Depois de uma muito publicitada cura de emagrecimento - via banda-gástrica -, Deborah Voigt, qual Diva, lançou-se na aventura da interpretação de Tosca, uma das mais célebres heroínas Puccinianas.
Um soprano lírico (lírico-dramático, com esforço), interpretar um papel composto para soprano dramático?
O The New York Times dá conta do acontecimento.
(Deborah Voigt, antes da banda-gástrica)
***
Noutro quadrante, o citado jornal divulga uma longa entrevista com um dos mais extraordinários baixos da actualidade: René Pape.
Para mais detalhes sobre Il Divo, clicar aqui.
Nota corrosiva: são cara e coroa, brilham no mesmo teatro lírico do mundo - porventura, o melhor: Met - e cultivam o kitsch... Adoram o glamour e adereços pires...
São extraordinários! Quanto a isso, nada há a dizer em contrário!
(René Pape, um poseur!)
Um soprano lírico (lírico-dramático, com esforço), interpretar um papel composto para soprano dramático?
O The New York Times dá conta do acontecimento.
(Deborah Voigt, antes da banda-gástrica)
***
Noutro quadrante, o citado jornal divulga uma longa entrevista com um dos mais extraordinários baixos da actualidade: René Pape.
Para mais detalhes sobre Il Divo, clicar aqui.
Nota corrosiva: são cara e coroa, brilham no mesmo teatro lírico do mundo - porventura, o melhor: Met - e cultivam o kitsch... Adoram o glamour e adereços pires...
São extraordinários! Quanto a isso, nada há a dizer em contrário!
(René Pape, um poseur!)
Querido João.
ResponderEliminarNão sei se a Debora Voigt é um Soprano Lírico, Lírico-Dramático, Spinto ou até Dramático... acho que ela pertence a uma outra categoria completamente distinta. A do Soprano Americano.
É uma categoria relativamente recente sem os pergaminhos das anteriormente referidas e completamente independente das habituais tipologias vocais e que se caracteriza mais ou menos por; para além de da referida independencia das caracteristicas vocais, cantar o maior número de papeís possivel independente da exigências vocais, histriónicas e cénicas, uma certa passividade "emocional", boa técnica vocal, total desrespeito pelo diferentes estilos e Escolas Vocais e além do mais uma determinada forma de estar na vida! Basicamente temos interpretações correctas e bem intencionadas, agradáveis ao ouvido mas completamente indistintas umas das outras pelo que a "Tosca" se torna perfeitamente semelhante à Aida e à Amélia do Verdi, à Imperatriz do Strauss ou à Siglinde do Wagner!
O mais grave é que essa nova "tipologia" pareçe estar a contaminar o Velho Continente também!
J. Ildefonso.
Gostaria de participar na discussão sobre o "soprano americano" e perceber "porque se canta a Aida e a Tosca da mesma maneira", mas não conheço suficientemente a voz da Debora Voight par emitir uma opinião que eu considere segura. Há mais exemplos de "sopranos americanos" ?
ResponderEliminarRaul
Antes de mais devo esclarecer, caro Raúl, que estou a falar meio a brincar meio a sério.
ResponderEliminarÉ claro que posso dar mais exemplos de Sopranos Americanos ou Omníveros (também me parece uma designação acertada)... A Studer, a Vaness, a Malfitano, a Batlle.
A Studer que monopolizou as gravações D.G. do início dos anos 90 e à sua belissima voz aliava uma audácia desmesurada o que a fez arriscar para além de Mozart, Strauss e light Wagner, o seu reportório mais cogenial, Verdi (Traviata, Aida, Rigoleto, Requiem, Atilla), Rossini (Guilherme Tell, Semiramide), Reportório Francês (Herodiade, Fausto) e muitos mais que não me ocorrem! Tudo era muito musical e bem cantado, pelo menos até a voz começar a acusar a excessiva usúra, mas simultaneamente, salvo raras excepcões, os personagens eram esquemáticos e unidimensionais e tudo era cantado sem respeitar os estilos interpretativos especificos das diferentes escolas, ou seja, tudo era cantado duma forma generalizada por assim dizer "internacional". Não sei se isto é claro ou faz algum sentido para o Raúl.
