segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Em Degustação...


(até há pouco, a ópera de Gluck cingia-se a três ou quatro pilares. Porém, depois de uma animada discussão com o Raul - ossia uma das traves maiores deste blog -, C. W. Gluck assumiu outra relevância, por estas bandas)

14 comentários:

  1. Sim, amigo Dissoluto: Gluck, Gluck e mais Gluck.
    Na minha opinião Gluck, tirando Mozart, é maior compositor de ópera do século XVIII, superior a Haendel e a Haydn. Porquê? Porque a música – e usando as mais simples palavras – é mais bonita, conservando a mesma genialidade dos dois HH. Esta música, poderosamente clássica, no sentido estético, que busca os temas nas grandes tragédias gregas, e não só, está já possuída de uma subtil influência do movimento “Sturme und Drang”, cuja atitude está nas raízes do Romantismo. Mas não é só a música cantada, são também as aberturas. No seu conjunto as das principais óperas (Orfeu, Ifigénia em Aulis, Ifigénia em Taurus, Armida e Alceste), são para mim o que há de melhor no género, superior a tudo.
    Sem Gluck não haveria uma Norma tal como é.
    Esta Ifigénie en Tauride que o poster apresenta, embora a não tivesse ouvido, tem todos os ingredientes para ser uma grande gravação: maestro, intérpretes vocais e instrumentais não podiam ser melhores.Eu tenho do mesmo agrupamento, verdadeiros especialistas, (Minkowski: Delunsch, Wokman, Naouri, Podles, Beuron, 1999)) a Armide. Só posso dizer o melhor. Eu tenho a versão italiana da Ifigénia com alguns cortes, do Scala ao vivo (1957) por Sanzogno: Callas, Dondi, F. Albanese, Colzani, Cossoto). Vale sobretudo pelo génio da Callas, verdadeira heroína trágica. Tenho também uma grande gravação,mas a versão francesa ( Muti: Vaness, Allen,Winbergh, Surian, Brunet, 1992 )
    Nesta ópera o final do primeiro acto é genial.
    Raul

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  2. Bom Dia João
    Sou brasileira e toquei violoncelo durante muitos anos em Orquestra Sinfônica.
    Minha paixão é a ópera e acompanho todos os movimentos aqui no Brasil onde temos boas e excelentes temporadas. Quando jovem também cantei mas sem ser uma prima dona......
    Estudei sociolinguistica e adoro artes.
    Gostaria de me corresponder com você porque ópera é realmente uma paixão.Gostei do seu blog e das coisas que li.
    Meu email é
    eletrizante@gmail.com
    Um abraço
    Vera Lucia

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  3. Caro Dissoluto, aqui lhe deixo um comentário bastante sucinto sobre a récita do "Don Carlo" na Royal Opera House a que assisti ontem (27/09):

    Infelizmente, o Jonas Kaufmann estava doente, mas o substituto, chamado à última hora de Frankfurt, o coreano Alfred Kim, não deixou os seus créditos em mãos alheias e mostrou ser um excelente D. Carlos. A Elisabetta (M. Poplavskaya) cenicamente foi genial, sobretudo na transformação que faz (facial e vocal até) do momento em que é solteira e passa a casada. Pianíssimos maravilhosos, de técnica excelente, mas o fraseado com demasiado portamento para o meu gosto.

    Simon Keenlyside no papel de Rodrigo foi bastante bom (vocal e cenicamente) e mereceu todos os aplausos que lhe foram dados. A reacção ao Filipe II de F.Furlanetto foi 75% de aplausos e 25% de pateada e isto foi ainda mais notório no "ella giammai m'amò". Cenicamente não foi mal, mas a voz já está muito badalada. Pior do que isso só a do Grande Inquisidor (John Tomlinson), em que a idade não perdoa a voz, mas fazia muito bem de cego.
    Do ponto de vista cénico, Marianne Cornetti, mostrou desempenhar muito bem de lambisgóia arrependida, vulgo Eboli, embora a sua voz se mostrasse um pouco cansada. (mesmo problema teve Poplavskaya).
    Os cenários estavam bastante razoáveis; a orquestra muito boa. Para mim, os melhores actos (orq.+voz+cena juntos) foram o III e o V.
    Nota final: não se ouviu um único telemóvel durante toda a récita!

