Algures entre a retirada (depressiva), secundária à semana de frenesim vivida além oceano, e o fascínio por este superlativo objecto de desejo, eis as razões da minha já longa ausência...
As críticas não estão esquecidas! A seu tempo, regressarei à terra blog.
é favor voltar depressa,a terra blogue precisa de si e eu em particular.
ResponderEliminarhey... :-)
ResponderEliminarWhat´s Up, Doc? ;-)))
LG
Isto da gente se comprometer é uma chatice!
ResponderEliminarIsto de estarmos tão longe fez-me passar ao lado da infausta notícia da morte da grande GIULIETTA SIMIONATO. Eu estava mesmo para escrever aqui qualquer coisa no dia 12 a propósito do centésimo aniversário, o que seria bem patético. Foi uma excursão ao Valquírio do Paulo nesta manhã esquisita de Pequim que me levou à notícia.
ResponderEliminarFalar da excepcional cantora seria um lugar comum num blogue como este que certamente em bloco reconhece nela uma das grandes cantoras do século.
À suprema intérprete do repertório da sua pátria, queria aqui em forma de homenagem recordar dois feitos seus extraordinários, que pertencem a gravações que possuo, e que extravasaesse mesmo repertório:
- A ária das Cartas do Werther, incluída no seu CD editado pela Decca.
- A ária "S'apre per te il mio cor" (versão em italiano de "Mon coeur s'ouvre à ta voix")do Sansão e Dalila, pertencente a um recital em Chicago, se não estou em erro, juntamente com a Tebaldi e o Bastianini, dirigidos pelo Solti.
Da Siminato possuo, para além de cds de árias as suas interpretações nas seguintes óperas:
Norma (com a Callas)
Anna Bolena (com a Callas)
Gli Ugonotti (célebre produção
do Scala de 1962 com um elenco
de estrelas, onde a sua
prestação é de soprano
dramático)
Il Trovatore (de Salzburg)
Un ballo in maschere (ao vivo no
Scala com a Callas)
La Forza del destino (duas
versões uma estúdio com a
Tebaldi e a outra ao vivo com a
Cerquetti)
Don Carlo(de Salzburg)
Aida (duas versões uma a
Karajan e a outra ao vivo de
Tóquio em dvd)
Gioconda (com a Cerquetti)
Cavalleria Rusticana ( Uma
Mamma Lucia, dirigida pelo
próprio Mascagni e duas
Santuzzas uma estúdio com o
Del Monaco e outra ao vivo de
Tóquio e em dvd)
Suor Angelica (com a Tebaldi)
Adriana Lecouvreur (com a
Tebaldi)
RAUL
Caro Raul,
ResponderEliminarpossuo muitos dos registos que refere e mais alguns. Felizmente, a arte de Simionato encontra-se muito bem documentada, quer ao vivo, quer em estúdio.
Eu na era LP, possuí uma Cavalleria da Cetra, a sua Madalena do Rigoletto do Protti, a Amneris para a Aida da Mancini da Cetra, a Rosina e a Isabela também da Cetra. Na era cd ou não encontrei o substituto ou fiz outras opções.
ResponderEliminarRAUL
Não conhecia a Charlotte da Simionato, Raul, mas encontrei aqui a ária das cartas.
ResponderEliminarComo não tenho acesso ao Youtube, não sei se é a gravação em estúdio que está incluída no cd da Decca. Se é essa, acho a interpretação muito grande e confesso que só a da Callas me impressiona tanto.
ResponderEliminarNo comentário anterior disse que tive a Italiana em Argel, mas enganei-me. Tive, sim, a Cenerentola, papel rossiniano a que esteve mais ligada, mas que eu hoje em dia prefiro mais a voz da Berganza.
Raul
Trata-se de uma gravação em estúdio, Raul. Provavelmente a mesma.
ResponderEliminarTambém eu gosto muito da Simionato. Boa cantora e mulher inteligente sempre com comentários interessantes a propósito dos colegas e obras cantadas. A minha discografia da cantora é muito mais limitada. Norma, Trovador já um pouco decadente com o Corelli e a Tucci.
ResponderEliminarA proposito da Tucci comprei uma Butterfly live que me encantou. Encontrei isto no youtube a quem interessar.
http://www.youtube.com/watch?v=Bi27Agh5564
Caro João Ildefonso,
ResponderEliminarobrigado pelo link. Uma descoberta assaz interessante. No que respeita à Butterfly da Tucci, possuo dois registos: Bergonzi, Vanni, Harvuot; Cleva (MET 1962) e Cossutta, Casey, Mastromei; Molinari-Pradelli (Buenos Aires 1968). Um papel pelo qual a cantora nutria especial afeição.
Tenho a Tucci em lives de Tóquio em dvd: na Nedda está bem para um papel não difícil, e na Aida confrontando-se com a Simionato. Aí já a tarefa é mais espinhosa, pois fica apenas pelo "honesto trabalho", sem nada a relevar, e ressentindo-se muito do confronto com a Amneris da Simionato, mas não tanto como a Gencer com a Cossoto na arena de Verona.
