Ópera, ópera, ópera, ópera, cinema, música, delírios psicanalíticos, crítica, literatura, revistas de imprensa, Paris, New-York, Florença, sapatos, GIORGIO ARMANI, possidonices...
segunda-feira, 14 de julho de 2008
Madeleine Peyroux no Cool Jazz Festival
Antes que esgotassem, lancei-me com unhas e dentes aos (ainda disponíveis) bilhetes para a fabulosa Madeleine Peyroux, que actua na próxima quinta-feira, dia 17 de Julho, nos Jardins do Convento, em Mafra, no âmbito do Cool Jazz Festival!
Não sei a quem endereço o comentário(...a um(a)anónimo(a) que se diz cansado(a), por duas vezes...)
No meu entendimento, um blog interessante é um lugar de simpática conversa onde se cruzam ideias e informações e se controem e trocam conhecimentos. Neste sentido, não entendo em que é que a contribuição (a minha ou a de qualquer outro/a ) pode ser vista como "protagonismo" (?). Dado que o autor do blog se filia na psicanálise, ouso dizer que talvez quem escreveu os comentários sobre o cansaço esteja a "projectar" o seu próprio desejo de protagonizar, colocando-o no outro (no caso, em mim.
Caro(a) anónimo(a), não seria mais interessante contribuir com alguma coisa com substância ou com piada para este blog? Não o sabendo fazer ou não o desejando, não será mais económico que guarde o silêncio e que descanse?
Em todo o caso, dado que o autor do Blog (João-il dissoluto punito) não lhe respondeu, e como entendo a entrada num Blog como uma visita a uma "casa" alheia (para a qual,como mandam as regras de uma saudável convivialidade, trouxe algo para partilhar), ficarei por aqui nos comentários, desejando a todos boas conversas e boa música (e, a quem está cansado(a), um bom descanso :-) E, já agora,a todos, umas óptimas férias ;-)
a il dissoluto punito lamento a trangressao das elementares regras de cortesia e boas maneiras. Aprecio muitissimo o seu Blog, que leio com grande prazer, e consulto. Não só aprecio os seus textos e informaçoes sobre musica como também o ritmo das intervençoes dos "colaboradores mais regulares", o rigor do conteudo e a civilidade tout court.
Permita-me que, ao voltar a este seu Blog (depois de esporádicas intervenções a propósito do Eugene Onegin a que também assisti no Met em Fevereiro de 2008 e da apreciação do último recital da Kozena na GulbenKian), exprima as reticências que me assistem relativamente à cantora em causa e, de uma forma geral, ao tipo de música em que supostamente se enquadra. Começo por ressalvar, como aliás o referi na minha primeira intervenção neste seu fórum, que cultivo gostos musicais ecléticos, nos quais incluo o Jazz , paixão que nutro desde os alvores da minha adolescência (levo-lhe dez anos de avanço em matéria de existência). Dito isto, que fique claro, que não me move qualquer preconceito sectário quanto à cantora ora em causa, por praticar uma música que alguns teimam em rotular de Jazz. Enfoco o cerne das minhas reservas, na falta de originalidade quanto à matriz interpretativa adoptada, assim como, do ponto de vista estético, do tipo de música que lhe serve de invólucro. Com efeito, quanto à primeira das aludidas reservas, Madeleine Peyroux não é mais do que uma réplica ou sucedâneo grosseiro (entenda-se “fake”), de um modelo que lhe serve de referência, ou seja, o da inesquecível Billie Holiday , que, não tendo a mais bela das vozes, nem a mais apurada técnica, à semelhança de “La Divina” no canto lírico, pela densidade e profundidade interpretativa, é considerada consensualmente como estando no panteão das deusas do canto, independentemente do género musical que “professava”. Quer com isto dizer, metaforicamente falando, que se se pode ter a acesso à manteiga porquê recorrer à Planta, ou, de outra forma, se eu fosse um neófito no canto lírico e lhe pedisse ajuda para me indicar uma intérprete de excelência da Violetta Valéry ou da Gilda (só para citar casos de paradigmas óbvios), por certo não me indicaria como primeira referência uma Sylvia Sass, que, embora, boa intérprete verdiana , concordará comigo, não chega aos calcanhares de “La Divina” e de mais algumas outras. No que concerne à segunda das minhas reservas, a de natureza estética, centra-se a mesma, no facto deste tipo de música primar pelo anódino/e ou, asséptico, num paralelismo que se pode estabelecer com o tipo de fruição que se retira da apodada “literatura Light”, tão