Esta Tosca não está à altura do nível da interpretações de Karita Matilla noutras óperas. É só confirmar nos vastos exemplos do Youtube. A voz é desadequada, faltando-lhe o veludo necessário que no seu tempo a Gheorghiu tão bem consegue. O trunfo desta gravação é o Scarpia de George Gagnedize, italianíssimo, embora ele seja georgiano, o melhor que eu conheço entre os recentes, muito mais a mau gosto que Byrn Terfel. E consegue-o dentro dos limites que a encenação lhe impõe. Um bom Scarpia tem de ser um bom barítono verdiano. Aliás a Tosca é a mais verdiana das suas óperas, na minha opinião.
A própria cantora deve ser da sua opinião Raul porque decidiu retirar o papel do seu reportório o que me parece uma decisão de grande sentido de responsabilidade e profissionalismo. Boas Festas a Todos.
no que concerne à Tosca de Mattila, pese embora, na minha óptica, a intérprete suceda em reter, precisamente, o timbre aveludado que a caracteriza, considero que tende a forçar o instrumento. A coluna de som não demonstra ser suficientemente capaz de comportar a tremenda carga dramática que o papel encerra, comprometendo não só a emissão como também o ataque em determinadas frases de maior fragor expressivo.
Gagnidze será, antes de mais, um cantor de extrema solidez como o provam as suas abordagens de personagens emblemáticas tais como Scarpia ou Rigoletto. Não encerrando um timbre particularmente distintivo, com suficiente projecção vocal, num instrumento medianamente encorpado, revela um salutar envolvimento dramático, ainda que, por vezes, de cariz genérico.
É pena porque acho que a Matilla revela uma identificação perfeita do personagem mas infelizmente os meios vocais não permitem que o retrato seja nítido e "natural". Talvez noutras circunstâncias, noutro teatro ou em estúdio pudesse concretizar a sua visão de forma mais satisfatória. Também a Tosca da Verret (dvd) não totalmente satisfatória mas agrada e comove muito mais.
a propósito de Shirley Verrett, recordo que, aquando de uma produção no Teatro alla Scala de Un Ballo in Maschera (1977/78), na qual a cantora interpretava o papel de Amelia, tanto o público como a crítica milanesa queixavam-se da ausência de um centro vocal, ou seja, um ponto de equilíbrio na mediação dos registos grave e agudo.
Eu já ouvi esse cd disponível na myto e gostei muito. Creio que essa foi a fase em que a Verret começou a cantar os papeis de soprano, Macbeth, Amélia do baile de Máscaras, Tosca, Norma no entanto acho que em meados dos anos 80 voltou a cantar o reportório de meio-soprano. Não me parecem escolhas muito judiciosas e penso que a voz se ressentiu.
Bom Ano a todos e a si, João e à sua família. Festejemos este final do ano por termos entre nós estas glórias:
Magda Olivero (1910) Ligia Albanese (1913) Risë Stevens (1913) Lisa della Casa (1919) Inge Borkh (1921)
Como vêem, isto até no canto só dá para as mulheres. Nós, homens, temos de ter cuidado com as comidas. Eu ando a pagar há um mês a falta de comida saudável durante muitos anos. Um abraço
Esta Tosca não está à altura do nível da interpretações de Karita Matilla noutras óperas. É só confirmar nos vastos exemplos do Youtube. A voz é desadequada, faltando-lhe o veludo necessário que no seu tempo a Gheorghiu tão bem consegue. O trunfo desta gravação é o Scarpia de George Gagnedize, italianíssimo, embora ele seja georgiano, o melhor que eu conheço entre os recentes, muito mais a mau gosto que Byrn Terfel. E consegue-o dentro dos limites que a encenação lhe impõe. Um bom Scarpia tem de ser um bom barítono verdiano. Aliás a Tosca é a mais verdiana das suas óperas, na minha opinião.
ResponderEliminarOlá Raul
ResponderEliminarA própria cantora deve ser da sua opinião Raul porque decidiu retirar o papel do seu reportório o que me parece uma decisão de grande sentido de responsabilidade e profissionalismo.
Boas Festas a Todos.
Caro Raul,
ResponderEliminarno que concerne à Tosca de Mattila, pese embora, na minha óptica, a intérprete suceda em reter, precisamente, o timbre aveludado que a caracteriza, considero que tende a forçar o instrumento. A coluna de som não demonstra ser suficientemente capaz de comportar a tremenda carga dramática que o papel encerra, comprometendo não só a emissão como também o ataque em determinadas frases de maior fragor expressivo.
Gagnidze será, antes de mais, um cantor de extrema solidez como o provam as suas abordagens de personagens emblemáticas tais como Scarpia ou Rigoletto. Não encerrando um timbre particularmente distintivo, com suficiente projecção vocal, num instrumento medianamente encorpado, revela um salutar envolvimento dramático, ainda que, por vezes, de cariz genérico.
Faliz Natal e Bom Ano de 2012 para si João e para a Família.
ResponderEliminarBoa analise Hugo.
ResponderEliminarÉ pena porque acho que a Matilla revela uma identificação perfeita do personagem mas infelizmente os meios vocais não permitem que o retrato seja nítido e "natural". Talvez noutras circunstâncias, noutro teatro ou em estúdio pudesse concretizar a sua visão de forma mais satisfatória.
Também a Tosca da Verret (dvd) não totalmente satisfatória mas agrada e comove muito mais.
Caro João Ildefonso,
ResponderEliminara propósito de Shirley Verrett, recordo que, aquando de uma produção no Teatro alla Scala de Un Ballo in Maschera (1977/78), na qual a cantora interpretava o papel de Amelia, tanto o público como a crítica milanesa queixavam-se da ausência de um centro vocal, ou seja, um ponto de equilíbrio na mediação dos registos grave e agudo.
Hugo
ResponderEliminarEu já ouvi esse cd disponível na myto e gostei muito. Creio que essa foi a fase em que a Verret começou a cantar os papeis de soprano, Macbeth, Amélia do baile de Máscaras, Tosca, Norma no entanto acho que em meados dos anos 80 voltou a cantar o reportório de meio-soprano. Não me parecem escolhas muito judiciosas e penso que a voz se ressentiu.
Bom ano para todos :)
ResponderEliminarBom Ano a todos e a si, João e à sua família.
ResponderEliminarFestejemos este final do ano por termos entre nós estas glórias:
Magda Olivero (1910)
Ligia Albanese (1913)
Risë Stevens (1913)
Lisa della Casa (1919)
Inge Borkh (1921)
Como vêem, isto até no canto só dá para as mulheres. Nós, homens, temos de ter cuidado com as comidas. Eu ando a pagar há um mês a falta de comida saudável durante muitos anos. Um abraço