Caro Luis, Também reconheço que a Aida referida é excepcional pelo conjunto dos intérpretes e, por isso, a possuo, mas o que torna única a Aida referida no blogue é a presença da Price, por muito fabulosa que seja, e é, a prestação da Caballé. A Price é Aida como a Callas é Norma. Em Milão quando a cantora cantou o papel em 1960, a imprensa italiana referiu que a Price era a Aida com que Verdi sonhou. Ao ouvimos a intérprete há uma explosão sentimental, um conjunto de sensações, uma verdade e sinceridade a que a cor exótica da voz da Price nos transporta que não encontramos na Caballé, nem na Tebaldi, para falar de supremas intérpretes do papel. Quanto aos restantes intérpretes estou de acordo, embora estejemos a falar de cantores excepcionais como Jon Vickers. Rita Gorr não é a Cossotto, modelo de Amneris, mas era uma cantora de excepção. O dueto do Nilo Price-Merril é dos melhores da discografia. Ouvir o Ritorna Vincitor pela Price é o exemplo do que quis afirmar. Um abraço
Bom dia a todos.Alguém já ouviu alguma versão da "granada" cantada por uma mezzosoprano? eu pensei que era só cantada por um homem,mas qual meu espanto,este fim de semana a Sra. Elina Garanca presenteia-me com uma versão da dita,ao vivo e a cores :) não saiu mal,ou era eu que nunca estive formatado para ouvir aquilo numa voz de senhora.Grande mulher.
Na minha perspectiva, as três gravações cimeiras da Aida de Verdi, no que à discografia comercial concerne, são Solti (Decca), Muti (EMI) e Karajan (Decca).
Tenho as três Aïdas mencionadas - e mais umas quantas: a de Leinsdorf, com a mesma Price (RCA), a da Callas em estúdio, entre outras. Ainda só tive ocasião de escutar os primeiros dois actos e já estou rendido, embora saiba que o melhor está para vir!
Vickers é ainda mais consistente que Bergonzi e Gorr roça o sublime - cuja materialização é Cossotto, sem hesitações. Price não pode ser mais Aïda, mas os pianissimi de Caballé... meu Deus...
Quanto a Solti, é esmagador, com uma leitura hercúlea, majestosa e teatralíssima...
Caro Hugo, Totalmente de acordo e possuo as três. A do Karajan tive-a muitos anos em LP. Tenho a da Callas em excertos só para captar o dueto pai-filha. Possuo também a gravação histórica de 1946 dirigida pelo Serafim, principalmente para ter a Amneris da Stignani e porque estamos a falar de cantores de um tal calibre (Gigli, Caniglia, Stignani, Becchi, Pasero, Tajo) que só a mão invísivel de Deus pode juntar numa gravação.
possuo igualmente esse icónico registo de 1946 que documenta o mais superlativo e emblemático dos elencos no que à Lírica italiana daquela Era respeita. Acredite ou não, foi a minha primeira Aida em CD.
Relativamente às restantes versões em discussão sinto-me incapaz de eleger uma em detrimento das demais, preferindo salientar as virtudes de cada uma. Majestosas Simionato, Gorr e Cossotto, heróico Vickers, a elegância viril de Bergonzi, deslumbrante Price, imaterial Caballe, a soberba altivez guerreira de MacNeil, Merrill e Cappuccilli. Enfim...
por falar na Aida de Callas, designadamente no dueto com Amonasro, um dos momentos que mais me deleita encontra-se preservado na célebre gravação captada ao vivo no México em 1951. Trata-se da indignação do monarca etíope traduzida na frase "Mia figlia ti chiami!". Não por acaso, o barítono é Giuseppe Taddei. Inultrapassável.
A minha escolha (se é que se pode dizer assim) recai na de Muti por causa do quinteto vocal que apresenta, ainda que, individualmente, haja outras gravações mais interessantes (de facto, Price é a suprema Aida, Bergonzi um Radamés extraordinário, a leitura de Karajan com a Filarmónica de Viena de uma poesia sublime e simultaneamente de uma força estonteante). É um pouco como o Don Giovanni de Giulini ou o Don Carlo de Solti.
Caro Hugo Santos: Mais uma coincidência. Veja lá que a minha primeira caixa de LPs de uma ópera completa foi essa Aida, de que em minha casa os da geração anterior falavam da reabertura do São Carlos, quando o grande quarteto mais o Neri vieram cantar a Força do Destino logo depois a guerra. Comprei a ópera, teria uns 16 anos "ilegalmente" a um amigo que andava a desfazer-se de algumas óperas lá da casa dele. Passadas semanas comprei a Tosca da Tebaldi e o Barbeiro de Sevilha do par Gobbi-Callas. Ainda possuo destas aquisições as respectivas capas, pois numa delas, ostento o autógrafo do Gobbi quendo veio a Portugal cantar o Falstaff em 1971 e deu uma conferência no Técnico a propósito do seu trabalho. Desta Aida mágica lembro também no dueto do Nilo, o ponto alto do drama e da ópera, os quatro versos proferidos pela Caniglia a seguir à maldição do pai: "Padre!...a costora...schiava...non sono/ Non maledermi...non imprecarmi/ Ancor tua figlia potrai chiamarmi/ Della mia patria degna saro (estas duas palavres com que graves!). Também retenho para sempre a ordem de Amneres (Ebe Stignani) para que os guardas tragam Radamés: "Guardie, Radames qui venga". Como sabe a voz da Caniglia nesta gravação já acusava aquela acidez que a acompanhou até ao fim e de que até o Lauri-Volpi fala no seu "Voci Paralelli", mas amim não me importa, pois gosto mundo daquele timbre um pouco desigual, muito autoritário, mas tão italiano e, acima de tudo, tão do mundo da ópera. Quanto à passagem que referiu com a Callas/Taddei eu fui ouvi-la, pois tenho uma colecção de gravações ao vivo da Callas, chamada "VivaDiva", onde vêm excertos dessa Aida. Ouvi com maior atenção e todo o dueto, talvez um pouco mais lento, com as frases do Taddei bem pesadas no que pensa, é uma lição de canto. Não há pai assim e essa indignação que refere, propositadamente num tom diferente, sem aquela fúria de palavras que então Amonasro grita, é, como diz , uma joia pela precisão do tom das palavras com o seu conteúdo. Esqueci-me de dizer que tenho mais duas Aidas, mas em dvd, a de Tóquio (1961) e a da Arena de Verona (1965), mas comprei-as pelas Amneris, respectivamente a Simionato e a Cossoto, pois que as Aidas em questão ou não é nada de especial, por falta de meios (Tucci) ou já têm a voz precocemente muito gasta e feia (Gencer).