em voga nos dias que correm (Margarida Rebelo Pinto e quejandos). Convirá por certo, que a boa música por contraposição à má (tipo de catalogação imputada a um monstro sagrado da regência Otto Klemperer), digo eu, deva caracterizar-se antes de mais, por ser aquela que esteticamente não é neutra, mas, ao invés, pelo menos nesta vertente, que seja comprometida, conotada, exigente quando à disponibilidade que merece daquele a quem se destina, sem recorrer a concessões que pactuem com o gosto fácil. Posto isto, e a propósito de verdadeiras Divas do Jazz, aquelas cujos pressupostos estético/criativos inerentes à sua Arte se enquadram nos considerandos a que atrás me refero, permita-me que lhe sugira que se detenha no universo, de uma Billie Holiday, por maioria de razão, de uma Ella Fitzgerald, Sarah Vaughan, Carmen Macgrae, Helen Merrill, Sheila Jordan, Betty Carter, Shirley Horn ou, Dianne Reeves entre algumas outras. A propósito de tudo isto, ou talvez não, alguém um dia perguntava a um anónimo se gostava de Jazz, ao que o inquirido respondeu que gostava, dando como exemplo o Louis Armstrong ( intérprete inigualável) a cantar o “La Vie en Rose”, faço-me entender. E se é de heterodoxia de gosto que queremos falar (pelo menos no contexto do seu Blog), porque não optar pela “blasfémia consequente”, chamando à colação a Sra. D. Amy Whinehouse, que não obstante se encontrar num processo de auto-destruição assumido, de que já só restam despojos daquilo que era uma voz privilegiada, mas que, ainda assim, com as suas interpretações, persiste em emocionar-nos pelo comprometimento com o mais profundo sentir da dor de existir, algo nos antípodas das Peyroux, Nora Jones, Lysa Ekdal e muitas outras afins.
Embora seja um perfeito leigo em matéria de Jazz, adoro a Peyroux! Não sei se é ou não um embuste, como diz... Sei - isso sim - que me encanta! Os meus critérios são, acima de tudo, subjectivos. Depois, procuro critérios objectivos, claro está!
Desejo-te uma noite mágica! Tem os ingredientes: os jardins do convento e a diva :-)
ResponderEliminarDiva-gar por todos os posts com o peso da trindade por nome....
ResponderEliminarcansa
Não sei a quem endereço o comentário(...a um(a)anónimo(a) que se diz cansado(a), por duas vezes...)
ResponderEliminarNo meu entendimento, um blog interessante é um lugar de simpática conversa onde se cruzam ideias e informações e se controem e trocam conhecimentos. Neste sentido, não entendo em que é que a contribuição (a minha ou a de qualquer outro/a ) pode ser vista como "protagonismo" (?). Dado que o autor do blog se filia na psicanálise, ouso dizer que talvez quem escreveu os comentários sobre o cansaço esteja a "projectar" o seu próprio desejo de protagonizar, colocando-o no outro (no caso, em mim.
Caro(a) anónimo(a),
não seria mais interessante contribuir com alguma coisa com substância ou com piada para este blog?
Não o sabendo fazer ou não o desejando, não será mais económico que guarde o silêncio e que descanse?
Em todo o caso, dado que o autor do Blog (João-il dissoluto punito) não lhe respondeu, e como entendo a entrada num Blog como uma visita a uma "casa" alheia (para a qual,como mandam as regras de uma saudável convivialidade, trouxe algo para partilhar), ficarei por aqui nos comentários, desejando a todos boas conversas e boa música (e, a quem está cansado(a), um bom descanso :-)
E, já agora,a todos, umas óptimas férias ;-)
Teresa (tea,thea)
Teresa,
ResponderEliminarFalas com propriedade! Posto isto, faço minhas as tuas palavras!
Ao anónimo fatigué(e), desejo bom descanso e felicidade a rodos!
Teresa,
ResponderEliminarDepois conto como foi... Embora, dos encontros amorosos, eu pouco fale... Mas, neste caso, serás, com agrado, uma excepção ;-)
a il dissoluto punito lamento a trangressao das elementares regras de cortesia e boas maneiras. Aprecio muitissimo o seu Blog, que leio com grande prazer, e consulto. Não só aprecio os seus textos e informaçoes sobre musica como também o ritmo das intervençoes dos "colaboradores mais regulares", o rigor do conteudo e a civilidade tout court.
ResponderEliminarAgradeço os desejos de bom descanso.
Descansarei.
Não tem de quê, caro anónimo ;-)
ResponderEliminarJá agora, gostava de saber de quem se trata!
Então? e o concerto da Diva
ResponderEliminarnos jardins do Convento? Tão boa ao "vivo" quanto em gravação?
