(Furlanetto na pele de Filipe II)
A avaliar pela critica precisa e meticulosa do El Pais, decididamente, este Don Carlo milanês não deixará saudades: Gatti sofrível, intérpretes pouco inspirados e uma encenação demasiado despojada:
«Las primeras protestas llegaron antes de comenzar el segundo acto y estuvieron dirigidas contra el director musical Daniele Gatti. Se reproducirían en el segundo intervalo y al final, aunque con menor intensidad. Venían de arriba, de los loggionisti. Los espectadores de platea no suelen silbar ni abuchear. Es poco fino, después de haber pagado 2.000 euros por la localidad. Gatti cerraba su año histórico después del éxito inaugurando el Festival de Bayreuth. Pero Wagner no es Verdi. El director milanés planteó un Verdi más sinfónico que lírico, más pesante que ligero. Abusó del volumen, en perjuicio de los cantantes y se movió arbitrariamente en los tempos. Obtuvo momentos de color, atmósfera y contrastes fabulosos, pero la representación adoleció de continuidad, fue desangelada por momentos, e incluso tediosa.
Los cantantes estuvieron agarrotados. El sustituto Neill quizás sea más contundente y musical que el sustituido Filianoti, pero en escena es la antiteatralidad. No lo digo por su gordura sino por su pésima capacidad como actor. Ferruccio Furlanetto aguantó el tipo como Felipe II, pero sin pasión. Fiorenza Cedolins hizo una delicada Elisabetta con filados extraordinarios y una gran intuición melódica, pero dejó que desear en la expresividad dramática. Dolora Zajick se mostró poderosa como Éboli, aunque también vulgar. Dalibor Jenis pasó sin pena ni gloria como Rodrigo y Kotscherga no tuvo su día. Para una inauguración de temporada milanesa no es como para tirar cohetes.
La dirección teatral del francés Stéphane Braunshweig es sensible y minimalista. Añade un elemento psicológico con el desdoblamiento en la infancia de algunos personajes. Si la parte musical hubiese tenido más inspiración, seguramente habría pasado la escénica como correcta. Pero no estaba el horno para bollos conceptuales. Y así resultó fría y distante, con carencias en la dirección de actores. Verdi exige otro fuego más directo y comprometido que Mozart o Janácek, autores con los que este director ha conseguido resultados encomiables.
(…)
Pero lo fundamental, no lo olvidemos, es la calidad de las representaciones. La de Don Carlo, instalada en la corrección, estuvo varios enteros emocionales por debajo de lo que en Verdi es deseable.»
(Furlanetto e Cedolins ossia Filipe II e Elisabete de Valois)
Noutro quadrante, o International Herald Tribune resume a coisa a uma récita convincente, com inúmeros pontos de interesse, a começar pelo brilho de Neill (Don Carlo), densidade de Furlanetto (Filipe II) e entrega de Cedolins (Elisabete):
«Last year the house scored an artistic success with "Tristan und Isolde," but a Verdi opening at La Scala always brings a special frisson and not infrequently a bit of scandal. The conductor Daniele Gatti's decision to restore a passage that Verdi cut before the premiere of the original five-act Paris version of the opera (and later reused in the Lacrymosa of his "Requiem") attracted some advance attention.
(…) the American tenor Stuart Neill, scored a decided success. Neill is a big man with a big voice, yet the voice, in addition to having a robust, ringing sound, is unusually flexible, and Neill managed some arresting soft singing in Carlo's final duet with Elisabetta di Valois, his one true love (and later stepmother after his father, Philip II of Spain, marries her). Neill had obviously been rehearsed and entered into Braunschweig's production without a hitch. Braunschweig's ongoing production of Wagner's "Ring" for the Aix-en-Provence and Salzburg Easter Festivals has gotten mixed reviews, but his production here has an interesting original dimension while preserving the benefits of a traditional staging.
In a program note, Braunschweig observes that the origins of Don Carlo's ardent friendship with the political reformer Rodrigo, the Marquis of Posa, are left unexplained by Verdi, whereas the opera's source - Schiller's play "Don Carlos" - traces their comradeship to childhood. This observation provides a kind of springboard for portraying the opera's harsh realities against a background of a "lost paradise," the latter, above all, standing for the moment when, in the forest of Fontainebleau, Don Carlo and Elisabetta declare their love only to be told that for political reasons Philip will marry her.
Braunschweig's approach makes special sense when the opera is performed, as here, in Verdi's revised four-act Milan version, in which the Fontainebleau scene is omitted but remains a potent memory. To invoke the past, Braunschweig arrestingly relies on children, doubling the characters, to appear in key scenes, sometimes against the colorful background of the forest itself, which provides welcome contrast to Braunschweig's stark, black and white sets, as do Thibault van Craenenbroeck's lavish ultra-traditional costumes.