J. Ildefonso.
João,
ResponderEliminarPenso que foi claro, só que teria de escutar os exemplos "negativos". Queria tembém acrescentar que não vejo uma grande diferença de estilo entre a Aida (Verdi tardio) e a Tosca. A Tebaldi, a Price, a Milanov abordaram os dois papeis, marcaram a diferença de acordo com o caráter da personagem, mas eu não lhes vejo essa diferença.
Quanto às quatro cantoras nomeadas, não as podemos meter no mesmo saco.
A Malfitano é "just OK".Empenhada,
certo, mas o João tem razão: ele é Stauss, ele é Tchaikovski, ele é ópera francesa, ... enfim "canta".
A Vaness, de quem eu tinha uma excelente impressão por causa da Iphigénie en Tauride do Muti, deixou-me decepcionado quando a vi na Tosca no Met em Dezembro de 1999, o mesmo acontecendo com o péssimo Scarpia do James Morris.
Quando falamos da Cheryl Studer estamos a subir muitos pontos acima e posso bem imaginar que será uma perfeita Salomé, pois que é uma Crisotémis ideal assim como Imperatriz. De Wagner conheço-lhe a Elsa e não está mal, embora a atlânticos da divina Grummer.
Mas quando falamos da Battle, "outro alto valor se alevanta". Acho-a uma cantora de excepção, perfeitíssima intérprete Mozart, Strauss e bel-canto. Ela, para mim, não possui nenhuma das carcterísticas negativas que o João apontou, bem pelo contrário...
Raul
Caro Raúl.
ResponderEliminarAntes de mais também eu tinha uma excelente impressão da Vaness devido à mesma gravação que o Raúl refere. Primeiro ponto de acordo. Relativamente à Studer, de quem eu muito gosto, sempre a achei nos melhores anos um exemplo de musicalidade e intelegência mas explorou um reportório demasiado vasto e por vezes pouco adequado às suas possbilidades. No pior dos casos deixou um d.v.d vergonhoso da Aida no Covent Garden. Outras vezes, exemplos extremos de musicalidade mas personagens perfeitamente anónimos como a Semiramide ou a Traviata. Quando o papel era adequado às suas faculdades vocais e interpretativas deixou exemplos superlativos de interpretação vocal como a referida Salomé.
Quanto à Battle, para além de não apreciar a tipologia vocal, sempre a achei um pouco limitada, ou seja, uma cantora mediana muito ultrapassada interpretativamente e "ligada" aos antigos clichés do soprano ligeiro. Mas realmente é exagerado incluí-la nesta categoria recentemente criada do "Soprano Americano" porque sempre escolheu os seus papéis com critério e intelegência. Mas realmente não vaí muito bem no d.v.d. do Elixir do Amor com o Pavarotti, pois não?
J. Ildefonso.
Quanto à Aida, já me esquecia... Imagino um voz quente, sensual e, muito importante!, um timbre juvenil. Uma espécie de Romeu e Julieta no Egipto com mais DRAMA individual do que paradas e marchas.
ResponderEliminarA Tosca pode ser perfeitamente uma voz mais madura mas imagino que a sensualidade e o desejo sexual devam também ser expressos de forma ainda mais explicíta. A Price devido à "carnalidade" do seu timbre conquistou os dois personagens. A Tebaldi por muito glorioso que seja o seu canto pareçe-me demasiado "matronal" para ser uma Aida convicente mas fez uma Tosca muito interessante. Uma "burguesa" recalcada um pouco fóbica. Pessoalmente admiro a Tosca da Freni, 2ª versão com o Sinopoli, incandescente, passional, excessiva, com uma atração bastante explícita pelo Scarpia! Seguramente uma mulher emancipada sexualmente.... e com algum domineo dos segredos de Vénus:-)))
J. Ildefonso.
Caro João Ildefonso,
ResponderEliminarImagine que estive para comprar essa Aída. Ainda bem que o não fiz. Eu, além do Strauss citado e da Elsa da Studer, conheço em DVD a Odabella do Átila do Scala(bastante empenhada, muito bem, mas a estrela é o Samuel Ramey) e a Matilde do Guilherme Tell, também do Scala (aqui já está muito fraquinha ) Quanto à Semiramide e à Traviatta vi-as muitas vezes nas lojas , mas nem quis saber como seria.