Caro Luís, estou totalmente de acordo consigo. Os modelos serão talvez: Aida: Price Radamés: Bergonzi Amneris: Stignani, Simionato, Cossoto Amonasro: há muitos que são bons Karajan e a Filarmónica de Viena Um abraço Raul
se não estou em erro, Gobbi chegou a ser condecorado pelo então presidente da república Américo Thomaz aquando da sua vinda a Portugal para essa produção do Falstaff. Tal terá ocorrido em 1970, embora não possa, neste momento, precisar. O elenco incluia Renato Capecchi, Claudia Parada (ainda enquanto soprano), Fedora Barbieri, Mariella Adani, Ugo Benelli, Piero de Palma e Rosina Cavicchioli, entre outros.
Relativamente a essa verdadeira constelação de estrelas, cujo superior nível artístico o público lisboeta teve a ventura a fruir, não será demais evocar a Aida, a Forza, o Trovador ou o Baile de Máscaras. Autênticas récitas de antologia que o São Carlos albergou.
Termino, colmatando um lapso involuntário, igualmente respeitante a um momento particular da Aida. No dueto do Acto IV entre Amnéris e Radamés, quando a primeira lança a frase "Chi ti salva, o sciagurato, dalla sorte che ti aspetta?", a voz de peito empregue de modo fastidioso por Cossotto neste último conjunto de palavras é único, quase paradigmático. Somente Simionato se aproxima. A esmagadora maioria dos mezzos "empalidece" nesta fracção, não imprimindo o justo peso vocal a que este fim de frase obriga.
Caro Luís, Sim, sem dúvida. Uma grande Amneris e uma grande cantora, também perfeita na Eboli, Carmen e Vénus, que são os registos que tenho dela. Claro que a conheço no lied e em árias soltas. Há poucos anos, já com sessenta e muitos cantou um "Mon coeur s'ouvre à ta voix" muitíssimo bom. Foi numa gala na Alemanha,mas não me lembro onde e até tenho o Dvd, mas não está aqui comigo. Um abraço
Caro Hugo, Confusão minha. Claro que o Falstaff foi em 1970. Até me lembro de no jornal vir o Marcelo Caetano a cumprimentar o Tito Gobbi no intervalo. De todos os cantores tenho autógrafos e recordo a Fedora Barbieri como uma pessoa bem divertida. Ai, como eram engraçados esses tempos em que eu e mais um grupo de umas 10 a 15 pessoas, geralmente 80% sempre as mesmas, esperávamos pacientemente os cantores por uma saída ao lado do palco e de onde saíam sempre. Isto tudo se passava no Coliseu. Quando passei a ir ao São Carlos nunca mais pedi autógrafos e fui burro, pois podia agora ter um da Nilsson quando a vi no Crepúsculo em 1976. Em 1971 foi o Don Giovanni. Tanto nesta ópera como no Falstaff o Gobbi veio como cantor e encenador e lembro-me de se dizer que pelos três espectáculos (2 em São Carlos e um no Coliseu) cobrou para cada ópera 900 contos na moeda antiga.
Gostava de referir a Amneris da Verret que acho que não desmereçe as já referidas. Ninguém comenta a Norma? A Scotto já não está muito fresca e os agudos são um pouco metálicos mas ainda faz coisas bonitas. Existe também uma gravação ao vivo em Itália com a Scotto como protagonista e a Adalgisa da Marguerita Rinaldi que me desperta a curiosidade. Alguém me sabe aconselhar? Ouvi dizer que a Bartoli grava a Norma com a Adalgisa da Sumi Jo!
à data do registo, ambas as intérpretes, cuja data de nascimento dista cerca de uma ano (Scotto - 1934, Rinaldi - 1935), encontravam-se em plena maturidade, pese embora a voz de Rinaldi seja, intrinsecamente, muito mais redonda e retenha um maior lirismo face ao instrumento de Scotto.
