segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Os Contos d'Offenbach


(cena d'Os Contos de Hoffmann - Met Opera House, estreia em Dezembro de 2009)

Barlett Sher assina a nova encenação d'Os Contos de Hoffmann (Offenbach), que o Met apresenta a 3 de Dezembro próximo. A propósito desta nova encenação, o artigo que cito do The New York Times refere aspectos biográficos interessantes do autor da ópera, que reproduzo:


«Offenbach, in real life, faced humiliation despite his seemingly perfect assimilation in France. Nicknamed the Little Jew in Cologne, where he was born in 1819, and at the Conservatory in Paris, where he moved in 1833, he was scorned for his gaunt appearance and shabby clothes and ridiculed for his heavy accent throughout his lifetime.



Despite all these efforts and the huge popularity of his many operettas in France, Offenbach often had to prove his allegiance. James Harding, in his biography of the composer, points out that during the Franco-Prussian War in 1870, French newspapers accused Offenbach of being a “Prussian at heart,” and German publications simultaneously mounted a campaign against him.


Hurt by the accusations, Offenbach contacted the French newspaper Le Figaro to defend his reputation. Though he had family and friends in Germany, he wrote, “I owe everything to France, and I would not think myself worthy of the name of Frenchman, which I have obtained through my work and my honorable standing, if I had made myself guilty of cowardice toward my first country.”


Offenbach was denied promotion to the next level in the Legion of Honor, and the personal attacks continued through the early 1870s. French detractors claimed that his opéras bouffes symbolized the frivolity that they believed had led to France’s defeat in the war. For a composer who longed to write weightier operas, this charge no doubt touched a sore nerve.


11 comentários:

  1. Realmente compôs coisas bonitas de se ouvir e a história destes contos até é engraçada, mas é dos poucos compositores franceses conhecidos a que eu não dou atenção nenhuma.

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  2. Eu, pelo contrário, gosto bastante de Offenbach. Acho que os Contos d'Hoffmann estão cheio de melodias lindíssimas, de uma prodigiosa inspiração. Existe uma gravação requintadíssima desta ópera com o maior tenor de ópera francesa, Nicolai Gedda, acompanhado de um soberbo elenco, onde pessoalmente destaco a Los Angeles numa maravilhosa Antónia e o grande barítono francês Ernest Blanc. Eu tenho um dvd do Covent Garden com o Domingo, Lucina Serra, a Baltsa e a Cotrubas. Encenação luxuosa,abarrocada, com um resultado positivo no acto veneziano. Mas eu também recomendo outro dvd que igualmente possuo, que é, se não estou em erro, de Lyon, com alguama da nata do canto francês, nomeadamente os enormes Van Dam e Dessay.
    Mas também gosto bastante de La Belle Helene, na sua sátira ao mundo da Guerra de Troia, e de La Perichole que contém momentos bem vivos. É uma graça que eu compreendo bem, diferente da elegante opereta vienense, é uma graça latina, a que eu sou muito sensível, e Offenbach é além de tudo um grande músico.
    Já aqui neste blogue se falou d'Os Contos e lembro-me que o nosso Dissoluto compartilhava um pouco das ideias do caro Blogger. Termino repetindo que gosto muito d'Os Contos Hoffmann e da música de compositor em geral. Só Os Troianos, a Carmen e o Fausto coloco acima d'Os Contos.
    Raul

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  3. Raul! só essas óperas acima dos contos?
    E obras de Massenet, não lhe dizem nada?

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  4. Blogger, certamente que dizem, principalmente o muito wagneriano Werther, mas eu prefiro Os Contos. Mesmo acima do Werther coloco o Benvenutto Cellini, ópera semiesquecida e que é uma obra-prima. Neste conjunto de óperas francesas só estou a considerar as genuinamente francesas. Nada de originais franceses de compositores italianos (Guillaume Tell, La Fille du Regiment, Don Carlos,...) ou de compositores não franceses que escreveram alguma ópera para os franceses (Gluck, Spontini, Cherubini).
    Outra ópera de que gosto bastante é o Romeu e Julieta de Gounod.
    RAUL

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  5. tambem gosto muito do Romeu e Julieta do Gounod. Mas por exemplo, o Raul conhece a La Juive do Halevy? a qual, até creio, foi elogiada por Wagner.

