segunda-feira, 26 de dezembro de 2005

Manifestações do Narcisismo (na Ópera)



Pergunto-me se as identificações plenas d´A Callas com heroínas trágicas, maioritariamente do repertório romântico ( Lucia, Violetta, Norma e Anna Bolena, nomeadamente), além da mais recente Tosca, não constituiu um prenúncio de morte prematura e declínio vocal, também ele extemporâneo...



Em boa verdade, Lucia morre insana, vítima de um surto psicótico agudo, e Violetta perece acometida pela tísica; contudo, Norma, e Floria Tosca decidem da própria fortuna, fixando o momento das suas mortes, numa manifestação de omnipotência inquestionável.



Se é verdade que o suicídio é a revolta pela não revolta - na vertente mais depressiva -, na óptica narcísica, trata-se de um gesto que atesta da maior das omnipotências: triunfar sobre o arbitrário.

A Callas, cuja falha narcísica era imensa, soube - como ninguém! - expressá-la, trazendo-a para a cena dramática e operática: qualquer das citadas heroínas, em maior ou menor grau, evidencia a referida falha narcísica, vitimas que foram, todas elas, do desamor (leia-se, perda dos objectos de amor).

4 comentários:

  1. É agradável encontrar aqui um post admirável sobre um dos temas da minha eleição.

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  2. Obrigado, Helena! E porque não disserta mais sobre este tema?

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  3. Uma boa pergunta. Nem eu sei, talvez se deva à distracção, a outros assuntos que se intrometem, e ao facto de gostar de ler o que outros escrevem sobre o tema :)

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  4. Muitas mercês, caro César! Volte sempre!

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