Segundo volume da colecção GRANDES ÓPERAS, esta semana, o EXPRESSO propõe um desastre...
A Carmen da Obraztsova é horripilante!
A evitar, a todo o custo! A menos que o público alvo seja da linha lésbica...
(Elena OBRAZTSOVA)
Há meia dúzia de anos, assisti a uma Carmen, na Bastilha, com a magnífica Borodina na pele da heroína. Apesar da soberania vocal desta criatura, a interpretação foi desastrosa... Não imaginei que pudesse haver pior!
Pois... eis que Elena Obraztsova prova que o mau é (quase) sempre transponível e ultrapassável, no pior dos sentidos!
Nunca ouvi uma Carmen deste calibre! Mais parece um camião sonoro: bruta, áspera, máscula e feia, sem brilho, nem sedução.
Bem sei que a mezzo russa era senhora de uma pujança e potência vocais estrondosas. Provavelmente, em Verdi, fez sucesso!
Pergunto-me em quem a dita senhora se inspirou para interpretar uma das mais magnéticas e sedutoras figuras da ópera?!
Confesso que a Carmen não é uma obra da minha predilecção - longe disso! Ainda assim, raramente resisto à lascívia e sensualidade que adornam e envolvem a personagem titular da ópera...
Felizmente, Carmen´s com os atributos descritos, não faltam: Berganza, De Los Angeles, Baltsa e Price, entre outras.
A Carmen da Obraztsova é horripilante!
A evitar, a todo o custo! A menos que o público alvo seja da linha lésbica...
(Elena OBRAZTSOVA)
Há meia dúzia de anos, assisti a uma Carmen, na Bastilha, com a magnífica Borodina na pele da heroína. Apesar da soberania vocal desta criatura, a interpretação foi desastrosa... Não imaginei que pudesse haver pior!
Pois... eis que Elena Obraztsova prova que o mau é (quase) sempre transponível e ultrapassável, no pior dos sentidos!
Nunca ouvi uma Carmen deste calibre! Mais parece um camião sonoro: bruta, áspera, máscula e feia, sem brilho, nem sedução.
Bem sei que a mezzo russa era senhora de uma pujança e potência vocais estrondosas. Provavelmente, em Verdi, fez sucesso!
Pergunto-me em quem a dita senhora se inspirou para interpretar uma das mais magnéticas e sedutoras figuras da ópera?!
Confesso que a Carmen não é uma obra da minha predilecção - longe disso! Ainda assim, raramente resisto à lascívia e sensualidade que adornam e envolvem a personagem titular da ópera...
Felizmente, Carmen´s com os atributos descritos, não faltam: Berganza, De Los Angeles, Baltsa e Price, entre outras.
Adoro estes cartoons! e, claro, a crítica "hipomaníaca" :)
ResponderEliminarJá apresentar a Aida pela Callas, quando há bem mais melhor ! Atenção, eu adoro a Callas, mas nesta ópera dispenso-a. Se a gravação tinha de ser ao vivo, talvez para não pagar taxas, poderiam escolher outra cantora. Há muita Price, Tebaldi, Caballe ao vivo.
ResponderEliminarEu vi a Obratzova já entradota na Azucena. Os agudos tinham-se ido, mas os graves e a presença cénica ainda convenciam. A voz que as gravações nos deixaram era, para o meu gosto, de timbre bonito, muito adequada a Verdi, mas nunca superlativa que pudesse comparar-se, para não falar na Cossoto, à Goor ou à Bumbry ou à Verret.
Raul
Caro co-bloger.
ResponderEliminarCaro João excelente post.
Caro Raul concordo perfeitamente quanto à superlatividade da Verret, Cossoto, Goor e até certo ponto a Bumbry. Penso que a Bumbry por vezes peca por uma interpretação demasiado explicita mantendo sempre no entanto prestações vocais magnificas. Quanto à Obratzova a maior parte das vezes é dum mau gosto inqualificável. Tanta voz e tanto instinto dramático governados, ou deveria dizer desgovernados, por um gosto insuportavelmente datado do mais plateal que há. Lembro-me do D. Carlos ao vivo do Scalla dirigido pelo Abbado com o Carreras/Freni/Guiaurov/Capucilli duma retórica cheia de "nuance", introversão e contenção com a Obratzova como Eboli num registro completamente antagónico perfeitamente vulgar do género "o que conta é a voz"... Uma Eboli para esqueçer que no entanto conquistou a maior ovação da noite!
É tudo uma questão de gosto e a Obratzova nessa noite não estava sózinha conforme podemos confirmar ouvido o c.d. "pirata" da Myto.
