...lutar, lutar!
Eis duas que urge combater:
1. Elvino – de La Sonnambula – tem de ser um tenor ligeiro, lírico – ligeiro, estilo Kraus ou Pavarotti. É MENTIRA!
Francesco Meli, o Elvino que ladeia Nat Dessay, de timbre baritonal, voz ampla, cheia e grande, diz-nos que tal exigência não passa de uma verdade feita, preconceituosa.
Escutem-no, atentamente!
(Francesco Meli)
2. Scarpia tem de ser um grande barítono-actor, sendo secundaríssima a beleza do timbre, à la Gobbi, à la Raimondi. É MENTIRA!
Não só Terfel nos diz que um actor magnífico, por vezes, é um extraordinário cantor, como Milnes – o maior barítono verdiano americano da década de 1970 – nos prova que há um Scarpia de timbre absolutamente deslumbrante, solar, brônzeo, o seu!
(Sherrill Milnes)
Eis duas que urge combater:
1. Elvino – de La Sonnambula – tem de ser um tenor ligeiro, lírico – ligeiro, estilo Kraus ou Pavarotti. É MENTIRA!
Francesco Meli, o Elvino que ladeia Nat Dessay, de timbre baritonal, voz ampla, cheia e grande, diz-nos que tal exigência não passa de uma verdade feita, preconceituosa.
Escutem-no, atentamente!
(Francesco Meli)
2. Scarpia tem de ser um grande barítono-actor, sendo secundaríssima a beleza do timbre, à la Gobbi, à la Raimondi. É MENTIRA!
Não só Terfel nos diz que um actor magnífico, por vezes, é um extraordinário cantor, como Milnes – o maior barítono verdiano americano da década de 1970 – nos prova que há um Scarpia de timbre absolutamente deslumbrante, solar, brônzeo, o seu!
(Sherrill Milnes)
Curioso falar de Milnes quanto à sua prestação enquanto Scarpia já que concordo inteiramente consigo. Devo dizer-lhe que o timbre brônzeo de que fala da-lhe uma tonalidade "picante", mas ao mesmo tempo, maligna que acho deliciosamente envolvente e sedutora. O Scarpia que conheço por Milnes corresponde à gravação nos anos setenta com Domingo e Price (Mehta na condução) e, sem dúvida, a única coisa que me apraz apontar como menos positivo é a prosódia que é, em Taddei, inultrapassável. Esta crítica é, contudo, extensível, inclusivamente, a Gobbi (quiçá o maior Scarpia de todos os tempos...um lugar comum, alguns dirão). Terfel é (acrescento) um dos cantores a quem também reconheço essa maravilhosa capacidade de quase falar enquanto canta, o que, a par da beleza que também lhe reconheço no timbre, lhe dão uma verosimilhança soberba.
ResponderEliminarFilipe
Carissimo João.
ResponderEliminarSegundo entendi esta gravação estreia a nova edição da partitura entre outras pequenas alterações consta justamente a alteração da tessitura do papel do tenor.
J. Ildefonso.
Aparentemente para além da tessitura do tenor ser mais centralizante também ao soprano são poupadas muitas notas agudas de tradição que são justamente omitidas nesta nova edição cítica.
ResponderEliminarFalo sem conheçer a gravação e remeto-me à crítica da Opera magazine aquando das récitas de Toulose que serviram de base à gravação.
J. Ildefonso.
Caríssimo João,
ResponderEliminarNão é assim tão simples retirar da Arte e, neste caso, da ópera, verdades e mentiras absolutas. O que hoje é mentira foi outrora e pode ser no futuro verdade e vice-versa. Veja-se o exemplo dos sopranos ligeiros, aduladas em tempos pelo público e pela crítica e hoje de certo modo desprezados. O que hoje é “mau gosto”foi noutros tempos “bom gosto”. Verdi chorou ao ver a Patti na Traviata, se calhar hoje algum crítico destruí-lhe a interpretação.
Sem dúvida nenhuma que o papel de Scarpia exige um grande actor e não pede um barítono com as exigências vocálicas de um Conde de Luna ou de um Macbeth, mas a interpretação por melhor que o seja não pode camuflar a uma voz aproximada mais de um “parlato cantabile” de que a de uma voz de verdadeiro barítono. Esta questão não se pode pôr a Tito Gobbi, o melhor Scarpia de sempre, mas já é pertinente, se falarmos de Ruggero Raimondi, grande intérprete, mas nunca foi uma grande voz, embora a aproveitasse muito inteligentemente. Não, o Scarpia do Raimondi não me convence, embora o ouça sem nenhuma antipatia. Na verdade, não há maus Scarpias nas gravações, embora haja dois que para mim levam nota negativa, como diz o outro: um é George London, precisamente por não ser um perfeito barítono e eu, pessoalmente, não gosto do seu timbre pastoso, que não serve a ópera italiana; o outro – Deus me perdoe! – é Dietrich Fischer-Diskau, porque se espera mais do excepcional cantor e a voz e interpretação são inadequadas ao papel.
Nos finais dos sessenta vi no Coliseu um grande Scarpia: Giangacomo Guelfi. A sua interpretação foi tão apreciada que teve de vir no final da ópera, já com roupa normal, agradecer os aplausos que o reclamavam. E a Tosca era nem mais nem menos do que a bela Antonieta Stella. A sua interpretação encontra-se gravada, mas eu nunca a ouvi.
Raul
Este blogue por ser "blogspot.com" está bloqueado no sítio onde vivo. Para entrar nele usei um site que rompe com as censuras que é o www.proxywb.com
ResponderEliminarFantástico.
Raul
Raul,
ResponderEliminarÀ sua conta, comprei a dita Tosca, com a Price e o Taddei ;-)
João,
ResponderEliminarEle são as primeiras notas do som Karajan, ele é a entrada do Scarpia e o interrogatório ao Sacristão, ele é o Te Deum, ele o modo como a Price diz "Dunque per compiacervi dovrebo mentire", ele é o dueto Price-Taddei, ele é o Vissi D'Arte, ele é a explosão de voz antes do suicídio.
Raul