domingo, 13 de abril de 2008

Um Baile de Tristes

O encenador Johann Kresnik parece não encontrar saída para a marxite aguda de que padece há anos e anos.

Desta feita, situa a acção de Um Baile de Máscaras nos Estados Unidos da América, na era pós 11/09. A sua concepção artística convoca o ridículo e o sórdido: dezenas e dezenas de reformados, nus em pêlo, passeiam-se em palco, apenas ostentando máscaras do rato Mickey.

«Thirty-five naked and cash-strapped pensioners in Mickey Mouse masks will do their best to shock opera-goers in the east German city of Erfurt tonight when a re-interpretation of Verdi's A Masked Ball holds its premiere.

The work is being staged by the Austrian director Johann Kresnik, 68, a Marxist, who is famous throughout the German-speaking world for his provocative, anti-capitalist productions and his penchant for lavish displays of naked flesh.

His reworking of Verdi's 1859 opera promises to be no exception. Its setting is Ground Zero, the post- 9/11 ruin of New York's World Trade Centre, and the protagonists include not only nude pensioners, but lots of naked young women and a woman in a red swimsuit sporting a Hitler moustache.

The naked male and female pensioners, the oldest being 69, will have their bodies coated with grey paint and will wear their masks throughout the show. In other scenes, actors will appear on stage draped in the Stars and Stripes and burning Uncle Sam hats

Evidentemente, trata-se de uma sátira sobre o american way of life, que tantos neurónios consome aos marxistas da velha guarda, cuja visão maniqueísta do mundo é alimentada pela patológica clivagem: América exploradora e mortífera vs espírito soviético salvador.

De facto, há tantas esquerdas quantas quisermos: a bafienta, que os restos mortais do pcp teimam em perpetuar, a chic, de um certo BE (mano Portas e quejandos), a doentiamente paranóica, cuja bandeira Garcia-Pereira hasteia... e A MINHA, que combina preocupações sociais com a estética Armani, dispensando caviar.

«Kresnik admitted yesterday that his interpretation had little to do with Verdi's original work about the assassination of the Swedish King Gustavus II in 1792. The monarch was shot at a masked ball and at the time censors insisted Verdi reset the opera in the US so as not to depict the murder of a European king.

Kresnik's production is still set in the US but attacks today's American values. "It will be a different, provocative masked ball on the ruins of the World Trade Centre," he said.

"The naked stand for people without means, the victims of capitalism, the underclass, who don't have anything any more."»

Bom, bom, o senhor sempre tem alguma lucidez: afinal, o que tem Verdi a ver com tamanha estupidez?

De resto, só mesmo uma alma tonta e doente pode dispensar uma ocasional saltada à big Apple!


4 comentários:

  1. Gostei da legenda da foto no "The Independent": An undress rehearsal.
    E todo este disparate para quê? - se é que posso perguntar.

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  2. Enfim, frustrações. O problema é que quem "paga" é a ópera e aqueles que gostam dela e que "pagam" para ver um espectáculo.
    RAUL

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  3. Os pobres actores ficaram contentes por poderem pelo menos usar as máscaras e não ter de passar pela vergonha de dar a cara ;-)
    (Não me digam que foi porque é um baile de máscaras, que para o encenador isso não deve ter tido importância nenhuma...)

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  4. Bem, ao menos o encenador consegue explicar de forma lúcida e coerente o que pretende e o resultado final pareçe ter um aspecto profissional. Ao contrário de muitos em que nem sequer se compreende qual é a intenção. A nudez não me agride nem sendo nudez sénior. Se calhar se fossem umas miúdas giras em poses estimulantes até era achado muito apropriado!

    J. Ildefonso.

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