Hans Hotter e Birgit Nilsson são dois dos mais destacados vultos da interpretação wagneriana.
Foi com eles que me iniciei na ópera wagneriana, graças à tetralogia dirigida por Solti que, em meu entender, constitui um dos mais verosímeis milagres da discografia.
Na referida interpretação do Ring, Hotter encarna Wotan, representante supremo da humanidade divina, figura de síntese entre o profano-terreno e o celeste-transcendente.
Muitos são os Wotans da história da discografia; de cor, cito Fischer-Dieskau, Adam e Frantz.
Nenhum confere ao Senhor do Walhalla a densidade, a humanidade e a robustez de Hans Hotter. Jamais ouvi um Leb Wohl tão extenso na sua humana dor e tão profundo ! Transcendente, divino...
Se alguma vez na vida me cruzasse com este Monstro, vergar-me-ia, eternamente.
Tive uma imensa dor quando soube que, aos 94 anos, partiu para sempre. Consolei-me quando me apercebi que o lugar dele, efectivamente, não era entre nós: o Walhalla, por decreto divino, pertence-lhe.
Na mencionada interpretação de Solti, La Nilsson compõe uma Brünnhilde de antologia. A robustez da sua emissão, o seu fraseado estão repletos de uma soberba sem paralelo ! O seu orgulho é imenso ! Incomensurável...
O motivo deste post prende-se com uma propedêutica à monumental tetralogia que Solti dirigiu, entre 1959 (Das Rheingold) e 1966 (Die Walküre).
Quando, nesta interpretação, encarnaram as personagens de Wotan e Brünnhilde, Hotter e Nilsson já as haviam amadurecido, cada uma em toda a sua extensão ! À data da gravação d´A Valquíria, Hotter contava com 57 anos e Nilsson com 48. A maturidade das respectivas caracterizações e a plenitude das suas expressões contrastava com sinais de fadiga e de declínio vocais, particularmente mais proeminentes no caso de Hotter.
Esta obra maior, que data de 1958, para mim, é superlativa, sendo absolutamente indispensável em qualquer colecção de ópera, particularmente no caso da interpretação do mestre de Bayreuth.
No caso desta gravação, Nilsson encarna alguns dos seus cavalos-de-batalha, no que a Wagner concerne, destacando-se a sua Senta, pela insanidade, e a sua Brünnhilde, pela ousadia.
Hotter - à semelhança de Birgit Nilsson - assume, no caso específico desta gravação, duas das mais míticas das suas interpretações: o Holandes e o já referido Wotan.
No essencial, esta colectânea de árias e duetos - se me são permitidos os termos... - prima pela grandiosidade, pela inigualável carga dramática, que se expressa em momentos de verdadeira ternura e volúpia !
Destacaria, sobretudo, as passagens Wie aus der Ferne, d´O Navio Fantasma, e War es so schmählich, bem como o Adeus de Wotan, ambas d´A Valquíria. Qualquer uma destas passagens roça o sublime, que se projecta num canto exaltante, assente em leituras interpretativas de uma profundidade inigualável !
(embora seja avesso a este tipo de tiradas, não resisto... sei que na Fnac do Chiado, este cd se encontra a uma preço particularmente interessante: Euro 13.95, se não me engano...)
Foi com eles que me iniciei na ópera wagneriana, graças à tetralogia dirigida por Solti que, em meu entender, constitui um dos mais verosímeis milagres da discografia.
Na referida interpretação do Ring, Hotter encarna Wotan, representante supremo da humanidade divina, figura de síntese entre o profano-terreno e o celeste-transcendente.
Muitos são os Wotans da história da discografia; de cor, cito Fischer-Dieskau, Adam e Frantz.
Nenhum confere ao Senhor do Walhalla a densidade, a humanidade e a robustez de Hans Hotter. Jamais ouvi um Leb Wohl tão extenso na sua humana dor e tão profundo ! Transcendente, divino...
Se alguma vez na vida me cruzasse com este Monstro, vergar-me-ia, eternamente.
Tive uma imensa dor quando soube que, aos 94 anos, partiu para sempre. Consolei-me quando me apercebi que o lugar dele, efectivamente, não era entre nós: o Walhalla, por decreto divino, pertence-lhe.
Na mencionada interpretação de Solti, La Nilsson compõe uma Brünnhilde de antologia. A robustez da sua emissão, o seu fraseado estão repletos de uma soberba sem paralelo ! O seu orgulho é imenso ! Incomensurável...
O motivo deste post prende-se com uma propedêutica à monumental tetralogia que Solti dirigiu, entre 1959 (Das Rheingold) e 1966 (Die Walküre).
Quando, nesta interpretação, encarnaram as personagens de Wotan e Brünnhilde, Hotter e Nilsson já as haviam amadurecido, cada uma em toda a sua extensão ! À data da gravação d´A Valquíria, Hotter contava com 57 anos e Nilsson com 48. A maturidade das respectivas caracterizações e a plenitude das suas expressões contrastava com sinais de fadiga e de declínio vocais, particularmente mais proeminentes no caso de Hotter.
TESTAMENT SBT 1201Esta obra maior, que data de 1958, para mim, é superlativa, sendo absolutamente indispensável em qualquer colecção de ópera, particularmente no caso da interpretação do mestre de Bayreuth.
No caso desta gravação, Nilsson encarna alguns dos seus cavalos-de-batalha, no que a Wagner concerne, destacando-se a sua Senta, pela insanidade, e a sua Brünnhilde, pela ousadia.
Hotter - à semelhança de Birgit Nilsson - assume, no caso específico desta gravação, duas das mais míticas das suas interpretações: o Holandes e o já referido Wotan.
No essencial, esta colectânea de árias e duetos - se me são permitidos os termos... - prima pela grandiosidade, pela inigualável carga dramática, que se expressa em momentos de verdadeira ternura e volúpia !
Destacaria, sobretudo, as passagens Wie aus der Ferne, d´O Navio Fantasma, e War es so schmählich, bem como o Adeus de Wotan, ambas d´A Valquíria. Qualquer uma destas passagens roça o sublime, que se projecta num canto exaltante, assente em leituras interpretativas de uma profundidade inigualável !
(embora seja avesso a este tipo de tiradas, não resisto... sei que na Fnac do Chiado, este cd se encontra a uma preço particularmente interessante: Euro 13.95, se não me engano...)
Há muitos anos que tenho o dueto Senta-Hollander em "Les Introuvables du Chant Wagnerien". Ouvi-o vezes sem conta. A entrada de Hotter e o potencial de canto da Nilsson por palavras não é possível descrever. Insuperável. Só um surdo não leva para a ilha deserta.
ResponderEliminarQiang Long
Como é bom sabermos que outros nos compreendem! É uma parelha inigualável, no tocante a Wagner, de facto...
ResponderEliminarJoão,
ResponderEliminarAcho que este foi o meu primeiro comentário neste excelentíssimo blog. "Disfarçadamente" assinei Qian Long. Não resisto agora a repetir"às claras" a excepcionalidade deste cd. É a perfeição total.Ele estará sempre entre os maiores dos maiores.
Raul