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  6. Claro que conheço e tenho a versão do maestro Antonio de Almeida com o Carreras e a Varady. É a "grand-opera" no estilo de Meyerbeer concebidas como um grande espectáculo, daí que a música não seja a preocupação total do compositor. Nestas óperas, sempre muito compridas, como La Juive, há muito som. O outro falava de muitas notas (O Imperador José II a propósito d'O Rapto do Serralho naquela cena do Amadeus) e eu aqui falo do "som" mas em igual atitude. Existem boas melodias, mas tirando aquela ária do tenor, celebrizada pelo Caruso, pouco mais se retem à primeira. Eu gosto de ouvir de vez em quando La Juive, mas no meio de passagens inspiradas há muita banalidade e "música de ópera a metro" Foi contra esta corrente que primeiro Schumann e depois Wagner se insurgiram, dizendo tão mal de Meyerbeer que com o rolar do século caiu no esquecimento,o que é um bocado injusto. Para a "grande ópera" há um grande compositor: Spontini. Tanto La Vestale como a Agnes von Hohenstaufen e a Olympie são óperas infinitamente superiores a La Juive (Amigo Blogger, desculpe os meus exageros). Aconselho-o a adquirir nesta ordem as três óperas de Spontini, principalmente as duas primeiras. Existem gravações com elencos fabulosos. Se quiser mais informação eu dou-lhe.
    RAUL

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  7. Hum, sim, é verdade que é an tradição da grande ópera e que ali há alguma coisa para "encher chouriços" mas eu por acaso achei um espanto! Se calhar ainda sou facilmente impressionável =)
    O Raul já uma vez mencionou essa ópera "Agnes von Hohenstaufen" o que me deixou com a pulga atrás da orelha. tenho de a procurar no amazon. Sinto-me sempre atraido por obras praticamente desconhecidas e fora dos circulos mais comerciais (nem que seja para depois perceber porque foram votadas ao esquecimento)

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  8. Para o caro Blogger:

    Gaspare Spontini
    From Wikipedia, the free encyclopedia
    (Redirected from Spontini)


    Gaspare Luigi Pacifico Spontini (14 November 1774 – 24 January 1851) was an Italian opera composer and conductor, extremely celebrated in his time, though largely forgotten after his death.

    Biography
    Born in Maiolati in the province of Ancona, now Maiolati Spontini, he spent most of his career in Paris and Berlin, but returned to his place of birth at the end of his life. During the first two decades of the 19th century, Spontini was an important figure in French opera. In his more than twenty operas, Spontini strove to adapt Gluck's classical tragédie lyrique to the contemporary taste for melodrama, for grander spectacle (in Fernand Cortez for example), for enriched orchestral timbre, and for melodic invention allied to idiomatic expressiveness of words. His single great masterpiece and success was La Vestale.[1]


    As a youth, Spontini studied at the Conservatorio della Pietà de' Turchini in Naples. In 1803, he went to Paris, where he was appointed court composer in 1805.

    In 1807, Spontini wrote La Vestale, his best known work. Written with the encouragement of Empress Joséphine, its premiere at the Opéra in Paris established Spontini as one of the greatest Italian composers of his age. His contemporaries Cherubini and Meyerbeer considered it a masterpiece, and later composers like Berlioz and Wagner admired it.

    During the Peninsular War, “Napoleon promoted works such as Gasparo Spontini’s Fernand Cortez (1809),” which concerned the Spanish conquest of Mexico under the reign of Charles V.[2] Spontini's later opera Olimpie (1819, revised 1820, 1826) met with indifference, leading him to leave Paris for Prussia, where he became Kapellmeister and chief conductor at the Berlin Hofoper. There he showed hostility toward the young Mendelssohn.

