domingo, 23 de março de 2008

La Ludwig...

...festeja as suas oitenta gloriosas primaveras!

Está de parabéns, pela idade e, evidentemente, pela extraordinária carreira, uma das mais fenomenais do século XX lírico.

A EMI presta-lhe homenagem, comercializando este best of, que inclui 5 cd's (pelo preço de um).

Desta notícia apreciei, sobretudo, esta máxima, que muitos artistas deveriam seguir, à risca:

sábado, 22 de março de 2008

Antologia do Belcanto italiano

Eis o mais precioso e louvável registo belcantista das últimas décadas!

Natalie Dessay, em definitivo, rompe com o território puramente ligeiro, abrindo caminho ao domínio do belcanto.

É bem verdade que em Verdi – Violetta e Gilda -, a herança ligeira condiciona a ousadia interpretativa. Em ambas as incarnações, Dessay desenha personagens algo desabitadas, vergando-se diante da disciplina vocal, que privilegia sobre a teatralidade.

Contudo, no território do belcanto mais ortodoxo – Bellini e Donizetti – a soprano francesa atinge a genialidade, particularmente na revisitação da insanidade – Elvira (I Puritani) e Lucia (Lucia di Lammermoor).

A voz, de timbre claro, elegante e aristocrático, encontra-se no apogeu das suas capacidades, sendo governada por uma disciplina de invulgar mestria: os pianissimi são um sonho, as cadenzas perfeitas, o vibrato controlado até à exaustão, a respiração soberana…

Desde os anos 1960 / 1970, em que Sutherland, Caballé e Sills triunfaram (seguidas, de imediato, por Gruberová, nas idas décadas de 1980 e 1990) que não se assistia a uma revialização tão perfeita e extraordinária do belcanto italiano.

Dessay começou por se afirmar na linha do repertório ligeiro – Rainha da Noite e Olympia -, tendo passado, desde há cerca de uma década, a interpretar papeis mais pesados e complexos, do ponto de vista interpretativo.

Muito recentemente, ousou o belcanto italiano, nomeadamente através de Amina (de A Sonâmbula, de Bellini, cuja interpretação é mítica) e Lucia de Lammermoor, antevendo-se as heroínas Tudor, de Donizetti, num futuro muito próximo.

O Verdi de Natalie Dessay – cuja Violetta parace estar para muito breve -, a avaliar pelos excertos deste registo, inspira-me alguns cuidados e reticências. Contudo, estou seguro de que, tanto em Bellini, como em Donizetti, não haverá concorrência à altura da soprano francesa!

Sem rodeios, aconselho a aquisição deste registo, que apelido de histórico, sem mais!
(0094639524327 Virgin Classics)

quarta-feira, 19 de março de 2008

Opéra National de Paris: temporada 2008/2009

Pelo segundo ano consecutivo, a temporada lírica 2008/2009 da Opéra National de Paris decepciona-me.

Ainda assim, Tristan und Isolde, em reprise - a estreia desta produção, em finais de 2005, como nenhuma outra, fez escorrer tinta a rodos -, seguramente, vai mobilizar a família Dissoluta!

Este O caso Makropoulos, também suscita algum interesse...

terça-feira, 18 de março de 2008

Novidades & Fundos de catálogo...

... descobertos em Amesterdão...





...descobertos na magnífica discoteca FAME!

domingo, 16 de março de 2008

Kát'a Roocroft


























Amanda Roocroft, apesar das hesitações iniciais - agudos titubeantes, algo erráticos e excessiva contenção no volume - compôs uma extraordinária Kát'a, que se impôs paulatinamente: à defesa, nos actos I e II, no epílogo da récita (que não teve intervalo algum, note-se), expandiu-se, oferecendo uma prestação gloriosa, dominada por uma interpretação teatralmente robusta - sem a mínima hesitação, de um engagement total -, que se fez acompanhar por uma voz plena, mais ousada e arrojada.

Os detalhes da récita - ainda marcada por uma belíssima encenação e direcção orquestral - serão objecto de um post, que redigirei, já em solo luso.

sexta-feira, 14 de março de 2008

Kát´a Kabanová...















...na De Nederlandse Opera, Domingo próximo, conta com dois espectadores lusos.

A Kát'a de Roocroft é - indubitavelmente - o maior ponto de interesse desta produção, que conta com uma estética sombria, depurada e melancólica.