Neill finds himself in estimable vocal company, not least with Dolora Zajick, as Princess Eboli, and Ferruccio Furlanetto, as Philip - probably the leading exponents of these roles currently. Furlanetto is especially strong in projecting a human dimension to Philip, not an easy task. In the scene, for instance, when Don Carlo challenges Philip with his sword, Furlanetto really suggests Philip's vulnerability. Another excellent portrayal comes from Fiorenza Cedolins as Elisabetta, who invests key phrases in the final act with lovely pianissimos and brings passion to her moments with Carlo. Dalibor Jenis sings Posa with ardor, sounding best in his upper range, and Anatoli Kotscherga is a solid Grand Inquisitor.
Gatti sets a number of slow tempos - which may account for the expressions of hostility he drew from the gallery - but for the most part he makes them work in a performance that is persuasive overall. The passage Gatti restored, essentially a lament for Posa by both Philip and Carlo, was a treat to hear, but you can understand why Verdi cut it - both characters already have had ample occasion to demonstrate their esteem for Posa, and Verdi may have thought he could put the compelling theme to better use, as in fact he did.»
Moral da história: terão os dois críticos assistido à mesma récita???
Las primeras protestas llegaron antes de comenzar el segundo acto y estuvieron dirigidas contra el director musical Daniele Gatti. Se reproducirían en el segundo intervalo y al final, aunque con menor intensidad. Venían de arriba, de los loggionisti. Los espectadores de platea no suelen silbar ni abuchear. Es poco fino, después de haber pagado 2.000 euros por la localidad. (!!!!!) Gatti cerraba su año histórico después del éxito inaugurando el Festival de Bayreuth. Pero Wagner no es Verdi. El director milanés planteó un Verdi más sinfónico que lírico, más pesante que ligero. Abusó del volumen, en perjuicio de los cantantes y se movió arbitrariamente en los tempos. Obtuvo momentos de color, atmósfera y contrastes fabulosos, pero la representación adoleció de continuidad, fue desangelada por momentos, e incluso tediosa.
ResponderEliminarPeço imensa desculpa de estar aqui a citar parágrafos inteiros do sr. crítico do EL PAIS, mais foi exactamente aquilo que eu senti ao ouvir a récita de abertura da temporada scaligera: Gatti parecia possesso por Karajan ou Klemperer...
E a mais a publicidade escandalosa e EVENTOSA que agora rodeia as administrações dos grandes Teatros Líricos e as récitas: Scala e o escândalo Alagna e... Filanoti, pois então!!...Met e os 3+ 2 Tristans deste ano, tanto com Levine como já presentemente com Barenboim.
- Pessoal!!! Há que vender DVDs High Definition das nossas récitas, e com uma nota invulgar ou de escândalo, + se vende...!! de certeza!!! Oh Yes!!!
Pois o BUSILIS da questão e da récita foram as substituições do Tenor; e quem apanhou nas reais ventas, se me permitem a crueza Queirosiana,como principal responsável, foi o Sr. Gatti, pois então...!!!
Filianoti deu lugar a Neill e até Matti Salminen deu lugar a A. Kocherga... mas este, claro, menos publicitado... Não é tenor no Alla Scala...
Houve um blogger que muito bem comentou as banalidades que correm na nossa Rádio Clássica nesta mesma transmissão do Alla Scala Abertura da Temporada 2008/09... Comparar a Cedolins com a Tebaldi... ????? ... eu comparava-a à Milanov (no seu melhor ou pior?? - Um caso a reflectir...) Francamente... a Cedolins comparada com a Tebaldi!!!??? é a mesma coisa que o nosso querido e adorada CR7 sair do Manchester e dizer à Da. Dolores que quer ir jogar para o Milheiroense ou para o Baixense de Cima (Liga dos Últimos...)hei Guys Milheiroense Futebol Clube; No Offence11 Ok? =)
Francamente: a Cedolins com a Tebaldi!!! Rá, Rá,Rá, Rá, Rá... :-D :-D :-D :-D
Não ouvi a récita, mas já existem excertos no Youtube. Dos que ouvi achei o barítono Dalibor Jenis muito mau (timbre muito feio), a Cedolins muito aceitável (a sua beleza, a actriz e a cantora) e gostei do timbre do Stuart Neill. Faltava-me a palavra para me justificar por que não gostei da Zajick e o El País deu-ma: vulgar. Quanto à direcção do Gatti não gostei mesmo nada: lenta, sem fogo e algumas vezes dirigindo "outra música". Ontem ainda não havia nada do Furlanetto no Youtube.
ResponderEliminarAcho interessante esta récita ir ao encontro do que outrora eu afirmei como um desejo neste blogue: traduzir para italiano a parte correspondente à original Lacrymosa da versão francesa.
Sorry,
ResponderEliminarErrata:
Filianoti, e não Filanoti.
… querido e adorado CR7…
… no offense !!!!... ( também serve...)
É que sabe, caro Dissoluto Punito, às 01:18 da manhã já o manejamento do computer deixa muito a desejar…
Peço-lhe já desculpas pelo meu exuberante humor, mas já não tenho pachorra para carrancudices e seriedades político-diplomáticas neste país que tanto sofreu (e sofre!!...) com demasiado siso!!
Quanto aos inglesismos, confesso-me vítima do meu adorado CINEMA americano, e não tenho mais nada a acrescentar… quanto a isto.
