Ao cabo de anos, deixei-me seduzir pelo download oficial (a não confundir com o clandestino, que prolifera na net!).
Regra geral, sou avesso às facilidades do dito download, mas diante da eternamente adiada comercialização de Arie di Bravura – de Diana Damrau – no nosso país, cedi! Há bem pouco tempo, por ocasião de uma ida ao estrangeiro, namorei o citado artigo, abandonando-o em favor de outros de indesmentível interesse.
A intuição raramente falha...
Não só a operação frustra – não pela facilidade, que é indiscutível -, dado que passamos a ser detentores de um artigo – nunca é demais frisá-lo! – virtual (sem caixa, nem texto algum), como o conteúdo do mesmo decepciona, sem meias-tintas: uma colectânea de árias compostas para soprano ligeiro, exigentes em ornamentação, tipicamente virtuosas, características do período clássico – Mozart, Salieri e Righini -, servidas por uma intérprete pouco madura, em termos interpretativos, com uma voz de timbre quente, não particularmente belo, detentora de uma acidez incómoda (leia-se, no limite da estridência, particularmente nas vocalizações). A técnica não é de negligenciar, embora não responda cabalmente às exigências da almejada bravura.
As comparações com as rivais contemporâneas – Dessay e Jo, sem ir mais longe – impõem-se: o veludo da francesa e o brilho da coreana levam a melhor sobre esta intérprete germânica, pelo menos, no que a este registo / repertório concerne.
Esperam-se melhores dias!
(Virgin Classics 0094639525027)
Moral da história: NO MORE DOWNLOADS – que nos reenviam à nossa condição de eternos castrados (sem os atributos que a compra real de cds nos proporcionam) e Reticências diante de Diana Damrau!
Ossia
Choro os meus €9,99...
Regra geral, sou avesso às facilidades do dito download, mas diante da eternamente adiada comercialização de Arie di Bravura – de Diana Damrau – no nosso país, cedi! Há bem pouco tempo, por ocasião de uma ida ao estrangeiro, namorei o citado artigo, abandonando-o em favor de outros de indesmentível interesse.
A intuição raramente falha...
Não só a operação frustra – não pela facilidade, que é indiscutível -, dado que passamos a ser detentores de um artigo – nunca é demais frisá-lo! – virtual (sem caixa, nem texto algum), como o conteúdo do mesmo decepciona, sem meias-tintas: uma colectânea de árias compostas para soprano ligeiro, exigentes em ornamentação, tipicamente virtuosas, características do período clássico – Mozart, Salieri e Righini -, servidas por uma intérprete pouco madura, em termos interpretativos, com uma voz de timbre quente, não particularmente belo, detentora de uma acidez incómoda (leia-se, no limite da estridência, particularmente nas vocalizações). A técnica não é de negligenciar, embora não responda cabalmente às exigências da almejada bravura.
As comparações com as rivais contemporâneas – Dessay e Jo, sem ir mais longe – impõem-se: o veludo da francesa e o brilho da coreana levam a melhor sobre esta intérprete germânica, pelo menos, no que a este registo / repertório concerne.
Esperam-se melhores dias!
(Virgin Classics 0094639525027)
Moral da história: NO MORE DOWNLOADS – que nos reenviam à nossa condição de eternos castrados (sem os atributos que a compra real de cds nos proporcionam) e Reticências diante de Diana Damrau!
Ossia
Choro os meus €9,99...
Como diriam os americanos "Não deite o bebé fora com a água" :-)
ResponderEliminarOlá.
ResponderEliminarEu assumo sem nenhuma espécie de pudor a minha condição burguesa... pelo que o "pacote" se reveste de especial importância que eu nunca menosprezei. Gosto de comprar discos numa loja, se bem que também os compre na net, gosto de estar na fila para pagar, gosto da embalagem, e aborreçe-me muito quando esta não está em boas condições, e gosto dum bom folheto com informação pertinente e bem imprimido em papel de qualidade. Todos os c.d's "copiados" que me deram acabei por deitar fora. Uns porque não me entusiasmavam e não valia a pena ter os outros porque eram bons e não descansei enquanto não comprei o original.
