Sábado passado, Erika Sunnegardh substituiu Karita Mattila, na pele de Leonora (Fidelio, de Beethoven), no Met, dado que a diva finlandesa se encontrava enferma.
A história da lírica está repleta de casos de substituições à la dernière minute, que redundam em verdadeiros volte-face na carreira dos substitutos: Scotto substitui Callas, em 1957, numa récita de La Sonnambula, e Domingo veste a pele de Calaf (Turandot), em 1968, em lugar de um Corelli indisposto.
A história da cantora lírica sueca, que aos 40 anos acedeu aos estrelato, depois de ter trabalhado como empregada de mesa, por muito romanceada que seja, é a prova de que o sonho americano não é uma miragem!
(Erika Sunnegardh)
Também eu acho que a vida pode bem começar aos 40 anos!
Indubitavelmente, a Escandinávia não cessa de produzir estrelas! Depois da morte da Nilsson, eis que o firmamento lírico se regenera!
Para os mais interessados, eis dois depoimentos entusiastas, que vaticinam glória e brilho! (aqui e aqui)
A história da lírica está repleta de casos de substituições à la dernière minute, que redundam em verdadeiros volte-face na carreira dos substitutos: Scotto substitui Callas, em 1957, numa récita de La Sonnambula, e Domingo veste a pele de Calaf (Turandot), em 1968, em lugar de um Corelli indisposto.
A história da cantora lírica sueca, que aos 40 anos acedeu aos estrelato, depois de ter trabalhado como empregada de mesa, por muito romanceada que seja, é a prova de que o sonho americano não é uma miragem!
(Erika Sunnegardh)
Também eu acho que a vida pode bem começar aos 40 anos!
Indubitavelmente, a Escandinávia não cessa de produzir estrelas! Depois da morte da Nilsson, eis que o firmamento lírico se regenera!
Para os mais interessados, eis dois depoimentos entusiastas, que vaticinam glória e brilho! (aqui e aqui)
Caro João
ResponderEliminarNão conheço a cantora em questão mas gostaria de saber se conheçes uma tal de Krassimira Stoyanova. É bulgara e as críticas elogiosas na Opera Magazine despertaram-me a curiosidade, fiz uma busca no google e descobri o seu site, bastante kitsh, mas com estractos musicais. É muito curioso porque é muito old fashion, pareçe uma boa cantora italiana dos anos 50:-)))) Tipo Tebaldi, Cerquetti. Experimenta porque para além dos inegáveis dotes vocais da senhora é muito didático enquanto evolução do gosto.
J. Ildefonso.
A propósito há um comentário sobre a mesma história num outro blog de Opera chamado parterre box presents la cieca. Mas é tudo um pouco sinistro. Esperemos até ouvir a rapariga.
ResponderEliminarJ. Ildefonso.
João,
ResponderEliminarCuriosamente ao hoje abrir o Herald Tribune (um acaso, na cafetaria da UM) vinha uma coluna referindo esta auspiciosa substituição. E deve ter sido auspiciosa, porque o HT não perde tempo com notícias sem interesse.
Não será a primeira vez que isto acontece e seria uma maravilha se acontecesse o mesmo que acomteceu em 1965 no Met (uma futura "estrela" substituir uma já existente no firmamento operático por indisposição desta), quando uma quase desconhecida Montserrat Caballé substituiu uma Marilyn Horne indisposta na Lucrezia Borgia.
Isto faz-me também lembrar a história da Kirsten Flagstad.
Raul
Caro J. Ildefonso,
ResponderEliminarUma "boa cantora italiana dos anos 50" tipo Tebaldi !!!
A Tebaldi não foi uma "boa cantora italiana", foi a "melhor cantora italiana de todo o século XX".
Quanto à grande cantora Anita Cerquetti, de quem à pressa a Callas voltou atrás com o que disse, quando em 57 soube se caso desistisse de cantar o "Un Ballo in Maschere", o Scalla convidaria a Cerquetti; e também foi ela quem substituiu a Callas na celebérrima noite de 02.01.58 na Opera di Roma cheia de tudo o que era "who´s who in Italy", incluindo o Presidente da República, a Callas, por razões de saúde não aceites pelo público, no fim do primeiro acto da Norma recusou continuar a récita. A Cerquetti foi chamada de Nápoles e cantou a Norma dois dias depois. Eu tenho essa gravação ao vivo que conta coma presença deo Corelli, da Pirazzini e do grande Giulio Neri, que morreria uns meses depois. A Cerquetti pelo menos nessa noite uma Norma que rivaliza com a Callas e isto dispensa adjectivos.
