No final da década de cinquenta, a carreira d´A Callas sofreu o primeiro revês. A voz exibia um vibrato progressivamente mais descontrolado, perturbador e inquietante, quiçá, secundário aos esforços sobre-humanos a que fora sujeita entre ´49 e 57, período correspondente à sua afirmação operática.
Os contratos decresciam a uma velocidade estonteante, de temporada para temporada...
Apesar da sua aclamada estreia em Paris, em 1958, no mesmo ano, a cantora fora dispensada pelo Met, bem como pela direcção do alla Scala, parcialmente na sequência da sua imensa intransigência.
Um pouco por todo o mundo, as apresentações públicas da cantora greco-americana passaram a assumir, de uma forma quase exclusiva, a forma de concertos.
A cantora regressaria à cena em meados da década de ´60, movida por questões eminentemente financeiras, para interpretar, em Paris e em Londres, dois dos papeis com que mais se identificara: Tosca e Norma.
A ruptura com Onássis - porventura a mais públicas das humilhações de que Maria Callas foi vitima - apressou o declínio da carreira desta extraordinária criatura.
O presente registo (EMI 7243 5 66460 2 5) - integralmente consagrado a Verdi - constitui um testemunho impressionante deste período de mudança. Nele estão presentes duas soberbas encarnações de papeis marcantes da carreira da grande cantora, que apenas foram interpretados, em cena, escassas vezes: Lady Macbeth e Abigaille.
Em qualquer uma destas complexas e tremendamente exigentes personagens, Maria Callas dá corpo e alma - sobretudo - a duas anti-heroínas verdianas.
Vocalmente, o brilho vem dos graves (tão fundamentais a ambas as mencionadas personagens como a agilidade dos agudos): seguros, bem apoiados e tremendamente dramáticos.
A técnica - assaz falível... -, inteligentemente, permite-lhe contornar os problemas que o registo agudo lhe começara a colocar.
A Lady Macbeth deste registo é, seguramente, a mais brilhante da história discográfica, distando daquela que a interprete encarnara no alla Scala, em ´52, sob a direcção de De Sabata, e que enlouquecera o público milanês.
Não menos brilhante é a Abigaille, a cuja ária - hélas - falta a cabaletta... Plena de malignidade e calculismo, ódio e rancor, esta encarnação arrebata pela entrega dramática, que é absoluta !
Este recital conta, ainda, com duas soberbas árias de óperas que a Callas jamais interpretou em cena: Don Carlo e Ernani, respectivamente Tu che la vanità e Surta è la notte... Ernani, Ernani, involami, árias do repertório spinto, tão caro a esta extraordinária figura da história da interpretação musical.
Seguramente um dos mais dramaticamente estonteantes recitais de La Divina !
Os contratos decresciam a uma velocidade estonteante, de temporada para temporada...
Apesar da sua aclamada estreia em Paris, em 1958, no mesmo ano, a cantora fora dispensada pelo Met, bem como pela direcção do alla Scala, parcialmente na sequência da sua imensa intransigência.
Um pouco por todo o mundo, as apresentações públicas da cantora greco-americana passaram a assumir, de uma forma quase exclusiva, a forma de concertos.
A cantora regressaria à cena em meados da década de ´60, movida por questões eminentemente financeiras, para interpretar, em Paris e em Londres, dois dos papeis com que mais se identificara: Tosca e Norma.
A ruptura com Onássis - porventura a mais públicas das humilhações de que Maria Callas foi vitima - apressou o declínio da carreira desta extraordinária criatura.
O presente registo (EMI 7243 5 66460 2 5) - integralmente consagrado a Verdi - constitui um testemunho impressionante deste período de mudança. Nele estão presentes duas soberbas encarnações de papeis marcantes da carreira da grande cantora, que apenas foram interpretados, em cena, escassas vezes: Lady Macbeth e Abigaille.
Em qualquer uma destas complexas e tremendamente exigentes personagens, Maria Callas dá corpo e alma - sobretudo - a duas anti-heroínas verdianas.
Vocalmente, o brilho vem dos graves (tão fundamentais a ambas as mencionadas personagens como a agilidade dos agudos): seguros, bem apoiados e tremendamente dramáticos.
A técnica - assaz falível... -, inteligentemente, permite-lhe contornar os problemas que o registo agudo lhe começara a colocar.
A Lady Macbeth deste registo é, seguramente, a mais brilhante da história discográfica, distando daquela que a interprete encarnara no alla Scala, em ´52, sob a direcção de De Sabata, e que enlouquecera o público milanês.
Não menos brilhante é a Abigaille, a cuja ária - hélas - falta a cabaletta... Plena de malignidade e calculismo, ódio e rancor, esta encarnação arrebata pela entrega dramática, que é absoluta !
Este recital conta, ainda, com duas soberbas árias de óperas que a Callas jamais interpretou em cena: Don Carlo e Ernani, respectivamente Tu che la vanità e Surta è la notte... Ernani, Ernani, involami, árias do repertório spinto, tão caro a esta extraordinária figura da história da interpretação musical.
Seguramente um dos mais dramaticamente estonteantes recitais de La Divina !
Peço desculpa, mas a Callas interpretou em cena o Don Carlo a 12, 17, 23, 25 e 27 de Abril de 1954 no Scala, dirigida pelo maestro Antonino Votto e actuando com a grande Ebe Stignani na Eboli, o Nicola Rossi-Lemeni no Filipe II e Enzo Mascherini no Rodrigo, entre outros.
ResponderEliminarRaul
Raul,
ResponderEliminarFica registada a correcção :-)