terça-feira, 26 de setembro de 2006

Dissoluto Punito & Seus Ódios Figadais!!!

Consola-me saber que adjectivos como "mau" se refinam, mercê de um esforço absoluto, sintético, seja lá ele qual for!

Com raras excepções - Tosca e La Boheme -, Puccini desagrada-me!

Pior...

A Madama Butterfly é uma pepineira execrável!
(aqui há dez anos, no Teatro Verdi - em
Florença - assisti a uma récita desta ópera cuja mediocridade teve o mérito de ultrapassar a xaropada da própria peça, coisa difícil!!!)

Pior...

A nova política comercial do Met - cuja saúde financeira vacila a olhos vistos - optou por difundir a première desta temporada - imagine-se!!! - em Time Square, que é o mais detestável local de uma das mais extraordinárias cidades que conheço!

Moral da história: como o belo, também o horrendo se transcende!

ps a Vós - caríssimos João Ildefonso & Raul, os meus mais fieis leitores - vos digo que, de vez em quando, polémicas é comigo!!!

16 comentários:

  1. Isto é provocação no seu estado puro. Antes de qualquer coisa que venha a acontecer e para pôr o criador deste blog de "sobreaviso" :), eu comunico-lhe que adoro a música da Mme. Butterfly. Mais tarde retomarei a defesa desta música.
    Raul

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  2. Bons olhos o leiam ... ;)

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  3. Caríssimo João,

    Pepineira?! Xaropada??? Deixe-me recuperar do choque, e depois talvez consiga articular umas palavras...

    Saudações,

    HVA

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  4. Carissimo.

    Primeiro gosto muito de Puccini. A Butterfly é inclusive é uma das minhas operas favoritas em absoluto. Turandot, Suor Angélica e a até a Manon também fazem as minhas delicias para além das obras referidas.
    Segundo também não resisto a uma boa polémica pelo que me vejo obrigado a comentar.
    No entanto percebo o comentário do João no sentido em que é uma ópera dificil de encenar com sucesso e que regra geral é contaminada de falsos princípios interpretativos que em muito a desfavoreçem prejudicando a sua justa avaliação pelo que a maior parte das vezes é preferivel socorrermo-nos de uma boa gravação. Como referia existem duas "velhas" tradições quanto à performance do papél principal uma Verista banalizando a psicologia do personagem numa passionalidade desmedida e a outra uma prática que à falta de melhor expressão infantiliza a heroína tornando-a uma ingénua retardada mental. Grandes cantoras se inscreveram numa ou na outra prática executiva sendo as mais famosas a Tebaldi no primeiro caso e a Toti del Monte no segundo.

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  5. Quanto a mim só com a gravação da Callas se recuperou todo o potencial psicológico da Butterfly que a partir daí foi explorado com sucesso adicionando diferentes dimensões emocionais pela Scotto e pela Freni com duas gravações com sucesso cada uma das referidas cantoras.
    Aconselho a audição da Freni/Pavarotti no dueto do final do primeiro acto pleno dum erotismo carnalíssimo. As réplicas da Freni ao princepe Yamodori cheias de ironia. A fatalidade da ária final cheia de dignidade duma mulher consciente das opções que fez e dos riscos que fazia....
    Um grande abraço de gratidão ao caro Dissoluto pelo cuidado com que estimula a polémica cibernética.

    J. Ildefonso.

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  6. Acredito que o caro Raúl pelo menos em alguns pontos concorda comigo:-)))

    J. Ildefonso.

    P. S. - Responderei ainda hoje a propósito da Sr. Walter Legge.

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  7. Caro Dissoluto Punito,

    Que se goste mais da Tosca, da Bohéme, ... do que da Butterfly, compreende-se, mas assumir uma atitude tão radical, a mim, parece-me anti-verista. Não gostar de Puccini, quando se gosta de ópera, é muito estranho, porquanto a sua popularidade é imensa. Eu sei que na Terra há mais ferro do que ouro...
    A Mme. Butterfly é, desde a entrada em cena da protagonista bela sem parar. E começa logo com a beleza da melodia que o soprano canta e que depois repete na sequência final do dueto de amor do primeiro acto. Pelo caminho ficam frases lindíssimas, como por exemplo "Oh, Karme, oh, karme,". O segundo acto abre carregado de musica traduzindo a fatalidade que se adivinha e que tão bem expressa é nas dúvidas de Suzuki. Aqui não conheço nada melhor na discografia do que a Los Angeles obrigando a Pirazzini a dizer "verra". Segue-se "un bel di vedremo". Tirando a "Casta Diva", não conheço melodia italiana mais bonita em ópera. Entra Yamadori e o nome deste cobre uma "full" orquestra, onde a Tebaldi brilha. O dueto com Sharpless e belo sem parar, se o ouvirmos em detalhe. O acto termina com o dueto das flores, a parte mais fraca da ópera, mas com a orquestra com alguns momentos belos, finalizado com o originalíssimo Coro a bocca chiusa.
    O terceiro acto começa com um intermezzo, o melhor de Puccini, a que se segue uma parte mais calma com um ou outro ponto que merece aqtenção. Desde o momento que Butterfly sabe o que o destino lhe reserva a música emociona-nos pela sua humanidade trágica e beleza melódica.
    Há uma meia dúzia de anos vi a Butterfly em Hong Kong. Para meu espanto, sem justificação, vi na assistência muitos casais mistos, principalmente ele ocidental e ele chinesa. Ao meu lado estava um deles, jovem, bonito, leve e silencioso. Durante toda a ópera estiveram de mãos ternamente dadas. No terceiro acto ela pegou várias vezes num lenço. No final da ópera saíram com poucas palavras e ele tinha olhos de reterem lágrimas. Nunca mais me esqueci desta cena tão bela.
    Noutro momento falarei mais da Butterfly.
    Raul

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  8. Caro HVA,

    Estou a ver que o único ser que detesta a Madama sou eu :(((

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  9. Há casos, mas isso passa :)
    Raul

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  10. garanto que com o tempo vai passar!

    J.Ildefonso.

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  11. Já agora por curiosidade qual é a gravação da butterfly que o João tem?

    J. ildefonso.

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  12. Caríssimo João Ildefonso,

    Tenho uma interpretação com L. Price e R. Tucker, dirigidos por Leinsdorf (RCA).

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  13. Eu tenho essa em excertos e acho que a Price vai muito bem, não sendo a ideal.
    Sem ninguém me perguntar vou dizer o que tenho:
    Em CD: a dita gravação e
    Serafin:Tebaldi, Bergonzi, Cossoto
    Gavazzeni: Los Angeles, Di Stefano, Gobbi
    De Fabritiis: Del Monte, Gigli
    Em Laser: uma versão do Scala com uma japonesa
    Em cassete (desde a entrada da Butterfly): A Callas, a Scotto /Bergonzi e a Los Angeles ( Bjorling.
    Raul

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  14. Eu pessoalmente admiro muitissimo a gravação karajan com a Freni/Pavarotti.

    J. Ildefonso.

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  15. Gosto da versão Sinopoli, pois acho que a orquestra está perfeitamente analisada. Isto tudo para além de conter uma voz ideal para a Butterfly, Mirella Freni, embora talvez uns aninhoas antes ainda fosse mais ideal.
    Raul

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