Além de ter a Cerquetti na Norma tenho a Gioconda, só superada pela Callas, porque a Callas é a Gioconda, e uma fabulosa Leonora da Forza del Destino, para além de um disco da Decca com árias da dita senhora, de tão curta carreira.
Raul
Sim Raúl
ResponderEliminarEu também gosto muito da Tebaldi e da Cerquetti e tenho algumas das gravações que referiu. Quando disse "uma boa cantora italiana dos anos cinquenta" referia-me unicamente à interpretação um pouco datada e anacrónica.... Ou nunca achou a Tebaldi uma explêndida cantora mas um pouco prosaica interpretativamente?
J. Ildefonso.
Relativamente à cantora Erika Sunnegardh, de quem eu nunca ouvi falar mas de cujos talentos não duvido, o que vem referido no blog mencionado é que a sua estreia estava prevista já a algum tempo e contactada a imprensa para fazer a dita cobertura numa manobra do Volpe para emprestar algum "glamour" à sua retirada... terá então aproveitado a indesposição da Matilla para antecipar o projecto à muito arquitectado. Aparentemente já tinha antes feito algo semelhante com a cantora Lauren Flanigan. Não sei se é verdade nem é pertinente se a Sra tiver talento mas é curioso.....
ResponderEliminarJ. Ildefonso.
Caro J. Ildefonso,
ResponderEliminarConcordo inteiramente.
Os pontos negativos da Tebaldi serão isso que o João diz (um cantar prosaico) a que acrescentaria o "sem sal" que o João Galamba já referiu, e ao que eu acrescentaria "pouca imaginação". A representar (DVD da Tosca - um completo e outros com a cena do segundo acto com o Scarpia - e DVD da Força do DEstino ) é muito convencional, até demais.
Depois de ter cometido este "pecado", o de referir os pontos negativos da Tebaldi, convido a uma reflexão sobre La Bohéme (Decca, Serafim, Bergonzi,...), CD2, pista 12, entre o segundo e o terceiro minuto. Numa maior proporção o final do primeiro acto da Butterfly com a mesma equipa.
Raul
Caro Raúl.
ResponderEliminarSão muito bonitas as faixas que refere e joias do ponto de vista vocal mas sinceramente nunca gostei muito da Tebaldi na Boheme nem na Buterfly. Sempre me pareceu com um timbre um pouco maduro para o papel o que dá um personagem um pouco "matronal". Sei que não é o que a crítica diz mas pelo contrário acho que a Tosca lhe lhe vai muito bem... é verdadeiramente original ao desenhar uma Tosca um pouco "burguesa", um pouco "lady like". Não tem o carisma da interpretação da Callas, obviamente, mas acho-a bastante apelativa. À sua maneira. E acima de tudo GLORIOSAMENTE cantada.
Continuamos portanto em descordo:-)))) Se quiser podemos falar de cinema....
J. Ildefonso.
Caro J. Ildefonso,
ResponderEliminarTudo o que diz eu comprendo perfeitamente: a Tebaldi não pode ser a joevenzinha japonesa nem a fragilíssima Mimi. A voz é potente de mais, principalmente nas suas segundas gravações, quando fez equipa com o Bergozi / Serafin; já não sei se poderemos falar assim das primeiras gravações, quando fez par com o Prandelli e dirigida pelo Alberto Erede. A voz no início da década de cinquenta era muito mais lírica e mais clara.
Mas eu não me preocupo assim tanto pelo facto de ela não ser a voz mais adequada a estas personagens, o que eu gosto, e acima de tudo o que eu adoro, é o "som tebaldiano", que posto ao serviço das melodias que Puccini escreveu para a Mimi e Butterfly é uma das mais maravilhosas experiências que os meus ouvidos tiveram e têem, porque embora tenha morrido a pessoa em causa, ficou o testemunho da voz.
Quanto à Tosca totalmente de acordo: gloriosamente cantada, em nada inferior à Callas (até muito mais segura na projecção) e muito bem interpretado, claro sem o carisma da Callas e o "drama" da Price. Quanto à Tosca "burguesa", não podia ser de outra maneira, porque a Tebaldi era, convenhamos, um bocadinho "apirosada".