Embora este Post seja já um bocadinho velhinho, só agora lhe posso dar uma boa atenção: Caros, embora haja leituras importantíssimas e históricas da Aida em versão áudio, não nos podemos esquecer que a Aida é MUITO MUITO ESPECTÁCULO para ser visto e escutado e não é por nada que assim que o suporte Vídeo começou a ser comercializado o que não deixou de aparecer aí no mercado foram exactamente as Aidas em suporte vídeo, agora DVD ou Blu-ray. No presente momento da técnica de gravação, nas Aidas dou-lhes a primazia. Assim, como a Aida é grande espectáculo, sou amante das encenações tradicionais e espectaculares e em espaços abertos, estilo Arena di Verona. Mas não só… Refiro como importantes todas as gravações da Aida na dita Arena, embora muita das vezes, nem tudo é perfeito, tem que se admitir. A de 81 com Chiara, Cossotto (sempre uma fúria como a princesa Amneris) e Martinucci; a dos inícios de 90s, também com Chiara a fazer já ressentir um certo desgaste , La Dolora Zajick e um impossível Kristjan Johannsson como Radamés. Há uma versão com Cura, Valayre e Larissa Diadkova, encenação Pier Luigi Pizzi inícios de 2000, que nunca viu a luz do DVD, mas lembro-me dela na TV. …Quando havia ópera mais frequentemente na nossa TV, que é como quem diz, no Século passado!!! :-( … Claro que os grandes teatros também tentam fazer valer as suas Aidas, a ver se cai mais algum cash nos seus bolsos. Assim, a primeira versão que destaco é fulminante: Price, Pavarotti, Stefania Toczyska, Estes, Garcia Navarro San Francisco Opera 81. Segue-se La Scala Dezembro de 85, Maazel, Chiara, Pavarotti, Paata Burchuladze, Ghena Dimitrova, Pons. Há uma Caixa de DVDs Pavarotti editada pela Arthaus Muzik que tem esta gravação, completada com um Making of raríssimo para a época em TV, só que no seu preço actual acho-a um pouco proibitiva e exploratória do fenómeno Pavarotti. Como diz um Blogger avisado e frequentador desta casa: quando ela estiver a 10 Euros, eu compro! :-D :-D Vem a seguir, e obviamente, o Met em 88 com Levine, Domingo, Millo, la Dolora Zajick no seu início de reinado como a Amneris de eleição do Met e um Milnes em fim de carreira numa encenação que, embora não seja de Zeffirelli, tresanda a Zeffirelli. A propósito de Zeffirelli, é dele a última Aida moderna que vale a pena adquirir: Chailly, Violeta Urmana, Roberto Alagna a dias do seu famoso escândalo nesta mesma produção, Ildiko Komlosi, um Guelfi impossível (!!), Alla Scala Dezembro de 2007, se não me engano. Da última versão da Zurich Oper com Nina Stemme, Licitra, Luciana D´Intino, Pons e Salminen, dirigidos por Adam Fischer e com encenação de Nicolas Joel , muito falada devido a “transportarem” a Aida para a data da sua elaboração em meados e finais do Séc. XIX, não posso exprimir opinião porque nunca lhe pus a vista em cima e nem me agrada muito esta transposição. De fugir é a nova versão do Festival de Bregenz, encenada pelo nosso badalado Graham Vick e dirigida por Carlo Rizzi, que, por aquilo que pesquisei no You Tube, tem cortes na partitura (!!), o elenco coloca-se somente ao nível do aceitável, na Marcha Triunfal ergue-se a Estátua da Liberdade nova-iorquina símbolo do capitalismo reinante e no Baletto seguinte uma espécie de Gangs urbanos, israelitas, talibans ou lá o que é DEGOLAM ou ESTRANGULAM no final deste as escravas muçulmanas que com eles dançavam freneticamente e aos gritos, Blá, Blá, Blá, Blá… Com Eurotrash desta natureza não contem com a minha carteira, nem ao preço da dita uva! ;-D Como os meus sermões são muito compridos ;-D :-D segue-se em seguida a 2ª parte deste não menos paquidérmico Post, porque tanta verborreia não cabe de uma só vez na admissão de espaço para os Posts deste Blogue. Paciência ;-)) LG
Continuando, tenho a referir que, segundo os passarinhos que andam a cantar/contar na Net, a Decca vai lançar uma nova Aida at the Met em DVD, a mesma encenação do costume, espectáculo de 2010 em Alta Definição (of cross! ;-D ) com o paquidérmico Johan Botha, Urmana de novo, a eterna La Zajick, Roberto Scandiuzzi (veremos como este se comporta) e de novo o impossível Guelfi como Amonasro. Será Daniele Gatti na direcção de orquestra que mais salvará a função? A comprar e… a ver vamos. :-) Tudo isto para dizer, meus caros, que o meu primeiro contacto com a Ópera em si, tinha eu os meus 12 aninhos, ocorria o ano de sua graça de 1977 e pela Televisão, a preto e branco, entrava uma Aida carregadinha de obeliscos, hieróglifos e Amneris cheia de lápis-lazuli e fiquei coladinho à TV pelo espectáculo de Egiptologia que se me oferecia à frente. A partir daí a Aida, para mim, tinha o seu destino traçado ;-) Se isto foi o meu Opera Boom? Não! Isso só uns bons anos depois. Do que eu indaguei, após muitos anos, só me chegou a informação de que a Aida seria La Montserrat Caballé e seria uma transmissão ou do Scala ou de Madrid. Nunca mais lhe pus a vista em cima. A seguinte Ópera na íntegra a que assisti, também via TV a preto e branco, foi em 1981 já com 15 aninhos, a mesma Aida de Verdi mas, desta vez, a de S. Carlos; produção Ferruccio Villagrossi e Paolo Trevisi. João de Feitas Branco apresentava a noite de Ópera na TV, no 1º Canal e em Directo do S. Carlos!! … Rói-te de inveja, TV mal cheirosa de agora! … Reinavam no palco La Zampieri, no início do seu reinado no S. Carlos, como a escrava egípcia; Stefania Toczyska vinha ou ia para S. Francisco enfrentar Pavarotti, Margaret Price e Simon Estes enquanto também fazia aqui a Amneris; Nicola Martinucci era um dos Radamés de primeiríssima água ao tempo e rei deste papel na Arena di Verona. Não tenho a certeza se Amonasro era Gian Piero Mastromei e também não sei se estou a dar um pontapé na Gramática lírica com o nome do senhor. Não tenho também a certeza quanto ao maestro, seria Franco Ferraris? De Ramfis é que não me lembro mesmo nada. Alguém daqui se lembra ou me pode esclarecer?? Anyone??...;-) Eu bem sei que este Post já é um bocado antiguinho… :-\ Achei a produção menos fantástica do que aquela que tinha pregado o olho em 77, mas para o portugalzito português daquela época não estava nada mal. Ainda me lembro do sofá estar quente nessa noite fria, dado que eu ali fiquei especado toda a noite. :-D E papá, mamã e irmãos não deram um pio de eu estar a ouvir aquela música de berros pela noite dentro na TV. Enfim… a sorte que eu tinha :-) :-D Se isto foi o meu Opera Boom? Não! Isso só uns dois anos depois, com o velhinho disco da Great Maria, Thee Callas! Depois veio o meu disco número 2, exactamente extractos (Highlights) desta mesma Ópera: Karajan versão2 para a EMI78/79 com a Freni, Carreras, Baltsa, Van Dam e Cappuccilli; versão esta que só muito recentemente adquiri na íntegra e que muito valor lhe dou ali na minha Discoteca. Após muitos CDs, Vídeos e DVDs da Aida, o seguinte acontecimento “Aidesco” de monta foi ao vivo no S. Carlos, nova produção e correndo o ano de 1999. Já mais adulto… But… that´s another story already Muito obrigado pela paciência. LG
Pois essa récita com Cossotto, em Verona, é um assombro! Claro, pour une fois, a ópera mudou de nome, chamando-se Amneris. O resto é mais para o banal... A do Met não enta para a história, com uma derivação zeffirelliana...
