domingo, 29 de janeiro de 2006

Carmen, la Sapatona

Segundo volume da colecção GRANDES ÓPERAS, esta semana, o EXPRESSO propõe um desastre...

A Carmen da Obraztsova é horripilante!
A evitar, a todo o custo! A menos que o público alvo seja da linha lésbica...


(Elena OBRAZTSOVA)

Há meia dúzia de anos, assisti a uma Carmen, na Bastilha, com a magnífica Borodina na pele da heroína. Apesar da soberania vocal desta criatura, a interpretação foi desastrosa... Não imaginei que pudesse haver pior!

Pois... eis que Elena Obraztsova prova que o mau é (quase) sempre transponível e ultrapassável, no pior dos sentidos!

Nunca ouvi uma Carmen deste calibre! Mais parece um camião sonoro: bruta, áspera, máscula e feia, sem brilho, nem sedução.

Bem sei que a mezzo russa era senhora de uma pujança e potência vocais estrondosas. Provavelmente, em Verdi, fez sucesso!

Pergunto-me em quem a dita senhora se inspirou para interpretar uma das mais magnéticas e sedutoras figuras da ópera?!

Confesso que a Carmen não é uma obra da minha predilecção - longe disso! Ainda assim, raramente resisto à lascívia e sensualidade que adornam e envolvem a personagem titular da ópera...

Felizmente, Carmen´s com os atributos descritos, não faltam: Berganza, De Los Angeles, Baltsa e Price, entre outras.

26 comentários:

  1. Adoro estes cartoons! e, claro, a crítica "hipomaníaca" :)

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  2. Já apresentar a Aida pela Callas, quando há bem mais melhor ! Atenção, eu adoro a Callas, mas nesta ópera dispenso-a. Se a gravação tinha de ser ao vivo, talvez para não pagar taxas, poderiam escolher outra cantora. Há muita Price, Tebaldi, Caballe ao vivo.
    Eu vi a Obratzova já entradota na Azucena. Os agudos tinham-se ido, mas os graves e a presença cénica ainda convenciam. A voz que as gravações nos deixaram era, para o meu gosto, de timbre bonito, muito adequada a Verdi, mas nunca superlativa que pudesse comparar-se, para não falar na Cossoto, à Goor ou à Bumbry ou à Verret.
    Raul

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  3. Caro co-bloger.

    Caro João excelente post.
    Caro Raul concordo perfeitamente quanto à superlatividade da Verret, Cossoto, Goor e até certo ponto a Bumbry. Penso que a Bumbry por vezes peca por uma interpretação demasiado explicita mantendo sempre no entanto prestações vocais magnificas. Quanto à Obratzova a maior parte das vezes é dum mau gosto inqualificável. Tanta voz e tanto instinto dramático governados, ou deveria dizer desgovernados, por um gosto insuportavelmente datado do mais plateal que há. Lembro-me do D. Carlos ao vivo do Scalla dirigido pelo Abbado com o Carreras/Freni/Guiaurov/Capucilli duma retórica cheia de "nuance", introversão e contenção com a Obratzova como Eboli num registro completamente antagónico perfeitamente vulgar do género "o que conta é a voz"... Uma Eboli para esqueçer que no entanto conquistou a maior ovação da noite!
    É tudo uma questão de gosto e a Obratzova nessa noite não estava sózinha conforme podemos confirmar ouvido o c.d. "pirata" da Myto.

    J. Ildefonso

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  4. Helena,

    Definitivamente, acho que o humor é uma feramenta de vida indispensável!
    Este blog andava demasiado sério, não?

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  5. Raul,

    Concordo consigo! A Callas - mítica e divina - não é uma Aïda de antologia e o som da gravação é inaceitável!
    A seu tempo, tecerei mais considerações sobre os critérios desta colecção...

    Bom, falar da Cossotto, misturada com as demais mezzo´s... Já deve ter percebido que a venero, em Verdi!!!

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  6. João,

    Aqui para nós, o problema da Bumbry foi a sua indecisão! Andou anos na fronteira mezzo / soprano, com custos óbvios!
    Ainda assim, quando eu vivia em Paris, há cerca de 3 anos, deu um recital que levou o Châtelet às lágrimas!