Como há muito se diz pelas bandas deste blog, ver-se-á...

quinta-feira, 13 de março de 2008

Tristonho e Isolda

Voices alter as singers mature, and whether through that natural process or as a result of Ms. Voigt’s significant weight loss in recent years, her vocal colorings have changed. She may have lost some of the sumptuous beauty of earlier days. But her sound is now brighter, more brilliant. And in the sheer energy of her singing, the unforced power of her soaring phrases and the fearlessness of her top notes, she seems more confident than ever.

In scenes with the alluring mezzo-soprano Michelle DeYoung, who excelled as Brangäne, Isolde’s sisterly maid, you could sense these two American colleagues urging each other to take dramatic risks and flesh out their portrayals. But Ms. Voigt, understandably, was somewhat tentative in scenes with Mr. Mac Master, especially during the long, crucial love duet in Act II, “O sink hernieder,” when, as night descends, Tristan and Isolde slip into their death-wish embrace.»

Queiramos - ou não -, Heppner, nos nossos dias, é insubstituível: como Tristão, Grimes, Florestan and so on!

O grande tenor canadiano, vitimado por uma infecção na garganta, teve de anular a sua prestação nesta reprise d'A Ópera wagneriana. Já agora, Heppner estreou esta mesma produção, há cerca de cinco anos, com a infeliz e desajustada Eaglen, como Isolda.

Previsivelmente, o substituo de Ben Heppner... não esteve à altura!

Entretanto, enquanto Mattila não se decide, Isolda continua a escrever-se, na América, com V - de Voigt - e com S - de Stemme - e M - de Meier -, na Europa.


quarta-feira, 12 de março de 2008

Madrid vai enlouquecer...

... e com ela... Il Dissoluto Punito & su familia, por supuesto!



Meus amigos, enquanto prossegue impune a devassa no largo de São Carlos, as capitais da lírica ultimam os preparativos da temporada que se segue.

Madrid, doravante, figura entre as cidades liricamente interessantes, como se precisasse da lírica para encantar, dir-me-ão, não são razão!

Pois bem, para início de temporada, Mattila interpreta Jenufa
(pena é que Anja Silja não a acompanhe, como sucedeu no Met, na temporada passada...).
Precisarei de dizer que já marquei férias para Dezembro?!


(Karita Mattila)

Mas há mais, muitos mais argumentos que tornam imperativas várias saltadas a Madrid: Un Ballo in Maschera (com Marcelo Alvarez, Urmana, Zaremba e Carlos Alvarez), Il Trionfo del Tempo e del Disinganno (com Genaux e Mijanovic, dirigidas por Mcreesh), The Rake’s Progress (com Bayo, Spencer e a grande Podles, dirigidos por Hogwood), Tolomeo, Ré d’Egitto, (sob a batuta de Curtis), Tannhäuser (com Seiffert e Petra Maris Schnitzer) La Damnation de Faust (com a superlativa Borodina, como Margarida) e, para terminar, a vingança do torpe Rigoletto de Lisboa: Flórez, Frontali e Ciofi, respectivamente, recriarão o Duque, Rigoletto e Gilda, da ópera homónima!

Como remate, n’As Bodas de Figaro, Barbara Frittoli e a belíssima Annick Massis prometem fazer história, como condessas!


(Teatro Real, Madrid)

Madrid, indubitavelmente, é a capital ibérica da música lírica, destronando um Liceu pouco apelativo! Tanto melhor para mim e demais portugueses, profundamente zangados com o embuste em que se converteu o Teatro Nacional de São Carlos.


(Teatro Real, Madrid)

«Diecisiete títulos de ópera entre la tradición y la modernidad, figuras como Plácido Domingo, Rolando Villazón, el director de escena Robert Lepage, el filósofo Fernando Arrabal o el bailarín Angel Corella, dan forma a la nueva temporada del Teatro Real, que alcanza la velocidad de crucero con 219 espectáculos.»

Está tudo dito! Haja dinheiro e saúde para tanta viagem!

terça-feira, 11 de março de 2008

998

É o número de posts deste blog. Só para que conste.

Portanto, dentro de dois posts, há festa!

Para comemorar, partimos para Amesterdão, onde assistiremos a uma
Kát'a Kabanová, com Amanda Roocroft no papel titular.




La Kozená telegráfica



Um Debussy etéreo e diáfano, como se quer. Um Mahler morno – já de si, os lieder de Mahler entediam-me... o defeito será meu. Strauss notável e um apoteótico Poulenc, pleno de teatralidade e graça; brilhante!

Começou como terminou: deslumbrante, num francês magnífico.

Em estado de graça, Kozéna, belíssima, exibiu o seu elegante estado interessante.
Se eu fosse maestro, emigrava para Berlim, à procura da minha diva, if you see what I mean...