J. Ildefonso.
Correção importante.
ResponderEliminarMenos os c.d's oferecidos pelo Raúl. São rarissimos e não se encontram com facilidade.
J. Ildefonso.
Correção importante.
ResponderEliminarMenos os c.d's oferecidos pelo Raúl. São rarissimos e não se encontram com facilidade.
J. Ildefonso.
A propósito da cantora.
ResponderEliminarPareçe-me um bom soprano ligeiro com boa técnica mas com um timbre feio e uma voz pouco individual. É bastante boa mas podia ser melhor. As arias são impossiveis de agudas mas oque me interessou no c.d. foi o facto de ter uma aria do Salieri sobre um texto também musicado pelo Mozart numa das suas arias de concerto. Escusado será dizer, apesar do honesto profissionalismo de Salieri, quem "leva a melhor".
J. Ildefonso.
Caro João de Almeida,
ResponderEliminarO blog tem algum e-mail para onde possa enviar um convite para um concerto?
Nuno Borges
Caro Nuno Borges,
ResponderEliminarEis o meu e-mail: il.dissoluto.punito@gmail.com
Em relação a este CD que também possuo, tenho que discordar da análise do João.
ResponderEliminarAcho que neste momento, a voz de Natalie Dessay está muito mais estridente e exposta que a de Damrau. Os agudos desta última são mais seguros, mais amplos e menos guinchados que os de Dessay.
Infelizmente, a Dessay "queimou-se" cedo, de tal forma que deixou de conseguir fazer o repertório que era para si e agora anda a tentar embarcar em repertório mais pesado sem tem substância vocal para isso. Mesmo na Rainha da Noite, na minha opinião, a Damrau é A raínha da noite dos nossos dias, e coloca tanto a Dessay como a Sumi Jo a um canto em termos de imponência e massa vocal (especialmente ao nível de massa sonora, Damrau leva a melhor entre as 3).
Para estabelecer a minha comparação relativamente à Dessay, preciso apenas de ouvir a Damrau em belcanto e ver como funciona a ductilidade da linha. A Dessay tem uma voz extremamente ductil, mas as suas incursões pelo território bel cantista são manchadas pelo esforço constante por se fazer ouvir por cima da orquestra (isto é mais que patente no último registo da intérprete).
Em suma, acho que a Dessay é "simpática", mas a Damrau é "pujante".
:)
Ricardo,
ResponderEliminarSerá a sua opinião, mas há factos: a Dessay abandonou a Rainha da noite, que eu saiba, há cerca de 10 anos!
exacto...
ResponderEliminaro que coincide com a altura da primeira cirurgia.
Mas se compararmos a Raínha da Noite que Dessay gravou no seu auge com direcção de William Christie, com a primeira Raínha da Noite que Damrau editou em DVD (dir. Sir Colin Davies, ROH) a última leva claramente a melhor sobre Dessay nos seus melhores dias.
Eu não estou a dizer que a Dessay canta mal, atenção! Só estou a dizer que já viu melhores dias, aliás muito melhores, e embora seja uma cantatriz de grande nível, a Damrau não lhe fica atrás com a benesse de ter uma voz mais "fresca" que a Dessay. Claro que a Damrau não tem ainda a carreira que a Dessay teve, mas o problema da francesa passa precisamente pelos exageros que cometeu no início de carreira, sobrecarregando a voz com repertório que apesar de ser indicado para si, era em quantidades excessivas.
Mas, lá está. É uma questão de gosto e a voz da Dessay, no seu estado actual, não me é muito agradável como era há algum tempo, como aliás já tive oportunidade de mencionar nos comentários que escrevi acerca do seu mais recente registo. E o repertório que anda a tentar cantar também não ajuda.
Concordo parcialmente com o Ricardo.