Caro Dissoluto, Não achei essa última Aida de 99 no S. Carlos tão fraquinha fraquinha como diz. Walter Fraccaro foi um bom Radamés, Irina Mishura uma muito boa Amneris e o que mais me impressionou pela positiva foi o vozeirão de Alexandru Agache como Amonosro. Alexandru Agache que está aqui neste Post numa das suas melhores prestações cénicas e vocais e num dos melhores suportes Vídeo de Simon Boccanegra: a de Solti para o Covent Garden. Quando estiver a 10Euros, eu compro! ;-D O problema residiu exactamente em Ana María Sánchez. A adiposidade da senhora não me incomodou muito, a voz era encorpada para uma Aida, só que… chegava aos agudos pianos e em forte e, como você diz e muito bem, piava fininho. Foi uma relativa desilusão da Récita. Mas tenho boas recordações dessa Aida porque, após a Récita, eu e uma amiga minha do Coro do S. Carlos jantamos com Simon Orfilla que encarnava o Faraó do Egipto nessa mesma Aida. Era um mulherengo inveterado e bem disposto :-) Mantenho boas recordações desse jantar. Sei que ainda faz carreira pela Espanha e por essa Europa fora :-)
Agora quanto à Aida do Met. Apesar de não ser de Zeffirelli a corrente produção Aidesca at the Met, esta, para mim, não se revela nada má. Bem ate pelo contrário. Era para ser o próprio Zeffirelli a fazê-la, mas devido a exigências monumentais que este mesmo pediu, o Met não esteve para lhe consentir as idiossincrasias e optou por um sucedâneo da autoria de Sonja Frisell, Dada Saligeri e Gianni Quaranta. É o que se vai ver no novo DVD que vem aí. Como você bem sabe, e já lhe exprimi isso várias vezes, não sou assim tão averso como você a Zeffirelli. Mas tenho a perfeita consciência de que nem tudo ultimamente é perfeito no seu mundo hiper-realista e monumental. Sem Callas, Sutherland e Freni nos tempos de antanho, cai facilmente em pormenores supérfluos: na Aida Alla Scala/Chailly/2006-07 há soldados que empurram Radamés/Alagna para o poço que será o seu túmulo, os pássaros negros da morte que pairam nos acordes finais desta mesma Aida; na Butterfly da Arena di Verona/Cedolins/Giordani/Oren há Gueishas com os seus redondos leques a esvoaçar aquando da introdução orquestral do IIIº Acto/amanhecer de Nagasáqui com a passarada toda a chilrear… tudo isto, não sei para quê e com que finalidade dramática. Mas o seu Don Carlo Alla Scala em 92 Pavarotti/Dessí/D´Intino/Coni/Ramey-Muti achei-o muito bom mesmo. Uma cena do Auto-de-fé de um luxo monumental como nunca vi na vida e num palco numa da representação de um Don Carlo. Pena nessa Cena capitalíssima(!!) da ópera Coni, Dessí e, acima de tudo, Ramey não terem estado vocalmente à altura. Pavarotti repete sempre as suas canastrices em palco; Muti, a nível orquestral, despacha a função … enfim :-/ Mas considero um muito bom Don Carlo :-)
Apoio plenamente aqui o nosso caro J Ildefonso. Ninguém prestou atenção à NORMA Scotto/Troyanos/Giacomini/Plishka/Levine. Não possuo esta versão, mas grande é a curiosidade para a escutar na íntegra. Não sei se haverá extractos dela no YouTube. É uma questão de se investigar.
Errata: os meus dois anteriores Posts enfermam de alguns erros gramaticais: há muitos e… e… e… Um inglesismo incorrecto, acho eu: Already, na penúltima frase do 2º Post, está mal colocado. Será, mais correctamente falando ;-D : “that´s already another story” All the best LG
Parabéns! Comprou a Aida. Quero dizer a Aida das Aidas.
ResponderEliminarConcordo com o Raul. Essa Aida é fenomenal!
ResponderEliminarÉ uma das Aidas incontornáveis da discografia.
ResponderEliminarCaro Raul,
ResponderEliminarA Aida das Aidas é para mim a de Muti, com Caballé, Domingo, Cossotto, Cappuccilli e Ghiaurov.
Um abraço,
Luís Froes
Caro Luis,
ResponderEliminarTambém reconheço que a Aida referida é excepcional pelo conjunto dos intérpretes e, por isso, a possuo, mas o que torna única a Aida referida no blogue é a presença da Price, por muito fabulosa que seja, e é, a prestação da Caballé. A Price é Aida como a Callas é Norma. Em Milão quando a cantora cantou o papel em 1960, a imprensa italiana referiu que a Price era a Aida com que Verdi sonhou. Ao ouvimos a intérprete há uma explosão sentimental, um conjunto de sensações, uma verdade e sinceridade a que a cor exótica da voz da Price nos transporta que não encontramos na Caballé, nem na Tebaldi, para falar de supremas intérpretes do papel.