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  7. Joâo,
    Eu tenho esse DVD no Châtelet. Penso eu. É essencialmente lied com a Seguidilla da Carmen como extra. Se é esse, é soberbo.
    Quando tiver mais tempo, falarei da Cossoto, que vi várias vezes (Adalgisa, 3 Azucenas, 2 Santuzzas, Jane Seymor,Amneris)e que igualmente muito venero.
    Raul

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  8. Joâo,
    Eu tenho esse DVD no Châtelet. Penso eu. É essencialmente lied com a Seguidilla da Carmen como extra. Se é esse, é soberbo.
    Quando tiver mais tempo, falarei da Cossoto, que vi várias vezes (Adalgisa, 3 Azucenas, 2 Santuzzas, Jane Seymor,Amneris)e que igualmente muito venero.
    Raul

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  9. Penso que agora encontramos aqui, uma mistura equilibrada de informação idónea com bom humor.

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  10. João,

    A Cossoto é como todos nós sabemos o melhor mezzo verdiano da sua geração, a que juntaremos, para mim, a melhor Santuzza que conheço. A Cossoto vem na linha da Stignani, que foi o melhor mezzo entre as duas guerras e que na Amneris (Serafim, 1946) e Preciozilla (?) ( Naxos 1941) e Eboli (Cetra 1951) não tem rival.
    Para mim a melhor entre as grandes gravações da Cossoto, é o Trovador da RCA (1969,dirigido pelo Zubin Mheta,)com a divina Price e o Domingo, Milnes e Giaiotti. Coloco esta gravação entre as melhores que até hoje se fizeram e não concebo uma discoteca básica sem ela, a quem atribuo o mesmo valor que, como por exemplo, a Tosca do De Sabata. Outra gravação da Cossoto que eu possuo e que acho muito curiosa é a Norma ao vivo de Paris com a Callas de fim de carreira em 1965, em que a Cossoto arrasou a voz da Callas, recusando-se a descer a voz, o que provocou a fúria do Zefirelli que jurou nunca mais trabalhar com a Cossoto. É impressionante ouvi-las no dueto da segunda cena do primeiro acto: a voz da Cossoto sobrepoe-se de tal modo à voz da Callas que por vezes esta não se ouve.
    Orgulho-me de possuir uma fotografia dela autografada. A fotografia representa-a na Amneris e está uma linda mulher.
    Longa vida à grande cantora que estupidamente a revista Classic CD não incluiu nos 100 grandes cantores do século XX.
    Raul

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  11. Helena,

    Começo a bordejar a síntese que sempre procurei! Serei um crítico buffon?

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  12. Raul
    Que comentário tão enpolgado.... Assim se expressa o "pedigree" dum fã leal:-))))

    J. Ildefonso

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  13. J. Ildefonso,
    Sim, sou fã da Cossoto. Mas a veneração total vai para Kirsten Flagstad que considero a maior voz desde que há registos gravados. Quando foi o quadragésimo aniversário da sua morte fiz, inclusivamente, um programa radiofónico sobre a grande cantora; e estive para fundar com um amigo a « Kirsten Flagstad Society» (a nossa língua de comunicação é o inglês=. Um dos meus sonhos na vida é ir a Hamar, na Noroega, terra da imortal Isolda, e visitar o museu local dedicado à Flagstad.~Tenho muitos CDs da cantora, incluindo o de 2 de Fevereiro de 1935, dia em que ao interpretar a Siglinde no Met, aos 40 anos e quando já pensava ir coser meias para a fria Noroega,se tornou a maior cantora wagneriana do mundo.
    Raul

    O

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  14. Raúl

    Correndo o risco de monopolizar os comentários ao Blog gostava de manisfestar a minha admiração pela Flagstad se bem que não seja um "Wagneriano".... o que é uma afirmação muito perigosa hoje em dia.....
    Grato pela troca de comentários.

    João.

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  15. Simpática Myhiraeth,
    Quais cartoons ? Estes ou os da polémica ?
    Raul

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  16. Raul,

    O dvd de que falamos é o mesmo! O tal, com a Grace Bumbry.