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  4. Em relação à Dona Ifigénia: é uma ópera do Gluck que conheço mal. Só possuo uma versão em DVD (Galstian/Gilfry/dir. W. Christie, Ópera de Zurique), mas li muitas vezes a tragédia (a de Eurípides, não a de Goethe), até em Grego. Adoro esta versão, sobretudo do ponto de vista cénico.

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  5. Olá João.Sou mais uma seguidora do teu blog.Porque não oferecer-nos um pouco de música enquanto por aqui andamos?
    Um abraço da

    Mãe do Joaquim.

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  6. eu sei que isto vai ser uma pergunta um bocado tonta e que vai fazer levantar o sobreolho de muita gente, mas sinceramente, a Traviata que vai ser cantada agora em outubro no Coliseu é um espectaculo digno de ser ignorado nao é? é que um amigo queria ver essa ópera mas eu não estou nada convencido, quando não existe qualquer tipo de informação sobre o nome dos cantores. A companhia de ópera da Moldavia é fixe ou nem por isso? e é verdade os boatos de que nestas coisas muitas vezes metem uma gravação em cd com o instrumental e o pessoal canta por cima? eu sei que é ridicula a pergunta lol mas não faço mesmo ideia!

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  7. Caro blogger, nas duas ou três ocasiões em que assisti a espectáculos de ópera por companhias oriundas da Europa de Leste, as mesmas sempre vieram acompanhadas por uma orquestra. Relativamente às encenações, paupérrimas, no mínimo. No que concerne aos cantores, já ouvi de tudo um pouco, embora um certo realismo me aconselhe a nivelar, claramente, por baixo. Retenho somente na memória uma excelente Gilda que fazia parte de uma companhia russa.

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  8. Li à pouco uma reportagem na Opera News sobre esse tipo de companhias que viajam em condições impensáveis com ritmos de trabalhos alucinantes. Foi dado um exemplo duma cantora que em 7 dias cantava 3 Tosca e duas Abigailles! Não é humano, saudável nem dignificante. Só os mais fortes resistem e não durante muito tempo. Alguns têm sorte e conseguem outro tipo de contratos mas são uma minoria.

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  9. Aqui no Brasil temos várias temporadas de ópera em andamento e há pouco tivemos a apresentação em primeira récita praticamente da ópera A MENINA DAS NUVENS de Heitor Villa- Lobos.
    ÓPERA EM 3 ATOS.
    Muito bom. Creio que devem conhecer a obra do Maestro Villa-lobos que dentre outras coisas escreveu as Bachianas Brasileiras.
    Abraço a todos
    Vera Lucia

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  10. Claro que conhecemos. Eu tenho as Bachianas Brasileiras no.5 interpretadas por ele e Victória de los Angeles, a sua intérprete preferida. Em Lisboa assisti à primeira audição da Floresta da Amazónia nos finais dos anos setenta, o que foi lamentavelmente tarde. A cantora não tenho a certeza do primeiro nome, mas o apelido era Camargo, se não estou em erro. Bastante fraca se compararmos com a da minha gravação, a criadora e sem dúvida a maior cantora ópera brasileira do século XX, Bidú Sayão.
    Raul

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  11. Hugo, Ildefonso, vão de encontro ao que eu estava a espera. muito obrigado! nao me resta outra hipótese. lá vou eu ter de ir a nova iorque ver a gheorghiu no met como violeta! lol

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  12. Vera Lúcia,
    Acrescentando:
    Também pelos anos setenta vi em Lisboa o Guarany, de que tenho a excelente gravação com o Placido Domingo. Quando o vi em Lisboa do elenco faziam parte, que eu me lembro, uma cantora, Diva Pieranti, que na altura me disseram que era o nome grande da cena lírica do Brasil, e o barítono Fernando Teixeira, que depois regressou para cantar entre portugueses, numa companhia portuguesa da altura, o Rigoletto. Eram bons cantores. Carlos Gomes, sem ser genial como Villa-Lobos (Prelúdios, Choros,...),
    é um bom compositor, muito italiano, mas tentando fundir talvez, com um nacionalismo musical Estarei certo? Gosto bastante destes dois compositorers brasileiros. De Villa-Lobos tenho vários CDs.

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  13. Benó,

    Folgo em tê-la como seguidora ;-)))
    Quanto à música, por ora é difícil disponibilizá-la... A ver se mais tarde se contorna a coisa :)
    Um beijo para si
    João

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