ResponderEliminarA Dessay perdeu algumas qualidades vocais apesar de continuar uma grande cantora. É natural está com cerca de 45 anos segundo me pareçe e tem uma carreira respeitável atrás de si. Também a recente alteração de reportório me pareçe uma má decisão. A ópera Françesa, toda ela, vive muito da palavra enquanto o belcanto Italiano vive essencialmente da cor vocal e a Dessay é um tanto ao quanto monocromática. Para além do esforço bastante perceptível da voz para ultrapassar os climaxes orquestrais.
A Damrau pareçe-me uma boa cantora com uma voz mais potente do que a Dessay, boa técnica mas bastante anonima, excepto na Rainha da Noite, papél que conheçe muito bem e que se esgota nas duas arias. O timbre não é nem muito bonito nem individual e não é comparável á beleza e delicadeza da jovem Dessay nas suas primeiras gravações. Em suma uma boa esperança, numa categoria defeciente de interpretes, que ainda poderá fazer coisas muito bonitas.
J. Ildefonso.
Parte do problema do c.d. da Damrau é o reportório.
ResponderEliminarO Salieri não passa dum honesto artesão comparado com Mozart.
No Moizart enfrenta muita competição com uma série de interpretes do passado. Salva-se o Righini que realmente me pareçe muito interessante.
J. Ildefonso.
O Vilazon recuou perante os seus futuros compromissos.
ResponderEliminarTirou 5 meses de férias. Substituiu o Baile de Máscaras pelo Eugene Oneguin em Berlin e cancelou a Tosca. Pareçe-me uma atitude muito judiciosa.
O Florez comprometeu-se com o Robert le Diable e ensaia o Guilherme Tell em concerto. Eu aconseljhava alguma ponderação!
J. Ildefonso.
O Villazon está completamente arrumado.
ResponderEliminarHá que saber discernir entre ser comparado ao Plácido Domingo e ser, efectivamente, o Placido Domingo. O Villazon quis abarcar em pouco tempo de carreira todo o repertório que o Domingo dominou ao longo da sua longíssima carreira. O resultado deu nisto.
Além disso, depois de ter regressado daquele primeiro hiato, começou logo a "bulir" em repertório pesado (Don Carlos e afins... Baile de Máscaras... enfim) sem se dar tempo de recuperar. É óbvio que isto iria acontecer.
Desejo-lhe muita sorte porque o timbre é maravilhoso, mas duvido que se consiga voltar ao que era.
Espero que a partenaire Netrebko não vá pelo mesmo caminho, embora esta se tenha revelado consideravelmente mais cuidadosa na escolha do repertório, certamente muito por bom aconselhamento da grande Mirella Freni com quem teve aulas há algum tempo.
Ricardo
ResponderEliminarPareçe que o Villazon voltou à boa forma. Cancelou o Baile de Máscaras e Substitui a Tosca pelo Eugene Oneguin. O D. Carlos já o cantou antes em Amesterdão e não lhe saiu nada mal. É um papel longo mas não exactamente pesado. Mais ou menos como o Hofman. Vai voltar a cantá-lo em Junho no Convent Garden mas está bem repousado porque a última vez que cantou foi em Viena em Dezembro/Janeiro 3 récitas cada da Manon e do Wherter.
J. Ildefonso.
Na minha opinião a Damrau tem mais substância vocal que a Dessay, mas enquanto a primeira é mais um bom soprano ligeiro, a segundo é uma artista com génio e revolucionária no reportório coloratura.
ResponderEliminarRAUL
Bom acabei de ver o oneguin em Berlin. encenação dificil. Não dio boa ou má. Villazon sensacional. Está de volta. Dito a sorte de falar com o director da D Oper, no intervalo, que afirmou que o Villazon é sem dúvida o melhor cantor dos últimos trinta anos. O Plácido continua sendo o meu preferido mas o Villazon, além da Voz, ameaça atingir o mesmo nível como actor.
ResponderEliminar