Quanto aos restantes intérpretes estou de acordo, embora estejemos a falar de cantores excepcionais como Jon Vickers. Rita Gorr não é a Cossotto, modelo de Amneris, mas era uma cantora de excepção. O dueto do Nilo Price-Merril é dos melhores da discografia.
Ouvir o Ritorna Vincitor pela Price é o exemplo do que quis afirmar.
Um abraço
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarBom dia a todos.Alguém já ouviu alguma versão da "granada" cantada por uma mezzosoprano? eu pensei que era só cantada por um homem,mas qual meu espanto,este fim de semana a Sra. Elina Garanca presenteia-me com uma versão da dita,ao vivo e a cores :) não saiu mal,ou era eu que nunca estive formatado para ouvir aquilo numa voz de senhora.Grande mulher.
ResponderEliminarNa minha perspectiva, as três gravações cimeiras da Aida de Verdi, no que à discografia comercial concerne, são Solti (Decca), Muti (EMI) e Karajan (Decca).
ResponderEliminarCaros,
ResponderEliminarTenho as três Aïdas mencionadas - e mais umas quantas: a de Leinsdorf, com a mesma Price (RCA), a da Callas em estúdio, entre outras. Ainda só tive ocasião de escutar os primeiros dois actos e já estou rendido, embora saiba que o melhor está para vir!
Vickers é ainda mais consistente que Bergonzi e Gorr roça o sublime - cuja materialização é Cossotto, sem hesitações. Price não pode ser mais Aïda, mas os pianissimi de Caballé... meu Deus...
Quanto a Solti, é esmagador, com uma leitura hercúlea, majestosa e teatralíssima...
QUando terminar, postarei :)
Caro Hugo,
ResponderEliminarTotalmente de acordo e possuo as três. A do Karajan tive-a muitos anos em LP. Tenho a da Callas em excertos só para captar o dueto pai-filha. Possuo também a gravação histórica de 1946 dirigida pelo Serafim, principalmente para ter a Amneris da Stignani e porque estamos a falar de cantores de um tal calibre (Gigli, Caniglia, Stignani, Becchi, Pasero, Tajo) que só a mão invísivel de Deus pode juntar numa gravação.
Caro Raul,
ResponderEliminarpossuo igualmente esse icónico registo de 1946 que documenta o mais superlativo e emblemático dos elencos no que à Lírica italiana daquela Era respeita. Acredite ou não, foi a minha primeira Aida em CD.
Relativamente às restantes versões em discussão sinto-me incapaz de eleger uma em detrimento das demais, preferindo salientar as virtudes de cada uma. Majestosas Simionato, Gorr e Cossotto, heróico Vickers, a elegância viril de Bergonzi, deslumbrante Price, imaterial Caballe, a soberba altivez guerreira de MacNeil, Merrill e Cappuccilli. Enfim...
Raul,
ResponderEliminarpor falar na Aida de Callas, designadamente no dueto com Amonasro, um dos momentos que mais me deleita encontra-se preservado na célebre gravação captada ao vivo no México em 1951. Trata-se da indignação do monarca etíope traduzida na frase "Mia figlia ti chiami!". Não por acaso, o barítono é Giuseppe Taddei. Inultrapassável.
Caro Raul,
ResponderEliminarA minha escolha (se é que se pode dizer assim) recai na de Muti por causa do quinteto vocal que apresenta, ainda que, individualmente, haja outras gravações mais interessantes (de facto, Price é a suprema Aida, Bergonzi um Radamés extraordinário, a leitura de Karajan com a Filarmónica de Viena de uma poesia sublime e simultaneamente de uma força estonteante).
É um pouco como o Don Giovanni de Giulini ou o Don Carlo de Solti.
Um abraço
Caro Hugo Santos:
ResponderEliminarMais uma coincidência. Veja lá que a minha primeira caixa de LPs de uma ópera completa foi essa Aida, de que em minha casa os da geração anterior falavam da reabertura do São Carlos, quando o grande quarteto mais o Neri vieram cantar a Força do Destino logo depois a guerra. Comprei a ópera, teria uns 16 anos "ilegalmente" a um amigo que andava a desfazer-se de algumas óperas lá da casa dele. Passadas semanas comprei a Tosca da Tebaldi e o Barbeiro de Sevilha do par Gobbi-Callas. Ainda possuo destas aquisições as respectivas capas, pois numa delas, ostento o autógrafo do Gobbi quendo veio a Portugal cantar o Falstaff em 1971 e deu uma conferência no Técnico a propósito do seu trabalho.
Desta Aida mágica lembro também no dueto do Nilo, o ponto alto do drama e da ópera, os quatro versos proferidos pela Caniglia a seguir à maldição do pai: "Padre!...a costora...schiava...non sono/ Non maledermi...non imprecarmi/ Ancor tua figlia potrai chiamarmi/ Della mia patria degna saro (estas duas palavres com que graves!). Também retenho para sempre a ordem de Amneres (Ebe Stignani) para que os guardas tragam Radamés: "Guardie, Radames qui venga". Como sabe a voz da Caniglia nesta gravação já acusava aquela acidez que a acompanhou até ao fim e de que até o Lauri-Volpi fala no seu "Voci Paralelli", mas amim não me importa, pois gosto mundo daquele timbre um pouco desigual, muito autoritário, mas tão italiano e, acima de tudo, tão do mundo da ópera.
Quanto à passagem que referiu com a Callas/Taddei eu fui ouvi-la, pois tenho uma colecção de gravações ao vivo da Callas, chamada "VivaDiva", onde vêm excertos dessa Aida. Ouvi com maior atenção e todo o dueto, talvez um pouco mais lento, com as frases do Taddei bem pesadas no que pensa, é uma lição de canto. Não há pai assim e essa indignação que refere, propositadamente num tom diferente, sem aquela fúria de palavras que então Amonasro grita, é, como diz , uma joia pela precisão do tom das palavras com o seu conteúdo.
