sábado, 2 de janeiro de 2010

Edição disocgráfica e transformação: a Vitalidade




Este artigo do The Guardian constitui uma notável lição, extensível a muitos outros domínios da natureza humana. Contra o pessimismo e catastrofismo – tão mundano e (hélas) tão luso –, Andrew Clements realiza uma cuidada análise da evolução do mercado editorial discográfico, desde finais do século passado, quando Norman Lebrecht – qual profeta da desgraça – previu o final da edição discográfica.

Evidentemente, a edição discográfica prossegue, tendo apenas operado algumas transformações e adaptações à realidade actual, senão vejamos:

«It is 12 years since the music writer Norman Lebrecht first donned his Cassandra costume and predicted the demise of the classical recording industry in the early years of the new century. He has reaffirmed his dire prophesies several times since, but so far they have proved considerably less accurate than those of his Trojan counterpart. Classical CDs are still very much with us and, to judge from the quantity, variety and provenance of the new releases that continue to tumble through my letter box each month, they are more diverse and often more enterprising than ever before.



More and more historical tapes have been finding their way on to disc, too, and while the quality of some of those documentary recordings has sometimes been questionable the best have been truly revelatory. The release on Testament, for instance, of the Ring cycle conducted by Joseph Keilberth and recorded in stereo by Decca engineers at the Bayreuth festival in 1955, was unquestionably one of the most important of the last 10 years, a Wagner document of outstanding importance and arguably the greatest of all Rings to be made available on disc. In Britain both the Royal Opera House, Covent Garden and Glyndebourne have established their own labels, raiding their own archives and those of other enthusiasts to perpetuate performances that genuinely deserve to be called historic, such as the ROH's Don Carlo from 1958, conducted by Carlo Maria Giulini with Jon Vickers in the title role, and the Glyndebourne Pelléas et Mélisande from 1963, with Michel Roux and Denise Duval.


Though they have since been followed by others here such as the Hallé, London Philharmonic and Philharmonia, the orchestra that led the way here was the London Symphony, which cannily played to its built-in strengths from the very start, by releasing a whole Berlioz cycle with its principal conductor for much of the decade, Colin Davis, that complemented and in some respects surpassed the series of Berlioz studio recordings that Davis had made for Philips a quarter of a century earlier, including an outstanding set of The Trojans. Compared with making studio recordings, the financial savings in creating a commercial disc from a run of live performances (and maybe one patching session in the same concert hall) are hugely significant, and the inevitable imperfections are a small price to pay alongside the gain in immediacy that a live performance brings.


All this increased specialism – in the last few years especially, new recordings of the core orchestral repertory have become rarer and rarer – would seem perfectly suited to being made available as downloads. So far, though, serious classical disc buyers have proved remarkably resistant to the digital revolution. While 25 years ago collectors embraced compact discs very quickly, just as soon as their convenience and superiority compared with vinyl LPs had been demonstrated, they have been far more reluctant to abandon their silver discs in favour of MP3 files. Classical releases can be downloaded from sites like ITunes, but it's still only the more popular repertoire and glitzy performers that are made available in that way, though a few labels, notably Chandos in this country, routinely make all their releases available as MP3 files.»

3 comentários:

  1. Por falar em Norman Lebrecht... leu o inquietante Who Killed Classical Music?

    Bom ano, João.

    Para si e para todos os que aqui vêm.

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  2. Teresa,

    Não li, não. Bom ano para si, também ;-) E para os seus !

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  3. o cd atingiu a maturidade há varios anos e as editoras discográficas só dele não extraem mais qualidade porque simplesmente não estão interessadas.
    A vinda em massa do download gratuito ou meio pago,,trouxe uma agitação ao mercado que apanhou tudo de surpresa e não vejo modo de travar esse crescimento.
    As editores falam de prejuizos astronómicos,mas esqueceram-se de falar dos lucros faraónicos durante anos e anos,vendendo discos e cds a preços exorbitantes,numa lógica de ganancia pura.
    O que acontece hoje,é a revolta do consumidor,justa.Não é solução futura,concerteza,defendo os direitos de autor,mas a industria discográfica é a ultima a ter legitimidade para reclamar o afundanço do mercado.
    O vinil existe,e inclusivé dá sinais de ligeiro crescimento,as prateleiras da fnac vão crescendo aos poucos,mas não creio que salve nada.
    Quem compra vinil? alguns dos 30 para cima,alguns dj's e pouco mais.As editoras practicamente vão ao mercado que ainda tem algum poder de compra.Nada mais.
    Não discuto a qualidade do vinil,essa é inquestionável e sem duvida de nivel superior.Um leitor de cd que se compare ao vinil nunca custa menos de 3 ou 4 mil euros,e mesmo assim....
    a cassete varreu-se,o cd resiste e o mp3 existe.
    O mercado é cruel,as editoras não menos.Hoje,apesar de tudo,podemos usufruir de cds relativamente baratos,muitos de grande qualidade e o catálogo mundial é colossal.Vantagens.
    Eu não gosto de comprar/roubar musica ao kilo,salvo rarissimas excepçoes,estou farto de musica comprimida e ultra comprimida,de não ver a cara dos artistas,de não ver as letras,de olhar e não ver nada.Não renego o dinheiro que gasto em cds e procuro sempre editoras de nivel audiófilo.Infelizmente o mercado tem arrasado muitas,e outras estão a ir.Ouça-se gravações da Chesky,da Opus 3,da Groove,e as remasterizações que algumas multinacionais fizeram e percebe-se que o cd tem muito para dar.
    Quando nos anos 80 se fez a transiçao para o cd,muita asneirada foi feita e muita gente (eu incluido) julgou que o cd vinha para salvar o mundo e arrasar com o vinil.Ouça-se as gravaçoes dos anos 80 em cd e percebe-se a porcaria de som que ali está,pior que um mp3 actual.
    Felizmente que o cd evoluiu e hoje é um sistema maduro.
    Eu tenho o privilégio de ter um sistema hi-fi como Deus me mandou ouvir :)) trabalhei muito para ele,mas valeu o sacrificio de tanto esforço.
    Quando ouço um cd da editora americana Reference Recording,seja ele qual for,entendo que será um crime acabar com o cd e deixar cair a musica no formato comprimido,onde as orquestras,as vozes,os instrumentos,parecem vir todos de um tunel virtual,sem espaço,sem palco,sem profundidade,sem alma.
    é certo que o mp3,facil de armazenar,facil de transportar,facil de "sacar",facil de tudo,é dinamico,tem "pujança",mas é cansativo e em volumes altos cansa rapidamente o ouvido.
    Se o mercado estivesse legitimado apenas pelo consumidor,acredito que o cd morria dentro em pouco,o vinil igual,ou quando muito teriam vendas residuais.
    O povo decidiu que quer musica barata ou de borla,o povo decidiu que está farto de ser explorado pelas editoras gananciosas.O povo está farto de ser enganado.
    O SACD foi um flop,nem á maturidade chegou,a guerra blue ray/dvd audio foi o que se viu,a fazer lembrar a guerra vhs/beta.
    Agora está na berra o DAC,conversores digitais de nivel audiófilo,oxalá que não seja mais um engano.
    O povo vai morrer empanturrado!
    Pode ser que a musica,a grande musica,salve isto tudo.

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