quarta-feira, 2 de junho de 2010

Em degustação...



Vickers, Scotto e Macneil, em Otello, a 25 de Setembro de 1978...

16 comentários:

  1. Deve ser bom. O Vickers dá um bom Otello... e não creio que a Renata dê uma pior Desdemona. O MacNeil no Jago ainda vou verificar. Comprei na Fnac o Otelo com o Vickers e a Mirella a 13 euros mas estava riscado a partir da 'Dio mi potevi scalgliar' (escrevi bem, lol?)... Estão a ver a minha raiva quando estou eu todo feliz com o o meu DVD do Otello à espera daquela tarde de sexta-feira e chega à 'minha' ária e o som é só PTAW PTAW PTAW WIIIIIIIIIIIIY PTAW, repetindo sempre. 'Não sabíamos. Deve ser do produtor', diziam eles. Pois, pois. Como se não soboubessem... não acredito que um Deutsche Grammophon estivesse tão barato por acaso. E acho também inadmissível uma editora de tal renome ter um controlo de qualidade tão fraco!
    Entretanto (desculpem estar fora de tópico), estou a pensar em comprar o Anel do Boulez com vídeo. Para 100€ com o making of. Algumas ideias??

    PS: Logo vi, o McNeil é uma raposa bem velha... e em qualidades vocais decadentes nesta gravaç
    ao http://www.youtube.com/watch?v=27ZI3zrJTU8. Ou seja, dentro do excelente, está médio Hahaha

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  2. Plácido,

    aconteceu-me o mesmo com o dito DVD! fiquei piurso!
    Do que vi, a Freni é uma óptima Desdémona, mas quanto ao Vickers, não sei se gostei. Quando ele chega ao porto, aquele grito de entrada triunfal não me agrada. E mesmo no resto, não me cativou por aí além.

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  3. Jon Vickers desenha um Otello algo "intelectual", privilegiando uma caracterização mais introspectiva mas não menos dilacerada e, quando necessário, explosiva.

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  4. PZacarias,peço desculpa mas o dvd não está a venda a 13 euros,mas sim a 12,99...parece pouco mas esse centimo faz diferença.

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  5. Este Otello promete, pois Jon Vickers foi um dos melhores Otelos de sempre e só três anos depois da Norma de Orange, o que significa ainda boa saúde vocal, e Renata Scotto, uma grande intérprete, como o prova a gravação com o Domingo. O único senão é a presença de Cornell MacNeil, porque desconfio que o cantor, um respeitável Rigoletto e Amonasro, papéis que requerem um pouco da sua voz de “machão”, por vezes um pouco bruta e que pode perfeitamente traduzir a dor baritonal. Ora o Iago é completamente diferente, pois nele tudo é subtileza, meia-voz, a negação da força, que é a voz da sinceridade, da verdade. Iago é um cínico, não tem dor, pois não tem sentimentos.
    A propósito tambem deste Oteloo ao vivo, queria refreir a compra que fiz de um dvd que nos leva também a representações ao vivo, mas dos espectáculos de Tóquio e que os japoneses, para nossa felicidade, preservaram desta representação e de outras imagens únicas de cantores extraordinários que doutra forma só conheceríamos pelo som. Estou neste caso a falar do Otelo de 1959 com Del Monaco, Gabriella Tucci e Tito Gobbi. A razão da compra deste dvd, cuja imagem ao contrário de outras representações, é má, foi o Iago de Tito Gobbi e que vem justificar aquilo que já conhecíamos dos discos: a perfeição total, sem adjectivos, pois a voz ainda está esplêndida e a representação é o modelo para qualquer Iago posterior. O excepcional artista, que podia ter seguido uma carreira de actor cinematográfico, tendo feito ainda alguns filmes, é em cada cena aquilo que em cinema chamamos um “steal scene”. São os olhos, o ar preverso e cínico (para nós que conhecemos o trama), os movimentos, é tudo... Genial. Quanto ao Del Monaco, é vocalmente melhor no estúdio, pois aqui até abusa do “parlando”, especialmente no segundo acto. O actor? Explêndido, conhecedor de todo o detalhe do texto, mas às vez exagerado na expressão facial, lembrado como sempre a técnicas do cinema mudo. Olhar para ele é ver um actor desses tempos. Gabriella Tucci compõe uma muito boa Desdémona. Em suma, se esquecermos a imagem fraca, onde não estão bem contrastados o claro com o escuro, este Otelo pela presença de Tito Gobbi, pelo mítico Otelo do Del Monaco e por ter uma muito boa Desdemona, vale a pena adquirir.
    Raul

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  6. Caro Raul,

    restringindo-me ao instrumento de Cornell MacNeil, gostaria de salientar que o Otello em questão data de 1978, momento posterior a um determinado "desmoronamento" da portentosa coluna de som tão característica de MacNeil e que se encontra bem documentada em registos, quer comerciais, quer paralelos até 1975, que considero perfilar-se como "ano de charneira" no que à sanidade vocal do barítono norte-americano concerne.

    Em relação, ao DVD do Otello de Tóquio, partilho inteiramente as suas palavras. É uma pena que, durante o "Ora e per sempre addio", tenha ocorrido uma falha na transmissão televisiva.