Esqueci-me de dizer que tenho mais duas Aidas, mas em dvd, a de Tóquio (1961) e a da Arena de Verona (1965), mas comprei-as pelas Amneris, respectivamente a Simionato e a Cossoto, pois que as Aidas em questão ou não é nada de especial, por falta de meios (Tucci) ou já têm a voz precocemente muito gasta e feia (Gencer).
Caro Luís, estou totalmente de acordo consigo. Os modelos serão talvez:
ResponderEliminarAida: Price
Radamés: Bergonzi
Amneris: Stignani, Simionato, Cossoto
Amonasro: há muitos que são bons
Karajan e a Filarmónica de Viena
Um abraço
Raul
Caro Raul,
ResponderEliminarse não estou em erro, Gobbi chegou a ser condecorado pelo então presidente da república Américo Thomaz aquando da sua vinda a Portugal para essa produção do Falstaff. Tal terá ocorrido em 1970, embora não possa, neste momento, precisar. O elenco incluia Renato Capecchi, Claudia Parada (ainda enquanto soprano), Fedora Barbieri, Mariella Adani, Ugo Benelli, Piero de Palma e Rosina Cavicchioli, entre outros.
Relativamente a essa verdadeira constelação de estrelas, cujo superior nível artístico o público lisboeta teve a ventura a fruir, não será demais evocar a Aida, a Forza, o Trovador ou o Baile de Máscaras. Autênticas récitas de antologia que o São Carlos albergou.
Termino, colmatando um lapso involuntário, igualmente respeitante a um momento particular da Aida. No dueto do Acto IV entre Amnéris e Radamés, quando a primeira lança a frase "Chi ti salva, o sciagurato, dalla sorte che ti aspetta?", a voz de peito empregue de modo fastidioso por Cossotto neste último conjunto de palavras é único, quase paradigmático. Somente Simionato se aproxima. A esmagadora maioria dos mezzos "empalidece" nesta fracção, não imprimindo o justo peso vocal a que este fim de frase obriga.
Caro Raul,
ResponderEliminarA Amneris da Grace Bumbry é também gloriosa. Pelo menos para mim, que sou fã da cantora.
Um abraço
Caro Luís,
ResponderEliminarSim, sem dúvida. Uma grande Amneris e uma grande cantora, também perfeita na Eboli, Carmen e Vénus, que são os registos que tenho dela. Claro que a conheço no lied e em árias soltas. Há poucos anos, já com sessenta e muitos cantou um "Mon coeur s'ouvre à ta voix" muitíssimo bom. Foi numa gala na Alemanha,mas não me lembro onde e até tenho o Dvd, mas não está aqui comigo.
Um abraço
Caro Hugo,
ResponderEliminarConfusão minha. Claro que o Falstaff foi em 1970. Até me lembro de no jornal vir o Marcelo Caetano a cumprimentar o Tito Gobbi no intervalo. De todos os cantores tenho autógrafos e recordo a Fedora Barbieri como uma pessoa bem divertida. Ai, como eram engraçados esses tempos em que eu e mais um grupo de umas 10 a 15 pessoas, geralmente 80% sempre as mesmas, esperávamos pacientemente os cantores por uma saída ao lado do palco e de onde saíam sempre. Isto tudo se passava no Coliseu. Quando passei a ir ao São Carlos nunca mais pedi autógrafos e fui burro, pois podia agora ter um da Nilsson quando a vi no Crepúsculo em 1976.
Em 1971 foi o Don Giovanni. Tanto nesta ópera como no Falstaff o Gobbi veio como cantor e encenador e lembro-me de se dizer que pelos três espectáculos (2 em São Carlos e um no Coliseu) cobrou para cada ópera 900 contos na moeda antiga.
Gostava de referir a Amneris da Verret que acho que não desmereçe as já referidas.
ResponderEliminarNinguém comenta a Norma? A Scotto já não está muito fresca e os agudos são um pouco metálicos mas ainda faz coisas bonitas. Existe também uma gravação ao vivo em Itália com a Scotto como protagonista e a Adalgisa da Marguerita Rinaldi que me desperta a curiosidade. Alguém me sabe aconselhar?
Ouvi dizer que a Bartoli grava a Norma com a Adalgisa da Sumi Jo!
Caro João Ildefonso,
ResponderEliminartrata-se de uma gravação dirigida por Riccardo Muti em Florença e que conta ainda com Ermanno Mauro e Agostino Ferrin (1978).
Sim eu sei Hugo.
ResponderEliminarMas valerá a pena?
Acho que talvez o timbre de ambas as protagonista seja demasiado semelhante...
João,
ResponderEliminarà data do registo, ambas as intérpretes, cuja data de nascimento dista cerca de uma ano (Scotto - 1934, Rinaldi - 1935), encontravam-se em plena maturidade, pese embora a voz de Rinaldi seja, intrinsecamente, muito mais redonda e retenha um maior lirismo face ao instrumento de Scotto.
Ok. Percebi. Se bem que dentro da mesma tipologia vocal são duas vozes diferentes.
ResponderEliminarEmbora este Post seja já um bocadinho velhinho, só agora lhe posso dar uma boa atenção:
ResponderEliminarCaros, embora haja leituras importantíssimas e históricas da Aida em versão áudio, não nos podemos esquecer que a Aida é MUITO MUITO ESPECTÁCULO para ser visto e escutado e não é por nada que assim que o suporte Vídeo começou a ser comercializado o que não deixou de aparecer aí no mercado foram exactamente as Aidas em suporte vídeo, agora DVD ou Blu-ray. No presente momento da técnica de gravação, nas Aidas dou-lhes a primazia.