    Modern revivals
    During the 20th century, Spontini's operas were only rarely performed, although several had their first revivals in years. Perhaps the most famous modern production was the revival of La vestale with Maria Callas at La Scala at the opening of the 1954 season, to mark the 180th anniversary of the composer's birth. The stage director was famed cinematic director Luchino Visconti. That production was also the La Scala debut of tenor Franco Corelli. Callas recorded the arias "Tu che invoco" and "O Nume tutela" from La vestale in 1955 (as did Rosa Ponselle in 1926). In 1969, conductor Fernando Previtali revived the opera, with soprano Leyla Gencer and baritone Renato Bruson. (An unofficial recording is in circulation.) In 1995, conductor Riccardo Muti recorded it with a cast of lesser-known singers.

    Other revivals of Spontini include Agnese von Hohenstaufen at the Maggio Musicale festival in Florence in 1954, starring Franco Corelli and conducted by Vittorio Gui, and in Rome in 1970, with Montserrat Caballé and Antonietta Stella, conducted by Riccardo Muti. Fernando Cortez was revived in 1951, with a young Renata Tebaldi, at the San Carlo in Naples, conducted by Gabriele Santini. The premiere of the integral version of the work took place at the Erfurt (Germany) opera house (2006, Jean-Paul Penin, conductor).

    Li puntigli delle donne was performed at the Putbus Festival 1998, conducted by Wilhelm Keitel (recording Arte Nova 74321591982).

    Depois eu digo qualquer coisa.
    RAUL

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  9. Acrecentando:
    Eu tenho as duas gravações mencionadas de La Vestale: a da Callas e a do Muti.
    A da Callas, embora as condições sonoras sejam fracas, em italiano,tem cortes, como por exemplo nada de Bailado, uma imposição da Grande Ópera, que também não uma grande perda. As interpretações (Callas, Corelli, Stignani) são de primeira água, heroicas, gluckianas. A música maravilhosa. Sobre as árias a Callas cantou o Tu che invoco em muitos recitais e gravou-o. Quanto ao Nume tutelar existe uma gravação histórica desta lindíssima ária, assente numa melodia das mais belas que tenho ouvido, sendo absolutamente obrigatório ouví-la e que é pela Rosa PonseleAqui atinge-se o céu.
    A gravação do Muti, completa, no original francês não conta com um bom soprano. No entento, o mezzo americano Denyce Graves é muito bom.
    Quanto à Agnese von Hohenstaufen, eu tenho a gravação da Caballé/Stella. É um monumento e percebe-se como Wagner poderá gostar da música. Não pára. Os concertante são joias e têm muito da marca de Spontini.
    Quanto à Olimpie, a ópera é também digna de ser ouvida. O elenco que tenho é nada menos que o Diskau e a sua mulher a Varady. Um regalo ao ouvido.
    O Fernando Cortez com ajovem Tebaldi tem pouco interesse pela música, pelo som e pela Tebaldi, cujo o timbre ainda não maduro parece o de uma outra cantora.
    Tente ouvir o Nume Tutelar pela Ponsele e diga-me qualquer coisa. Eu tenho num cd da RCA. A Ponselle preparou o papel com o Sarafin como um primeiro passo para depois se lançar na Norma.
    Raul

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  10. Raul, já ouvi o Nume Tutelar. Grande Ponselle. è um estilo de cantar tão distante do que hoje em dia se faz. Gosto também muito da Casta Diva dela. Quanto à callas a cantar a La Vestale, já ouvi várias coisas no youtube e há coisas assombrosas. é uma opera que tenho mesmo de explorar.

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  11. Blogger,Fico mesmo muito contento que o tenha feito. Eu quando a ouvi pela primeira vez, pus vezes sem conta, tal a beleza. São momentos únicos que a ópera nos dá, como por exemplo a Vergina dell'Angeli da Força do Destino pela Tebaldi.
    Sim, é melhor ideia comprar a versão da Callas.
    Raul

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