J. Ildefonso
Helena,
ResponderEliminarDefinitivamente, acho que o humor é uma feramenta de vida indispensável!
Este blog andava demasiado sério, não?
Raul,
ResponderEliminarConcordo consigo! A Callas - mítica e divina - não é uma Aïda de antologia e o som da gravação é inaceitável!
A seu tempo, tecerei mais considerações sobre os critérios desta colecção...
Bom, falar da Cossotto, misturada com as demais mezzo´s... Já deve ter percebido que a venero, em Verdi!!!
João,
ResponderEliminarAqui para nós, o problema da Bumbry foi a sua indecisão! Andou anos na fronteira mezzo / soprano, com custos óbvios!
Ainda assim, quando eu vivia em Paris, há cerca de 3 anos, deu um recital que levou o Châtelet às lágrimas!
Joâo,
ResponderEliminarEu tenho esse DVD no Châtelet. Penso eu. É essencialmente lied com a Seguidilla da Carmen como extra. Se é esse, é soberbo.
Quando tiver mais tempo, falarei da Cossoto, que vi várias vezes (Adalgisa, 3 Azucenas, 2 Santuzzas, Jane Seymor,Amneris)e que igualmente muito venero.
Raul
Joâo,
ResponderEliminarEu tenho esse DVD no Châtelet. Penso eu. É essencialmente lied com a Seguidilla da Carmen como extra. Se é esse, é soberbo.
Quando tiver mais tempo, falarei da Cossoto, que vi várias vezes (Adalgisa, 3 Azucenas, 2 Santuzzas, Jane Seymor,Amneris)e que igualmente muito venero.
Raul
Penso que agora encontramos aqui, uma mistura equilibrada de informação idónea com bom humor.
ResponderEliminarJoão,
ResponderEliminarA Cossoto é como todos nós sabemos o melhor mezzo verdiano da sua geração, a que juntaremos, para mim, a melhor Santuzza que conheço. A Cossoto vem na linha da Stignani, que foi o melhor mezzo entre as duas guerras e que na Amneris (Serafim, 1946) e Preciozilla (?) ( Naxos 1941) e Eboli (Cetra 1951) não tem rival.
Para mim a melhor entre as grandes gravações da Cossoto, é o Trovador da RCA (1969,dirigido pelo Zubin Mheta,)com a divina Price e o Domingo, Milnes e Giaiotti. Coloco esta gravação entre as melhores que até hoje se fizeram e não concebo uma discoteca básica sem ela, a quem atribuo o mesmo valor que, como por exemplo, a Tosca do De Sabata. Outra gravação da Cossoto que eu possuo e que acho muito curiosa é a Norma ao vivo de Paris com a Callas de fim de carreira em 1965, em que a Cossoto arrasou a voz da Callas, recusando-se a descer a voz, o que provocou a fúria do Zefirelli que jurou nunca mais trabalhar com a Cossoto. É impressionante ouvi-las no dueto da segunda cena do primeiro acto: a voz da Cossoto sobrepoe-se de tal modo à voz da Callas que por vezes esta não se ouve.
Orgulho-me de possuir uma fotografia dela autografada. A fotografia representa-a na Amneris e está uma linda mulher.
Longa vida à grande cantora que estupidamente a revista Classic CD não incluiu nos 100 grandes cantores do século XX.
Raul
Helena,
ResponderEliminarComeço a bordejar a síntese que sempre procurei! Serei um crítico buffon?
Raul
ResponderEliminarQue comentário tão enpolgado.... Assim se expressa o "pedigree" dum fã leal:-))))
J. Ildefonso
J. Ildefonso,
ResponderEliminarSim, sou fã da Cossoto. Mas a veneração total vai para Kirsten Flagstad que considero a maior voz desde que há registos gravados. Quando foi o quadragésimo aniversário da sua morte fiz, inclusivamente, um programa radiofónico sobre a grande cantora; e estive para fundar com um amigo a « Kirsten Flagstad Society» (a nossa língua de comunicação é o inglês=. Um dos meus sonhos na vida é ir a Hamar, na Noroega, terra da imortal Isolda, e visitar o museu local dedicado à Flagstad.~Tenho muitos CDs da cantora, incluindo o de 2 de Fevereiro de 1935, dia em que ao interpretar a Siglinde no Met, aos 40 anos e quando já pensava ir coser meias para a fria Noroega,se tornou a maior cantora wagneriana do mundo.
Raul
O
Raúl
ResponderEliminarCorrendo o risco de monopolizar os comentários ao Blog gostava de manisfestar a minha admiração pela Flagstad se bem que não seja um "Wagneriano".... o que é uma afirmação muito perigosa hoje em dia.....