Ass Simão Galamba de Almeida

domingo, 9 de março de 2008

Giuseppe Di Stefano: best of discográfico

O pós-guerra viu emergirem tenores italianos de rara qualidade: Corelli, Del Monaco, Bergonzi, para além do recém-falecido Di Stefano.

Giuseppe Di Stefano distinguia-se dos demais mencionados, sobretudo pela invulgar luminosidade e brilho. Corelli era o senhor spinto, Del Mónaco dominava o território dramático, pela robustez, e Bergonzi tornou-se no mais estrondoso tenor verdiano do século.

Di Stefano era o grande tenor lírico dos anos 1950 e 1960 – Alfredo, Des Grieux, Rodolfo, Nemorino -, tendo ainda vingado em territórios muito específicos do domínio spinto – Manrico, Cavaradossi, Duque, Riccardo e Edgardo.

Eis uma pessoalíssima eleição da discografia de Giuseppe Di Stefano, tal como havia prometido, por ocasião do seu falecimento:

ÓPERA

Bellini


Donizetti


Mascagni / Leoncavallo


Puccini


Verdi



RECITAL


Caso o leitor pretenda a nata desta colecção, sugiro o Edgardo da primeira Lucia (1953) - o melhor de toda a vasta discografia que conheço, de que aqui falei -, o Cavaradossi da primeira Tosca (também de 1953), o Riccardo, do Un Ballo, de estúdio (o primeiro a figurar nos registos consagrado a Verdi), o Duque, do Rigoletto, o Alfredo, da La Traviata e o Manrico, do Il Trovator.

nota: nesta lista, optei por incluir as edições menos onerosas de cada uma das interpretações.

sábado, 8 de março de 2008

Disse-me um passarinho... ossia Novidades Operáticas!

Em matéria de espólio, em meu entender, não há como a EMI.
O fundo de catálogo desta major tem pérolas preciosíssimas, como é de todos sabido.
No âmbito da colecção Great Recordings of the Century, eis algumas revitalizações, absolutamente incontornáveis:


A Turandot da Callas, que reuniu Schwarzkopf e Serafin à diva, pese embora as inúmeras fragilidades da interpretação (sobretudo vocais...).


O Dido and Aeneas da Flagstad.


Uma colectânea de árias de Mozart, interpretadas por um dos mais destacados sopranos líricos do final do século XX, prematuramente desaparecido, Lúcia Popp.


A grande La Traviata que reuniu, em estúdio, três monstros do canto lírico - embora no ocaso das respectivas carreiras -, Scotto, Kraus e Bruson, dirigidos pelo extraordinário Muti.


Por fim, a coroa de glória desta série, porventura o melhor registo wagneriano alguma vez interpretado, no que se refere a excertos de ópera (que em tempos aqui comentei). Nilsson imperial, Hotter divino... o que mais se quer?

segunda-feira, 3 de março de 2008

Giuseppe Di Stefano (24.07.1921 - 03.03.2008)



Nem todas as lágrimas do mundo chegam para chorar a morte de um dos maiores monstros líricos do século XX...

Em primeira mão, eis a notícia do El Pais:

«El nombre de Di Stefano, cuya carrera artística se desarrolló desde la década de los años cuarenta a la de los setenta, está unido al de María Callas, con la que cantó en numerosas ocasiones tanto sobre los escenarios como en los estudios de grabación.

Di Stefano se retiró de los escenarios en 1992 interpretando el Turandot de Puccini en las termas de Caracalla en Roma. Los teatros de la Scala de Milán, la Ópera de Viena, el Covent Garden londinense, Paris, Chicago, San Francisco, México, Buenos Aires, Río de Janeiro y Johanesburgo disfrutaron de este artista desde los años 50 hasta su retirada. Especialista de repertorio italiano, entre su repertorio se encontraba el Rigoletto de Verdi, Lucia de Lamermoor de Donizetti, Les Puritains de Bellini así como Wagner, Gounod y Bizet.

Hijo de un zapatero siciliano, se educó en los jesuitas y fue alumno del barítono Montesanto. Debutó en 1946 en la norteña Reggio Emilia, donde cantó Des Grieux, de Massenet. Al año siguiente cantó en la Scala de Milano y en 1948 lo hizo en el Metropolitan de Nueva York, con Rigoletto. Di Stefano tenía una voz aterciopelada, que unía a una gran presencia en los escenarios, lo que era muy apreciado por los expertos, que destacaron del tenor su voz clara y su sensibilidad a la hora de interpretar.
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