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  17. Raul,

    Estou de acordo quanto ao talento absolutamente invulgar da soberbíssima Cossotto, que é a MEZZO VERDIANA, sem rival !

    Para mim, é a melhor Amneris que alguma vez escutei (emi, dirigida por Muti) e vi, na Arena di Verona (ladeada por Chiara e Martinucci).

    Se tivesse de escolher um momento sublime da sua grande carreira, não hesitaria: a récita da Aïda, ao vivo na Arena, disponível em dvd.

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  18. Fada,

    De facto, os cartoons são o máximo, mas não são da minha autoria...

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  19. João,
    Eu tenho um DVD com a Cossoto na Arena de Verona, mas não é com a Maria Chiara(excelente cantora) nem o Martinucci (so so). O meu DVD é com a Leyla Gencer (já muitíssimo longe dos seus melhores tempos)e com o Bergonzi (o melhor Radamés do mundo, o melhor tenor verdiano e para terminar o tenor de quem mais gosto).
    A Cossoto, que eu vi na Amneris com a Souliotis e o Bergonzi, é neste papel fantástica e eu tenho essa versão do Muti, com aquele célebre final do Patria Mia da Caballé. Tenho também as excelentes Amneris da Simionato e da Goor, mas, João, conhece a versão da Ebe Stignani de 1946 com o Gigli e a Caniglia, dirigidos pelo Tulio Serafim ? É a minha Amneris.
    Raul
    P.S.
    Hoje vi o filme Os Amores de uma Gueixa. Mas que americanada !!!

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  20. Raul,

    Sempre me perguntei se o dito dvd valia a pena... Acho a Gencer uma matrona, mas que cantava bem, cantava!
    Quanto ao Bergonzi ser o melhor tenor verdiano, estou absolutamente de acordo! Pena é nunca ter abordado Otello, não lhe parece?

    Bem sei que as Amneris da Gorr e da Simionato eram grandiosas! No que toca à Stignani, dela apenas conheço uma Adalgisa velha e cansada, mas a fama dos primeiro tempos desta cantora é enormíssima!

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  21. João,
    Fala da Stignani na gravação ao vivo no Covent Garden com a Callas ou da gravação em estúdio com a mesma Callas.
    O tenor do Otelo é um Verdi tão especial, de linha wagneriana, que foi melhor que o tenor da mais linda Che gellida manina do mundo não cantasse o Mouro de Veneza.
    Um abraço
    Raul

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  22. Raul,

    Falo da Stignani na 1ª Norma em estudio da Callas.

    Quanto ao Bergonzi, concordo. Apesar do spinto do intérprete, faltava-lhe um quê de Helden...

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  23. João,
    João,
    Esqueça a Stignani da versão em estúdio. Se pensarmos que as Callas se equivalem, a versão ao vivo ganha vantagem (a EMI editou-a recentemente, fazendo concorrência com as outras duas versões em estúdio), pois que o tenor (Mirto Picchi)é muito superior ao (Mario Filipeschi) da versão em estúdio. Relativamente à Stignani eu li há meses na Gramophone o John Steane a propósito desta gravação lembrar-se dessa récita (1952) e do "frisson" que percorreu o Covent Garden quando a Stignani soltou a primeira nota. Ouvir a Callas e a Stignani no dueto do primeiro acto, a meu ver, não tem rival em nenhum registo gravado.
    Raul

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  24. Raul,

    Eu tenho essa mesma interpretação, live from Covent Garden. Para lhe ser franco, não figura entre as minhas Normas de referência... malgré tout... Há uns meses, neste blog, fiz referência à minha Norma, que conta com a Callas, o del Monaco e a Simionato (http://operaedemaisinteresses.blogspot.com/2005/05/que-norma.html)

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  25. João,
    Eu tenho essa Norma ao vivo do Scala com a Callas. Fabulosa ! Acho que não lhe consegui "vender" a minha Stignani :).
    João, a propósito, tem o dvd da Norma da Caballe das Choregies d´Orange ?
    Raul

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  26. Raul,

    A Norma de que lhe falei é, de facto, A MINHA NORMA! Sem concorrência!!! Quanto à Stignani, não se pode dizer que me tenha convencido, dado que sempre me inspirou alguma resistência...

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