Assim, como a Aida é grande espectáculo, sou amante das encenações tradicionais e espectaculares e em espaços abertos, estilo Arena di Verona. Mas não só…
Refiro como importantes todas as gravações da Aida na dita Arena, embora muita das vezes, nem tudo é perfeito, tem que se admitir.
A de 81 com Chiara, Cossotto (sempre uma fúria como a princesa Amneris) e Martinucci; a dos inícios de 90s, também com Chiara a fazer já ressentir um certo desgaste , La Dolora Zajick e um impossível Kristjan Johannsson como Radamés. Há uma versão com Cura, Valayre e Larissa Diadkova, encenação Pier Luigi Pizzi inícios de 2000, que nunca viu a luz do DVD, mas lembro-me dela na TV.
…Quando havia ópera mais frequentemente na nossa TV, que é como quem diz, no Século passado!!! :-( …
Claro que os grandes teatros também tentam fazer valer as suas Aidas, a ver se cai mais algum cash nos seus bolsos. Assim, a primeira versão que destaco é fulminante: Price, Pavarotti, Stefania Toczyska, Estes, Garcia Navarro San Francisco Opera 81. Segue-se La Scala Dezembro de 85, Maazel, Chiara, Pavarotti, Paata Burchuladze, Ghena Dimitrova, Pons. Há uma Caixa de DVDs Pavarotti editada pela Arthaus Muzik que tem esta gravação, completada com um Making of raríssimo para a época em TV, só que no seu preço actual acho-a um pouco proibitiva e exploratória do fenómeno Pavarotti. Como diz um Blogger avisado e frequentador desta casa: quando ela estiver a 10 Euros, eu compro! :-D :-D
Vem a seguir, e obviamente, o Met em 88 com Levine, Domingo, Millo, la Dolora Zajick no seu início de reinado como a Amneris de eleição do Met e um Milnes em fim de carreira numa encenação que, embora não seja de Zeffirelli, tresanda a Zeffirelli.
A propósito de Zeffirelli, é dele a última Aida moderna que vale a pena adquirir: Chailly, Violeta Urmana, Roberto Alagna a dias do seu famoso escândalo nesta mesma produção, Ildiko Komlosi, um Guelfi impossível (!!), Alla Scala Dezembro de 2007, se não me engano.
Da última versão da Zurich Oper com Nina Stemme, Licitra, Luciana D´Intino, Pons e Salminen, dirigidos por Adam Fischer e com encenação de Nicolas Joel , muito falada devido a “transportarem” a Aida para a data da sua elaboração em meados e finais do Séc. XIX, não posso exprimir opinião porque nunca lhe pus a vista em cima e nem me agrada muito esta transposição.
De fugir é a nova versão do Festival de Bregenz, encenada pelo nosso badalado Graham Vick e dirigida por Carlo Rizzi, que, por aquilo que pesquisei no You Tube, tem cortes na partitura (!!), o elenco coloca-se somente ao nível do aceitável, na Marcha Triunfal ergue-se a Estátua da Liberdade nova-iorquina símbolo do capitalismo reinante e no Baletto seguinte uma espécie de Gangs urbanos, israelitas, talibans ou lá o que é DEGOLAM ou ESTRANGULAM no final deste as escravas muçulmanas que com eles dançavam freneticamente e aos gritos, Blá, Blá, Blá, Blá… Com Eurotrash desta natureza não contem com a minha carteira, nem ao preço da dita uva! ;-D
Como os meus sermões são muito compridos ;-D :-D segue-se em seguida a 2ª parte deste não menos paquidérmico Post, porque tanta verborreia não cabe de uma só vez na admissão de espaço para os Posts deste Blogue.
Paciência ;-))
LG
Continuando,
ResponderEliminartenho a referir que, segundo os passarinhos que andam a cantar/contar na Net, a Decca vai lançar uma nova Aida at the Met em DVD, a mesma encenação do costume, espectáculo de 2010 em Alta Definição (of cross! ;-D ) com o paquidérmico Johan Botha, Urmana de novo, a eterna La Zajick, Roberto Scandiuzzi (veremos como este se comporta) e de novo o impossível Guelfi como Amonasro. Será Daniele Gatti na direcção de orquestra que mais salvará a função? A comprar e… a ver vamos. :-)
Tudo isto para dizer, meus caros, que o meu primeiro contacto com a Ópera em si, tinha eu os meus 12 aninhos, ocorria o ano de sua graça de 1977 e pela Televisão, a preto e branco, entrava uma Aida carregadinha de obeliscos, hieróglifos e Amneris cheia de lápis-lazuli e fiquei coladinho à TV pelo espectáculo de Egiptologia que se me oferecia à frente. A partir daí a Aida, para mim, tinha o seu destino traçado ;-) Se isto foi o meu Opera Boom? Não! Isso só uns bons anos depois.
Do que eu indaguei, após muitos anos, só me chegou a informação de que a Aida seria La Montserrat Caballé e seria uma transmissão ou do Scala ou de Madrid. Nunca mais lhe pus a vista em cima.
A seguinte Ópera na íntegra a que assisti, também via TV a preto e branco, foi em 1981 já com 15 aninhos, a mesma Aida de Verdi mas, desta vez, a de S. Carlos; produção Ferruccio Villagrossi e Paolo Trevisi. João de Feitas Branco apresentava a noite de Ópera na TV, no 1º Canal e em Directo do S. Carlos!! …
Rói-te de inveja, TV mal cheirosa de agora! …
Reinavam no palco La Zampieri, no início do seu reinado no S. Carlos, como a escrava egípcia; Stefania Toczyska vinha ou ia para S. Francisco enfrentar Pavarotti, Margaret Price e Simon Estes enquanto também fazia aqui a Amneris; Nicola Martinucci era um dos Radamés de primeiríssima água ao tempo e rei deste papel na Arena di Verona. Não tenho a certeza se Amonasro era Gian Piero Mastromei e também não sei se estou a dar um pontapé na Gramática lírica com o nome do senhor. Não tenho também a certeza quanto ao maestro, seria Franco Ferraris? De Ramfis é que não me lembro mesmo nada.