Nunca vi esse DVD da Battle, mas concordo consigo que a Adina é o papel "ideal" para os tiques do sopramo ligeiro, fora de moda, na linha da Patti, Melba e Galli-Curci, para citar as mais célebres, grandes no seu tempo. Essa é a razão por que tenho um Elixir de Amor em cd por um soprano lírico, a Cotrubas que com o Domingo faz-me gostar muito desta gravação. Mas o João já viu a Zerlina (Salzburgo, Karajan), a Zerbinetta (Met, Levine, Norman, Troyanos) e ouviu a sua Blanche (Solti, Guberova) ou o seus discos de árias de Bel Canto (DG 435 866-2)? Isto para não citar a sua intervenção na gala do Met onde canta fabulosamente a parte da Sophie no terceto do Cavaleiro da Rosa.
Quanto à Aida, vejo-a sensual,sim, mas não tão juvenil, que impeça um soprano lírico-dramático de a cantar. Como negociará os graves do Ritorna Vincitor e o começo do dueto Pur ti riveggio do 3º acto, se tiver uma voz ligeira ? A Tebaldi da primeira Aida (Erede, del Monaco, Stignani), a meu ver, aproxima-se mais do que o João quererá dizer, pois doutro modo somos obrigados e não distribuir a Amneris para mezzos, ela que é muito mais juvenil que a Aida.
Raul
Caríssimo João,
ResponderEliminarColocando de lado o teu excesso, no essencial, tenho de concordar contigo...
João e Raul,
ResponderEliminarPara aquecer a discussão, para mim, a Studer foi a melhor lírico-dramátco dos anos 1990, sem dúvida alguma, mas concordo absolutamente com o João: a falta da noção dos limites estragou-lhe a vida, precocemente.
Já agora, desde a Rizanek que não se escutava uma A Mulher sem Sombra tão superlativa (em dvd e cd).
Agora, numa de pura má-língua... Sabem o que se dizia da Battle, no Met, quando a dita senhora foi despedida???
João,
ResponderEliminarTu e a Freni, são como eu e a Mattila / Studer... ;-)
João e Raul,
ResponderEliminarQuanto à Battle, era insuportável! Dela apenas aprecio - muitíssimo - a Zerbinetta citada.
Já agora, saibam que houve sopranos dramáticos a interpretarem a Amneris e bem recentemente!
Todos sabemos que a battle era insuportável e que foi expulsa do Met. Mas isso não tem nada a ver com a voz.
ResponderEliminarQuanto à Amneris soprano conheço a da recentemente falecida ghena imitrova, e não gosto, a Rosalind Plowright gravou-a recentemente em inglês, mas como também no ano passado cantou a Fricka no Covente garden, provavelmente virou meio-soprano.
João Ildefonso e João não conhecem a Imperatriz da Julia Varady na versão do Solti? É para mim a melhor do mundo, ainda consegue superar a Rysanek, aliás esta versão não tem rival na discografia e eu conheço muito bem a versão da DG com a Nilsson/Rysanek e a versão video também do Solti com a Studer. Tanto a Rysanek como a Studer são fabulosas, mas a Varady é ainda melhor. E querendo ser um "lutador" afirmo e reafirmo e provo que o melhor soprano lírico-dramático dos anos 90 foi a Julia Varady, mulher do Diskau, embora isso não tenha nada a ver com a sua fabulosa voz.
Raul
Raul,
ResponderEliminarClaro que conheço a Imperatriz da Varady, dirigida pelo Solti. Mas, contra tudo e contra todos, independentemente da fama dessa interpretação, a leitura de Sawallisch - com a mítica Studer - toca-me muito mais! Acho-a muito mais luminosa!
Já agora, adoro a Varady, particularmente em Verdi.
Aqui, neste blog, fiz referência a dois recitais verdiano de antologia, da dita romena!