Conta.
Teresa
Caro João
ResponderEliminarPermita-me que, ao voltar a este seu Blog (depois de esporádicas intervenções a propósito do Eugene Onegin a que também assisti no Met em Fevereiro de 2008 e da apreciação do último recital da Kozena na GulbenKian), exprima as reticências que me assistem relativamente à cantora em causa e, de uma forma geral, ao tipo de música em que supostamente se enquadra.
Começo por ressalvar, como aliás o referi na minha primeira intervenção neste seu fórum, que cultivo gostos musicais ecléticos, nos quais incluo o Jazz , paixão que nutro desde os alvores da minha adolescência (levo-lhe dez anos de avanço em matéria de existência).
Dito isto, que fique claro, que não me move qualquer preconceito sectário quanto à cantora ora em causa, por praticar uma música que alguns teimam em rotular de Jazz.
Enfoco o cerne das minhas reservas, na falta de originalidade quanto à matriz interpretativa adoptada, assim como, do ponto de vista estético, do tipo de música que lhe serve de invólucro.
Com efeito, quanto à primeira das aludidas reservas, Madeleine Peyroux não é mais do que uma réplica ou sucedâneo grosseiro (entenda-se “fake”), de um modelo que lhe serve de referência, ou seja, o da inesquecível Billie Holiday , que, não tendo a mais bela das vozes, nem a mais apurada técnica, à semelhança de “La Divina” no canto lírico, pela densidade e profundidade interpretativa, é considerada consensualmente como estando no panteão das deusas do canto, independentemente do género musical que “professava”.
Quer com isto dizer, metaforicamente falando, que se se pode ter a acesso à manteiga porquê recorrer à Planta, ou, de outra forma, se eu fosse um neófito no canto lírico e lhe pedisse ajuda para me indicar uma intérprete de excelência da Violetta Valéry ou da Gilda (só para citar casos de paradigmas óbvios), por certo não me indicaria como primeira referência uma Sylvia Sass, que, embora, boa intérprete verdiana , concordará comigo, não chega aos calcanhares de “La Divina” e de mais algumas outras.
No que concerne à segunda das minhas reservas, a de natureza estética, centra-se a mesma, no facto deste tipo de música primar pelo anódino/e ou, asséptico, num paralelismo que se pode estabelecer com o tipo de fruição que se retira da apodada “literatura Light”, tão em voga nos dias que correm (Margarida Rebelo Pinto e quejandos).
Convirá por certo, que a boa música por contraposição à má (tipo de catalogação imputada a um monstro sagrado da regência Otto Klemperer), digo eu, deva caracterizar-se antes de mais, por ser aquela que esteticamente não é neutra, mas, ao invés, pelo menos nesta vertente, que seja comprometida, conotada, exigente quando à disponibilidade que merece daquele a quem se destina, sem recorrer a concessões que pactuem com o gosto fácil.
Posto isto, e a propósito de verdadeiras Divas do Jazz, aquelas cujos pressupostos estético/criativos inerentes à sua Arte se enquadram nos considerandos a que atrás me refero, permita-me que lhe sugira que se detenha no universo, de uma Billie Holiday, por maioria de razão, de uma Ella Fitzgerald, Sarah Vaughan, Carmen Macgrae, Helen Merrill, Sheila Jordan, Betty Carter, Shirley Horn ou, Dianne Reeves entre algumas outras.
A propósito de tudo isto, ou talvez não, alguém um dia perguntava a um anónimo se gostava de Jazz, ao que o inquirido respondeu que gostava, dando como exemplo o Louis Armstrong ( intérprete inigualável) a cantar o “La Vie en Rose”, faço-me entender.
E se é de heterodoxia de gosto que queremos falar (pelo menos no contexto do seu Blog), porque não optar pela “blasfémia consequente”, chamando à colação a Sra. D. Amy Whinehouse, que não obstante se encontrar num processo de auto-destruição assumido, de que já só restam despojos daquilo que era uma voz privilegiada, mas que, ainda assim, com as suas interpretações, persiste em emocionar-nos pelo comprometimento com o mais profundo sentir da dor de existir, algo nos antípodas das Peyroux, Nora Jones, Lysa Ekdal e muitas outras afins.
Um abraço
Muguel,
ResponderEliminarEmbora seja um perfeito leigo em matéria de Jazz, adoro a Peyroux! Não sei se é ou não um embuste, como diz... Sei - isso sim - que me encanta! Os meus critérios são, acima de tudo, subjectivos. Depois, procuro critérios objectivos, claro está!