sábado, 10 de dezembro de 2005

Softcore...

Soberbo, este Billy Budd!


(ARTHAUS MUSIK 100 278)

Paradigmático de uma lógica perversa, diametralmente atravessado por um sadomasoquismo terrificante.

A encenação equaciona escuridão a perversão e clareza a inocência: Allen translúcido, magnifico, pela expressividade infinita - ora cândido, ora naif, mas sempre, sempre jovialmente inocente... arrebatador; Van Allan - na interpretação da sua vida - obscuro, opaco, majestoso na infinita malignidade perversa, sequioso de carne... Odioso no calculismo e na intriga; Langridge algures entre a Luz e as Trevas, mortificado pela culpabilidade... Esplêndido, pela humanidade, movendo-se titubeante em terrenos marcados pela conflitualidade...

O universo de Britten magistralmente caracterizado, em toda a sua polissemia: exclusão, desvio, alheamento, soturnismo, culpabilidade, medo, amor, ódio, singeleza...

Muito para além da trivialmente percepcionada luta entre conservadorismo-repressão-britanismo e espírito libertário-francofonismo, aqui, é a singular psicologia de Britten que se explana; dela, muito pouco é dito com clareza... quase tudo é sugerido, com pudor.

3 comentários:

  1. É essa, para mim, a grande arte: sugerir, mais que mostrar. E com pudor, q.b., mais ainda.

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  2. A música, para mim, vale pela parte final. De resto um pouco maçador.
    Raul

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