Alguém daqui se lembra ou me pode esclarecer?? Anyone??...;-)
Eu bem sei que este Post já é um bocado antiguinho… :-\
Achei a produção menos fantástica do que aquela que tinha pregado o olho em 77, mas para o portugalzito português daquela época não estava nada mal. Ainda me lembro do sofá estar quente nessa noite fria, dado que eu ali fiquei especado toda a noite. :-D E papá, mamã e irmãos não deram um pio de eu estar a ouvir aquela música de berros pela noite dentro na TV. Enfim… a sorte que eu tinha :-) :-D
Se isto foi o meu Opera Boom? Não! Isso só uns dois anos depois, com o velhinho disco da Great Maria, Thee Callas!
Depois veio o meu disco número 2, exactamente extractos (Highlights) desta mesma Ópera: Karajan versão2 para a EMI78/79 com a Freni, Carreras, Baltsa, Van Dam e Cappuccilli; versão esta que só muito recentemente adquiri na íntegra e que muito valor lhe dou ali na minha Discoteca. Após muitos CDs, Vídeos e DVDs da Aida, o seguinte acontecimento “Aidesco” de monta foi ao vivo no S. Carlos, nova produção e correndo o ano de 1999. Já mais adulto…
But… that´s another story already
Muito obrigado pela paciência.
LG
LG
ResponderEliminarTambém assisti a essa derradeira récita, de 1999... Fraquinha, fraquinha, com uma Ana Maria Sanchez envolta em adiposidades e piando a custo...
Pois essa récita com Cossotto, em Verona, é um assombro! Claro, pour une fois, a ópera mudou de nome, chamando-se Amneris. O resto é mais para o banal...
ResponderEliminarA do Met não enta para a história, com uma derivação zeffirelliana...
Caro Dissoluto,
ResponderEliminarNão achei essa última Aida de 99 no S. Carlos tão fraquinha fraquinha como diz. Walter Fraccaro foi um bom Radamés, Irina Mishura uma muito boa Amneris e o que mais me impressionou pela positiva foi o vozeirão de Alexandru Agache como Amonosro. Alexandru Agache que está aqui neste Post numa das suas melhores prestações cénicas e vocais e num dos melhores suportes Vídeo de Simon Boccanegra: a de Solti para o Covent Garden. Quando estiver a 10Euros, eu compro! ;-D
O problema residiu exactamente em Ana María Sánchez. A adiposidade da senhora não me incomodou muito, a voz era encorpada para uma Aida, só que… chegava aos agudos pianos e em forte e, como você diz e muito bem, piava fininho. Foi uma relativa desilusão da Récita.
Mas tenho boas recordações dessa Aida porque, após a Récita, eu e uma amiga minha do Coro do S. Carlos jantamos com Simon Orfilla que encarnava o Faraó do Egipto nessa mesma Aida. Era um mulherengo inveterado e bem disposto :-) Mantenho boas recordações desse jantar. Sei que ainda faz carreira pela Espanha e por essa Europa fora :-)
Agora quanto à Aida do Met. Apesar de não ser de Zeffirelli a corrente produção Aidesca at the Met, esta, para mim, não se revela nada má. Bem ate pelo contrário.
Era para ser o próprio Zeffirelli a fazê-la, mas devido a exigências monumentais que este mesmo pediu, o Met não esteve para lhe consentir as idiossincrasias e optou por um sucedâneo da autoria de Sonja Frisell, Dada Saligeri e Gianni Quaranta. É o que se vai ver no novo DVD que vem aí.
Como você bem sabe, e já lhe exprimi isso várias vezes, não sou assim tão averso como você a Zeffirelli. Mas tenho a perfeita consciência de que nem tudo ultimamente é perfeito no seu mundo hiper-realista e monumental. Sem Callas, Sutherland e Freni nos tempos de antanho, cai facilmente em pormenores supérfluos: na Aida Alla Scala/Chailly/2006-07 há soldados que empurram Radamés/Alagna para o poço que será o seu túmulo, os pássaros negros da morte que pairam nos acordes finais desta mesma Aida; na Butterfly da Arena di Verona/Cedolins/Giordani/Oren há Gueishas com os seus redondos leques a esvoaçar aquando da introdução orquestral do IIIº Acto/amanhecer de Nagasáqui com a passarada toda a chilrear… tudo isto, não sei para quê e com que finalidade dramática.
Mas o seu Don Carlo Alla Scala em 92 Pavarotti/Dessí/D´Intino/Coni/Ramey-Muti achei-o muito bom mesmo. Uma cena do Auto-de-fé de um luxo monumental como nunca vi na vida e num palco numa da representação de um Don Carlo. Pena nessa Cena capitalíssima(!!) da ópera Coni, Dessí e, acima de tudo, Ramey não terem estado vocalmente à altura. Pavarotti repete sempre as suas canastrices em palco; Muti, a nível orquestral, despacha a função … enfim :-/ Mas considero um muito bom Don Carlo :-)
Apoio plenamente aqui o nosso caro J Ildefonso. Ninguém prestou atenção à NORMA Scotto/Troyanos/Giacomini/Plishka/Levine. Não possuo esta versão, mas grande é a curiosidade para a escutar na íntegra. Não sei se haverá extractos dela no YouTube. É uma questão de se investigar.
Errata: os meus dois anteriores Posts enfermam de alguns erros gramaticais: há muitos e… e… e…
Um inglesismo incorrecto, acho eu: Already, na penúltima frase do 2º Post, está mal colocado. Será, mais correctamente falando ;-D : “that´s already another story”
All the best
LG