O rocambolesco acidente que vitimou James Levine, impedindo-o de dirigir, untill the end of the present season, criou no Met um clima de impotência, semelhante à ansiedade de castração, tal como Freud a definiu: é como se o monstro Met - no melhor dos sentidos - se encontrasse privado de um apêndice, circunstância que o torna algo inapto (apesar de a sua identidade se encontrar preservada, sublinhe-se)!
Ainda assim, parece que a divina Mattila (re)triunfou! Apesar da ausência do apêndice-Levine, a coisa brilhou!
Estive prestes a ir assistir a esta reprise, mas por vicissitudes da paternidade, tal não aconteceu!
Em todo o caso, para os sequiosos, aqui vai uma oportunidade de assistir a esta aclamada - exagero do crítico... - produção de Fidelio, por escassos 30 euros (em alternativa, a 14,99 euros!!)
Ainda assim, parece que a divina Mattila (re)triunfou! Apesar da ausência do apêndice-Levine, a coisa brilhou!
Estive prestes a ir assistir a esta reprise, mas por vicissitudes da paternidade, tal não aconteceu!
Em todo o caso, para os sequiosos, aqui vai uma oportunidade de assistir a esta aclamada - exagero do crítico... - produção de Fidelio, por escassos 30 euros (em alternativa, a 14,99 euros!!)
"Ms. Mattila dominates, as any great Leonore must. She holds back nothing, leaping on and off tables, climbing up bars on prison cells hoping to discover her husband. When Fidelio brings in bags of food supplies he has been sent for, Ms. Mattila, utterly in character, eats an entire banana right before singing her arching lines in the great quartet. When she confronts Pizarro in the climactic scene, her voice shimmers with defiance and intensity. At the end, when the freed prisoners lift Leonore to their shoulders and carry her around the square, you wanted to leap on stage and join the celebration."
Eu tenho este DVD e é uma excelente aquisição. Está fora de questão outra ideia.
ResponderEliminarSobre este Fidélio eu gostaria de dizer que se trata de uma encenação hiperrealista, aproveitando até à exaustão as palavras do libreto. Para a minha sensibilidade é demasiado porque "distrai" muito da parte vocálica. Os grandes "actores" são sem dúvida a Mattila e também o René Pape. Vocalmente acho tudo muito equilibrado e a Mattila se bem que excelente não a acho excepcional na Leonora. Quem mais "fura" nos "ensemble" é, para mim, a desconhecida Welch-Babidge na Marzellina. Outra composição que eu acho perfeita, talvez aquela de que gosto mais, é o Pizarro do Sruckmann.
Raul
Caro Raúl
ResponderEliminarDetestei a encenação achei-a muito despropositada.... porque razão há-de o Jaquino ameaçar o seu hipotético sogro com uma arma? Porque é um delinquente..... Então porque é que trabalha de guarda prisional? É necessário a Matilla comer uma banana? Porquê uma banana? Porque é um simbolo fálico e ela representa uma mulher disfarçada de homem....Porquê uma banana e não um figo?.... Também é conotado com o sexo masculino.... São só dois dos pormenores da encenação de que não gostei mas há muitos outros.
J. Ildefonso.
Caro Raúl eis as referencias que me pediu.
ResponderEliminarAmor e Gelosia com Joyce di Donato e Patrizia Ciofi dirigido por Alan Curtis- Há pelo menos uma cópia disponivel na FNAC do Rossio.
Moteti- Laudate Pueri com Patrizia Ciofi dirigida pelo Fabio Biondi com a Europa Galante também da Virgin Classics- o mais irregular mas sem dúvida nenhuma o meu favorito, também está disponivel na referida Fnac.
A opera do Berlioz não comprei... contenção orçanental.... vulgo, falta de tostão:-))))
A propósito respondi ao seu comentário no segmento Pavarotttiiiiii...
J. Ildefonso.
Caro J. Ildefonso,
ResponderEliminarSubscrevo o que diz deste exagero cénico, embora as encenações que detesto são as do tipo que vi num Don Giovanni há duas semanas e um outro que vi no São Carlos há uns sete anos, com Natale de Carolis no papel titular. Viu por acaso. ?
João, muito e muito obrigado pelo cuidado que teve em me referir onde poderei adquirir as gravações que indica, mas acontece que, talvez não pareça, mas vivo muito longe de Portugal, pelo que o mais certo é não as adquirir na Fnac. Tomei nota e procurá-las-ei noutro local. Para me "vingar" comprei este fim de semana as celebradas Nozzi di Figaro do Jacobi, que tem a Ciofi na Susana.
