É um record, para um espaço desta natureza!
Eu sei, eu sei que, para o bem e para o mal, o narcisismo deste escriba se contenta com pouco.
Desde quando a ópera e a psicanálise interessam às gentes?!
Eu sei, eu sei que, para o bem e para o mal, o narcisismo deste escriba se contenta com pouco.
Desde quando a ópera e a psicanálise interessam às gentes?!
Olhe,Dissoluto, vou-lhe contar uma história:
ResponderEliminarOntem fui ao cinema ver essa excelentíssima reconstrução histórico-sociológica que é THE DUCHESS de Saul Dibb. Tive que mandar calar certos membros da plateia que AINDA NÃO SABEM O QUE É IR AO CINEMA (!!!...), NÃO SABEM O QUE É CINEMA, NEM SABEM O QUE VÃO E ESTÃO A VER!!!...
Sim, porque ler uma PEQUENA sinopse do filme que se vai ver, saber o que se vai ver, neste país, ainda é MUITO TRABALHO… E TRABALHO MENTAL AINDA NÃO É COM OS PORTUGUESES!!
Portanto, resumindo e concluindo: eu, você, e muita boa gente deste Blog, estamos todos metidos numa trincheira com uma arma na mão que se chama CULTURA e metemo-nos sempre à força do combate!!...
Sim, porque nós, para muita gente (até a altamente pensante deste país!!...) somos uma cambada de esquisitos, estranhos, maníacos, extremamente complicados e até ANORMAIS (!!!!...) que não tem mais nada que fazer e não se preocupa com aquilo que realmente interessa neste país: ou com os filhos da Catarina Furtado (sem intenção alguma de causar polémica, nem de se acusar NINGUÉM !!); ou com a Liga futebolística, Sportings, Portos e Benficas; ou com as montras e saldos da Springfield ou da Zara, etc., etc., etc.
Publique-se, a bem deste Blog.
All the Best. :-)
Do seu caro: mr. LG
Desculpe, Dissoluto, esqueci-me do meu habitual P.S. final ao meu mais recente Post. Pois bem lá vai:
ResponderEliminarP.S. Caro Dissoluto: MANDE SEMPRE!!!...
Mattilas, Bartolis, Caballés, demais e gloriosas pretéritas, Ingmar Bergman, Carl Jung, Siegmund (este nome faz-me lembrar alguma coisa!... ;-D ) Freud, Woody Allen… que nós cá estaremos para Postar e fazer abanar o capacete desta lusitana gente!
Um abração
LG
mr. LG,
ResponderEliminarsabe que desisti de ir ao cinema por causa disso (e também porque o preço está a ficar um bocado exagerado para um orçamento estudantil, ;) ). Concordo plenamente quando diz que ler sinopses não é para os portugueses.
Vou contar-lhe uma passagem. No último sábado, tive no Centro Cultural Vila-Flor, em Guimarães, a última récita da primeira "rodadada" de récitas da ópera "Amor de Perdição" de João Arroyo. Ora como qualquer pessoa que seja capaz de perceber que 1+1=2 imagina, logicamente que a ópera não poderia jamais reproduzir na íntegra todo o romance de Camilo. Nesse sentido, a ópera funciona um pouco como "highlights" do romance: 1º Acto em cassa de Tadeu. São apresentadas as personagens principais (Tadeu, Teresa, Baltazar e Simão) e o acto acaba com Teresa e Simão a serem apanhados por Baltazar num encontro furtivo e com Tadeu a mandar Teresa para o convento em Viseu.
No 2º Acto, à porta do convento, basicamente acontece a intercepção de uma das cartas de Simão para Teresa por Tadeu, e a tentativa de Simão tentar tirar Teresa do convento que acaba com o assassinato de Baltazar por Simão.
3º Acto no Porto, é muito simplesmente a última visita de Simão a Teresa antes de este ir para o exílio e a morte da protagonista quando ele a deixa.
Ora, a encenação é estilizada, mas na minha opinião, muito fácil de entender, especialmente se se ler a sinopse que está incluída num livrinho que inclui ainda o texto completo e que é distribuído GRATUITAMENTE a quem vai assistir à ópera.
