pois que bela a Jeam Madeira era mais bela?:)Para mim os grandes cantores do passado próximo não morreram. Morrerão comigo. Grande frase !!!
Outra coisa. Tenho uma grande notícia para si: Karita Matilla vem a Portugal, viva e em carne e osso. Mas só será em 2012.
RAUL
Raul,
ResponderEliminarMATTILA em Portugal?!?!? WHAT?????
QUERO TODOS OS DETALHES!!!!
Soube pela Maria Helena que o soube de alguém muito bem informado. Aliás a M.H. disse-me para lho transmitir.
ResponderEliminarRAUL
Tem razão, claro, é Fricka e não Erda. Porque confundi as duas será matéria para psicanálise ;-) Já ouvi várias coisas de Nina Stemme mas nunca me trouxe nada de novo. Não tenho esse Tristão de Glyndebourne. Acho importante termos intérpretes contemporâneos que integrem as peças na actualidade porque os paradigmas interpretativos também mudam e devemos ser absolutamente modernos, como dizia o outro. Eu também ando à procura da "nossa" Isolde ou da "nossa" Kundry. Mas no ano passado, a minha maior descoberta foi a Brünhilde de Astrid Varnay, na gravação de Keilberth, embora com consciência de que ela não canta "para mim".
ResponderEliminarÉ curioso porque a Nina Stemme a mim também não me interessa nada. Questão de gostos. A Matilla sim. Acho uma cantora interessante, se bem que já nada fresca, especialmente no Janaeck e Tchaikosvky.
ResponderEliminarNão em Puccini seguramente.
Embora considere as Quatro Últimas Canções superiores aos Wesendonck-Lieder, sem qualquer tipo de desmerecimento, é praticamente impossível abordar esta obra sem invocar o nome da sua mais incontornável intérprete: Kirsten Flagstad. O soprano norueguês habita de tal forma o universo sonoro criado por Wagner que se torna quase obrigatória a audição de uma das diversas versões existentes.
ResponderEliminarCaro J. Ildefonso,
ResponderEliminarParece que estamos em sintonia... ;-)
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarBom, a Schwartzkopf é demasiado cerebral e calculada para ser arrebatadora, diria eu. O timbre, então, é de fugir: os registos grave e médio-grave parecem os duma cantadeira roufenha de metro. Blargh. O mesmo diria de uma senhora (respeitável, de resto) que é tida por grande wagneriana: a Waltraud Meier. Tem dotes "de teatro", mas a voz é feia como um bode. A Kundry da Dunja Vejzović mete-as a todas num chinelo: mesmo no agudo gritado há qualquer coisa de realmente dolorido que me toca.
ResponderEliminarCaro Paulo,
ResponderEliminarÉ engraçado porque a Dunja Vejzovic também é uma das minhas all time favourites. Pena não ter gravado mais. ;-)
Vitor,
ResponderEliminarGravou uma Kundry e uma ORTRUD (esta, em dvd)