Tristan und Isolde é uma obra-maior.
Tristão e Isolda, à semelhança da grande maioria das composições operáticas de Wagner, foi escrita e orquestrada pelo próprio compositor, num exercício expressivo de omnipotência e autarcia, tão caro e familiar à personalidade narcísica do criador de Bayreuth.
A obra - maioríssima, repito - é longa e sensual; tremenda, na explicitação de um erotismo que transcende a carnalidade, exalta a grandiosidade do amor, evoca a transcendência, impele à redenção pela morte, que surge como a última das escapatória da humanidade.
Dir-se-ia que os eixos da problemática romântica - perda, pessimismo, inexorabilidade do destino e morte, não raras vezes camuflados, ora pela mania, no sentido mais psicopatológico do termo (defesa contra a depressão), ora por operações defensivas mais narcísicas - se materializam, despudoradamente, na produção operática de Richard Wagner.
Em Tristão e Isolda, a ansiedade depressiva é, com efeito, magnânime.
A própria simbólica se lhe submete: a noite, a predominância do negro, as trevas e demais símbolos surgem como representações de uma vivência condenada, pecaminosa, sombria, triste e errante.
Tristão cresce sob o signo da culpailidade depressiva: responsável pela morte da mãe, que por ele morre, carrega o fardo de uma existência solitária, infinitamente triste; Isolda, nobre na linhagem, modos e carácter, está condenada ao infortúnio: perde o primeiro amor, a ele se ligando sob a forma de um luto enquistado, resigna-se a um segundo casamento, sem amor.
Aos amantes, une-os a perda, no infortúnio das trevas, da noite, único espaço possível de existência...
(cont.)
Tristão e Isolda, à semelhança da grande maioria das composições operáticas de Wagner, foi escrita e orquestrada pelo próprio compositor, num exercício expressivo de omnipotência e autarcia, tão caro e familiar à personalidade narcísica do criador de Bayreuth.
A obra - maioríssima, repito - é longa e sensual; tremenda, na explicitação de um erotismo que transcende a carnalidade, exalta a grandiosidade do amor, evoca a transcendência, impele à redenção pela morte, que surge como a última das escapatória da humanidade.
Dir-se-ia que os eixos da problemática romântica - perda, pessimismo, inexorabilidade do destino e morte, não raras vezes camuflados, ora pela mania, no sentido mais psicopatológico do termo (defesa contra a depressão), ora por operações defensivas mais narcísicas - se materializam, despudoradamente, na produção operática de Richard Wagner.
Em Tristão e Isolda, a ansiedade depressiva é, com efeito, magnânime.
A própria simbólica se lhe submete: a noite, a predominância do negro, as trevas e demais símbolos surgem como representações de uma vivência condenada, pecaminosa, sombria, triste e errante.
Tristão cresce sob o signo da culpailidade depressiva: responsável pela morte da mãe, que por ele morre, carrega o fardo de uma existência solitária, infinitamente triste; Isolda, nobre na linhagem, modos e carácter, está condenada ao infortúnio: perde o primeiro amor, a ele se ligando sob a forma de um luto enquistado, resigna-se a um segundo casamento, sem amor.
Aos amantes, une-os a perda, no infortúnio das trevas, da noite, único espaço possível de existência...
(cont.)
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ResponderEliminarGrandioso! Estou adorando ver a ópera (que eu quase nem conheço) estudada sob este ponto de vista.
ResponderEliminarUm abraço desde a distante São Paulo, no Brasil
Caríssima,
ResponderEliminarMuito obrigado ! Folgo em saber que os meus escritos são lidos em terras de Vera-Cruz !
Um abraço ;-)