(Olga Borodina)
Há sensivelmente dez anos, na Bastilha, assisti à desastrosa estreia de Olga Borodina na Carmen. Que logro...
Na temporada seguinte, no Théâtre des Champs-Élysées, assisti a um recital consagrado à canção russa. Notável. Nos encores, Borodina foi de uma imensa generosidade: as duas árias de Dalila... Divina, divina!
Não sei se os felizardos que assistirem ao recital do grande mezzo russo, na Gulbenkian, esta quinta-feira, terão a mesma sorte que tive. A verdade é que, por dever de ofício, estarei ausente. O setting psicanalítico é rigorosíssimo: desmarcar as sessões, só em último recurso.
Mas, parvo era eu se não me vingasse! Pois bem, por cento e poucos euros, a acrescer aos bilhetes do Real... La Damnation de Faust, no dito Teatro Real, com La Borodina!!!
ps no reportório verdiano e mezzo mais pesado, Borodina não tem concorrência, desde há mais de dez anos.
Estes grandes mezzos escolhem sempre estes programas mais "selectos", vendendo a cultura do seu país. Não as censuro e a atitude até é de apreciar. E escolhem lugares cujo o público conhece bem o reportório tradicional. Mas isso não as impediria de fazer uma mistura. Talvez um autor russo para a primeira parte e depois Verdi, Rossini,...
ResponderEliminarBem, eu nisso tive sorte porque o lugar onde há uns dez anos a vi, Hong Kong, embora sendo a cidade da Ásia que mais cultura ocidental oferece, não tem um público tão vasto que justifique um recital semelhante ao que Olga Borodina vai dar na Gulbenkian. Eu vi O.B. a cantar a Eboli, a Azucena, a Cega da Gioconda, os Huguenotes e também a Dalila e a Carmen. A prestação foi muito boa.
A Borodina tem sido uma boa cantora com uma carreira consistente e alguns bons registos discográficos como o recital com a Larissa Gergieva dedicado à canção russa. Como rossiniana não me convençe mas seja como for tem a sagacidade de escolher o papel que suponho lhe será mais conveniente aos seus meios " A Italiana em Argel" e não ensaiar outros em que teria seguramente mais concorrência.
ResponderEliminarSempre que veio à Gulbenkian esteve muito bem e deixou saudades. Espero que melhore rapidamente.
João,
ResponderEliminarComo rossiniana É DESASTROSA! O repertório rossiniano que gravou nos idos 1990 para a Philips é de fugir! Quanto a Verdi e aos seus russos conterrâneos, é de outro calibre!
Não será uma rossiniana, mas daí a ser desastrosa há uma certa distância. Uma grande cantora como a Borodina é impossível ser desastrosa no reportório tradicional.
ResponderEliminarRaul,
ResponderEliminarExperimente ouvir o rossini dela e depois falamos, ok?
João,
ResponderEliminarEu tenho o cd da Philips e nisso baseio o meu comentário. BTW o que é que o João acha do Rossini da Simionato ?
Raul,
ResponderEliminarNão conheço o Rossini da grande Simionato :-( Parece que não é dos melhores...
João,
ResponderEliminarPara os cânones de hoje, principalmente a Cenerentola, ninguém diria bem, mas daí a chamar desastrosa... No entanto, ela reinou num momento em que a Rosina só "vendia" se fosse soprano ligeiro.
A Borodina não será uma Rossiniana de primeira água mas tem voz e técnica que lhe permitem abordar a Italiana em Argel com distinção. Não será uma Rossina ou Cenerentola, também por razões fisicas e de personalidade, mas à priori nada a impede de cantar esses papéis. Também a Carmen me parece muito despropositado na sua voz. O seu reportório de eleição será sempre o russo e espero que um dia venha a cantar a Donzela de Órleans de que muito gosto.
ResponderEliminarEu conheci o Rossini da Simionato, exactamente a Italiana com o excelente Valleti na casa duma amiga e conforme o Raúl diz se bem que o estilo nos possa parecer um pouco "jurásico" e a agilidade deficiente é uma interpretação notável pela alegria, vitalidade e verdade dramatica. Tudo o que falta a tantos interpretes Rossinianos dos dias de hoje. Já ouviram a Kozena na Cenerentola do Convent Garden? É insípida, incolor, inconsequente, inódora, inaudível......
Ildefonsíssimo,
ResponderEliminarSubscrevo o que dizes sobre a Simionato e também vejo que estás de acordo com o facto da Borodina, embora não sendo uma rossiniana, está bem longe de ser um desastre. Eu acho que devemos ter um certo cuidado quando usamos adjectivos "fortes".
Eu não gosto do Rossini da Kozena. Não tem graça. Eu acho que os mezzos que se querem especializar em Rossini, deviam ter umas aulas com a Teresa Berganza. A Christa Ludwig quando se preparou para interpretar a Lady Macbeth, cujo cd eu tenho, teve lições verdianas com a Milanov.
E fez muito bem a Christa ludwig! Era uma rapariga muito conscenciosa e não me lembro duma única gravação em que não esteja bem. Apareceu novamente à venda o referido Macbeth e tenho muita curiosidade mas um novo Macbeth não é uma prioridade. A Berganza está optima no Barbeiro que conheço bem e gosto do Rossini de início de carreira da Bartoli, tal como o Mozart, aliás acho que gosto de tudo!
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