segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Tristan und Isolde

Ou muito me engano ou esta produção de Glyndebourne, de Tristan und Isolde, foi a rampa de lançamento de Nina Stemme, a maior Isolda da actualidade! Doravante, Wagner foi o seu território de eleição, a par do Verdi lírico / lirico-spinto.



Em boa verdade, ao que parece, neste feliz ano de 2008, teremos duas produções (disponíveis em dvd) superlativas de Tristan und Isolde: a de Glyndebourne... e a mais recente, que marcou a abertura do alla Scala!

O que vale é que os puristas – depressivos continuam a insistir na tecla: "não há meios (vocais e demais) para exprimir Wagner, em toda a sua magnitude!"

15 comentários:

  1. Não há esses meios...nunca os houve totalmente, nem nunca os haverá. A minha depressividade optimista (passo o paradoxo) leva-me a pensar que é precisamente por isso que Wagner é tão maravilhoso: é INESGOTAVELMENTE POLISSÉMICO, sendo, por isso, impossível atingir a univocidade interpretativa...isso fá-lo ETERNO!

    Filipe

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  2. Teremos de ir às compras. O Robert Gambill cantou o Tristão há uns anitos na Culturgest, em episódios, e estava muito bem. Pena que a Isolda já estivesse em declínio: Nadine Secunde (em substituição de Elisabete Matos). Mas aqui temos, de facto, uma das maiores Isoldas da actualidade.

    E a Meier no Scala também me parece em excelente forma. Não gostava muito dela neste papel, mas agora parece-me muito bem.

    O João deve achar-me um purista. Não sou, nem sou purista-depressivo. Não gosto é que produtores e directores de teatros mascarem o que não tem grande valor (nomeadamente cantores) com encenações de espavento para épater le bourgeois. E em relação a estas duas produções, só posso falar pelo que vi em pitadinhas. Ambas me parecem estar a contento. Reservas continuo a tê-las, quanto ao Tristão. Mas aí, rien à faire. Contam-se pelos dedos os que foram verdadeiramente grandes desde Melchior (e, se calhar, também antes dele).

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  3. Com Nina Stemme temos Isolda na grande tradição Leider, Flagstad, Modl, Varnay, Nilsson e Jones. Quanto à representação do Scala Só um pequeno reparo, os meios vocais da Meier, ressentindo-se desastradamente no final da narrativa do primeiro Acto. O resto nela é vocalmente equilibrado, sem os volumes desejáveis mas perfeitamente convincente dada a excepcional identificação cénica com a personagem. Quanto ao restante elenco só se pode dizer o melhor, nomeadamente a presença fabulosa de Matti Salminen. Baremboim, acima de todos, e Chéreau completam esta grande noite da imortal obra, um virar de página na história da música.

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  4. Caro Raul, ainda só tive oportunidade de ver alguns excertos no Youtube, o que dá apenas para fazer uma ideia, enquanto não sai o DVD. De facto, no final da narração, o lacht de Mir lacht das Abenteuer sai curto. Mas é uma nota. Não considero que uma nota destrua toda uma actuação que me parece de uma grande consistência. Aos grandes cantores perdoa-se uma falha, porque eles nos emocionam ao longo de toda a sua actuação. Aos pequenos, que não passam um único sentimento, mesmo que sejam perfeitinhos em todas as notas, devíamos dizer "Obrigado, mas não se devia ter incomodado."

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  5. Paulo,

    Curto e grosso, aqui vai:

    Vickers, Melchior, Vinay, Windgasse e Heppener =Tristão.
    O resto é conversa!

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  6. João. Eu fico-me pelos quatro primeiros da sua lista, precisamente pela ordem em que os pôs. Nunca vi o Heppner ao vivo, mas lembro-me de uma transmissão do Lohengrin do Met, em que ele não me encantou (devia estar em dia mau). A Elsa era a Mattila.

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  7. Caro Paulo,
    Concordo com as suas palavras, pois uma nota não põe em causa uma interpretação, que como muito bem diz é de grande consistência, salientando-se o detalhe com que analisa a personagem. O meu reparo tem que ver com o "separar de águas" em termos vocais, pois a nota, mesmo dando-a, perde imediatamente o fôlego e o efeito que se pretende deixa de existir. Aliás nesta parte a perfeição das perfeições só a Flagstad e a Nilsson a conseguem. São momentos únicos em toda a discografia.

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  8. Paulo,
    Só mais uma coisa: eu estou a referir-me ao final da narrativa e que antecede uma longa intervenção da Bragane, quando é invocada a Morte (Töt).

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  9. João,
    Não me diga que o Heppner é mais Tristão do que o Suthaus !

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  10. Precisamente, Raul. O tal lacht, antes da maldição e da invocação da morte para ambos: Tod uns beiden. É uma nota de grau de dificuldade máximo e Meier fica curta de fôlego.

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  11. Paulo
    É incrível, mas nunca ouvi o Vinay no Tristão. O mesmo se passa com o Heppner. Agora dizer que entre os restantes há uma ordem!? Talvez haja, mas tenho muita, mas muita, dificuldade em encontrar alguém superior ao Melchior e ao Windgassen, já que nestes o drama se situa unicamente naqueles maravilhosos timbres que só se recebem directamente do deus da música , ao passo que no igualmente maravilhoso Vickers há um bocadinho de "choro". É claro que falamos de deuses e estes são iguais no Olimpo dos Tristãos.

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  12. Caro Raul,
    Para ouvir o Vinay em Tristão, existe esta gravação muito boa.
    O Vickers continua a ser o meu Tristão e o meu Siegmund. É uma questão de timbre e de fraseado. Ninguém "chora" por Isolde como ele.

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  13. Caro Paulo,
    Muito obrigado pela informação.
    Um abraço
    Raul

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  14. Caros, Paulo & Raul,

    Há anos que tenho o 1º Tristan de Von Karajan! Não só por Vinay, não só por Von Karajan... mas também por Mödl ;-)))
    Fosse o segundo Tristan do mestre tão generoso e seria um dos meus top 10... Mas não! Não fora Vickers, e a coisa seria dispensável!

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