domingo, 6 de janeiro de 2008

Do Género (masculino)...

Este artigo põe a nu uma questão que sempre importunou (alguns) apreciadores de música lírica: qual o estatuto do contra-tenor, em termos de género?

A dita questão - que teve a sua razão de ser na época dos castrati -, na actualidade, apenas se (re)coloca por força do preconceito!.


Tanto quanto sei, Deller e Jacobs - à semelhança de Scholl – têm caracteres masculinos bem evidentes. Se são homo ou hetero, não sei e, para o caso, pouco interessa.

A verdade é que, a dada altura do artigo, o jornalista revela a sua surpresa diante da virilidade do contra-tenor alemão:

«Scholl is even taller than he seems in the photos, broad-shouldered, with a very firm handshake, (…)»

Pois é, meu caro! Eu, que meço 1,87m, perto do dito senhor, senti-me uma criatura de mediana estatura! Quanto ao vigor do aperto de mão, confirmo-o!

A páginas tantas da desoladora entrevista, Scholl põe os pontos nos iis:

«(…) "I'm the story-teller, I'm the shepherd, and I'm the nymph. But I don't have to behave in a feminine way for the nymph, that would be ridiculous. When the nymph arrives you just step to one side, and you use a different set of vocal gestures.

Moral da história: à semelhança do jornalista, nos nossos dias, deparamos com muita frequência com o efeito protector do preconceito que, o mor das vezes, oculta questões problemáticas do / para o próprio!

No caso presente, o escriba projecta no intérprete as suas dúvidas relativas ao género – leia-se, à sua própria identidade masculina!

De facto, é mais fácil duvidar da virilidade de alguém que, apesar da masculinidade evidente, exibe uma voz pueril... "Questionar-se, a este respeito, nem por sombras!"


1 comentário:

  1. Eu também confirmo a firmeza do aperto de mão! LOL E eu senti-me bem pequenina, nos meus modestos 1.64m...

    Uma boa semana, Moura Aveirense

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