Entrementes, algumas major´s contrapõem homenagens a figuras reais da lírica: Sutherland e Vishnevskaya. Ambas geniais, pela humanidade e assumida fragilidade: a primeira, imbatível na técnica, pecava pela inabilidade interpretativa; a segunda, de técnica mais frágil, de timbre menos esbelto, era sumptuosa na criação dramática.
Sutherland e Vishnevskaya mostram-nos o que de mais extraordinário há no género humano, sem que pretendam ocultar o que de mais inexorável povoa a nossa natureza: a falha.
Nos antípodas, a recentemente falecida Schwarzkopf - à semelhança d´A Callas -, vítima incontestável da ferida narcísica, almejava a divindade, procurando fazer da citada falha uma miragem...
É o retomar do velho debate entre o Real e o Ideal.
Sutherland e Vishnevskaya mostram-nos o que de mais extraordinário há no género humano, sem que pretendam ocultar o que de mais inexorável povoa a nossa natureza: a falha.
Nos antípodas, a recentemente falecida Schwarzkopf - à semelhança d´A Callas -, vítima incontestável da ferida narcísica, almejava a divindade, procurando fazer da citada falha uma miragem...
É o retomar do velho debate entre o Real e o Ideal.
Em relação à Vishneskaya já neste blog a elogiei, partindo duma fabulosa Liú que possuo. Mas vamos à Sutherland.
ResponderEliminarÓ João, a interpretação da Sutherland não acho que fosse negativa. Bem prova disso é a Traviatta com o Bergonzi e a Maria Stuart, só para dar dois exemplos que me ocorrem. O problema desta excepcional cantora era a dicção, tão avara de consoantes, e esse problema acabava por se sobrepor na enunciação dramática. Quanto à técnica, não vejo nenhuma cantora no firmamento operático com tanta qualidade na região aguda. A Sutherland levava a voz, apoiada numa técnica fabulosa, para as regiões mais agudas e a qualidade da voz mantinha-se intacta.
Raul
Raul,
ResponderEliminarNão consigo embarcar nas encarnações dramáticas da Sutherland... Já para não repetir o famigerado problema das consoantes engolidas. Quanto à técnica / agilidade, não há paralelo algum!
Pois eu de momento ando encantado com o já aqui referido c.d. D.G. de arias francesas da Caballé. O registo superior acusa alguma dureza, é insuportávelmente matrona na ária da Micaela mas encanta na Mireille, Hugenotes e Thais. Nunca ouvi um "dimme moi que je suis belle" comparável , lamento João, Fleming incluida.
ResponderEliminarJ. Ildefonso.
João,
ResponderEliminarComo deves imaginar, esse registo da Caballé não me vai escapar ;-)