Zajick , tive o prazer de a ver ao vivo no Met no já longínquo ano de 1997 neste mesmo papel. Pelo que eu me apercebi do que ouvia, a sua concepção do papel pouco mudou, ou se mudou alguma coisa é devida a uma certa usura que a voz já começa a denotar… mas as suas prestações a nível vocal são sempre de altíssimo gabarito… eu que o diga, que já a experienciei ao vivo…
De certeza que o grande triunfador da noite de abertura do Scala foi Furlanetto. Pelo que ouvia, compensava um notório desgaste da voz com uma interpretação vocal-teatral a tocar no pleno VERISMO. Não me interpretem mal… e bem até pelo contrário: que saudades que há de um bom verismo em palco; quando o Palco pega fogo, isso transmite-se à Plateia e isso nota-se, inclusivé numa transmissão radiofónica; que o digam as transmissões Live com que nós crescemos: Corelli, Callas, Del Monaco, Di Stefano, Ghiaurov, Bastianini, Christoff, Varnay, Modl, Windgassen, Rysanek, Nilsson, Price, Obrasztsova… que fé!!... que saudades!!!
O Sr. Furlanetto utilizou os efeitos dramático-veristas na Hora H:”Signori, sostegni del mio trono…” e o seguinte “Disarmato ei sia…” (Cena do Auto-da-fé); “No! Giammai! (Cena com o Grande Inquisidor) e “Ah…! la pieta d`adultera consorte!”( Cena seguinte com Elisabetta, la Regina) e isso transmitiu-se a nós!!; não faço parte dos que dizem que o verismo está fora de moda!! Até tenho saudades (torno a repetir!!...) de fogo no palco e na plateia!! … e para isso muito contribuiu nesta récita o sr. Furlanetto, honra lhe seja feita !!!...
Hoje é pecado dizer-se que se gosta do Verismo. Não contem comigo!!... Como hoje bem se sabe, nestes dias de rigor e politesse musicológica regada com bom vinho de instrumentos originais de época… está mais na moda ressuscitar e reproduzir os Tamerlanos e as Ariodantes do que um Nerone de A. Boito ou uma Francesca da Rimini de Zandonai… Sinais dos tempos, e mais não digo…!
Resumindo e concluindo: palmarés de actores-cantores para Furlanetto e Cedolins (que não é a Tebaldi!!).
Bem… tenho que ir para aqui para o lado, para o Tristan de Barenboim no Met. Se me der licença, caro Dissoluto Punito…
Realmente a Cebolins lembra a Tebaldi! Sendo jovem tem todos os defeitos da Tebaldi do final de carreira, mas numa dimensão mais agravada, e não reune nenhuma das qualidades da jovem Tebaldi, pelo menos em quantidade suficiente para elevá-la ao patamar da excelência da antiga cantora!
ResponderEliminarÓ João Ildefonso, a Cedolins acebolou-se e virou Cebolins!!! Não deixa de ter a sua piada, mas não tanta como a de a comparar com a Tebaldi, mesmo no fim de carreira. Ao que parece esta comparação partiu de dois comentadores de rádio que, segundo os comentários deste blogue, se notabilizaram pelo seu ridículo. Continuar a falar do assunto é dar grande importância a fontes ignorantes. A Tebaldi foi o maior soprano lírico spinto de ópera italiana de sempre e a Cedolins é por vezes uma excelente cantora. E basta.
ResponderEliminarCaro mr. LG,
ResponderEliminarNão podia estar mais de acordo com as suas ideias sobre o "fogo" do Verismo, quando transportado à plateia. É Ópera. Haendel, no que toca à sua ópera barroca, passo bem sem ele. No resto é uma referência.
Mas também gosto da pose clássica a la Gluck e que está tão bem espelhada na Norma.
Caro Sr. Raúl:
ResponderEliminarPor motivos de stress trabalhístico, ou como quem diz, por motivos de agenda... só agora lhe posso responder. Pelo facto desculpas, e como as récitas Scaligeras DON CARLO ainda continuam... ainda vamos a tempo, embora não para voltarmos ao assunto DON CARLO, mas sim para lhe responder ao seu anterior post:
Pose clássica à la Gluck, sim sra. ... mas só se for como S. Graham no ano passado no Met na IFIGÉNIA EM TAURIDA, ou como V. Urmana no ALLA SCALA como IFIGÉNIA EM AULIDA, porque se for do tipo A. S. Von Otter na ALCESTE encenada por Bob Wilson, não!... Não achei muito excitante o tratamento que Bob Wilson e Anne Sofie deram à nobre Alceste...
Quanto às Normas... já não as há!!... Depois da morte dell` assoluta Maria, da retirada de Sutherland e Caballé, uma tardia Gruberova não me convence...
Espero outros Posts seus.
Atenciosamente,
Mr. LG
P.S. Já vi alguns videos You Tube DON CARLO ALLA SCALA Dez. 08. Stuart Neill como Don Carlo bom vocalmente, mas na realidade nulo!!! no jogo dramatis personae... PAQUIDÉRMICO até!
All the best