Consola-me saber que adjectivos como "mau" se refinam, mercê de um esforço absoluto, sintético, seja lá ele qual for!
Com raras excepções - Tosca e La Boheme -, Puccini desagrada-me!
Pior...
A Madama Butterfly é uma pepineira execrável!
(aqui há dez anos, no Teatro Verdi - em Florença - assisti a uma récita desta ópera cuja mediocridade teve o mérito de ultrapassar a xaropada da própria peça, coisa difícil!!!)
Pior...
A nova política comercial do Met - cuja saúde financeira vacila a olhos vistos - optou por difundir a première desta temporada - imagine-se!!! - em Time Square, que é o mais detestável local de uma das mais extraordinárias cidades que conheço!
Moral da história: como o belo, também o horrendo se transcende!
ps a Vós - caríssimos João Ildefonso & Raul, os meus mais fieis leitores - vos digo que, de vez em quando, polémicas é comigo!!!
Com raras excepções - Tosca e La Boheme -, Puccini desagrada-me!
Pior...
A Madama Butterfly é uma pepineira execrável!
(aqui há dez anos, no Teatro Verdi - em Florença - assisti a uma récita desta ópera cuja mediocridade teve o mérito de ultrapassar a xaropada da própria peça, coisa difícil!!!)
Pior...
A nova política comercial do Met - cuja saúde financeira vacila a olhos vistos - optou por difundir a première desta temporada - imagine-se!!! - em Time Square, que é o mais detestável local de uma das mais extraordinárias cidades que conheço!
Moral da história: como o belo, também o horrendo se transcende!
ps a Vós - caríssimos João Ildefonso & Raul, os meus mais fieis leitores - vos digo que, de vez em quando, polémicas é comigo!!!
Isto é provocação no seu estado puro. Antes de qualquer coisa que venha a acontecer e para pôr o criador deste blog de "sobreaviso" :), eu comunico-lhe que adoro a música da Mme. Butterfly. Mais tarde retomarei a defesa desta música.
ResponderEliminarRaul
Bons olhos o leiam ... ;)
ResponderEliminarCaríssimo João,
ResponderEliminarPepineira?! Xaropada??? Deixe-me recuperar do choque, e depois talvez consiga articular umas palavras...
Saudações,
HVA
Carissimo.
ResponderEliminarPrimeiro gosto muito de Puccini. A Butterfly é inclusive é uma das minhas operas favoritas em absoluto. Turandot, Suor Angélica e a até a Manon também fazem as minhas delicias para além das obras referidas.
Segundo também não resisto a uma boa polémica pelo que me vejo obrigado a comentar.
No entanto percebo o comentário do João no sentido em que é uma ópera dificil de encenar com sucesso e que regra geral é contaminada de falsos princípios interpretativos que em muito a desfavoreçem prejudicando a sua justa avaliação pelo que a maior parte das vezes é preferivel socorrermo-nos de uma boa gravação. Como referia existem duas "velhas" tradições quanto à performance do papél principal uma Verista banalizando a psicologia do personagem numa passionalidade desmedida e a outra uma prática que à falta de melhor expressão infantiliza a heroína tornando-a uma ingénua retardada mental. Grandes cantoras se inscreveram numa ou na outra prática executiva sendo as mais famosas a Tebaldi no primeiro caso e a Toti del Monte no segundo.
Quanto a mim só com a gravação da Callas se recuperou todo o potencial psicológico da Butterfly que a partir daí foi explorado com sucesso adicionando diferentes dimensões emocionais pela Scotto e pela Freni com duas gravações com sucesso cada uma das referidas cantoras.
ResponderEliminarAconselho a audição da Freni/Pavarotti no dueto do final do primeiro acto pleno dum erotismo carnalíssimo. As réplicas da Freni ao princepe Yamodori cheias de ironia. A fatalidade da ária final cheia de dignidade duma mulher consciente das opções que fez e dos riscos que fazia....
Um grande abraço de gratidão ao caro Dissoluto pelo cuidado com que estimula a polémica cibernética.
