sábado, 4 de novembro de 2006

Vinhetas clínicas - a patologia Narcísica

Angela Gheorghiu, nesta entevista ao Le Monde, revela a sua estrondosa falha narcísica.

Entre uma desmesurada arrogância, um caricatural desprezo e uma patética hipertrofia do eu - "Eu.. Eu acho que.. Eu penso que..(é ver o número de Je´s!)" -, envoltos num discurso de tom altaneiro, sobranceiro e quase delirante, vai-nos brindando com alguns mimos!

Para mim, o que se segue é o mais majestoso:

"A propos de Tosca, que vous avez notamment incarnée dans le film de Benoît Jacquot, en 2001, vous auriez dit que la Callas n'a rien compris au rôle ?
Non, j'ai simplement dit qu'elle avait mal interprété certaines choses
"


Notável ! Bem vistas as coisas, a senhora prepara-se para ensinar à Senhora Grega a essência dramática de Tosca!

No final, ao jeito da ópera romântica, Gheorghiu finaliza, com eloquência:

"Je n'ai ni coach ni professeur de chant. La technique vocale était un problème réglé pour moi à 18 ans. A cette époque, je n'avais pas les moyens d'écouter des disques, mais aujourd'hui j'ai tout entendu, tout écouté, et je sais exactement où je suis. C'est la moindre des choses quand on a déjà des contrats jusqu'en 2012."

Aqui, a cantora passa da clínica - manifestação, sintoma - à dinâmica: revela a sua omnipotência, tudo dizendo saber, tudo demonstrando dominar, sempre numa linha de autarcia, de quem se basta.

Gheorghiu é, acima de tudo, uma cantora mediana, com meios vocais frágeis e limitados - timbre vulgar, falta de extensão, entre os mais evidentes -, que compensa com uma inquestionável habilidade cénica - vide Tosca e La Traviata.

Dadas estas características, ficar-se por Puccini teria sido sinal de suprema inteligência e mestria!

O problema de Angela é, justamente, a megalomania narcísica, que a leva a uma louca perda de limites: acha-se capaz de tudo interpretar, ignorando as suas evidentes limitações.

Infelizmente, não querendo, passa por revelar uma natureza parola, pacóvia e deveras provinciana



O meu divã está disponível, cara senhora!!!

8 comentários:

  1. Que cretina!

    J. ildefonso.

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  2. Orgulho-me de não ter nenhum disco da criatura na minha colecção:-)))
    Fora de brincadeiras no início o timbre era bonito e a técnica bastante segura infelizmente a ambição levou-a a explorar papeis para os quais não esta preparada. Além disso, logo nos primeiros registos, parece-me que o maior problema é a antipatia que transpareçe nas suas interpretações.....


    J. Ildefonso.

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  3. Claro que o que a senhora diz é arrogante e cheira ao divismo piroso. É natural, pois a subida foi vertiginosa: nasceu no país do tenebroso Ceausescu e tornou-se uma estrela operática, não interessa se o merece ou não, mas de facto é. Mas eu pergunto ao João se o que nos diz neste poster é uma crítica ao que mais interessa: a voz da Gheorghiu, enquanto cantora de ópera. Queixava-se recentemente John Steane que lendo as críticas dos jornais sobre representações operáticas, tinha reparado que apenas 6% dos textos tinha ver com o canto puro. Temos de concordar que é pouco, pelo menos segundo o meu ponto de vista. Estou farto de críticas a recair essencialmente na encenação.
    Raul
    Raul

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  4. Raul,

    Como bem reparou, fiz uma referência de peso aos dotes operáticos e artísticos da criatura! Contudo, nesta entrevista, está em causa a personalidade da estrela e não a sua aptência técnoca...

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  5. Pois eu dela tenho a Tosca, La Rondina e a Manon e gosto de todas as interpretações. Em tempos tive o Trovador. Por ela, não me importava de ficar coma gravação, mas pelo restantes intérpretes tive de despachá-la, a ela e à gravação.
    Tenho, além disso um disco de árias de Verdi (muito bem) e vários DVDs, onde ela actua em a solo ou com outros e, exceptuando a Casta Diva (cantar esta ária pode ser um atrevimento, como neste caso)gosto das suas interpretações.
    Quanto ao que ela diz, tudo é, de facto, pura cretinice, fruto da "ascensão" demasiado rápida. A própria Gramophone já critica a sua postura, comparando-a à da Battle.

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  6. Raul,

    É engraçado falar da Battle! São iguais na parvoice! Reconheço, ainda assim, as óbvias qualidades vocais da Battle e artísticas da Gheorghiu!

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  7. Ensinar Callas a cantar Tosca????
    kkkkkkkkkkkk Ela é uma retardada. Callas talvez tenha sido a melhor intérprete de Tosca até hoje.
    Essa mulher precisa acordar . . .

    Gosto da Mimi da Gheorghiu, gostei da Traviata (vocalmente falando) . . .

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