domingo, 26 de setembro de 2010

Que mal há em ser-se «queque»?!



Sagrada Família - em cena na Culturgest -, de Jacinto Lucas Pires, é um texto medíocre e pretensioso, que “reflecte” sobre política, religião e família. Há sociologia de trazer por casa e humor mordaz de segunda água... Palavrões a gosto, crueza qb, rasgos poéticos e tiradas metafísicas em dose homeopática.

Lucas Pires (LP), que se abeira dos 40, mantém uma obsessão: por via de um estilo e estética freak imutável, “desconstrói” os valores que o formaram.

LP é um verdadeiro «queque». Bem educado e criado, formado no seio do conservadorismo straight. O négligé – alternativo – retro que cultiva é pura cosmética, destinada a contestar uma educação que tem a sua legitimidade. Afinal de contas, que mal há em ser-se «queque»?! Num universo cheio de wanna be’s...

Onde Luísa Costa Gomes é de uma corrosão majestosa, Lucas Pires é, apenas, pouco mais que vulgarote e escravo do lugar-comum.

Quanto à encenação (Catarina Requeijo), dir-se-ia tratar-se de um revivalismo do teatro independente do PREC, com os tiques da época.

No meio desta hora e meia de tédio, Duarte Guimarães brilha, com talento, elegância e poesia grandiosas. Será um representante do LP genuíno, une sorte d’alterego?

9 comentários:

  1. Desculpe a ignorância, mas o que quer dizer "queque"? PAULO

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  2. Paulo,

    Queques... são bolos! Não sabia? Há os de chocolate, cenoura... da linha...

    Já agora, em que mundo vive???

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  3. O queque «style» é incontornável nos tempos que correm...

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  4. Dissoluto, obrigado pelo esclarecimento. Sou do Brasil e aqui não usamos essa palavra.Então um oara bem educado "bom Moço" é queque?...aqui- não sei se a conotação seria a mesma - chamamos de patricinho.

    um grande abraço

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  5. UUUps! Retiro, humildemente, o meu comentário.

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  6. Pensei em ir ver a peça, mas perante a tua crítica... ainda bem que não fui!!! :-D

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  7. Se o Duarte Guimarães brilha vou ali e já venho.
    Concordo parcialmente com o resto.
    Não concordo com a parte PREC, isso deve ter a rodos na nova peça do Trindade.

    Um abraço.
    Anónimo Impoluto.

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  8. Até simpatizo com a dramaturgia do Lupas Pires, mas, confesso, apenas a li e nunca a vi em palco. Isso, creio, faz toda a diferença. Amanhã, para ajudar ao ramalhete, vou a São Carlos (sera-t-il um teatro verdadeiramente nacional?) ver, em cena, uma ópera em versão sem cena: Dona Branca. Vou, por puro patriotismo talvez bacoco, e por pura, pura curiosidade musicológica. Depois, regresso a Inglaterra, esperando bons concertos por lá.

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