J. Ildefonso.
Acredito que o caro Raúl pelo menos em alguns pontos concorda comigo:-)))
ResponderEliminarJ. Ildefonso.
P. S. - Responderei ainda hoje a propósito da Sr. Walter Legge.
Caro Dissoluto Punito,
ResponderEliminarQue se goste mais da Tosca, da Bohéme, ... do que da Butterfly, compreende-se, mas assumir uma atitude tão radical, a mim, parece-me anti-verista. Não gostar de Puccini, quando se gosta de ópera, é muito estranho, porquanto a sua popularidade é imensa. Eu sei que na Terra há mais ferro do que ouro...
A Mme. Butterfly é, desde a entrada em cena da protagonista bela sem parar. E começa logo com a beleza da melodia que o soprano canta e que depois repete na sequência final do dueto de amor do primeiro acto. Pelo caminho ficam frases lindíssimas, como por exemplo "Oh, Karme, oh, karme,". O segundo acto abre carregado de musica traduzindo a fatalidade que se adivinha e que tão bem expressa é nas dúvidas de Suzuki. Aqui não conheço nada melhor na discografia do que a Los Angeles obrigando a Pirazzini a dizer "verra". Segue-se "un bel di vedremo". Tirando a "Casta Diva", não conheço melodia italiana mais bonita em ópera. Entra Yamadori e o nome deste cobre uma "full" orquestra, onde a Tebaldi brilha. O dueto com Sharpless e belo sem parar, se o ouvirmos em detalhe. O acto termina com o dueto das flores, a parte mais fraca da ópera, mas com a orquestra com alguns momentos belos, finalizado com o originalíssimo Coro a bocca chiusa.
O terceiro acto começa com um intermezzo, o melhor de Puccini, a que se segue uma parte mais calma com um ou outro ponto que merece aqtenção. Desde o momento que Butterfly sabe o que o destino lhe reserva a música emociona-nos pela sua humanidade trágica e beleza melódica.
Há uma meia dúzia de anos vi a Butterfly em Hong Kong. Para meu espanto, sem justificação, vi na assistência muitos casais mistos, principalmente ele ocidental e ele chinesa. Ao meu lado estava um deles, jovem, bonito, leve e silencioso. Durante toda a ópera estiveram de mãos ternamente dadas. No terceiro acto ela pegou várias vezes num lenço. No final da ópera saíram com poucas palavras e ele tinha olhos de reterem lágrimas. Nunca mais me esqueci desta cena tão bela.
Noutro momento falarei mais da Butterfly.
Raul
Helena,
ResponderEliminarEstou de volta...
Caro HVA,
ResponderEliminarEstou a ver que o único ser que detesta a Madama sou eu :(((
Há casos, mas isso passa :)
ResponderEliminarRaul
garanto que com o tempo vai passar!
ResponderEliminarJ.Ildefonso.
Já agora por curiosidade qual é a gravação da butterfly que o João tem?
ResponderEliminarJ. ildefonso.
Caríssimo João Ildefonso,
ResponderEliminarTenho uma interpretação com L. Price e R. Tucker, dirigidos por Leinsdorf (RCA).
Eu tenho essa em excertos e acho que a Price vai muito bem, não sendo a ideal.
ResponderEliminarSem ninguém me perguntar vou dizer o que tenho:
Em CD: a dita gravação e
Serafin:Tebaldi, Bergonzi, Cossoto
Gavazzeni: Los Angeles, Di Stefano, Gobbi
De Fabritiis: Del Monte, Gigli
Em Laser: uma versão do Scala com uma japonesa
Em cassete (desde a entrada da Butterfly): A Callas, a Scotto /Bergonzi e a Los Angeles ( Bjorling.
Raul
Eu pessoalmente admiro muitissimo a gravação karajan com a Freni/Pavarotti.
ResponderEliminarJ. Ildefonso.
Gosto da versão Sinopoli, pois acho que a orquestra está perfeitamente analisada. Isto tudo para além de conter uma voz ideal para a Butterfly, Mirella Freni, embora talvez uns aninhoas antes ainda fosse mais ideal.
ResponderEliminarRaul