sábado, 26 de abril de 2008

25/4, 34 anos... e 1 dia depois

A minha família sempre comemorou o 25/4. De modo discreto, lá em casa, a efeméride foi sendo recordada ao longo dos anos. Evidentemente, o acontecimento de singular simbolismo foi por mim investido, com maior passionalidade na adolescência e crescente “normalidade”, mais recentemente.

A banalização da comemoração, em meu entender, apenas tem um significado (pouco afim com o saudosistamente apregoado esquecimento): a revolução dos cravos foi assimilada e integrada na mente dos portugueses-pensantes, livres e amantes da liberdade.

No mais nobre dos sentidos o espírito da revolução perpetua-se, pese embora a pseudo-banalização da comemorações. O calor e fervor de outrora tornaram-se anacrónicos, o que em nada desvirtua a notável data.

No meio desta reflexão serena e pacífica, apenas um acontecimento me envergonha: a homenagem da dispensável RTP 1 (a que assisti à vol d’oiseau, para bem da minha saudinha) ao 25 de Abril, trinta e quatro anos depois da efeméride, consistindo numa interminável exibição da brigada do reumático, já sem voz, teimando em interpretar trechos musicais de l’époque.

Menos vergonhoso mas, ainda assim, não menos bizarro, foi ouvir – não escutar – copos-de-leite participarem nas comemorações oficiais do do 25/4. Como é de imaginar, fiel leitor, preconceituosamente, recusei-me a escutar a intervenção de Pedro Mota Soares nestas comemorações oficiais da revolução de Abril.

Associar Mota Soares – sumo representante do copo-de-leite parlamentar - à Revolução dos Cravos é tão horrendo como consciencializar o retorno da lamentável (e ora recauchutada) Manuela Moura Guedes à informação televisiva. Para bem da minha sanidade, não assisto às intervenções de Pedro Mota Soares, além de – salvo raras excepções – apenas suportar a informação televisiva difundida – aristocraticamente, no estilo e substância – por Mário Crespo.

Moral da história: haverá mais eloquente modo de recordar e perpetuar o 25/4 do que este?



Não creio!

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