ResponderEliminarRaul
Raul, mas que Aida é que poderia vencer a Amneris da Cossoto? Estando ela em palco a ópera passava a chamar-se "Amneris".
ResponderEliminarSó a Leontyne Price. Mas esta, quando se estreou no Scala, os críticos disseram, e bem, que a sua Aida seria aquela que Verdi tinha imaginado.
ResponderEliminarRaul
Sim, só ela, Raul.
ResponderEliminarCaro Raul,
ResponderEliminarcomparativamente às intérpretes que tenho ouvido, ultimamente, afrontar o papel de Aida, a segurança vocal de Gabriella Tucci, aliada a uma leitura idiomática, assente na melhor tradição italiana, seriam imensamente bem-vindas nos nossos dias. A mesma lógica poder-se-ia aplicar, em graus variáveis, a nomes como Anna Maria Rovere, Luisa Maragliano, Marcella de Osma, Rita Orlandi-Malaspina ou Orianna Santunione, só para me deter em intérpretes de origem italiana.
No que concerne à presença esmagadora da Amneris de Cossotto, gostaria de invocar o incidente ocorrido na Arena de Verona aquando da produção da Aida de 1981 (disponível em DVD). Na ocasião, queixando-se que o seu figurino "empalidecia" face ao da "escrava" Maria Chiara, não teve contemplação em, literalmente, rasgar o vestido da colega.
Caro Hugo,
ResponderEliminarEu falava da interpretação de 1966 Gencer/Bergonzi/Cossoto. Ora aí está uma Aida bastante boa: Maria Chiara. Mais abrangente que a Tucci. Eu não tenho nada contra esta cantora, que acho que canta muito bem, mas nunca me consegue encher a taça. Joga sempre com muito cuidado, há um medo de falhar qualquer coisa. Esta foi sempre a sensação que me deu.
Evocou alguns nomes italianos. Destaco a Rita Orlandi-Malaspina, aluna da Melis, como a Tebaldi, e que eu vi n'Um baile de Máscaras e na Tosca. Uma maravilha de timbre, dicção e interpretação mas a que o físico não ajudava muito.
Hoje há poucas vozes para afrontar devidamente o papel, mas temos a Viorica Urmana, que tem todos os requisitos para ser a melhor Aida do momento. Elisabete Matos fará certamente uma boa intérprete. Não à estridência da Voigt. Vi recentemnte o video da Gioconda -- uma boa Gioconda é uma boa Aida --de Barcelona e não gostei nada. E numa linha mais lírica, menos dramática, próxima da Tucci, por que não a Angela Ghorghiu?
Raul
"uma boa Gioconda é uma boa Aida"
ResponderEliminarRaul, não sei se conhece o final da "Gioconda" pela Elisabete Matos em Tóquio. Veja quando tiver oportunidade.
Raul,
ResponderEliminarmuito curiosa e absolutamente válida a relação que estabeleceu entre a Gioconda e a Aida e que nos leva a intérpretes como Callas, Tebaldi, Cerquetti, Arroyo, Cruz-Romo, Rysanek, Orlandi-Malaspina, Milanov, Suliotis, Savova, Millo, entre outras. Confesso nunca me ter apercebido dessa correlação entre dois papéis que se prestam a tipologias vocais semelhantes, embora não idênticas. Enquanto a Aida, porventura, é passível de ser abordada por instrumentos a pender para o lírico, a Gioconda tende mais para o "spinto" ou mesmo para o dramático.
Em relação à Angela Gheorghiu, não lhe vislumbro características, numa voz essencialmente lírica, que lhe permitam fazer justiça à princesa etíope. A Gabriella Tucci era um soprano "lírico-spinto", dotado de suficiente flexibilidade e boa extensão vocal, aspectos que levavam a que incluísse no seu reportório a Gilda do Rigoletto, entre papéis como a Violetta de La Traviata, a Aida, as Leonoras do Trovador e da Forza, a Amélia do Simon Boccanegra, a Margarida do Fausto, a Luisa Miller, a Desdémona do Otello, a Tosca, a Mimi de La Bohème, a Butterfly, a Liù da Turandot ou a Alice Ford do Falstaff.
Uma última palavra sobre a Maria Chiara, cuja voz, pese embora não tão cultivada como a da Tucci, me agrada pelo engajamento dramático que projecta nas interpretações que lhe conheço.
Eu gosto muito da Tucci mas realmente não me parece que a Aida seja o papel em que mais brilha. Era no entanto uma cantora versátil e de técnica segura com uma voz penetrante. Mais ou menos simultaneamente cantava a Gilda, Butterfly, Forza... Hoje em dia não se vê essa capacidade porque a técnica é diferente e acho que a voz a maior parte das vezes não é correctamente emitida e suportada.
ResponderEliminarNão imagino na Gheorghiu na Aida. Aliás não a imagino em lado nenhum depois da Traviata de Milão. Talvez em casa a regar as plantas.
Não cantou a Carmen do Met pois não? E a Traviata cantou metade das recitas previstas.