Como vê, não estamos tanto em desacordo, apenas num ou noutro ponto, digamos, gostamos de enfatizar os nossos pontos de vista.
Em relação ao cinema, vou testar a sua ou não concordância. Eis seis filmes, tão díspares entre si, de que desrtaco entre aqueles a quem dou nota máxima:
C. Dreyer, Joana d´Arc
Ken Ogata, A Balada de Narayama
Ermano Olmi, A àrvore dos Tamancos
F. Coppola, Apocalypse Now
F. Fellini, Le Notte di Cabiria
I. Bergman, Morangos Silvestres
O. K. ?
Raul
João,
ResponderEliminarNão conhecia a dita cantora, mas concordo contigo... roça o piroso, apesar dos inegáveis dotes artísticos ;-)
Raul,
ResponderEliminarA história da LÍRICA ESTÁ REPLETA DE SUBSTITUIÇÕES surpreendentes!
Raul,
ResponderEliminarA Cerquetti foi muito mal tratada pelas discográficas, sem que eu perceba por quê!!!
Raul e João,
ResponderEliminarSejamos claros: a Tebaldi, como actriz, era mediocre!
Caro Raúl
ResponderEliminarEstive de férias por isso respondo ao seu desafio to tarde:-))))
Confesso que não sou cinéfilo mas agrada-me muito a sua seleção. Conheço todos os filmes que refere excepto as obras do Ken Ogata e do Ermano Olmi. Os Morangos Silvestres também fazem parte da minha lista de favoritos, tal como a Joan d'Arc do Dreyer e as Noites de Cabiria, se bem que do Fellini prefira o Amacord. Visconti também faz parte da minha lista:-)))
Realmente em cinema pareçe que não temos muito que "argumentar".
J. Ildefonso.
Caro João.
ResponderEliminarPareçe que a dita senhora vai ter a oportunidade de cantar o D.Carlos em Barcelona com um bom elenco e um bom maestro. è uma oportunidade. Pode ser que com a devida orientação ainda possa vir a surpreender. Gostava que assim fosse porque a voz é bela e é o que mais pareçido ouvi com um "Soprano Verdiano" nos últimos tempos.... seja lá isso o que for! Ora aí está um bom tema para um comentário do Dissoluto Punito.
J. Ildefonso.
J. Ildefonso.
A propósito de novas vozes comprei o c.d. Virgin de arias de Mozart pelo mezzo Elina Garanca e juro que nunca ouvi voz mais semelhente à de Teresa Berganza jovem! Alguem conhece a cantora em questão?
ResponderEliminarJ. Ildefonso.
João,
ResponderEliminarA Cerquetti foi muito mal tratada pelas editoras, porque se retirou de cena com menos de 30 anos. Gravou o disco de árias, a Gioconda e não houve mais tempo.
Raul
João,
ResponderEliminarPara saber mais sobre a Cerquetti vai ao www.yahoo.com e no segundo título encontra uma biografia comparada dela e da grande Caterina Mancini, de quem eu tenho o Nabucco e o Ernani.
Raul
João,
ResponderEliminarMuito me contas! Um Don Carlo, em Barcelona? É só esperar para ver! Depois, dir-me-ás ;-)
Um abraço
João,
ResponderEliminarRecordo a crítica da Diapason, à gravação da Garanca. Não a considerando indispensável, dão-lhe 4/5... Mais, não sei!
Raul,
ResponderEliminarNão sabia que a Cerquetti se tinha retirado tão cedo! Antes dos 30 anos?! Por que razão? Sei, também, das gravações de que fala, e ainda de um best of, que gravaou para a DECCA, que não possuo, com muita pena minha :-(
João,
ResponderEliminarUm conjunto de circuntâncias: morre-lhe o pai a que estava muito ligada, é mãe pela primeira vez, terá tido alguns problemas de saúde e sem dúvida que a voz começou precocemente a deixar pressentir algum desgaste e antes que fosse notório, foi-se. Há também o desejo de constituir família estável e um desinteresse por vedetismos.
Dela possuo em estúdio uma grande Gioconda com a nata da DECCA (del Monaco, Bastianini, Simionato e Siepi9 Um disco de árias também da Decca ( um "must" ) e depois gravações ao vivo: eu tenho a Norma (c/ Correlli, Pirazzini, Neri), Ernani (del Monaco, Bastianini, Cristoff) e a Força do Destino ( del Monaco, Protti, Cristoff, Simionato, Capecchi). Tudos joias.
Raul