A concorrência é implacável!
Em reacção à fabulosa Angelina de Didonato, eis que o Met desafiou a esbelta Garanca para interpretar a protagonista de La Cenerentola (aqui).
O resultado é avassalador... a lituana triunfa, tecnicamente. Em termos cénicos - e no computo geral -, a meu ver, Didonato leva a melhor, pela graciosidade do jogo cénico. Mais à l'aise, em palco, Joyce Didonato irradia felicidade e teatralismo. Garanca centra-se na disciplina, estando mais fria e menos engagée.
Conselhos? Se fossem coisa recomendável, PAGAVAM-SE! Faça como eu: compre as duas!!!
Vejo que este blogue atravessa um momento Cenerentola, o que me faz rejubilar.
ResponderEliminarQuanto a esta senhora, grande cantora, no tocante a Rossini e especificamente à Cenerentola, só conheço o Rondo final do recente festival de Baden-Baden e o que posso dizer é que a técnica é excelente, mas fria e muito preocupada com a prestação, nada relaxada. É claro que gostei, mas longe da DiDonato, que se deixa soltar para ser a Angelina óptima.
Estimado Dissoluto,comprar as duas sim,mas levar o misturador também :) senão pode ser indigesto,isto de juntar mulheres resulta melhor na centrifugação :) quem sabe ainda nos sai uma Didoranca.....esplendorosa !
ResponderEliminarJoão
ResponderEliminarApesar de ainda não ter “ouvisto” este DVD da Cenerentola protagonizada pela Elina Garanca, pelo que já constatei ao vivo e pelo que conheço das várias gravações existentes, comungo consigo o “empate técnico” entre ela e a sua mais directa concorrente Joyce Didonato.
Devo dizer que a recente audição do CD “Colibran the Muse” gravado pela Didonato para a etiqueta Virgin me deixou completamente rendido, provocando em mim um tal estremecimento interior, de cujo abalo ainda não me recompus. Atrevo-me a prognosticar , sem grande rebuço, que estamos perante um dos mais fascinantes discos de canto gravados na primeira década do século em curso.
Sem prejuízo desta constatação, a que podem certamente acrescer outras tantas demonstrações inequívocas da qualidade e talento da Didonato, não posso deixar de vir a terreiro para enaltecer o não menos prodigioso talento de Elina Garanca, nascida em Riga na Letónia (e não Lituana, como por lapso é afirmado pelo João).
Tive um primeiro contacto ao vivo com a Garanca, em Junho de 2008 no 36º Festival de Música de Istambul, onde actuou acompanhada pela Orquestra Filarmónica Borusan de Istambul, num local por si só muito inspirador, que é a encantadora Igreja Bizantina Hagia Eirene.
Neste recital, Garanca cantou diversas áreas de ópera francesa incluindo algumas passagens da Carmen, demonstrando sem grande margem para enganos que, muito provavelmente, está encontrada a sucessora da inolvidável Berganza, neste papel. Loura, originária de um país Báltico, nada mais enganador à primeira aparência, que “verve”, que "panache" meus senhores (a aconselhar uma ida ainda em Janeiro ao Met, ou em Maio à Staatsoper de Viena, para ver a Carmen dos nossos dias).
Cerca de 8 meses depois, Fevereiro de 2009 no Grande Auditório da Gulbenkian, num recital acompanhada pelo pianista Charles Spencer, mais uma prova cabal da sua qualidade técnica e interpretativa, desta vez com um notável ecletismo, que abrangeu áreas de Rossini, melodie française e alguns lieder de Schubert .
Quanto ao afirmado pelo Raul relativamente ao recital de Baden-Baden gravado em DVD para a Deutche Gramophone, não posso estar mais em desacordo com a apreciação feita quanto à frieza e postura evidenciada pela Garanca, sem prejuízo do fulgor e encanto da Netrebko, foi a primeira que de facto foi a grande e surpreendente triunfadora da noite, veja-se o registo na íntegra e não só um qualquer extracto, façamos o nosso juízo de valor e confrontemo-lo com a a generalidade das opiniões então emitidas pela crítica especializada.
Findos estes meus considerandos acerca da Garanca, e, ainda que a despropósito, permito-me ainda neste meu “post”, sugerir a todos os habituais “bloggers” deste precioso cantinho, e, em especial ao nosso caro Dissoluto, que cumpram uma imperiosa obrigação cinéfila, o rápido visionamento do filme “Das weisse Bande” no original (em português O Laço Branco) do Bávaro Michael Haineke. Um assombro de “mise-encéne”, cheio de enigmáticos subentendidos, merecedores de descodificação psicanalítica, ocorrendo-me parafrasear o João quando diz que não devemos “……..ser escravos do mundo pretérito, perfeito e Idílico, que apenas existe nas depressivas mentes..” , digo agora eu, cada tempo tem as suas Divas do Canto, e no tempo que ora corre, ei-las as que lhe sucedem, num legado que não cessa o seu devir, tal como no caso do cineasta de que ora falo, na esteira do meu amado Begman.
Caro Miguel,
ResponderEliminarMantenho totalmente o que disse. A Garanca no Rondo final da Cenerentola está um pouco tensa. Depois nem pensei na Netrebko ao ajuizar sobre a prestação da Garanca nem me preocupei com a intensidade dos aplausos reservado a cada cantor. Quanto a "veja-se o registo na íntegra e não só um qualquer extracto, façamos o nosso juízo de valor e confrontemo-lo com a a generalidade das opiniões então emitidas pela crítica especializada" não sei a que se refere, mas se vê uma ária num recital como pertencendo a um todo mais ou menos homogéneo que é o próprio recital, isso para mim é um absurdo.
Voltando à Garanca, não prevejo para esta grande cantora, de que tenho o excelente Werther em DVD, um mundo rossiniano. O futuro o dirá.