Ainda assim e com a "papinha toda feita", houve umas luminárias que, disse-me um passarinho, comentaram no final "não percebi nada da história" além de uma amiga que foi assistir me ter dito que teve que mandar calar sistematicamente duas senhoras que, atrás dela, passaram a ópera inteira a discutir o desempenho universitário dos filhos.
É infelizmente este o público que temos, seja em cinema, seja em ópera, seja no que for.
Caro Ricardo,
ResponderEliminarPortanto… como vê! …
Agora, desistir do meu maior meio de informação, FORMAÇÃO!!! e entretenimento que é o CINEMA/ IR AO CINEMA, NUNCA JAMAIS EM TEMPO ALGUM!!...
Mesmo com um restrito orçamento estudantil (que também o tinha!...), nunca desisti de ir ao cinema. Repito: nunca jamais em tempo algum!!...
Tudo de bom. ;-)
LG
P.S. Praticamente somos vizinhos, vivo perto de Aveiro :-)
Ricardo,
ResponderEliminarMarginalmente. Qualquer síntese do Amor de Predição, obrigatória numa adaptação ao drama, neste caso ao melodrama, tem de persevar a figura de Mariana, essa figura de amor abnegado, a grande criação da obra.
E que tal a música ?
Anónimo (Raul?), sim. Mariana aparece no 2º Acto. Na cena inicial, Simão entrega-lhe uma carta para ela dar a Teresa, e seguidamente, vemos Mariana a tentar entregar a carta fugindo a Baltasar enquanto o povo festeja à porta do convento. Depois é interceptada por Baltasar, sai e volta a aparecer no concertante final antes da morte de Baltasar.
ResponderEliminarQuanto à música, na minha opinião melhora com o decorrer dos actos. A do 3º acto é mesmo muito bonita. No entanto, no geral é boa sem ser brilhante. Acho que é um bocado um "megamix" das tendências que resultavam na altura: algumas partes soam a Verdi maduro, outras a Puccini, outras a Massenet, outras a Wagner. Não creio exisitir neste João Arroyo um verdadeiro estilo indivídual. Depois, acho que a música também padece de falta de expressividade ao nível do entrosamento das linhas do canto com o texto (o que no último acto é muito bem corrigido). Enquanto do ponto de vista harmónico a obra é interessante, do ponto de vista melódico, o Conselheiro Sr. João Arroyo não era um grande melodista e, na minha opinião, um romance "épico" como este precisa de melodias muito boas.
Também em termos de tensão dramática, existe um pouco o problema de ser um megamix de tendências: a música caminha para muitos lados. A modulação é tão constante que deixa de constituir um recurso de expressão de tensão para ser apenas uma forma de dizer "eu também sei fazer música complicada como o sr. Wagner", o que faz com que se perca aquele pathos constante da ópera italiana que nos faz querer ficar até ao fim agarrados às cadeiras.
Posto isto, no geral a música é boa, mas não é genial embora o 3º acto seja muito bom e muito melhor que os restantes. O dueto final entre Simão e Teresa é absolutamente fantástico e a música duma sensibilidade assinalável.
Ricardo,
ResponderEliminarSim, sou eu, Raul. Estou a ver que tenho uma escrita transparente.
Antes do mais muito obrigado pelo manancial de informações que me forneceu. O Ricardo sabe se é possível arranjar alguma gravação da ópera ou, por exemplo, da Serrana? Gostava de ter uma ópera portuguesa, para além das Damas Trocadas do Marcos Portugal e que é uma "coisinha".
Um abraço
Raul
Não existem gravações editadas e mesmo as partituras saíram dos direitos da Schott. Existem para consulta (e fotocópia) na BN.
ResponderEliminarSei que a última récita de Guimarães foi gravada profissionalmente. O que irão fazer com a gravação não sei, mas n creio que venha a ser editada.
Sabe que esta ópera foi ressuscitada por nós, pois não era executada desde a estreia na 1ª década do séc. XX.
Se me derem alguma gravação, posso passar-lhe sem problema!