Na Única, do Expresso de hoje, 14 de Junho, André Gonçalves Pereira (AGP) revela-se, tanto quanto pretende.
AGP tem um percurso admirável, particularmente no direito e advocacia, onde fez escola, continuando a ser modelar.
Da entrevista, de forma particularmente destacada, retive a tónica colocada pelo próprio no sucesso, orgulho, linhagem e autarcia, a par do controlo. Sem surpresa, Gonçalves Pereira revela o horror à dependência e subordinação, declarando ter sempre sido patrão de si próprio.
Aqui e ali, a sua megalomania toute-puissante bordeja a caricatura, nomeadamente quando, sem pudor algum, lamenta ter abandonado a formação musical que, segundo o próprio, o teria tornado num Toscanini ou Von Karajan. Sem mais comentários.
A dada altura, o jornalista perspicaz, quiçá fatigado de um relato obstinadamente centrado no sucesso e grandiosidade, confronta AGP com a falha: e a descendência, Senhor Professor? Que é dela? Não há, responde evasivamente. O luto pela impossibilidade (sublinho a impossibilidade, intuitivamente) de gerar vida parece ter sido feito, seguramente com dor.
Com a enorme admiração que um tal percurso me merece, posto que estou habituado a olhar para os esconderijos da mente, por dever de ofício, desde as primeiras linhas da entrevista procurava a falha que AGP se esforça por ocultar. É que a utilização preferencial deste tipo específico de defesas – narcísicas, no caso – visa camuflar a ansiedade de castração.
António Coimbra de Matos, psicanalista que muito prezo, define este tipo de personalidades com base na máxima: “Só usa galões quem não tem colhões”.
Mise à part o vernáculo - não duvidando um só segundo da circunstância de Gonçalves Pereira os ter, literalmente - questiono-me sobre o modo como AGP lida com as suas falhas: prosaicamente, arrisco considerar que a possibilidade de ter procriado teria feito do Professor Gonçalves Pereira alguém mais reconciliado com a sua condição humana - errante e errática -, nem sempre tão afim com a grandiosidade e sucesso.
Convém emendar o link para http://pt.wikipedia.org/wiki/André_Gonçalves_Pereira
ResponderEliminarcaso contrário, a maior parte dos leitores não irá dar ao artigo da Wikipédia.
Lembro-me há muitos anos (1976)no bar da saudosa Natália Correia, o Botequim, ela e a Helena Roseta, estarem a conversar bem alto e chamavam-lhe "porco em pé". Eu acho que tinha que ver um pouco com o seu lado de engatatão associado ao aspecto físico dele'' pois que todos pertenciam ao PPD, embora tivessem em substância pensares muito diferentes. Nunca mais me esqueci, pois fui a única vez que fui àquele bar, para minha pena.
ResponderEliminarRAUL
Lembro-me há muitos anos (1976)no bar da saudosa Natália Correia, o Botequim, ela e a Helena Roseta, estarem a conversar bem alto e chamavam-lhe "porco em pé". Eu acho que tinha que ver um pouco com o seu lado de engatatão associado ao aspecto físico dele'' pois que todos pertenciam ao PPD, embora tivessem em substância pensares muito diferentes. Nunca mais me esqueci, pois fui a única vez que fui àquele bar, para minha pena.
ResponderEliminarRAUL
Lembro-me há muitos anos (1976)no bar da saudosa Natália Correia, o Botequim, ela e a Helena Roseta, estarem a conversar bem alto e chamavam-lhe "porco em pé". Eu acho que tinha que ver um pouco com o seu lado de engatatão associado ao aspecto físico dele'' pois que todos pertenciam ao PPD, embora tivessem em substância pensares muito diferentes. Nunca mais me esqueci, pois fui a única vez que fui àquele bar, para minha pena.
ResponderEliminarRAUL
Isto apareceu três vezes, mas não foi intencional. Disparate meu.
ResponderEliminarRAUL
Caro Manuel,
ResponderEliminarNão há volta a dar! Também procurei corrigir a falha, antes de colocar o post... No way :(
Peço desculpa.
ResponderEliminarRAUL