Outra coisa que nos "une": a Bellucci. Vi no sábado em Dvd o filme Os Irmãos Grimm, onde entra a dita cuja. Não há nada mais belo à superfície da terra! Meu Deus! Só uma se compara, que não é do meu tempo e muito menos do seu: Hedi Lamarr (acho que se escreve assim).
Raul
J. Ildefonso,
ResponderEliminarPartida de computador, mas não consigo chegar ao post do Pavarotti. tentarei mais tarde.
Raul
Realmente a Hungara Hedy Lamar não é do meu tempo:-))).... mas estimo muito as suas fotos tiradas pelo James Hurrel. Um pouco mais tarde fascinou-me a Alida Valli que também não é do meu tempo. Infelizmente vi-a há pouco tempo num filme e envelheceu da pior maneira possivel. Não o suficiente para esqueçê-la no Senso.
ResponderEliminarJ. Ildefonso.
Como é bom a gente entender-se quanto à Hedy Lamarr ! Não conhecia o nome do fotógrafo, mas conheço as fotografias: que beleza e que fotogenia! Felizmente estão acessíveis na internet.
ResponderEliminarQuanto à Alida Valli, recordo-a mais como actriz, que foi e que o é, porque ainda é viva, do que como mulher. Sim, era bonita, o rosto tinha qualquer coisa, mas nada do outro mundo. Gostos são gostos, meu amigo.
Raul
Caro Raúl.
ResponderEliminarAparentemente vou ter muito que escrever:-)))) Vamos por partes.
Há pouco tempo atrás o Raúl demonstrou curiosidade pelo Henze. Se se interessar por música de câmara Há um disco D.G. do Hans Werner Henze que eu gosto muito pois inclui o Doppio Concerto per Arpa e Archi e a Sonata per Archi e per Oboe, obras muito bonitas.
Quanto ao D. Giovanni lembro-me muito bem, era uma Produção da Opera de Estrasburgo com encenação de Achim Freyer e direcção de Ivor Bolton e devo-lhe dizer que gostei muito, e posso explicar porquê.
Até então conhecia o D. Giovanni das gravações clássicas Metafisicos e Monumentais embuídos ainda dum espirito muito Sec. XIX e esta foi a minha estreia num D. Giovanni cheio de vigor, energia, movimento e com um equilibrio incrivel entre o Drama/Farsa. Acho que o D. Giovanni tem ganho muito mais com as abordagens contemporaneas do que as Bodas.
Encantou-me a encenação com o jogo das máscaras, homenagem à história e origem da peça teatral, e o cortinado que jogava com a dictomia escondido/revelado tão gratificante com o mito do D. Giovanni. Gostei de tudo. Também o elenco me pareçeu respeitável. O Fardilha e a Ana Ferraz foram motivo de orgulho patriótico, sentimento raro em mim no domineo da lírica, O D. Octavio do Yann Beuron foi de antologia, a D. Ana da Pendatchanska correcta, o D. Giovanni podia ter tido um timbre mais belo mas não desmereçeu e foi suficientemente bom para cantar o papel nesse Verão em Glyndbourne e fascinou-me a voz latina de vibrato largo da Frittoli. Lembro-me que a recepção da crítica não foi boa mas esse também constituio um momento marcante pois foi a minha emancipação relativamente à crítica oficial. Também gostei muito devido a ser um cast muito jovem e com empatia pela encenação. Adorei a iluminação e os cenários irreais, representativos dos estados de alma da partitura e não descritivos do enredo ou localização. No geral foi uma noite muito agradável em que me senti estimulado e questionado por uma encenação irreverente mas inteligente e coerente que me fez ver o já conhecido com novos olhos. É basicamente o que descrevi o que procuro num encenador. Lamento mas não tenho o dom da concisão. Pareçe que afinal não nos entendemos:-))))Grato pela atenção.
J. Ildefonso.
Raúl
ResponderEliminarTambém não consigo aceder à totalidade do mês de Março mas, no meu caso, se for primeiro a Fevereiro e daí aceder a Março tenho a totalidade dos comentários desse mês disponiveis.
