domingo, 22 de janeiro de 2006

Defesas Maníacas

As ditas defesas constituem uma hábil e eficaz estratégia de luta contra a depressão.

Numa clara antecipação ao afundamento depressivo (político) que se avizinha, mercê de uma viragem que se adivinha, enveredou este blogger por uma linha de hipomania, em que o bem-estar se aliou às compras...

Vamos a factos: o surto saldou-se em mais um par de sapatos (botas, desta feita, de refinado corte!) e uma extensa e eclética lista de cd´s, que atingiram a cifra de 1005 - após a aquisição da dita lista... -, além de um (dispensável) jantar, chez Olivier à Bairro Alto, plutôt médiocre.

Dado que as águas teimam em não rebentar, o saldo de boa disposição mantém-se mediano, sendo que a dita lista de cd´s pesa em favor do humor eufórico, com o precioso auxílio das citadas botas (que não cessam de me envaidecer!).

Eis a repetidamente mencionada lista de cd´s:


(Le Nozze di Figaro, Levine)

(La Grotta di Trofonio, Rousset)

(La Clemenza di Tito, Kertész)

(Boulez conducts Ligeti)

(Sylvia Sass - Classical Recital, Gardelli)

(Die Ägyptische Helena, Botstein)

(Frederica von Stade Sings Mozart & Rossini Arias)

9 comentários:

  1. É caso para comentar: ricas compras! Para alimento da alma e embelezamento do corpo, mais propriamente para conforto dos pés...
    Também tenho um fraco por botas ;).

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  2. cmbvjiriCaro João.
    Nunca percebi os amantes da lirica e entendidos que teimam em considerar a "Clemenza di Tito" uma obra menor, acabada à pressa, de inspiração irregular..... Pode ter sido acabada à pressa mas
    contêm musica de inspirada. Depois de conheçer como podemos esqueçer os tormentos do Tito, o orgulho da Vitelia a ambivalencia de Tito? Faz pensar que os ditos cepticos não conhecem esta sublime interpretação iluminada pela calor solar da voz da Berganza.
    Boa audição.

    J. Ildefonso.

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  3. Cara Helena.

    Pergunto-me (há anos) o que haverá de fétiche nesta coisa dos sapatos; no que às compras concerne, trigo-limpo, farinha-amparo: hipomania, voilà!

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  4. Caríssimo João,

    Estou contigo! No capítulo da opera seria mozartiana, La Clemenza figura entre o que há de mais inspirado.

    Quando a isto se junta o timbre cálido de la Berganza...

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  5. Caro co-bloger J.Ildefonso,
    Certamente que La Clemenza di Tito, que eu tenho pela Janet Baker, uma cantora hipervalorizada, em meu entender, pela crítica anglo-saxónica,nunca será uma ópera menor. O problema, no meu modesto entender, é o de existir um retrocesso na escrita mozartiana, ou seja, depois da triologia Da Ponte, não se esperaria uma ópera um pouco « à la
    Gluck», declamatória, de estrura muito clássica. Isto para mim não é negativo, nem por sombras, pois eu idolatro o Idomeneu, que me depois do Don Giovanni e da Cosi é a ópera de Mozart de que eu mais gosto.
    Raul

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  6. Caro co-bloger Raul.

    Obviamente a Janet Baker partilha com a Berganza e mais recentemente a Bartoli a galeria dos interpretes míticos da "Clemenza". Se bem que aparentemente, se a memória não me engana, omita alguns agudos que lhe teriam sido incómodos.
    Quanto à questão do retrocesso da escrita Mozartiana, este parece-me um ponto obrigatório pois a opera séria nos finais do sec.XVIII teve uma evolução muito mais lenta do que a opera giocosa, basta comparar a "Clemenza" com o "Tancredi" do Rossini escrito mais de 20 anos depois, para além do mais a "Clemenza", salvo erro, nasceu duma encomenda Real para a opera de Praga logo uma situação pouco propícia a inovações. Mesmo assim temos o recitativo acompanhado do Sexto, os trios e quartetos a substituir o que poderiam ter sido simplesmente mais meia dúzia de arias.
    Grato pelo comentário.
    J. Ildefonso.

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  7. Caro J.Ildefonso,
    Mesmo assim não sou um fan da Clemenza ..., embora não ache uma ópera menor. La Clemenza não tem, para o meu gosto, um conjunto de passagens que pela sua beleza me possam comover (de «commovere»)a um nível como, por exemplo a ária de Elettra ou o coro consequente « Pietá Signore» do Idomeneu.
    Quanto à Dame Janet, confesso que nunca fui igualmente um fan dela. Eu ví-a há talvez uns 20 anos na Gulbenkian e «ma» (interjeição italiana, acompanhada de gesto respectivo com a mão). Não gosto do seu timbre. Mas os ingleses «vendem-na» como a 14ª voz do século XX (lista da revista Classic CD). Enfim, propaganda anglo-saxónica!
    Grato por me ter respondido
    Raul

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  8. MyHiraeth, Vou segur os teus sábios e experimentados conselhos!

    Um beijo grande,

    MT&J

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  9. Caro Raul.

    A propósito da Baker percebo perfeitamente o seu comentário sempre me pareceu uma cantora muito competente mas daí a considerá-la uma "maravilha"! A crítica Britânica por vezes vende muitos cantores a preços deveras inflacionados:-))) Se bem que me pareça que se sai bastante bem na "Clemenza" apesar das transposições ou talvez justamente devido as transposições:-))
    Ainda a propósito da "Clemenza" lembrei-me que também Mozart se sentiu desmotivado com o texto de Metastasio pedindo a Mazzola para o transformar num "verdadeiro" libreto com mais acção e menos recitativos. Empresa moderadamente conquistada.
    A Imperatriz Maria Luísa ( chocada com a inovação da obra) classificou a "Clemenza" na noite de estreia como "porcheria tedesca"... pelo contrário gostou muito da cerinónia de Coroação de Leopoldo II como Rei da Boémia!
    A mim encanta-me especialmente toda a música composta para o Sexto e não resisto a mulheres temperamentais como a Vitellia....
    Mas tal como afirmou é uma questão de gosto já que quanto ao valor da obra estamos de acordo.
    Grato pelo "dueto".

    J. lldefonso

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