Caro Hugo,
ResponderEliminarPor essa característica dramática que pode ter a Gioconda e que na Callas é inultrapassável, eu não disse o contrário que uma boa Aida era uma boa Gioconda. Quanto à Gheorghiu, eu acho que, se ela estiver em pleno e que parece, para satisfacção do parcialíssimo João Ildefonso, não anda lá muito bem, tem todas as condições para um terceiro e quarto acto da Aida bastante aceitáveis. Com o Ritorna Vincitori, principalmente as frases iniciais, e o segundo acto será mais problemático. A Freni não tinha o perfil da Aida dos dois primeiros actos e cantou-a. Mas é obvio que o papel não é na totalidade para o seu tipo vocal. A Matila canta-a, pelo menos no Youtube está um testemunho, por que não a Gheorghiu? Não sou um admirador incondicional desta cantora, mas não vou em modas de desancar nos artistas.
Raul
Gostei do último comentário que aludia ao facto de não se ir em modas de desancar nos artistas e eu acrescentaria e de lhes atribuir qualidades que não possuem.
ResponderEliminar:D
Caro Raul,
ResponderEliminarna minha óptica, a voz da Gheorghiu "estacionou". Ao contrário de Mirella Freni ou Lucia Popp que, com o avançar da carreira, passaram, gradualmente, a abordar papéis mais "pesados", o instrumento da cantora romena manteve, na sua essência, o carácter lírico. Em tempos mais recentes, quer a sua Carmen, quer a sua Tosca não foram muito bem recebidas.
"Divismos" à parte, é uma intérprete que me agrada e que, como poucas da sua geração, soube imprimir uma marca pessoal num dos mais emblemáticos papéis da Lírica: a Violetta de La Traviata (Covent Garden, 1994 - para citar o exemplo mais óbvio).
Eu acho que a Gheorghiu foi uma cantora muito interesante e com um timbre muito especial. Para além da referida Traviata destaco a Rondine. Hoje em dia parece-me mediocre. Quem acompanhe os post do Blog há algum tempo verá que nunca me destaquei pleo meu entusiamo relativo há Gheorghiu e que há já bastante tempo que lhe teco criticas que consideo justas.
ResponderEliminarAcho muito apropriada a referencia à Lucia Popp e à Mirella Freni e concordo em pleno com o comentário do Hugo Santos.
A Freni voltou à Aida nos anos 80 depois duma pausa de alguns anos e construiu uma Aida muito mais intensa e interessante com uma estatura vocal muito diferente da inicial tal como pode ser verificado na gravação ao vivo em Houston com o Domingo.
A Popp desenhou uma Condessa e uma Vitellia muito interessantes depois de ter sido durante decadas a Susana e a Servilia de referência.
Paulo,
ResponderEliminar(Se calhar foi um milagre da visita de Bento XVI a Portugal: consegui ver no Youtube o dito final da Gioconda)
Para já, muito obrigado, Paulo. Depois só posso dizer " que maravilha!" Grande e muito grande a interpretação da nossa ELISABETE MATOS. Pensar que vi há dois dias a Voight a ser aplaudida com bravos no Liceo com aquela Gioconda e que passou para dvd. O cúmulo.
A Elisabete Matos desta Gioconda é de um grande soprano lírico-dramático, com uma voz ampla, igual, o que é importantíssimo, limpa, sem rugosidades, e bonita. E verdiana também.
Espero bem que a nova direcção do S. Carlos a traga. Andam os japoneses a gozá-la e nós vêmo-la pelo Youtube! É incrível. Devia pensar-se num abaixo-assinado a exigir a vinda anual da cantora a Portugal.
Ainda a propósito do video da Gioconda que o Paulo me indicou, constato que o barítono japonês Yasuo Horiuchi, um total desconhecido para mim, é excelente. Na representação do Liceo é o Carlo Guelfi que tanto prometia e agora nem se ouve.
Mais uma vez muito obrigado Paulo pela oportunidade de ouvir tão excelente interpretação da Elisabete Matos. Será, sem dúvida, uma das melhores Aidas de agora se a cantar. A par da Urmana nem vejo quem seja melhor.
Raul
Raul, fico muito contente por ter conseguido essa proeza e por concordar comigo. Penso que, infelizmente, apenas o final desta Gioconda está disponível. Bem eu gostaria de a ver toda (podemos imaginar o Suicidio). Quanto à Aida, arranjemos uma Amneris e um Radames à altura de Elisabete Matos e façamos uma petição a Martin André.
ResponderEliminarNeste momento, se bem se lembra, o São Carlos deve-lhe uma Salome, à qual eu acrescentaria já uma Lady Macbeth, uma Isolda e por aí fora. Ora veja.
deve ter perdido uns bons 30kgs,quando a vi na Póvoa estava bem gordinha,parece quase um milagre,neste caso um milagre dos bons!
ResponderEliminarEstava sim, caro portas.
ResponderEliminaresta retirada começa a ser preocupante,haverá aí nessa assembleia alguém que vislumbre sinais do nosso homem?
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