Grato pela troca de comentários.
João.
Simpática Myhiraeth,
ResponderEliminarQuais cartoons ? Estes ou os da polémica ?
Raul
Raul,
ResponderEliminarO dvd de que falamos é o mesmo! O tal, com a Grace Bumbry.
Raul,
ResponderEliminarEstou de acordo quanto ao talento absolutamente invulgar da soberbíssima Cossotto, que é a MEZZO VERDIANA, sem rival !
Para mim, é a melhor Amneris que alguma vez escutei (emi, dirigida por Muti) e vi, na Arena di Verona (ladeada por Chiara e Martinucci).
Se tivesse de escolher um momento sublime da sua grande carreira, não hesitaria: a récita da Aïda, ao vivo na Arena, disponível em dvd.
Fada,
ResponderEliminarDe facto, os cartoons são o máximo, mas não são da minha autoria...
João,
ResponderEliminarEu tenho um DVD com a Cossoto na Arena de Verona, mas não é com a Maria Chiara(excelente cantora) nem o Martinucci (so so). O meu DVD é com a Leyla Gencer (já muitíssimo longe dos seus melhores tempos)e com o Bergonzi (o melhor Radamés do mundo, o melhor tenor verdiano e para terminar o tenor de quem mais gosto).
A Cossoto, que eu vi na Amneris com a Souliotis e o Bergonzi, é neste papel fantástica e eu tenho essa versão do Muti, com aquele célebre final do Patria Mia da Caballé. Tenho também as excelentes Amneris da Simionato e da Goor, mas, João, conhece a versão da Ebe Stignani de 1946 com o Gigli e a Caniglia, dirigidos pelo Tulio Serafim ? É a minha Amneris.
Raul
P.S.
Hoje vi o filme Os Amores de uma Gueixa. Mas que americanada !!!
Raul,
ResponderEliminarSempre me perguntei se o dito dvd valia a pena... Acho a Gencer uma matrona, mas que cantava bem, cantava!
Quanto ao Bergonzi ser o melhor tenor verdiano, estou absolutamente de acordo! Pena é nunca ter abordado Otello, não lhe parece?
Bem sei que as Amneris da Gorr e da Simionato eram grandiosas! No que toca à Stignani, dela apenas conheço uma Adalgisa velha e cansada, mas a fama dos primeiro tempos desta cantora é enormíssima!
João,
ResponderEliminarFala da Stignani na gravação ao vivo no Covent Garden com a Callas ou da gravação em estúdio com a mesma Callas.
O tenor do Otelo é um Verdi tão especial, de linha wagneriana, que foi melhor que o tenor da mais linda Che gellida manina do mundo não cantasse o Mouro de Veneza.
Um abraço
Raul
Raul,
ResponderEliminarFalo da Stignani na 1ª Norma em estudio da Callas.
Quanto ao Bergonzi, concordo. Apesar do spinto do intérprete, faltava-lhe um quê de Helden...
João,
ResponderEliminarJoão,
Esqueça a Stignani da versão em estúdio. Se pensarmos que as Callas se equivalem, a versão ao vivo ganha vantagem (a EMI editou-a recentemente, fazendo concorrência com as outras duas versões em estúdio), pois que o tenor (Mirto Picchi)é muito superior ao (Mario Filipeschi) da versão em estúdio. Relativamente à Stignani eu li há meses na Gramophone o John Steane a propósito desta gravação lembrar-se dessa récita (1952) e do "frisson" que percorreu o Covent Garden quando a Stignani soltou a primeira nota. Ouvir a Callas e a Stignani no dueto do primeiro acto, a meu ver, não tem rival em nenhum registo gravado.
Raul
Raul,
ResponderEliminarEu tenho essa mesma interpretação, live from Covent Garden. Para lhe ser franco, não figura entre as minhas Normas de referência... malgré tout... Há uns meses, neste blog, fiz referência à minha Norma, que conta com a Callas, o del Monaco e a Simionato (http://operaedemaisinteresses.blogspot.com/2005/05/que-norma.html)
João,
ResponderEliminarEu tenho essa Norma ao vivo do Scala com a Callas. Fabulosa ! Acho que não lhe consegui "vender" a minha Stignani :).
João, a propósito, tem o dvd da Norma da Caballe das Choregies d´Orange ?
Raul
Raul,
ResponderEliminarA Norma de que lhe falei é, de facto, A MINHA NORMA! Sem concorrência!!! Quanto à Stignani, não se pode dizer que me tenha convencido, dado que sempre me inspirou alguma resistência...