J. Ildefonso.
Caro J. Ildefonso,
ResponderEliminarSó que neste momento não tenho tempo suficiente para dizer algo sobre essa produção do Don Giovanni, mas só lhe quero dizer que a minha crítica referia-se exclusivamente à encenação, não à parte vocálica, de que gostei tal e qual o João.
Quanto ao acesso a todo mês, basta carregar no respectivo mês, só que outro dia nem os meses apareceram !
Raul
Ah, já me esquecia:
ResponderEliminarLer o que o João Ildefonso escreve faço-o com grande prazer e atenção.
Raul
Raul e João,
ResponderEliminarÉ engraçado... a encenação do Freier, no TNSC, foi, de longe, a mais interessante e arrojada que vi, da dita ópéra! Em Paris assisti a uma pretenciosa, em NY a uma convencional e aborrecida...
No essencial, concordo com a opinião do João Ildefonso, embora não partilhe do entusiasmo dele em termos vocais... Mas, que o Frdilha foi arrebatador, foi, sem dúvida!
Caros Joões,
ResponderEliminarEnfim são sensibilidades diferentes. A dita encenação detestei-a, como qualquer uma do género. Tenho uma ideia de como deve ser o espaço dramático do Don Giovannie a fidelidade no essencial à época. O espaço dramático, esse microcosmos da acção dramática deve criar a empatia com o espectador, sem a qual se dilui a noção de drama. Toda a movimentação "aos saltinhos" das personagens, cortando-me toda a interacção espaço dramático-espectador, foi um "choque" para mim. E volto a dizer que é tudo uma questão de eu talvez possuir uma sensibilidade menos "alargada", fruto destes anos de afastamento do Velho Continente.
Isto tudo não quer dizer que não gosto de uma encenação que fuja à epoca ou que se estilize. Dou como exemplo duas encenaçóes de que gostei e que saiem dos padrões normais: a Rusalka do Chatelet com a Fleming e, embora com contradições, a versão nos sixties da Traviatta com a Ciofi.
Raul
Ora então o Raúl é um fã do Robert Carson o meu encenador preferido!
ResponderEliminarSalvo erro é ele que assina ambas as produções que o Raúl menciona.
J. Ildefonso.
Nem imaginava que fossem da mesma pessoa.
ResponderEliminarMas gosto muito mais da encenação da Rusalka do que a da Traviatta.
Aliás gosto muito da encenação da Rusalka, provávelmente porque o mundo "fantástico" da ópera permite
esta "REALização".
Raul
Oh Raúl...
ResponderEliminarMas o D.Giovanni do Freyer era fiel à época. Bebia a sua inspiração na Comedia de Arte que foi o meio de divulgação da peça espanhola no Séc. XVIII! Nós estamos é habituados a um D.Giovanni "Faustiano" vitimas da estética oitecentesca dos escritores que nessa época revisitaram o mito do D. Giovanni. A encenação não era realista e cultivava um "espaço" imaginário ligado às emoções dos personagens cruzado com uma representação estilizada do que se conheçe das representações teatrais italianas da Comedie del Arte... No geral bastante coerente e pertinente, não é?
Já agora muito obrigado. Eu também tenho muito prazer nos comentários do Raúl:-))))
J. Ildefonso.
J. Ildefonso,
ResponderEliminarSe bem me lembro (já são uns anos...), sim, ele era fiel à época, mas eu reajo negativamente a um espaço "imaginário" para o Don Giovanni. Aceitá-lo-ia melhor nas ideias "intemporais " de um Wagner, mas nesta ópera, que é como o "Rei Édipo", onde toda a acção dramática se constroi numa perfeição geomética, eu preciso de "ver" essa acção, os seus movimentos. São ideias há muito enraízadas e é talvez uma questão de formação.
Raul
Conforme já acordámos as reacções às gravações, récitas, vozes, etc são pessoais e têm a ver com a formação, o gosto e o percurso de cada um... o que não impede o debate e a análise de ideias e interpretações divergentes que podem permitir uma "releitura" diferente. Eis a razão porque estou tão grato ao meu amigo joão pelo cuidado com que criou e matêm este blog. Já agora muito obrigado novamente caro Dissoluto Punito com noites de insónia :-))))
ResponderEliminarJ. Ildefonso.
João,
ResponderEliminarPlease... Não me desejes mais noites de insónia :-(((
João Ildefonso,
ResponderEliminarHá menos de um mês estivemos a falar dela. Morreu a Alida Valli.
Raul