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  7. Caro Hugo,
    Eu nunca pus em causa a voz poderosa do MacNeil, mas e por isso mesmo, não o vejo no Iago pelas razões que referi. Quanto a uma perca desse aparelho sonoro, não nos esqueçamos que nessa altura o cantor caminha para os sessenta anos e a idade não perdoa. Excepções nessa idade só me vem à memória Giuseppe Taddei.
    Quanto à falha televisiva do "Ora e per sempre addio" ela é compensada pelo som que não falha. O video do segundo acto da Callas na Tosca da Ópera de Paris de 1958 tem também uma falha quando o Scarpia chama o Spoletta e lhe fala do assassinato dissimulado, como o do Conde Palmieri. Contingências dos meios da época.
    Raul

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  8. Caros bloggers, entretanto, voltei à fnac e estão a fazer grandes promoções: traviatas, carmens, toscas, butterflys, otellos tudo entre os 11,99€ e os 20!
    Ou seja, o tal Otello riscado desceu um euro. Atenção aos interessados, que os velhos ainda estão à venda como se nenhum defeito tivesse sido reportado!! Vejam a data do rótulo ou então simplesmente comprem (no Chiado) dos que estão à entrada e não no sítio do costume.
    Cumprimentos, B

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  9. Do McNeill tenho uma Luisa Miller com o Bergonzi e a Moffo que é muitissimo boa. Acho que daria um com Rigolleto mas não conheço a gravação...

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  10. Morreu ontem em Génova o Giuseppe Taddei com 94 anos.

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  11. Caro João,

    existem duas gravações comerciais do Rigoletto com Cornell MacNeil no papel-titular:

    1961 - Joan Sutherland, Renato Cioni, Cesare Siepi, Stefania Malagù; Nino Sanzogno (DECCA)

    1967 - Reri Grist, Nicolai Gedda, Agostino Ferrin, Anna di Stasio; Francesco Molinari-Pradelli (EMI)

    Possuo o primeiro e excertos do segundo registo. Relativamente à gravação com o selo DECCA, não se constituindo uma primeira escolha, é uma leitura a considerar, não só pelo barítono norte-americano ter sido um dos principais e mais notáveis intérpretes da personagem como também pelo primor vocal da Gilda de Joan Sutherland. Já agora, o facto de Cesare Siepi assumir Sparafucile não incomoda nada.

    No que respeita a Giuseppe Taddei, já havia tido conhecimento. Num curto período de tempo, deixa-nos mais um giante da Lírica, após o desaparecimento de Giulietta Simionato.

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  12. E é aqui nesta Asia Extrema que vou sabendo da morte de um dos cantores que mais admirei, no pretérito perfeito, porque falo do corpo, e admiro, no presente porque a voz é eterna. Os italianos diziam que os seus melhores barítonos eram o Gobbi e o Taddei, com a diferença de que o primeiro exportámo-lo e o segumdo conservámo-lo para a Itália. Eu tive o privilégio de o ver em 1968 no Coliseu interpretando o Scarpia. Dessa interpretação recordo o grande volume de voz e a impressinante entrada no meio do Primeiro Acto, talvez uma das maiores expreriências que tive em ópera.
    Giuseppe Taddei, que felizmente deixou-nos inúmeras gravações, era um excepcional intérprete de Verdi, sendo para mim o melhor Macbeth em disco, principalmente na gravação de Palermo com Leyla Gencer, e um dos melhores do Rigoletto, comparável ao Gobbi e ao Diskau, e, finalmente um imortal Iago, que se lamenta não fazer parte das gravações do Karajan em vez do honestíssimo Protti e do insuportável Glossop, e um dos maiores Falstaff de sempre, como o prova o Live de Salzburgo, aos 62 anos, dirigido palo Karajan. Mas o grande e excepcional artista foi o melhor Scarpia (Karajan / Price / di Stefano) depois do Gobbi e soube defender sempre todos os papéis de barítono pucciniano e o fabuloso Tonio dos Palhaços, igualmente com Karajan. Para terminar Taddei foi grande, muito grande em Mozart, como o provam as escolhas da EMI e um genial rossiniano. Enfim é com grande desgosto que tomo conhecimento da morte de Giuseppe Taddei, um dos meus cantores preferidos entre todas as vozes de ópera.
    Deste grande cantor tenho as seguintes óperas:
    Taddei, Giuseppe:
    Don Giovanni
    Cosi fan tutti
    Le Nozze di Figaro
    Linda di Chamonix
    Ernani
    Macbeth (com a Nilsson da Dcca)
    Macbeth (ao vivo com a Gencer)
    Otello
    Falstaff (versão Cetra)
    Falstaff (DVD,filme)
    Falstaff (live, Salzburgo, Karajan)Pagliacci
    Tosca

    E da lista que no princípio do ano apresentei dos cantores nonagenários, já foram dois Giuseppe Taddei e Giulietta Simionato. Morreram com uma bonita idade. No youtube há uma entrevista conjunta deles, onde a senhora deixa pouco falar o senhor, como é habitual.
    RAUL

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  13. já lá diz o ditado," enquanto falamos não estamos a aprender ".A directora de turma do meu filho também é assim e eu não gosto.
    é por isso que eu aqui falo tão pouco,é por ter tanto para aprender.

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  14. Taddei foi, também, um dos maiores Leporello (Giulini, emi) e Figaro (giulini, emi)

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  15. Meu caro amigo Dissoluto,
    Desculpe a observação, mas o João tem responsabilidades. Não acha que tanto a Simionato como o Taddei mereciam um poster no seu blogue? Andou a pôr a Inge Nilsen e Blanche Thebom e não põe dos dos melhores cantores do século XX.
    Lembre-se do que o pequeno Carlos diz ao avô, o Afonso da Maia, por não mandar fazer uma sepultura ao Vilaça.
    Um abraço para amenizar
    RAUL

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  16. Obrigado Hugo Santos

    É exactamente a primeira gravação que refere que desperta a minha curiosidade para além do barítono também pela Gilda da Sutherland, principal responsável com a Callas por resgatar a Gilda do domineo dos sopranos ligeiros. Só o tenor que conheço mal me faz ter algumas reservas. Lembro-me dele como uma voz bonita mas com um canto bastante imperfeito.

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