A definição do belcanto - escola a que pertenciam ilustres compositores do início do século XIX, onde se destacaram Bellini, Rossini e Donizetti -, como movimento romântico que privilegia a ornamentação vocal e o virtuosismo, em detrimento da interpretação dramática, pode pecar por um manifesto e redutor simplismo !
Porque razão as grandes interpretes dos papeis belcantistas não são sopranos ligeiros ?
Na sua grande maioria, as interpretes mais destacadas deste repertório pertencem à categoria de lírico spinto, i.e., suficientemente líricas e ágeis quanto baste.
Hilde Güden, Roberta Peters, Erna Berger, Mady Mesplé, destacadas e notáveis sopranos ligeiros do passado, Rainhas-da-noite inesquecíveis, Zerbinettas ilustres, entre outras personagens do repertório erradamente dito coloratura, com raras excepções, fizeram poucas incursões no território belcantista.
Tanto quanto me recordo, apenas Mesplé encarnou a Lucia, de Donizetti, sem grande sucesso...
Esta tarde, enquanto trabalhava, escutei uma obra paradigmática deste movimento musical: Norma, de Bellini.
A interprete - La Divina - fez-me pensar na redutora definição que acima enunciei.
Pensei nos requisitos que o papel titular da ópera exige: agilidade (vulgo "agudo fácil"), firmeza, convicção dramática, densidade interpretativa e, last but not least, robustez física. Rien que ça !
Estes atributos fizeram-me pensar numa polémica categoria de sopranos, que goza da designação de soprano completo.
Na minha ignorância, esta categoria parece ter sido talhada à imagem e semelhança d´a Callas que, como é sabido, juntamente com Sutherland e Sills, (re)trouxeram para a ribalta o repertório Belcantista...
Na minha discografia, há várias interpretações desta célebre ópera de Bellini: 5 com a soprano greco-americana (Gui´52 - EMI 7243 5 562668 2 7 -, Serafin´53 - 7243 5 56271 2 4 -, Votto´55 - Gala GL 100.511 -, Serafin´55 - Hommage 7001830 e Serafin´61 - EMI 7243 5 66428 2 9), uma com Sutherland (Bonynge´65 - DECCA 467 054-2), uma com Scotto (Levine - Sony) e uma com Caballé (RCA).
Embora todas elas tenham inquestionáveis atributos, destacaria duas.
A gravação da editora Gala, com Maria Callas, captada em 1955, ao vivo em Milão, evidencia uma protagonista invejável pela plenitude de meios exibidos.
Vocalmente Imperfeita, como sempre, não obstante, a identificação com a heroína é absoluta. Nunca ouvi uma Norma deste calibre...
Nesta tremenda interpretação, nenhuma nuance do papel é descurada. Aqui, como jamais ouvi, temos uma Norma implacável, generosa, dócil, corroída pelo ciúme, mortífera, ferida no seu imenso orgulho, ousada, autoritária, soberana...
Noutro quadrante, numa linha mais cuidada, no que à técnica diz respeito, mas infinitamente mais superficial no que se refere à assimilação do papel, temos Sutherland, exemplo sumo da perfeição vocal.
Uma questão a debater, quiçá...
Porque razão as grandes interpretes dos papeis belcantistas não são sopranos ligeiros ?
Na sua grande maioria, as interpretes mais destacadas deste repertório pertencem à categoria de lírico spinto, i.e., suficientemente líricas e ágeis quanto baste.
Hilde Güden, Roberta Peters, Erna Berger, Mady Mesplé, destacadas e notáveis sopranos ligeiros do passado, Rainhas-da-noite inesquecíveis, Zerbinettas ilustres, entre outras personagens do repertório erradamente dito coloratura, com raras excepções, fizeram poucas incursões no território belcantista.
Tanto quanto me recordo, apenas Mesplé encarnou a Lucia, de Donizetti, sem grande sucesso...
Esta tarde, enquanto trabalhava, escutei uma obra paradigmática deste movimento musical: Norma, de Bellini.
A interprete - La Divina - fez-me pensar na redutora definição que acima enunciei.
Pensei nos requisitos que o papel titular da ópera exige: agilidade (vulgo "agudo fácil"), firmeza, convicção dramática, densidade interpretativa e, last but not least, robustez física. Rien que ça !
Estes atributos fizeram-me pensar numa polémica categoria de sopranos, que goza da designação de soprano completo.
Na minha ignorância, esta categoria parece ter sido talhada à imagem e semelhança d´a Callas que, como é sabido, juntamente com Sutherland e Sills, (re)trouxeram para a ribalta o repertório Belcantista...
Na minha discografia, há várias interpretações desta célebre ópera de Bellini: 5 com a soprano greco-americana (Gui´52 - EMI 7243 5 562668 2 7 -, Serafin´53 - 7243 5 56271 2 4 -, Votto´55 - Gala GL 100.511 -, Serafin´55 - Hommage 7001830 e Serafin´61 - EMI 7243 5 66428 2 9), uma com Sutherland (Bonynge´65 - DECCA 467 054-2), uma com Scotto (Levine - Sony) e uma com Caballé (RCA).
Embora todas elas tenham inquestionáveis atributos, destacaria duas.
A gravação da editora Gala, com Maria Callas, captada em 1955, ao vivo em Milão, evidencia uma protagonista invejável pela plenitude de meios exibidos.
Vocalmente Imperfeita, como sempre, não obstante, a identificação com a heroína é absoluta. Nunca ouvi uma Norma deste calibre...
Nesta tremenda interpretação, nenhuma nuance do papel é descurada. Aqui, como jamais ouvi, temos uma Norma implacável, generosa, dócil, corroída pelo ciúme, mortífera, ferida no seu imenso orgulho, ousada, autoritária, soberana...
Noutro quadrante, numa linha mais cuidada, no que à técnica diz respeito, mas infinitamente mais superficial no que se refere à assimilação do papel, temos Sutherland, exemplo sumo da perfeição vocal.
Não se impõe escolha alguma...Uma questão a debater, quiçá...
éstou quiláda contigo!
ResponderEliminardesculpa! não posso evitar.