sexta-feira, 30 de junho de 2006

J. Norman e a Omnipotência ou la reprise des vignetes cliniques

A omnipotência constitui uma das mais esplendorosas defesas narcísicas.

Face à angústia de perda, no sentido mais lato, defensivamente, o sujeito ergue uma carapaça pincelada de um poder pretensamente absoluto.



Eis Jessie Norman, diva incontestada de outrora, negando as evidências: o declínio vocal, sobretudo.

Qual toute-puissante, a intérprete persiste em apresentar-se como nos tempos áureos: cabeça de cartaz, forever...

Norman, assim, nega a finitude, o ciclo de vida, a decadência...

Se quisermos, esta defesa - que atesta da falta de limites, e mais não digo... - constitui uma forma de luta tenaz contra a depressão...

L. Rysanek (ou A.Silja...), por exemplo, soube assumir a decadência: passou a mezzo, encarnando figuras aquem das prime-donne. Porém, o frágil narcisismo de Norman - cego e muito, muito frágil - nega o que para todos nós é evidente.

2 comentários:

  1. Pois é! Longa a história da Norman e um pouco triste. O seu maior inimigo sempre foi a sua vaidade e o seu narcisismo que desde o inicio a impediram de assumir a sua verdadeira dimensão de mezzo-soprano. Podiamos muito bem passar sem a sua Aida do Scalla de Milão.
    O seu outro grande inimigo foi a excessiva "intelectualidade" acho que também podiamos muito bem passar sem a sua Carmen tão "caligráfica" que se torna caricaturial!

    J. Ildefonso.

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  2. Voz difícil de definir entre o mezzo e o soprano. Como mezzo lembro-me do dvd do Requiem de Verdi (Abbado:M.Price,Carreras, Raimondi)em que toda a aproximação a este tipo de voz é forçada e soa a um "falso" mezzo. Como soprano admiro-lhe o seu ecletismo, que nunca é mau, mas eu não gosto das suas Santuzza, Salomé e Carmen. Bato palmas à sua Sieglinde, Ariadne (Strauss) e acima de tudo à cantora de lied. No fundo gosto do "som J. Norman", mas aqui e ali faço-lhe certas reservas.
    Raul

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